inédito
Resumo: A autora analisa o texto de Judith Butler que aborda a questão da
despatologização da transexualidade nos Estados Unidos. Alguns observam o ensaio
da norte-americana como apoio irrestrito a esta determinação. Mas a autora
discorda desta visão, ao detalhar os argumentos de Butler, para afirmar que, ao
contrário do se pensa, há uma defesa da manutenção da patologização no DSM-IV e
no CID-10 como conquista estratégica da população transexual, principalmente
àquelas carentes de recursos financeiros. Aponta ainda que, apesar do ensaio
estar focado no universo dos EUA, há grandes semelhanças com a situação da
população transexual brasileira, onde, em razão da carência e informação,
prevalecem comportamentos automedicáveis, coadjuvados por aproveitadores na transformação
corporal. Assim, mesmo reconhecendo a inadequação do diagnóstico como doença
mental, a manutenção da patologização é um atalho para a atuação do Estado
junto às minorias necessitadas. Assim, a autonomia proposta por Butler se junta
ao propósito estratégico e, desta forma, não atuam de forma contrária, mas sim
num sentido comum que é a permissão para que a transexualidade seja inserida cultural
e socialmente como coisa humana.