Rebecca Morelle
13 de
fevereiro, 2013
Pesquisadores japoneses vinham observando os hábitos de
acasalamento inusitados da espécie Chromodoris reticulata, encontrada no Oceano
Pacífico, há algum tempo.
Agora, publicaram um estudo sobre o tema na Biology Letters,
da Royal Society, relatando o registro pela primeira vez uma criatura que pode
copular repetidas vezes com o que foi descrito com um "pênis
descartável".
Acredita-se que quase todas as lesmas-do-mar (também conhecidas
como nudibrânquios) sejam "hermafroditas simultâneos".
Isso significa que os animais têm tanto órgãos sexuais
masculinos quanto femininos e podem usá-los ao mesmo tempo.
Conforme explica Bernard Picton, especialista em
invertebrados marinhos do Museu Nacional da Irlanda do Norte, em geral os
órgãos sexuais ficam do lado direito do corpo das lesmas e durante a cópula os
dois animais se unem por esse lado, fecundando-se simultaneamente.
Observações
A equipe japonesa observou lesmas-do-mar coletadas em
recifes de coral rasos no Japão, analisando 31 cópulas.
Segundo seus registros, logo após o acasalamento, as
criaturas se desfaziam de seus órgãos sexuais masculinos, deixando-os no fundo
do tanque de observações.
Em apenas 24 horas, porém, as lesmas já tinham se regenerado
e estavam prontas para acasalar mais uma vez com "novos" órgãos
sexuais.
Um exame mais detalhado da anatomia dos animais revelou que
as lesmas-do-mar tinham parte do seu "pênis" enrolado em uma espiral
dentro do corpo, o que permitia a regeneração rápida do órgão.
Os animais foram capazes de copular três vezes seguidas, com
intervalos de 24 horas entre cada uma delas.
Os cientistas não deixaram claro se, após o uso dessa
"reserva interna", o animal deixa de se reproduzir para sempre ou se
ele é capaz de regenerar a "reserva" em algumas semanas ou meses.
Outros animais já foram observados "desfazendo-se"
de seus órgãos sexuais após a cópula, entre eles uma espécie de aranha e uma
lesma terrestre (Ariolimax).
A lesma Chromodoris reticulata, porém, parece ser a única
criatura capaz de regenerá-los para usá-los novamente.
Para os cientistas, essa capacidade daria ao animal uma
vantagem sexual - aumentando as chances de cada lesma possa passar seus genes
adiante. "Esses animais têm uma biologia muito complicada", diz
Picton.
Disponível em
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/02/130213_lesma_do_mar_ru.shtml.
Acesso em 23 nov 2013