Elaine Patricia Cruz
30/07/2013
Cerca de 42% dos jovens homossexuais do sexo
masculino nem sempre usam preservativos em suas relações sexuais. O dado foi
divulgado hoje (30) pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo com base em
dados coletados durante a Parada do Orgulho LGBT (gays, lésbicas, bissexuais,
transexuais, transexuais e transgêneros) deste ano, na capital paulista.
“Os adolescentes conhecem o preservativo e conhecem os
riscos e as questões das doenças sexualmente transmissíveis, mas o que nós
temos certeza é que conhecer o preservativo não garante o [seu] uso. E quando
tem um parceiro fixo, esse é um fator importante para se deixar de usá-lo [o
preservativo]”, disse Albertina Duarte Takiuti, médica e coordenadora do
Programa Estadual de Saúde do Adolescente, em entrevista à Agência Brasil.
Para o levantamento, a secretaria ouviu 108 jovens, de ambos
os sexos biológicos, com idades entre 10 e 24 anos, e que se consideram
lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Desse total de jovens, 20% disseram
que o uso da camisinha nas relações sexuais acontece de vez em quando, mas o
número é maior entre os entrevistados do sexo masculino (42% do total).
De acordo com o levantamento, 43,7% dos entrevistados do
sexo feminino disseram nunca usar preservativos nas relações sexuais, enquanto
entre os homens o percentual é 3,3%. A principal justificativa das mulheres
para não usarem o preservativo é o fato delas acreditarem que sexo entre
mulheres não necessita deste tipo de prevenção. Entre os homens, o principal
motivo para não se usar camisinha é ter parceiro fixo. “As mulheres acreditam
que nada vai acontecer. E os homens acreditam que o parceiro fixo garante a
relação sexual [sem riscos]. O parceiro fixo não garante, de forma nenhuma, a
possibilidade de não se ter risco. Na verdade, a prova de confiança do parceiro
fixo é uma ilusão”, disse ela.
Segundo a médica, mesmo em uma relação entre duas mulheres
há a necessidade do uso de preservativos ou de cautelas para se evitar a
contaminação ou os riscos de se adquirir uma doença sexualmente transmissível.
“É preciso desmistificar que o preservativo diminui o prazer. O preservativo é
uma película tão simples que pode aumentar o prazer: o contato com a pele fica
menor, prolongando o prazer. E, psicologicamente, tira o medo, o risco e a
situação de vulnerabilidade. Uma pessoa que tem atividade sexual coberta de
mais segurança, tem um desempenho melhor”, disse Albertina.
A pesquisa apontou que a maior parte dos entrevistados - 87% do total - acha que o público LGBT é mais vulnerável ou
corre mais riscos que os heterossexuais. O principal risco apontado por eles
(por 20% do total de entrevistados) foram as doenças sexualmente
transmissíveis.
Na capital paulista funcionam duas casas do Adolescente, que
oferecem atendimento médico e psicológico a jovens entre 10 e 20 anos. Uma
delas funciona em Pinheiros; a outra, em Heliópolis. Há também 21 unidades
espalhadas por todo o estado. A Casa do Adolescente oferece atendimento
multidisciplinar, com médicos, dentistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais,
enfermeiros, psicólogos e professores.
As casas do Adolescente mantém o Disque Adolescente, serviço
gratuito de comunicação em que os jovens podem tirar suas dúvidas sobre sexo
seguro, anticoncepcionais e relacionamentos afetivos, entre outros assuntos. O
serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 11h às 14h, pelo número (11)
3819-2022.
Disponível em
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-07-30/mais-de-40-dos-jovens-homossexuais-nao-usam-regularmente-preservativos.
Acesso em 28 out 2013.