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sábado, 10 de janeiro de 2015

Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais do Estado de São Paulo: relatório de duas visitas (2010-2012)

Anibal Guimarães
Bagoas - n. 10 - 2013


Resumo: Tendo como base o Processo Transexualizador, este relatório reúne as observações de duas visitas ao Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais do Estado de São Paulo (ASITT). A primeira (2010) ocorreu um ano após a sua implantação, quando ainda se buscava conhecer melhor seu público-alvo e alguns modelos de atendimento eram testados; a segunda (2012), através de entrevistas, visou conhecer a autocrítica de gestores e profissionais para a sua prática clínica. À luz dos princípios da Bioética, foram observadas: atenção em saúde mental, prescrição da hormonioterapia e demais intervenções médico-cirúrgicas. Priorizaram-se as perspectivas de seus profissionais de saúde quanto à: (i) compreensão para as singularidades e especificidades de travestis e transexuais; e (ii) capacitação para valorar e diferenciar conceitualmente identidades de gênero percebidas como um desafio à lógica heteronormativa.




domingo, 20 de abril de 2014

Tráfico internacional: mulher que agenciava travestis é condenada

JusBrasil

Um acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, reverteu uma sentença de primeira instância e condenou uma mulher por tráfico internacional de pessoas. A ré M.L.L.B. intermediou e promoveu a viagem de pelo menos três travestis para a Europa, em busca de ganhos com a prostituição.

A sentença de primeira instância havia absolvido a ré sob o argumento de que as travestis consentiram com a viagem e que a condenação transformaria o ordenamento jurídico em vigia da moralidade sexual das pessoas. Na apelação inteiramente aceita pelo TRF3 a procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga reconheceu que as vitimas não foram enganadas ou forçadas à viagem, mas apontou a situação de absoluta vulnerabilidade de travestis e transexuais.

Na peça, o Ministério Público Federal explica que se tratam de pessoas "cujo psicológico não se identifica com suas características físicas, o que gera enorme sofrimento psíquico. Quando decidem assumir o seu sexo e orientações psicológicas passam a enfrentar imensas barreiras sociais, o que compromete até mesmo a sua sobrevivência." Por tais motivos, "a situação destes está entre as mais dramáticas entre os diversos grupos minoritários que são constantemente discriminados. [...] Na maioria das vezes acabam por se tornar profissionais do sexo por não lhes restar outra opção" de trabalho, afirmou a procuradora.

Se as vítimas tivessem agido por conta própria não haveria crime e nem processo pois, de fato, o ordenamento jurídico não pode ser o vigia da moralidade sexual de ninguém, disse o MPF no recurso. Mas, como argumentou a procuradora, não eram as travestis que estavam sendo julgadas e, sim, a mulher que as agenciava para enviar ao exterior. Desse modo, não se pode aceitar como natural e atípica a conduta da ré de se aproveitar da vulnerabilidade e falta de opção de certos cidadãos e cidadãs, escreveu o MPF na apelação.

Na ação criminal, o MPF apresentou inúmeras provas documentais, depoimentos e escutas telefônicas que demonstraram a conduta ilegal da ré. Ela, inclusive, agenciava cirurgias plásticas para melhorar a aparência das travestis e a compra das passagens.

M.L.L.B. vinha sendo investigada pela 1ª Delegacia de Proteção à Pessoa e, no dia 22 de abril de 2008, foi presa no Aeroporto Internacional de Guarulhos, quando intermediava a viagem de duas travestis para a Suíça. Julgada pela Justiça Federal, ela foi absolvida em primeira instância sob o argumento de que houve consentimento das vítimas na viagem.

O desembargador federal Cotrim Guimarães não concordou com a sentença. O consentimento das vítimas não afasta a ilicitude das ações da ré, decretou. No acórdão, ele afirma que a atitude da ré colocava em situação de risco concreto pessoas que, num país estranho, muitas vezes sem conhecer a língua e as leis locais, submetem-se à prostituição e outras formas de exploração sexual, correndo o risco de serem detidas e deportadas ou aliciadas e subjugadas por oportunistas a diferentes formas de escravidão.

Guimarães também chegou à conclusão de que a ré não se importava com os riscos que as pessoas que 'ajudava' a viajar para o exterior corriam, embora soubesse que estavam indo para outros países para se prostituirem. Apesar de não ter se baseado especificamente no fato de as vítimas serem travestis para reconhecer a sua vulnerabilidade, o desembargador acolheu os fundamentos da apelação no sentido que a "extrema fragilidade" delas foi comprovada no caso.

O desembargador federal utilizou dados de um relatório publicado em 2011 pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes para lembrar que 800 mil pessoas são traficadas através de fronteiras anualmente e que existem cerca de 27 milhões de pessoas no mundo submetidas a alguma forma de escravidão moderna, rendendo 32 bilhões de dólares ao ano para traficantes e exploradores.

Condenada a três anos e quatro meses de reclusão, a ré, que era primária, teve sua pena convertida em prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário mínimo mensal a uma entidade social, durante todo o período de condenação.


Disponível em http://coad.jusbrasil.com.br/noticias/3105057/trafico-internacional-mulher-que-agenciava-travestis-e-condenada. Acesso em 17 abr 2014.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

TJSP nega reparação por discriminação sexual

Tribunal de Justiça de São Paulo
02/04/2014

A 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo reformou sentença que havia condenado um estabelecimento comercial de São Bernardo do Campo a indenizar um homem que, travestido de mulher, foi impedido de utilizar o banheiro feminino do local.

