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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Como a tecnologia está modernizando o mercado do sexo e tirando-o da crise

Administradores
26 de agosto de 2014

Ao longo da história, prostitutas e seus clientes desenvolveram diferentes métodos para se encontrarem. Na Alemanha, onde a profissão é legalizada, é possível utilizar um app chamado Peppr para contratar serviços sexuais. Ao digitar sua localização, clientes recebem informações sobre prostitutas em lugares próximos, preços e tipos físicos. Segundo a revista The Economist, o app, que tem planos de expansão, é um exemplo de como a internet tem transformado esse mercado, que - assim como os formais - também foi estremecido pela crise econômica global e agora encontra na tecnologia o caminho para se reerguer.

Essas plataformas digitais oferecem segurança para as prostitutas: agora, elas podem informar quais clientes são violentos e verificar seus exames médicos antes de aceitar um encontro. Mesmo nos Estados Unidos, onde a prostituição é considerada ilegal, encontros são arranjados pela internet. A Economist analisou 190 mil perfis de profissionais do sexo no site TrickAdvisor, que oferece críticas internacionais. Os clientes falam sobre as características físicas das prostitutas, os serviços e os preços que elas cobram.

Existem dados disponíveis desde 1999, mas a Economist utilizou as informações mais recentes de 84 cidades em 12 países. Um dos pontos que chamou atenção dos analistas foi que a crise econômica de 2008 também afetou as prostitutas. Uma acompanhante inglesa chamada Vanessa explicou que homens acreditam que pagar por sexo é um luxo e como os preços de artigos necessários estão mais altos, eles estão cortando os gastos.

Na cidade de Cleveland, em Ohio, onde o desemprego aumentou substancialmente, o preço de uma hora de sexo desabou. Outro fator que causou a queda nos preços foi o aumento da imigração. Entre os fatores que fazem prostitutas diminuírem o seu preço está a inexperiência, segundo a revista.

A análise mostrou como o preço de uma hora de sexo pode variar, de acordo com os serviços que ela oferece e as características físicas. Prostitutas que permitem práticas menos comuns recebem uma média de 50 dólares a mais. Já quem aceita sexo a três pode receber até 120 dólares a mais.

O preço varia também em relação à etnia. Em grandes cidades americanas e Londres, negras geralmente recebem menos que brancas.


Disponível em http://administradores.com.br/noticias/cotidiano/saiba-como-a-prostituicao-e-afetada-pela-tecnologia-e-crise-economica/91789/. Acesso em 30 ago 2014.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Conectados, porém sozinhos

Andréa Dietrich
18 mar 2013

Você já parou para pensar que os nossos momentos de reflexão já são quase raros em nossas vidas? E deveriam ser fundamentais para refletirmos sobre nossas atitudes, nossos desafios e sobre nós mesmos. Durante o trânsito parado, no elevador, num restaurante, numa reunião, em todos os momentos lá estamos nós, conectados. Num encontro com amigos, num jantar com a família e lá estamos nós, conectados – e às vezes vemos a mesa toda nos seus celulares.

O que está por trás desse comportamento? Uma necessidade de compartilhar e mostrar somente os momentos onde estamos felizes, realizados e bem sucedidos. Uma imagem programada sobre o que queremos passar. Uma necessidade de editar o que pensamos e falamos, evitando o espontâneo do ‘ao vivo’. É o fenômeno do torpedo, mais textos e menos diálogo, a necessidade de estar em vários lugares ao mesmo tempo, sendo mais superficial nas relações.

A tecnologia não está mudando somente a forma com que fazemos as coisas, mas também o que somos, o que estamos nos tornando. Segundo a psicóloga, estamos exigindo cada vez mais da tecnologia, exigindo que nossos celulares entendam exatamente o que queremos, mas menos do que queremos das nossas relações pessoais. Ao invés de sentirmos para depois compartilharmos, nós compartilhamos o que queremos sentir.

