Agência Estado
11 de dezembro de 2013
Após admitir que usou silicone clandestino para fabricar
próteses mamárias, o fundador da Poly Implante Prothese (PIP) foi condenado
ontem, 10, a quatro anos de prisão por uma corte de Marselha, na França.
A sentença contra Jean-Claude Mas, de 74 anos, é o desfecho
de um escândalo que tomou proporções mundiais em 2011. Na época, a França
chegou a recomendar que pessoas que usavam os implantes os removessem por causa
do risco aumentado de ruptura. Cerca de 300 mil mulheres, entre elas
brasileiras, adquiriram as próteses.
Outros quatro acusados de participação na fraude, todos
ex-diretores da PIP, foram condenados a penas que variam de 18 meses a três
anos de prisão. O ex-proprietário da empresa, que chegou a ser uma das mais
importantes do ramo no mundo, também foi condenado a pagar 75 mil euros de
multa e foi proibido de atuar no setor médico e de dirigir empresas. Seu
advogado, Yves Haddad, anunciou que vai recorrer. "Não fomos ouvidos, a
pressão era muito forte", disse.
No julgamento, todos os acusados reconheceram a fraude.
Jean-Claude Mas, contudo, pediu desculpas às vítimas e negou que as próteses
possam ser prejudiciais à saúde. Ele admitiu que o silicone usado nunca havia
sido aprovado pelos órgãos reguladores europeus, mas insistiu que o gel,
aplicado desde a fundação da empresa, em 1991, não era tóxico.
Justiça
O veredicto foi divulgado sete meses após o julgamento, que
reuniu 300 advogados e muitas vítimas. Ontem, quase 50 mulheres que usaram os
implantes estavam no tribunal. Uma delas, que se identificou apenas como
Nathalie, declarou que a sentença "tira um peso de seus ombros".
Trata-se de uma "resposta rápida e coerente da
Justiça", declarou o advogado Philippe Courtois, afirmando que "é um
alívio para as vítimas serem reconhecidas como tais".
O escândalo das próteses mamárias PIP ganhou repercussão
mundial em 2011. A empresa usava um gel de silicone não homologado para uso
médico em vez do gel autorizado (Nusil). Havia a suspeita de que o produto,
após a ruptura, poderia provocar câncer, o que não foi confirmado.
Disponível em
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,fabricante-de-silicone-e-condenado-a-4-anos-de-prisao,1107124,0.htm.
Acesso em 11 dez 2013.