De acordo com os autos, o autor utilizou uma vez o sanitário feminino, mas não pôde ingressar nele novamente após reclamação das clientes. Os seguranças sugeriram, então, que ele utilizasse o banheiro de portadores de necessidades especiais, destinado a pessoas de ambos os sexos, mas o homem não concordou e, posteriormente, ajuizou ação indenizatória por entender que tinha enfrentado uma situação constrangedora. A decisão de primeira instância determinou que o estabelecimento pagasse a ele R$ 5 mil por danos morais.

A relatora do recurso, Marcia Tessitore, entendeu que os funcionários não agiram de forma discriminatória. “O autor em nenhum momento sofreu preconceito negativo e não foi tratado como ser inferior, mas sim como diferente em relação ao sexo feminino, o que de fato é, pois ainda que sua autoimagem seja feminina, na realidade pertence ao gênero masculino, com todos os atributos de tal gênero, já que não é transexual (não há notícia de ter realizado a cirurgia de transgenitalização).”

Os desembargadores Luiz Beethoven Giffoni Ferreira e José Carlos Ferreira Alves integraram a turma julgadora e também deram provimento à apelação.


Disponível em http://www.tjsp.jus.br/Institucional/CanaisComunicacao/Noticias/Noticia.aspx?Id=22275&ArticleId=22275. Acesso em 07 abr 2014.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pedido para mudança de nome e gênero antes de cirurgia é autorizado

Última Instância
16/12/2013

A 4ª Vara Cível do Foro Regional do Jabaquara, na cidade de São Paulo, deferiu pedido da DP-SP (Defensoria Pública de São Paulo) e autorizou que uma transexual retifique seu registro civil de Bruno para Bruna*, e altere seu sexo de masculino para feminino, ainda que ela não tenha realizado a cirurgia para mudança de sexo.

De acordo com os autos, apesar de ter nascido com o sexo fisiológico masculino, a transexual tem psique feminina. Por conta disto, ela sofre constrangimentos frequentemente uma vez que, apesar de ter aparência feminina, possui documentos com o nome masculino.

“Bruna* vê-se constrangida a identificar-se socialmente pelo nome constante em sua certidão de nascimento. A alteração de seu prenome é, portanto, reconhecimento de sua autonomia e capacidade de autodeterminação”, afirmam os Defensores Públicos Luis Fernando Bonachela e Priscila Simara Novaes, que atuaram no caso.

Os Defensores apontaram também que ela encontra-se na fila de espera para realização da cirurgia de redesignação sexual; laudo médico atesta que ela já recebe hormônios femininos há mais de 5 anos, como etapa preparatória para aquela cirurgia.

Para Fábio Fresca, juiz responsável pela decisão, as condições psíquicas da transexual são suficientes para justificar o pedido de retificação de seu prenome civil, sendo secundária a preocupação com o aspecto físico e a efetiva realização do procedimento cirúrgico de transgenitalização.

“O sexo psicológico é, sem maior dificuldade, aquele que dirige o comportamento social externo do indivíduo. É ele quem define como o indivíduo se mostra perante a sociedade”, disse Fresca.

(*) Os nomes utilizados nesta matéria são fictícios


Disponível em http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/68117/pedido+para+mudanca+de+nome+e+genero+antes+de+cirurgia+e+autorizado.shtml. Acesso em 10 fev 2014.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Primeira 'transexual' da Academia de Letras relata preconceito

Mariane Peres
15/11/2013

Nicolly Bueno, de 30 anos, é o primeiro transexual a integrar a Academia de Letras de Presidente Venceslau. Com quatro livros publicados e professora da rede municipal de ensino, ela foi vítima de preconceito durante a infância e adolescência e encontrou na educação e na escrita uma oportunidade de ser aceita pela sociedade. Membro da associação desde 29 de outubro, ela acredita que a conquista é um obstáculo a mais superado.

“Eu me sinto imensamente realizada pelo que eu construí e pelo que busquei, porque, nas condições em que me encontro as coisas não são fáceis. Tive que mostrar para as pessoas que a minha capacidade não depende da minha opção sexual. Na academia, não sinto preconceito, as pessoas me respeitam e me aceitam. Na cidade, há indiferença”, conta.

O convite ser uma acadêmica veio na segunda tentativa e, para ela, foi um orgulho. Entretanto, sua trajetória na educação começou aos 15 anos, quando entrou para o antigo Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (Cefan). Desde pequena, ela queria ser professora. Mas a caminhada foi marcada por confrontos com a família, bastante rígida, de acordo com ela.

“Na verdade, desde os cinco anos eu sentia que era diferente e meu pai é completamente preconceituoso, por isso eu sentia medo de me assumir. Quando cresci, queria virar padre, para não ter relações sexuais e não ser julgado, mas minha mãe não deixou. Me sintia deprimida por não poder ser quem era”, relata.

A partir de então, ela começou a participar de vários concursos e eventos de educação para buscar seu destaque. Ela decidiu estudar bastante para se tornar conhecida na cidade e assim ganhar seu espaço e tentar inibir o preconceito. “De certa forma, enterrei minha vida pessoal para me dedicar à vida profissional. Eu tinha medo porque minha família já me julgava”, diz.