Tudo isso nos faz refletir o quanto as novas gerações estão evoluindo sem conseguir se conectar ao vivo um com o outro. E perdendo uma das habilidades mais importantes para qualquer indivíduo, a convivência em grupo. Essa frase me fez lembrar do caso polêmico do home office abolido no Yahoo e a frase da CEO da empresa dizendo que muitas das melhores decisões das empresas acontecem num cafezinho, numa conversa de corredor, conhecendo pessoas. O mundo isolado das tecnologias, do home office, começa a ser discutido para trazer de volta a necessidade do contato, do diálogo, do jogo de futebol no campinho da esquina.

Eu mesma já escrevi um post no ano passado contra argumentando essa questão, mas, depois de ser mãe, começo mesmo a me preocupar com a individualidade e a vida programada às quais minha filha pode estar exposta daqui em diante.

Temos que aprender a equilibrar nossas vidas, valorizando aquilo que nunca vai conseguir ser apagado: nossas palavras, nossas memórias, nossas risadas, nossos amigos de verdade.


Disponível em http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/ponto_de_vista/2013/03/18/Conectados-porem-sozinhos.html. Acesso em 23 mar 2014.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Os dez líderes gays mais influentes da tecnologia

Meio & Mensagem
04 de Novembro de 2013

Este ano, ele foi eleito o gay mais influente dos EUA e manteve a liderança (pelo segundo ano consecutivo) do ranking “Power 50”, da Out, uma das mais importantes revistas gays do país. Esta semana, Timothy D. “Tim” Cook, ou simplesmente Tim Cook, CEO da Apple desde agosto de 2011, voltou ao centro do palco do universo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros).

Nesse domingo, 3, Cook assinou um artigo no The Wall Street Journal que convoca os membros do Congresso dos EUA a aprovar a lei de não discriminação no emprego, que torna ilegal a discriminação, por empresas com mais de 15 funcionários, de empregados atuais ou futuros por conta da orientação sexual ou identidade de gênero. Em geral, Cook é comedido e não é nada afeito ao ativismo LGBT. No artigo, no entanto, o CEO usou seu poder de influência, saiu do armário e fez ativismo corporativo ao unir os interesses da comunidade LGBT aos princípios da Apple.

O site Mashable aproveitou o artigo de Cook para elencar os nomes de nove líderes gays que fazem a diferença na área de tecnologia. Incluso o próprio CEO da Apple, os dez líderes gays mais influentes em tecnologia são:

1. Tim Cook, CEO da Apple

2. Chris Hughes: um dos cofundadores do Facebook, Hughes deixou a rede em 2007 para se tornar diretor de organização online da primeira campanha presidencial de Barack Obama. Atualmente, é publisher e editor da The New Republic, revista política de cunho progressivo.

3. Peter Sisson: fundador da empresa de telecomunicações Toktumi, conhecida pelo popular app Line2, serviço de VoIP que faz chamadas de voz sobre a rede IP (similar ao Skype).

4. Peter Thiel: conhecido como cofundador do PayPal, o também CEO do serviço de pagamentos eletrônicos é um bem sucedido administrador de venture capital. Quando o PayPal foi adquirido pelo eBay, as ações de Thiel foram estimadas em US$ 55 milhões. Também foi um dos primeiros investidores do Facebook, ainda em 2004.

5. Megan Smith: vice-presidente de desenvolvimento de negócios do Google, está na empresa há 15 anos, desde que o site PlanetOut era parceiro do Google em 1998.

6. Dana Contreras: trabalha no Twitter há dois anos e meio e, como mulher transgênera, encontrou no microblog uma empresa onde foi bem recebida.

7. Tom Coates: é um dos primeiros webbloggers da internet e manteve o blog plastigbag.org até 2011, quando foi trabalhar no Yahoo.

8. Joel Simkhai: fundador do Grindr, popular service de encontros e rede social para homens gays e bissexuais. Estima-se que o Grindr tenha mais de 4 milhões de usuários em 192 países.

9. Jason Goldberg: fundador e CEO do site Fab.com, inicialmente lançado como uma rede social para gays e depois transformado em um site de e-commerce e design. Também lançou o site The Fours 2012, para trabalhar pelo casamento igualitário gay nas redes sociais.

