Daisy Grewal
Romances, filmes e roteiros para televisão estão repletos de
cenas em que um rapaz procura inutilmente interagir com uma jovem bonita. Em
muitos casos, o conquistador em potencial acaba fazendo algo tolo em suas
incansáveis tentativas de impressionar a moça. É como se o cérebro do homem, de
repente, não estivesse funcionando direito. E segundo uma pesquisa recente é
exatamente o que acontece.
Há algum tempo, pesquisadores começaram a investigar como a
interação com representantes do sexo oposto afetava aspectos cognitivos dos
homens. Um estudo de 2009 demonstrou que após breve contato com uma mulher
atraente os homens experimentam um declínio momentâneo do desempenho mental.
Para compreender por que isso ocorre, a pesquisadora Sanne
Nauts e seus colegas da Universidade Radboud de Nijmegen, na Holanda,
realizaram dois experimentos com a participação de estudantes universitários de
ambos os sexos. No primeiro, avaliaram seu desempenho cognitivo aplicando um
teste de Stroop. Desenvolvido em 1935 pelo psicólogo Ridley Stroop, o
instrumento é usado para avaliar a capacidade de elaborar informações que
competem entre si. O teste consiste em mostrar uma série de nomes impressos em
cores diferentes. Por exemplo, “azul” pode estar impresso em verde, “vermelho”
em laranja, e assim por diante. Os participantes devem nomear, o mais rápido
possível, as cores nas quais as palavras estão escritas. O teste é cognitivamente
exigente e quando as pessoas estão mentalmente cansadas, tendem a completar
essa tarefa de modo mais lento.
No estudo de Sanne Nauts, após terem completado o teste de
Stroop os voluntários realizaram outra prova, apresentada como dissociada da
anterior. Os pesquisadores pediram aos universitários que lessem em voz alta
uma série de palavras em holandês diante de uma webcam. Os cientistas
explicaram que durante a “tarefa de leitura labial” um observador – ao qual era
atribuído um nome qualquer, masculino ou feminino – estaria acompanhando o
desempenho dos participantes através de uma câmera. Os voluntários não interagiam
de modo algum com essa pessoa, que não era identificada nem por fotografia.
Tudo que sabiam – sobre ele ou ela – era o nome.
Logo depois de concluírem a leitura, os participantes foram
submetidos a outro teste de Stroop. O desempenho das mulheres nessa segunda
avaliação foi muito semelhante ao do primeiro, não importando o sexo do
misterioso observador. Mas, entre os homens que julgaram ter sido observados
por uma mulher, o desempenho foi pior nesse segundo teste. E essa deterioração
cognitiva ocorreu independentemente de eles terem interagido com a suposta
observadora.
Numa segunda etapa da pesquisa, Sanne Nauts e seus colegas
iniciaram novamente o experimento aplicando o teste de Stroop em voluntários
que haviam sido levados a pensar que precisariam fazer uma leitura em voz alta,
como no primeiro experimento – na verdade, porém, eles nem sequer chegaram a
realizar essa atividade; o importante era que acreditassem que teriam de
cumpri-la. Metade dos voluntários foi induzida a crer que seria observada por
um homem, e a outra parte, por uma mulher. Em seguida, todos foram convidados a
realizar outro teste de Stroop.
Mais uma vez, o desempenho das mulheres não apresentou
diferença, independentemente do gênero do suposto observador. Já entre os rapazes,
aqueles que acharam que seriam acompanhados por uma mulher tiveram desempenho
significativamente pior no segundo teste.
Enfim, parece evidente que, quando nos encontramos em
situações nas quais nos sentimos inseguros, intimidados ou estamos particularmente
preocupados com a impressão que causaremos, podemos ter dificuldades concretas
para raciocinar claramente. No caso dos homens, o simples fato de pensar em
interagir com uma mulher seria suficiente para ofuscar um pouco o cérebro. Se
ela for bonita, então, “pior” ainda.
Disponível em
http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/como_as_mulheres_mexem_com_a_cabeca_dos_homens.html.
Acesso em 29 jun 2013.