O próximo passo era conseguir um espaço na Academia de Letras. Na primeira tentativa, ainda como homem, ela não conseguiu. “Eles alegaram a falta de idade, já que é preciso ter, no mínimo, 30 anos e na época eu estava com 24. Mas sei que decisão dos outros acadêmicos pesou também por causa da minha opção sexual”, acredita.

Após uma depressão profunda, Nicolly começou a fazer tratamento psicológico e constatou que para se curar era preciso que ela se mostrasse da maneira como sempre quis e pudesse expor a sua sexualidade. No início, foi difícil. “Quando assumi a transexualidade, muita gente achou que era uma questão de vaidade, mas não era isso. As pessoas comentavam coisas sem me conhecer. Nós, travestis e transexuais, sofremos muito”, afirma.

Tanto que ela, que nasceu Rodrigo e ainda usa os documentos com este nome, mesmo não tendo passado pela cirurgia de mudança de sexo, prefere ser chamada de transexual. “Tem muita gente que imagina que travesti é prostituta e está ligada à violência. Mas não é assim. As pessoas julgam sem piedade”, critica.


Disponível em http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/2013/11/primeira-transexual-da-academia-de-letras-relata-preconceito.html. Acesso em 29 dez 2013.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Justiça autoriza retificação de nome e gênero em registro de transexual

Tribunal de Justiça de São Paulo
11/11/2013
      
O juiz da 8ª Vara Cível da Comarca de São Bernardo do Campo, Gustavo Dall’Olio, julgou procedente o pedido de um transexual e determinou a retificação do nome no assento de nascimento civil e a alteração do sexo de feminino para masculino. O entendimento do magistrado acompanha jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo e do Superior Tribunal de Justiça, citada na sentença.
       
Consta da decisão que o transexualismo caracteriza-se por um sentimento intenso de não pertencimento ao sexo anatômico. Segundo o magistrado, em razão da evolução científica, a determinação do gênero não decorre apenas da conformação anatômica da genitália, mas, também, de um conjunto de fatores sociais, culturais, psicológicos, biológicos e familiares.
       
O magistrado esclareceu que não há, na lei positiva, norma que trate do tema. “A alteração do nome ou prenome somente pode dar-se em situações excepcionais e restritivas, a teor do artigo 57, da Lei 6.015/77. Deve o julgador superar o vazio legislativo, de acordo com a analogia, os costumes e princípios gerais de direito”, disse.

A sentença ainda ressalta que a identidade sexual do autor – que passou por cirurgias para mudança de sexo, todas consentidas pelo Estado – “deve refletir, tanto quanto possível, a posição social e emocional do indivíduo, enquanto agente de interlocução na sociedade, servindo o registro civil, mais especificamente o assento de nascimento civil, modal de existência da pessoa humana, como meio à consecução do status de sujeito de direitos, plenamente legitimado à prática de atos e negócios jurídicos, a salvo de qualquer espécie de discriminação, tratamento vexatório ou degradante”.


Disponível em http://www.tjsp.jus.br/Institucional/CanaisComunicacao/Noticias/Noticia.aspx?Id=20781. Acesso em 27 dez 2013.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

“De sapos e princesas”: a construção de uma identidade trans em um clube para crossdressers

Marcos Roberto Vieira Garcia
Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana
ISSN 1984-6487 / n.4 - 2010 - pp.80-104

Resumo: A partir de uma pesquisa qualitativa com membros de um clube para crossdressers residentes no estado de São Paulo, o presente artigo buscou investigar alguns elementos presentes na construção da identidade crossdresser no Brasil. Os resultados mostraram similaridades em relação ao modo de funcionamento e aos discursos existentes nos clubes estrangeiros, como a reprodução do mecanismo de construção de um eu feminino (princesa) entre elas, que passa a coexistir com o eu masculino (sapo) anterior, e a incessante troca de informações relativas ao processo de montagem. O estudo evidenciou o caráter suportivo do grupo, uma vez que este provia a possibilidade de convivência com outras pessoas com desejo de vestir roupas femininas, e também seu caráter normativo, tanto em relação ao que é considerado apropriado na construção da princesa, como naquilo que permitiria maior aceitação familiar e social ao crossdressing.



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Transexual poderá retirar útero e mama pelo SUS em SP

Solange Spigliatti
10/01/2011

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo vai oferecer gratuitamente, a partir do fim de janeiro, cirurgias para remoção de útero para mulheres que se sentem homens (transexuais). Elas serão atendidas pelo Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, na capital paulista.

Os pacientes triados no CRT serão encaminhados para o hospital estadual Pérola Byington, para avaliação e realização de histerectomia (retirada do útero). A secretaria também deverá encaminhar os transexuais para cirurgia de retirada de mama. O hospital de referência para esse procedimento, na capital, será definido nos próximos meses.

O Pérola Byington terá capacidade para realizar até 100 cirurgias de retirada de útero, com atendimento personalizado, quartos individuais e equipe treinada para lidar com as demandas específicas desta população. Já o tratamento de neofaloplastia (construção do pênis) ainda não foi liberado e permanece em caráter experimental no Estado.

Disponível em http://saude.ig.com.br/transexual+podera+retirar+utero+e+mama+pelo+sus+em+sp/n1237936490669.html. Acesso em 08 set 2013.

domingo, 21 de outubro de 2012

Solidão leva idoso a buscar ajuda psiquiátrica em SP

Secretaria da Saúde de São Paulo
10/09/2012

A solidão, causada muitas vezes pela morte do cônjuge, de amigos e familiares, além do medo de morrer e das dificuldades financeiras após uma vida toda dedicada ao trabalho, está levando idosos paulistanos ao psiquiatra.

Levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Psiquiatria, unidade especializada da pasta na Vila Maria, zona norte da capital paulista, aponta que 61% dos idosos atendidos têm quadros de transtorno de ansiedade e depressão, e muitos sofrem com a solidão.

O número de idosos atendidos na unidade, somando-se as consultas médicas e as não médicas (realizadas por psicólogos, terapeutas ocupacionais e profissionais de enfermagem), foi de 960 em agosto de 2012, numero maior do que o observado no mesmo mês do ano passado (917) e quase oito vezes superior ao registrado em agosto de 2010 (124), mês em que a unidade foi inaugurada.

"A depressão e os transtornos de ansiedade exercem um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes nessa faixa etária, com consequências diretas na saúde, uma vez que estão associados a um maior número de doenças, como diabetes e hipertensão. Tratar esses problemas é cuidar da saúde", diz o diretor do AME, Gerardo Araújo.

Além do atendimento médico, os idosos em tratamento no AME Psiquiatria também participam de atividades de terapia ocupacional, a exemplo do grupo de acolhimento, grupo de reabilitação cognitiva, grupo de contadores de histórias e atividades manuais, tais como pintura em tela, pintura em objetos, fuxico e artes plásticas.

Entretanto, não são apenas os pacientes na terceira idade que recebem atenção durante o tratamento. Como os cuidadores dos idosos estão até quatro vezes mais suscetíveis a desenvolver quadros depressivos do que a população em geral, o AME Psiquiatria também desenvolve trabalho específico para eles, por meio de encontros semanais em grupo, momento em que se discutem as principais dificuldades enfrentadas durante a rotina de cuidado dos idosos. 

"O favorecimento das inserções familiar, afetiva e social do idoso que sofre com problemas psiquiátricos constitui em um dos principais objetivos do acompanhamento realizado pelo AME Psiquiatria", explica o diretor da unidade.

Disponível em <http://www.saude.sp.gov.br/ses/noticias/2012/setembro/solidao-leva-idoso-a-buscar-ajuda-psiquiatrica-em-sp>. Acesso em 20 out 2012.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O apoio da rede social a transexuais femininas

Milene Soares et al
Paidéia
jan.-abr. 2011, Vol. 21, No. 48, 83-92

Resumo: O presente estudo teve como objetivo compreender a relação atual de transexuais femininas com suas redes sociais. Participaram cinco pacientes submetidas à cirurgia de transgenitalização em um hospital público do interior do Estado de São Paulo, Brasil. Elas responderam à entrevista semi-estruturada e a perguntas para a construção de Genogramas e Mapas de Rede. Os dados foram compreendidos de forma qualitativa a partir da teoria sistêmico-cibernética novo paradigmática. As entrevistadas relataram situações em que sentiram apoio, inclusive diante da decisão de operar, mas também descreveram situações nas quais sentiram humilhação e exclusão pelo fato de expressarem e viverem sua sexualidade de forma diferente da maioria das pessoas. O estudo mostrou que ainda prevalece a posição heteronormativa, sustentando preconceitos e atos de discriminação direcionados às mulheres transexuais.


sábado, 23 de junho de 2012

Música de Tiririca faz garoto mudar seu nome

Rogério Barbosa
24abril2012

Um jovem de 17 anos poderá retirar de seu nome a palavra Florentino pela semelhança com a música Florentina, do humorista e deputado Tiririca. De acordo com o relator do processo que concedeu o direito ao jovem, desembargador João Pazine Neto, da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, “é fato notório e público que o nome ‘Florentino’ faz parte do repertório de uma música do humorista ‘Tiririca’, música esta de caráter cômico, destinada à zombaria e gracejo que em nada dignifica o sobrenome mencionado".

Ele procurou a Justiça para ver retirado de seu nome a palavra que foi herdada de sua avó materna. De acordo com o processo, a psicóloga da escola em que o jovem estuda identificou caso de bullying, já que os colegas dele fazem gozações por causa da semelhança de sue nome com a música.

Para o relator do pedido, o fato de Tiririca ter ganhado mais visibilidade na mídia, após ter sido eleito deputado federal, prejudica ainda mais a situação do garoto, caso o seu nome seja mantido. “ O humorista está mais popular do que nunca, pois como também é público e notório, candidatou-se ao cargo de deputado federal fazendo uma campanha também à moda de zombaria e foi o mais votado dos parlamentares. Ora, evidente, que tudo isso só faz aumentar o gracejo cruel dos jovens em época”.

Para o desembargador, o fato do garoto estar na adolescência e em fase escolar agrava o quadro, pois “a zombaria pode causar graves danos à sua personalidade, devendo, portanto, ser reprimido qualquer fato que possa potencializar a zombaria da escola a lhe causar constrangimentos”.

Concluiu Pazine Neto que “as conseqüências para as vítimas desse fenômeno são graves e abrangentes, promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. No âmbito da saúde física e emocional, a baixa na resistência imunológica na auto-estima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio”. 


Disponível em <http://www.conjur.com.br/2012-abr-24/garoto-mudar-nome-causa-musica-florentina-tiririca>. Acesso em 22 jun 2012.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Travestis e transexuais protestam contra Parada Gay: “É machista e misógina”

Vitor Angelo
09/06/12

Neste sábado, 9, foi lançado nas redes sociais um protesto da Frente Paulista de Travestis e Transexuais contra a organização da Parada Gay de São Paulo.