10. Jon Hall: Jon “Maddog” Hall é diretor executive do Linux International, entidade sem fins lucrativos que promove o sistema operacional open source Linux.

Igualdade no trabalho é um bom negócio

No artigo "Igualdade no trabalho é um bom negócio", Cook afirma que a Apple se esforça para criar um ambiente de trabalho acolhedor, onde as pessoas podem ser plenamente elas mesmas, independentemente da etnia, raça, gênero ou orientação sexual. “Quando as pessoas se sentem confortáveis para ser exatamente quem são, têm confiança para ser a melhor versão de si mesmas e para fazer o melhor trabalho de suas vidas”. O CEO lembra que a política antidiscriminação da Apple vai além das proteções legais que resguardam os trabalhadores norte-americanos, principalmente porque proíbe a discriminação contra os funcionários gays, lésbicas , bissexuais e transgêneros da empresa.

O projeto de lei atualizará essas leis trabalhistas para proteger os trabalhadores contra a discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero. Cook afirma que a Apple é uma defensora de longa data dos direitos dos homossexuais tanto dentro quanto fora do local de trabalho.

“Vocês deve lembrar-se que a Apple, em fevereiro deste ano, se juntou a outras empresas num esforço coletivo para que a Prop 8 (Proposição 8 - que impedia a união homoafetiva) da Califórnia considerada inconstitucional (como ocorreu, posteriormente). A Apple também foi rápida ao elogiar o Supremo Tribunal Federal por derrubar o Defense of Marriage Act (DOMA) , em junho passado”, assinalou o CEO no artigo. Por fim, a Apple diz que “suporta fortemente a igualdade no casamento e consideramos que é uma questão de direitos civis”.

Disponível em http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/noticias/2013/11/04/Os-dez-lideres-gays-mais-influentes-da-tecnologia-?utm_campaign=dez_gays&utm_source=facebook&utm_medium=facebook. Acesso em 04 nov 2013.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Oito razões para valorizar o mercado LGBT

Jussara Coutinho
Nov 7, 2012 

Não é só o preconceito e a homofobia que merecem atenção no universo gay. O mercado LGBT é muito promissor e aqui enumero 8 razões para dar valor a este público e constituir motivos para trabalhar com esse nicho.

1. A população gay no Brasil ultrapassa 18 milhões
Não há como negar o potencial de um nicho que possui tantos adeptos. São 18 milhões de pessoas que usufrui de serviços, consomem e viajam diariamente. Só em nosso país.

2. A renda média dos homossexuais está acima de R$3.000,00 e 47% está na classe AB
Os homossexuais configuram um cenário onde há melhor escolaridade, maior interesse à cultura como livros, museus e cinemas e também grande parte ocupa boas posições no mercado. Desta forma, o grupo ocupa um espaço de pessoas críticas, exigentes e que possuem dinheiro para investir e consumir.

3. Casais gays jantam fora dez vezes mais que os héteros
O ramo alimentício é um dos mais atraentes para homossexuais. Por ser um grupo mais animado e curioso, grupos de amigos e casais adoram marcar encontros em restaurantes e provar diferentes tipos de comida enquanto conversam.

4. Como menos de um quarto deste público não tem filhos, há mais dinheiro disponível para gastar consigo
Muitos casais homossexuais adotam filhos ou, no caso de lésbicas, realizam a inseminação artificial. No entanto, a maioria dos casais opta por não terem filhos ou simplesmente demoram mais para tê-los. Assim, os gastos são diminutos e há um maior investimento em imóveis, carros e viagens. De acordo com a Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), o perfil movimenta R$ 150 bilhões por ano no Brasil. Além disso, 78% dos gays têm cartão de crédito e gastam 30% mais que os héteros em bens de consumo.

5. 48% dos gays são mais ligados a novas tecnologias do que os héteros (38%)
Homossexuais são mais adeptos a tecnologias, assim como demonstram uma maior necessidade de estar atualizado em relação aos lançamentos.