Em conversa por telefone com o Blogay,  a travesti Janaína Lima, 36, esclarece o que está acontecendo. “Este ano não temos o nosso tradicional trio nem conseguimos colocar nossos cartazes. Mas acordamos com a Parada que iríamos no trio oficial de abertura e algumas outras no trio da Paz que encerra o evento. Depois vieram nos anunciar que iríamos no sétimo carro e no último. Por fim, ontem (sexta-feira) avisaram que seria só no sétimo carro e que não adiantava nem reclamar porque não tinha acordo.”

As travestis e transexuais iriam vestidas de professora, enfermeiras, advogadas. “Eles [os organizadores] pediram que nós não fossemos peladas ou de vestido curto. Mesmo a gente achando que no fundo tinha algum preconceito porque boy de sunga branca sem camisa iria ter aos montes, nós concordamos porque era uma maneira de dar visibilidade aos transgêneros.”

Toda esta situação escancara um certo desdém, mesmo que implícito, pelas vítimas mais visíveis da homofobia. “Com esta gestão não conseguimos diálogo algum, existe uma invisibilidade para as travestis e transgêneros. A Parada Gay hoje é uma parada machista e misógina”, desabafa Janaína.

Esta situação levou a Frente a divulgar a seguinte nota:
“Nós, travestis e transexuais reunidas no dia 09 de junho de 2012 após discussão pelo conjunto de pessoas presentes na reunião ordinária, como consta registrado em ATA, vimos por esse intermédio protestar pela forma como foram tratadas as travestis e transexuais desse estado na 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Não concordamos com os argumentos usados nas discussões para as nossas participações limitando e impondo o modo de nos vestir e se comportar durante a parada, ainda assim concordamos.  Porém, nem com esse acordo fora disponibilizado para nós o trio como de costume, mais espanto causou ainda quando fomos informadas que nem as nossas participações nos demais trios fora garantida como um acordo prévio com os organizadores da mesma. Nesse sentido não nos cabe outra atitude senão PROTESTAR pela forma transfóbica dos organizadores da 16ª Parada e esperar que a gente possa ser incluída não somente nos discursos, mais nas ações e atitudes que tenham a ver com a população LGBT de São Paulo, pois também fazemos parte dessa cidade e estado.
Travestis e Transexuais já esta na hora de sermos respeitadas e não apenas usada”

O OUTRO LADO

Em conversa com o Blogay, o assessor de imprensa da Parada de São Paulo, Leandro Rodrigues, explicou que “existem 40 pulseiras reservadas para as travestis e transexuais. 20 para o sétimo carro e 20 para o último carro que será um trio da diversidade, voltada a grupos vulneráveis, além da questão do casamento igualitário.”

Segundo Rodrigues, o trio oficial da Parada, o chamado carro oficial acabou ficando apertado para o grupo de travestis pois terá a presença de políticos como Marta Suplicy, Jean Wyllys e o governador Geraldo Alckmin que virá com uma comitiva de oito pessoas.

Ele também afirma que “em nenhum momento a Parada resolveu impor uma certa vestimenta para as travestis. E que cada um vá vestido como bem entender. Importante frisar é que a orientação para se vestirem como profissionais de várias áreas atende a uma demanda levantada por nosso grupo quinzenal de TTs [travestis e transexuais], que é a inserção delas no mercado de trabalho. Portanto, virem fantasiadas de médica, comissária de bordo, professora etc é um protesto alegórico pelo o reconhecimento das TTs como capazes de executar qualquer função. Porém, nenhuma delas é obrigada a acatar essa orientação e podem se vestir da forma que quiserem.”

Sobre uma posição  de transfobia da Parada , ele alega que em seus quadros têm as travestis Greta Star, tesoureira do evento, e Adriana da Silva.

Disponível em <http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/09/travestis-e-transexuais-protestam-contra-parada-gay-e-machista-e-misogina/>. Acesso em 11 jun 2012.

domingo, 10 de junho de 2012

A diversidade revelada

Aureliano Biancarelli

Resumo: A orientação sexual e a identidade de gênero são fatores determinantes para a saúde, não apenas por implicarem em práticas sexuais e sociais específicas, mas também porque podem significar o enfrentamento cotidiano de preconceitos e violações de direitos humanos. O Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, sede da Coordenação Estadual DST/Aids-SP, inaugurou em junho de 2009, em suas dependências, o primeiro ambulatório de saúde do Brasil dedicado exclusivamente a travestis e transexuais. Este serviço foi criado para facilitar o acesso de populações vulneráveis ao Sistema Único de Saúde, possibilitando a elas sua inserção social e o direito integral à saúde. A relação entre a epidemia da aids e a exclusão social precisa ser melhor compreendida e enfrentada. É com esse propósito que o Grupo Pela Vidda/SP está à frente do Centro de Referência da Diversidade (CRD), desde 2008, em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Iniciativa pioneira, oferece assistência, capacitação, geração de renda, convivência e cultura para profissionais do sexo, gays, lésbicas, travestis, transexuais e pessoas que vivem com HIV e aids em situação de vulnerabilidade e risco social. Com a porta aberta para a realidade, buscamos resgatar a dignidade, a cidadania e melhores condições de vida para tantas pessoas historicamente esquecidas e discriminadas.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

A fonoaudióloga das travestis

Fernanda Aranda
26/11/2011

Denise encara o espelho, passa as mãos nas bochechas e reflete em voz alta. “Preciso começar a passar mais blush”. Suas pacientes, sempre que chegam ao consultório, estão com maquiagem impecável e têm mostrado a esta fonoaudióloga uma beleza que ela não cansa de admirar (e até copiar alguns truques). “Elas são tão sofridas, já foram tão machucadas pela vida e, ainda assim, estão sempre belas, produzidas.”

Se as pacientes indicam estratégias para disfarçar imperfeições e realçar os pontos fortes do rosto, a especialista as ensina como ter uma voz feminina que combina com todos aqueles traços de mulher.

Denise Mallet, 60 anos, é fonoaudióloga das travestis e transexuais de São Paulo. E, com ajuda dos versos de Manuel Bandeira, recorre à poesia para ajudar a modular o timbre de um grupo da população excluída.

O som, lembra ela, é revelador. E as últimas notícias alardeiam que caso os intolerantes percebam que a voz que sai de suas pacientes é típica de alguém que nasceu homem - mas se sente mais confortável em vestidos e salto alto - o resultado pode ser um espancamento ou até a morte. Um relatório feito pelo Grupo Gay da Bahia – que monitora os crimes de intolerância contra homossexuais no Brasil – evidencia que as travestis são maioria entre as vítimas fatais deste tipo de agressão.

“Sei também que voz é mais do que disfarce. É mecanismo de inserção social. Por isso tanto empenho. Meu e das pacientes”, acrescenta Denise que trabalha em um ambulatório público da capital paulista, o primeiro do Brasil especializado em travestis e transexuais. Nele é oferecido tratamento global para estas pacientes, inclusive na área da saúde vocal maltratada pelo uso de hormônios indiscriminados e também pelos “recursos” para tentar “adocicar” a voz.

“Percebo em todas as pacientes que elas usam alguns truques, como anasalar as palavras e forçar o timbre, carregando em consoantes. Tudo isso prejudica as cordas vocais. Muitas chegam até mim com sequelas importantes, como calos e sobrecarga”, completa Denise que faz o atendimento duas vezes por semana no Centro de Treinamento e Referência em DST e Aids, local onde o Ambulatório das Travestis foi instalado.

Simultaneamente às sessões de fonoaudiologia, as pacientes também recebem os cuidados clínicos por conta das intoxicações severas provocadas pelo uso de silicone industrial. Também chegam vitimadas por automutilações em decorrência da falta de atendimento médico. Algumas são portadoras de doenças dos mais variados tipos (em especial as sexualmente transmissíveis) e outras carecem de apoio psicológico para depressão e outros transtornos psíquicos.

Este cenário todo faz com que a desconfiança e a falta de vínculo com os profissionais de saúde sejam constantes nas primeiras consultas. Além disso, lembra Denise, não há literatura científica para definir quais os exercícios fonoaudiológicos mais indicados para travestis. Nas poesias, ela encontrou uma vacina para estes dois entraves. Mas isso é quase o último capítulo de sua história com a voz, que começa lá na adolescência.

O início, o meio e a aids

Falante pelos cotovelos em casa, mas quase muda na escola, a menina Denise um dia foi questionada pela mãe quais eram as razões para aquele tipo de relacionamento com a voz. “Você não gosta de falar?”, perguntou. “Adoro”, pensou a menina. Como uma pulga, aquela indagação ficou atrás da orelha da garota, na época com 14 anos.

Estudante do colégio Mackenzie, Denise deparou-se novamente com a pergunta da mãe quando precisou escolher qual carreira prestar no vestibular. Resolveu então pesquisar a ciência da voz e logo aproximou-se da fonoaudiologia. Até então, o único familiar que havia escolhido a área da saúde como profissão havia sido o avô Emílio Mallet (nome de rua paulistana), um dos primeiros dentistas brasileiros, que teve o diploma assinado pelo Imperador Pedro II.

Denise ficou encantada pela carreira que desvendava os mecanismos vocais e resolveu trilhar este caminho. Ingressou na PUC de São Paulo e, logo depois, resolveu fazer especialização em saúde pública na USP. O primeiro emprego foi em um posto de saúde em Taboão da Serra, local que ficou por quase 10 anos, tratando dos problemas de fala da população. “Até que no ano 2000 apareceu o desafio profissional mais importante da minha carreira”, lembra.

A aids, doença que colecionava vítimas desde a década de 1980, manifestava-se - no início de 2000 - na cara das pessoas. As técnicas ainda eram ineficientes para amenizar um dos efeitos colaterais dos medicamentos, chamado lipodistrofia, uma distribuição irregular de gordura no corpo. O rosto dos soropositivos ficava muito fino, com os ossos saltados, um indício do HIV no organismo. Com este panorama, a fonoaudióloga Denise Mallet foi aprovada no concurso público e ingressou no CRT/Aids.

“Desenvolvi uma técnica de ginástica facial que conseguia amenizar estes sintomas. É um dos marcos da minha trajetória que tenho mais orgulho”, diz ao emendar que os exercícios trouxeram o que ela exemplifica como “satisfação plena”. 

“Depois de meses praticando os exercícios da face duas horas por dia, as crianças e jovens soropositivos, a maioria que já nasce com a doença, se olham no espelho e dizem, da forma mais espontânea possível, como eu to bonito”, diz emocionada.