6. Homossexuais passam mais tempo na internet do que héteros
Alguns sites como o Disponível.com, já apostou no potencial online deste grupo. Como passam muito tempo navegando, um portal de notícias com que se identifiquem e não são atacados, ou mesmo uma loja virtual que condiz com seu estilo e fale sua linguagem tem grandes chances de dar certo.

7. Grandes marcas como Itaú e Tecnisa já se colocaram como friendly
Marcas como o Itaú e a Tecnisa, já entenderam e se adaptaram à nova realidade. O público gay existe, é grande e quer atenção. Estas marcas tem dialogado com os homossexuais em propagandas e redes sociais, principalmente, e já geraram respostas positivas.

No Dia dos Namorados, o Itaú publicou um desenho composto por um casal heterossexual, um casal de gays e um de lésbicas com a frase: “Feliz Dia dos Namorados Do Seu Jeito”. Para a Parada Gay de São Paulo, a instituição também se manifestou:

O banco ainda permite o financiamento imobiliário com duas pessoas solteiras do mesmo sexo, mesmo que não haja parentesco ente si. Pesquisas da inSearch mostram que 58% do grupo possuem parceiro fixo, e a Tecnisa também estava atenta e faz ações do tipo:

8. A Parada do Orgulho Gay LGBT em São Paulo une mais de 3 milhões de pessoas
A Parada Gay de São Paulo é um dos eventos que mais movimento a economia do país. São milhões de pessoas vindas de diversos lugares do Brasil e do mundo. Aqui, elas se hospedam, comem, fazem compras e conhecem as principais atrações da cidade. Ponto positivo para o lucro e para a internacionalização da cidade.

Está mais do que claro como é expressiva a necessidade de atenção a este nicho. É preciso se comunicar com este grupo, conversar bem. Eles não procuram produtos ou empresas específicas e, muito pelo contrario, isto não precisa ocorrer. O que deve ser feito é ver com outros olhos e enxergar o potencial deste grupo. Um negócio adaptado pode tomar outras proporções de desenvolvimento e faturamento. Porém, é necessário mais do que apenas levantar a bandeira gay. É necessário o respeito, o tratamento igualitário e a valorização. É necessário agir de acordo com o que se propõe fazer.

Disponível em http://www.ideiademarketing.com.br/2012/11/07/oito-razoes-para-valorizar-o-mercado-lgbt-lesbicas-gays-bissexuais-e-transgeneros/. Acesso em 05 set 2013.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O panóptico informacional

Alexandre Quaresma

O panóptico informacional é o resultado prático de uma tendência comunicacional bastante peculiar e relativamente recente da humanidade, propiciada pela internet e pelos meios digitais de comunicação da atualidade, que é a de tornar perene, volátil e utilizável os registros singulares de cada movimentação de informações que fazemos - do simples clique para acessar um endereço digital, por exemplo, a saques em terminais eletrônicos, compras com cartão de crédito em lojas e supermercados, perfis em redes sociais, além de outras fontes (ortodoxas ou não ortodoxas) de geração de dados sobre o indivíduo -, movimentos estes que são registrados sistematicamente no próprio sistema, e que, portanto, podem ser monitorados, rastreados, acessados, consultados e utilizados para diversos fins. Isso nos revela as seguintes questões: A quem pertence a informação gerada on-line? Quem se interessa pelo manancial digital de dados e informações que se constituem a partir das interatividades individuais de cada um dos usuários da internet? Poderiam eles ser usados indiscriminadamente por provedores e demais empresas do ramo para fins comerciais? Seria lícito fazê-lo sem o consentimento expresso dos usuários que geram esses mesmos dados?