As novas pacientes

Entre os inúmeros que receberam as orientações para a ginástica facial, também estavam as travestis que convivem com o diagnóstico do HIV. E, em 2009, o CRT percebendo a complexidade exigida por estas pacientes, atrelada à decisão do Ministério da Saúde de incluir a cirurgia de mudança de sexo para as transexuais como um procedimento feito no Sistema Único de Saúde (SUS), decidiu abrir um ambulatório só para elas. “Fui convidada a atender lá e pensei: outro desafio bom de topar. Abracei a causa na hora.”

Nos primeiros dias de atendimento, ela reforçou a memória auditiva e lembrou como escutava poesia. Quando eram lidos por homens, os versos eram retos, ditos de forma direta, quase que em linha reta. Já proclamados por mulheres, os poemas soavam cheios de modulações, uma sílaba mais forte do que a outra. Pronto. “Falar feminino não é falar fino. É falar com malemolência”, exemplifica. De quebra, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e outros também quebram o gelo dos primeiros contatos entre especialista e paciente. “Trazem um pouco de conforto para quem é tão maltratado, quem carrega histórias cheias de ferida”, diz Denise.

A fono sabe que, no início, as pacientes de maquiagem impecável copiam seu jeito de falar. “Depois, a personalidade de cada uma se destaca e elas encontram mais o tom próprio, em uma modulação personalizada”, diz. Daí, podem falar ao telefone sem medo de serem chamadas de “senhor”. Podem procurar emprego como secretárias, enfermeiras e professoras, se assim desejarem. Um pequeno remédio contra o preconceito tão presentes em suas vidas. “A voz combina com o físico que elas tanto sofreram para ter.”

Disponível em <http://saude.ig.com.br/minhasaude/a-fonoaudiologa-das-travestis/n1597357432633.html>. Acesso em 06 jun 2012.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Transexual paulistana é a mais velha a fazer cirurgia de "troca de sexo"

Mariana Versolato
01/04/2012 - 09h45

A cabeleireira aposentada Andréia Ferraresi, 68, de São Paulo, é a transexual mais velha do país a fazer uma cirurgia para troca de sexo. Registrada ao nascer como Orlando, ela esperava pela operação desde 1979, quando recebeu o diagnóstico de transexualidade. 

Sem dinheiro para pagar pelo procedimento, teve que aguardar até que a cirurgia fosse feita no SUS. Foi operada no dia 27 de fevereiro, no HC. Leia o depoimento concedido por ela à Folha.

"Sofri muito na vida por um conflito de identidade e esperei por essa cirurgia desde 1979, quando procurei o HC e recebi o diagnóstico de transexualidade.

Na época, o SUS não fazia a cirurgia. Quem fazia eram os médicos particulares. Fui a dois e me cobraram um preço exorbitante. Minha mãe disse que não tinha dinheiro e eu entendi. Ela já sofria, se sentia culpada por mim.

Sou a caçula de 11 irmãos e todos eram "normais". Os irmãos que nasceram pouco antes de mim eram homens e minha mãe queria que a última fosse menina. E nasceu uma menina, mas com os órgãos que os outros tinham.

O sofrimento sobrou para mim, com "bullying" na escola e aquele conflito de você sentir uma coisa e não ser o que você sente.

Na infância, só brincava com as meninas. Um dia, no colégio, ganhei uma boneca na rifa e os meninos falaram: "Mariquinha, mariquinha!". Eles pensavam que estavam me ofendendo, mas quanto mais falavam mais orgulho eu sentia da boneca.

Com 14 anos, peguei o vestido da minha irmã. O povo dizia que tinha caído certinho em mim. Minhas vizinhas me deram saias e comecei a usar roupa de mulher.

Quem aceitou mais foi minha mãe. Ela sempre quis me proteger. Mas meu pai e um irmão me perseguiram até eu fazer os exames que provaram que eu era transexual.

Quando saiu o diagnóstico me pediram até perdão. É muito ruim você se sentir reprimida pela própria família.

Ainda teve o regime militar. Os transexuais sofreram demais com perseguições policiais. Cheguei a ficar um mês na prisão, mas o juiz me soltou. Viram que eu não tinha perigo nenhum, nunca fui criatura de beber, de vida fácil. Sempre tive meu trabalho de cabeleireira.

O tempo foi passando até que encontrei o CRT [Ambulatório para Saúde Integral de Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids], em 2009. Quando cheguei, estava numa depressão fora do comum, um trapo.

Comecei o tratamento com o psiquiatra, tomei remédios por um ano e fui encaminhada para a operação. Sou a primeira do ambulatório a fazer a cirurgia e vou abrir a porta para muitas que precisam.

Idade

O povo dizia: "Mas não é um pouco tarde para você fazer a cirurgia?". E eu respondia: "Não, eu ainda preciso viver, não vivi minha vida! Estou começando só agora".

Eu tenho idade de vovó, mas me sinto forte e feliz. A velhice está na cabeça das pessoas. Os homens, quando passam por mim na rua, falam: "Quanta saúde!".

Se eu puder pegar um forrozinho, eu vou, faço dança do ventre. Um médico me disse: "Do jeito que está indo, a senhora vai viver uns 95". E eu disse: "Quero viver ainda mais, doutor!".

A cirurgia mudou tudo. Esqueci aquele passado de sofrimento. O que interessa agora é daqui pra frente.

Fiquei muito satisfeita com o resultado. Não tem uma cicatriz. Parece que eu nasci assim. Estou até me sentindo mais bonita.