Bem, a resposta pode ser surpreendente. Há atualmente um ramo das ciências cibernéticas chamado mineração de dados, técnica que propicia o cruzamento de todas estas fontes possíveis de informações de um cidadão comum, por exemplo, o que permite aos operadores deste sistema de mineração traçar um perfil completo das atividades e zonas de interesse desse mesmo indivíduo, o que tem demandado enormes interesses das grandes corporações. Para compreendermos o contexto onde ocorrem esses eventos, é importante dizer que a mineração ocorre numa esfera chamada de universo dos grandes dados, ou big data, onde o desafio operacional do sistema é exatamente garimpar e correlacionar estes grandes conjuntos de dados de maneira a serem palatáveis e úteis. Principalmente as empresas que querem lucrar com o manejo e uso dessas informações. É possível - por meio da análise sistemática desses grandes conjuntos de dados coligidos pela mineração - extrair padrões que podem indicar tendências nos comportamentos das grandes massas sociais, por exemplo, algo que, sem dúvida, torna-se estratégico no competitivo mundo dos negócios, seja qual for o seu segmento de atuação. Esses sistemas se prestam também a subsidiar estatísticas, gerar bancos informacionais, identificar padrões sistêmicos, prever cenários, manipular e controlar fluxos de objetos, pessoas, dinheiro, consumo, replicar modelos complexos, prever probabilidades etc.

Nada escapa ao controle do sistema

A coisa acontece da seguinte forma: De acordo com os sites e assuntos que pesquisamos na rede, quando estamos navegando nela, a própria rede - através de seus robôs cibernéticos - acaba identificando o que nos ocupa, o que desejamos saber, comprar, comer, o que de fato compramos, o que pensamos e, especialmente, onde estamos e o que podemos querer fazer a seguir, pois isso pode ser muitíssimo interessante do ponto de vista comercial.

Junte-se a isso a multiplicação dos ambientes monitorados por câmeras, as imagens geradas por satélite e por pequenas naves espiãs não tripuladas e perceberemos que nada mais pode escapar a este tipo de controle que nós mesmos instituímos. Será que alguém de fato, algum dia, já se perguntou a sério acerca do que é feito com a informação que geramos sobre nós mesmos, não só em compras e transações on-line, mas também em comunidades e redes sociais, contas de e-mail e buscadores eletrônicos da internet? Porque interessa tanto aos grandes provedores da comunicação online oferecer - "gratuitamente" - serviços complexos como correios eletrônicos, chats, blogs, canais de TV, portais de notícias, além de outros serviços relacionados ao entretenimento e à interconectividade, como redes de relacionamento, sites temáticos, de compra e tudo mais? A resposta pode ser que enquanto estamos conectados e interagindo na rede internacional de computadores, usufruindo de suas delícias e benesses, estejamos, concomitantemente, abastecendo com nossas informações pessoais mais importantes todo um banco informacional privado que se constrói em torno de nós e de nossas ações. Sem embargos, tratamos aqui de uma nova forma de controle, na qual os controlados parecem assentir e até ajudar a consolidar o próprio ambiente panóptico informacional que se constitui em torno de si. Nossos celulares ultramodernos, que fazem tudo que se possa imaginar - além de telefonar -também funcionam como excelentes rastreadores para estes sistemas, ou seja, servem para nos rastrear, pois é possível identificar a mobilidade do indivíduo através dele, mesmo que este não venha a efetuar chamadas, pois possuem sistema de GPS. Essa conectividade imersiva que tanto cultuamos, em todos os lugares e ambientes, também nos transforma em dados instantâneos que podem ser acessados e usados mercadologicamente até mesmo contra nós, cidadãos, usuários e consumidores, no sentido de prever e manipular a nossa ação de consumo, induzindo-nos, sempre, a mais consumo.

 De acordo com os sites e assuntos que pesquisamos na rede, quando estamos navegando nela, a própria rede - através de seus robôs cibernéticos - acaba identificando o que nos ocupa

A quem pertence as informações?

Neste sentido, vale perguntar: O que empresas como Google, Microsoft, Facebook, Tweeter e as demais grandes do ramo da internet fazem com as informações que nós geramos espontaneamente on-line? Poderiam estas empresas explorá-las comercialmente, sem o nosso consentimento consciente? Ao que parece, somos engolidos no corre-corre da vida acelerada pós-moderna e nunca paramos para ler os contratos de utilização destes softwares e produtos que, pelo menos em tese, são-nos apresentados como serviços gratuitos. Na verdade, cada aplicativo desses, tem contratos de uso complexíssimos (dúbio, muito extenso, técnico), que até mesmo advogados podem ter dúvida em interpretar. O mais comum na maioria esmagadora das vezes é que sejamos compelidos a pular o quanto antes as etapas propostas pelo detentor da marca, no processo de instalação - e isso vale também para softwares e programas de computador -, cada janela e procedimento que se apresenta, dando apenas um clique em "avançar" nas tais cláusulas, gastando o mínimo de tempo possível em cada uma destas etapas, clicando num botão que diz: "li e concordo com os termos", entrando com seus dados pessoais e dando o OK final de aceitação. Não conheço ninguém que tenha lido aquilo tudo antes de dar o OK de concordância nestes famigerados contratos de uso. Isto pode ser uma maneira escusa e velada de induzir o cidadão que se torna usuário a ceder, mesmo que sem o sabê-lo, o direito de uso dos dados e informações que ele gera, pois há um contraste significativo entre a facilidade de navegação, ou seja, o uso propriamente dito, e a dificuldade de intelecção dos contratos, sempre prolixos e grafados por meio de uma linguagem jurídica que dificulta a compreensão do cidadão usuário.

Tratamos aqui de uma nova forma de controle, na qual os controlados parecem assentir e até ajudar a consolidar o próprio ambiente panóptico informacional que se constitui em torno de si
 
Considerações finais

Já existem discussões sobre transformar tais objetos geradores de dados (os celulares, por exemplo), ou os próprios dados, de modo que a pessoa saiba e possa receber uma determinada quantia por disponibilizar comercialmente estes dados e informações que ela mesma produz em seu cotidiano. Seria uma espécie de commodity da informação. Se assim for, melhor: haverá mais transparência e honestidade na relação. O que não é possível - frisemos - é que estes dados que geramos espontaneamente - ao utilizar e consumir produtos e serviços, ao trafegarmos por ruas, avenidas e estradas, ao falarmos no telefone, ao acessarmos a internet, ao navegarmos em sites - sejam usados comercialmente para explorar e incitar as sociedades a mais consumo desnecessariamente e sem que estas saibam. Tais iniciativas de manipulação das massas, além de espúrias, encontram-se na contramão da história ecológica recente do planeta, onde as prioridades são justamente o oposto: menos consumo, um consumo mais consciente, que possa levar em conta considerações socioambientais, que gerem mais distribuição de renda, menos concentração de riquezas, a apropriação popular das tecnologias, a preservação de culturas e comunidades locais, suas tradições e assim por diante. A propósito, o grande desafio que nos aguarda nas próximas décadas é justamente a construção social da tecnologia. Não basta utilizarmos acriticamente os sistemas informacionais que nos são apresentados ou outra tecnologia qualquer. Seria interessante que também compreendêssemos seus funcionamentos estruturais e que, se possível, nos apropriássemos deles, num sentido plural de coletividade no possível manejo destes mesmos mananciais informáticos. Nomeadamente teremos que incluir no pacote de desenvolvimentos tecnológicos - ou cesta de valores técnicos, como diria Feenberg - outras considerações e valores que, a priori, não seriam tecnológicos. Ademais, numa análise mais aprofundada deste contexto que engloba tecnociências e sociedades, perceberemos com bastante clareza que as tecnologias de fato também ajudam a constituir e consagrar o real, influindo e até determinando, em muitos casos, as realidades e contextos sociais, num fenômeno que os teóricos chamam de determinismo tecnológico. Aliás, é bom lembrar: as tecnociências em si são fenômenos sociais, pois se constituem nas sociedades, para as sociedades e pelas sociedades. Não há outro meio. Neste sentido, tais contextos não devem e não podem ser impermeáveis ao controle social, sob pena de sermos engolfados numa maré tecnológica de rastreamento e controle tão absolutos que poderia desembocar numa conjuntura geopolítica panóptica e paranoica indesejável de manipulação e controle totais.

* Robôs cibernéticos » São softwares e programas de computador que possuem certa autonomia em meio informacional. Suas tarefas e diretrizes básicas são vasculhar a rede à caça das informações que lhe são indicadas. Estes entes informacionais podem, sem que saibamos, entrar em nossos sistemas, de modo a alcançar seus objetivos e cumprir seus protocolos de espionagem e rastreio de informações. Os próprios buscadores eletrônicos da internet são robôs deste tipo, que operam segundo tais expedientes.

* Panóptico » Vem de pan-óptico. Trata-se de um termo usado para designar um centro penitenciário ideal concebido por Jeremy Bentham em 1785. Resumidamente, é uma forma de vigilância institucionalizada e física, onde os detentos podem ser vistos o tempo todo por um ponto central de vigia que, ao mesmo tempo, vê ou pode ver todos o tempo todo, ao passo que não permite de maneira nenhuma que os detidos e reclusos se entrevejam entre si. Tal prática demonstrou interferir sensivelmente no próprio comportamento dos detentos observados.

* Determinismo tecnológico » O determinismo tecnológico se baseia na suposição de que as tecnologias têm uma lógica funcional autônoma, que pode ser explicada sem se fazer referência à sociedade. Presumivelmente, a tecnologia é social apenas em relação ao propósito a que serve e propósitos estão na mente do observador. A tecnologia se assemelharia assim à ciência e à matemática devido à sua intrínseca independência do mundo social. No entanto, diferentemente da ciência e da matemática, a tecnologia tem impactos sociais imediatos e poderosos (Feenberg, 2010, p. 72).

Referências
FEENBERG, A. (2010). A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia. Brasília: Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina / CDS / UnB / Capes. Série Cadernos - Primeira Versão / construção social da tecnologia / número 3-2010.


Disponível em http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/45/artigo279556-1.asp. Acesso em 29 jun 2013.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde

Márcia Arán; Daniela Murta
Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 19 [ 1 ]: 15-41, 2009



Resumo: Tendo como referência um estudo sobre as práticas de saúde dos principais serviços que prestam assistência a usuários(as) transexuais no Brasil, este artigo discute os desafios para a gestão de políticas públicas para essa população, particularmente, a necessidade do diagnóstico de Transtorno de Identidade de Gênero como condição de acesso. Para iluminar o debate, realiza-se uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde a partir das contribuições de Bernice Hausman e Joanne Meyerowitz sobre a constituição do fenômeno da transexualidade na metade do século passado. Destaca-se a importância da análise dos avanços da tecnologia médica e da influência da revolução dos costumes na problematização da imutabilidade do sexo e na construção da categoria de gênero como condição para compreender o motivo pelo qual a regulamentação do acesso à saúde para a modificação das características corporais do sexo ficou associada à definição da condição transexual. Por último, discute-se que se inicialmente a institucionalização da assistência a transexuais no Brasil esteve associada ao modelo estritamente biomédico, a noção de saúde integral deve promover uma abertura para as redescrições da experiência transexual numa articulação permanente entre os saberes biopolíticos dominantes e uma multiplicidade de saberes locais e minoritários.


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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dicas impressas 4: Facebook; Presentes; Angústia

ANCHIETA, Isabelle. Facebook, o novo espelho de Narciso As mulheres estão se tornando maioria nas redes interativas; a vaidade e a necessidade de afirmação da identidade podem explicar o interesse feminino por esse recurso tecnológico – afinal, do ponto de vista social e histórico, elas passaram de consumidoras de imagens que lhes eram impostas a “autoras” virtuais. Mente e Cérebro, Ano XVIII, n.º 219, pp. 38-41.

NOBLE, Florence. Oba! Para mim? A tensão que precede o recebimento de uma recompensa libera “hormônios da expectativa” no cérebro, responsáveis por sensações agradáveis. Mente e Cérebro Especial, n.º 29, pp. 80-82.

PALADINO, Erane. A angústia necessária Numa sociedade que cobra sucesso e alegria, o desconforto psíquico – importante para a elaboração de conflitos e para o amadurecimento emocional – é visto como algo a ser evitado a qualquer preço. Mente e Cérebro, ano XVIII, n.º 219, pp. 34-37.