Já uso o nome Andréia Ferraresi porque um juiz me deu autorização, mas agora está correndo o processo de mudança de sexo também no registro. Quero que aconteça rápido porque preciso casar, preciso de um amor.

Estou solteira, mas a minha felicidade é tanta que namorar é coisa secundária. Quero um amorzinho, mas com o pé no chão. Ficar na vida promíscua eu não quero, porque hoje em dia a doença venérea está demais.

Eu transava bastante quando era mais nova e não tinha Aids. Era um tempo bom. Pena que não vivi integralmente com essa periquita (risos).

Hoje me valorizo mais. A vida não se resume em sexo. Não é porque fiz a cirurgia que vou ficar no oba-oba. Eu fiz para mim, para a minha identidade, para me olhar no espelho e ver que sou mulher, não ver aquela coisa estranha que não estava combinando.

A cabeça da gente muda quando sai da mesa de operação. Ela elimina o que você tem de transtorno na sua cabeça. Fui solta de uma gaiola que me aprisionou por todos esses anos.

Hoje, a passarinha está voando, solta, feliz da vida. Os problemas parecem não ter o tamanho que tinham. Antes pensava que se não consegui um emprego era por causa de preconceito.

Hoje dou uma banana pro preconceito. Só importa que estou feliz da vida, mostrando que idade não tem nada a ver."

Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1069889-transexual-paulistana-e-a-mais-velha-a-fazer-cirurgia-de-troca-de-sexo.shtml>. Acesso em 01 abr 2012.

terça-feira, 6 de março de 2012

Ansiedade é transtorno mais comum na Grande São Paulo

Mariana Versolato
25/02/2012 - 18h05

Uma pesquisa que mapeou a frequência de doenças mentais na Grande São Paulo mostra que os transtornos de ansiedade, como estresse pós-traumático, fobias e síndrome de pânico, lideram e estão presentes em 20% da população.

Depois vêm os transtornos de humor, como depressão (11%), de controle de impulsos (4,3%) e por consumo de drogas (3,6%).

Os dados são do projeto São Paulo Megacity, um estudo realizado pelo IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas de São Paulo com 5.037 residentes dos 39 municípios da região.
A amostra é representativa das cidades, e as entrevistas foram feitas pessoalmente entre 2005 e 2007.

Dados preliminares já haviam sido apresentados em 2009, mas agora a pesquisa completa, que faz parte de um grande estudo mundial, foi publicada na revista científica "PLoS ONE".
Segundo a psiquiatra Laura Helena Andrade, coordenadora do estudo, a pesquisa procura entender o contexto relacionado a essa prevalência maior.

A violência urbana ajuda a explicar a forte presença dos transtornos mentais na população --54% dos entrevistados relataram ter vivido uma experiência ligada a crimes, como ser vítima ou testemunha de assaltos e sequestros.

Pessoas que vivem em áreas mais pobres e periféricas da cidade também tiveram maior risco de desenvolver os transtornos.

"Cada fator inerente à vida na metrópole, como transporte, violência e acesso a serviços de saúde, tem uma parcela de participação nesse resultado", afirma Paulo Rossi Menezes, professor associado da USP e epidemiologista psiquiátrico que não participou do estudo.

Gravidade

A pesquisa mostrou que 10% da população em São Paulo tem doenças psiquiátricas graves. Esse índice está acima da média de outros 14 países, segundo a Organização Mundial da Saúde. Nos EUA, a prevalência é de 5,7%.

Só um terço dos brasileiros com transtornos graves recebeu tratamento nos 12 meses anteriores às entrevistas.

"Os transtornos mentais são frequentes, mas pouco reconhecidos e tratados. A sociedade sabe pouco a respeito e há um estigma ligado às doenças", diz Menezes.

Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1053547-ansiedade-e-transtorno-mais-comum-na-grande-sao-paulo.shtml>. Acesso em 29 fev 2012.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Aliciados para virar transexuais acabam em endereços perigosos

Cleide Carvalho
Publicado:11/02/12 - 20h07 - Atualizado:12/02/12 - 9h21

Pobres em seus estados de origem — alguns admitem que faziam pequenos furtos para ganhar a vida no Nordeste —, os garotos atraídos a São Paulo pela rede de pedofilia sonham com a Avenida Indianópolis, mas a maioria vai parar mesmo em endereços menos nobres e mais perigosos. Neles, não precisa ser frequentador habitual para perceber a presença da mão pesada do tráfico de drogas. Nas travessas da Avenida Cruzeiro do Sul, na vizinhança da Rodoviária do Tietê, vários dos jovens transexuais se oferecem drogados.

B. veio de Sobral, no Ceará. Está há seis anos em São Paulo e diz que completou 18 anos em outubro passado. Não recebeu próteses de silicone, apenas injeções em algumas partes do corpo. Olho embaçado, sonha em colocar a prótese de silicone nos seios até julho. Posicionado a um quarteirão da avenida, diz que o valor mais alto que consegue por programa é R$ 50, ajeitando um vestido cor de rosa bem curto.

— As que têm mais peito cobram mais — conforma-se. Thales César de Oliveira, promotor de Infância e Juventude, diz que os adolescentes são atraídos pelo ganho e não têm ideia de que terão de alterar completamente o corpo: 
— Muitos não têm noção de que é uma mudança sem volta.

Oliveira afirma que o Ministério Público de São Paulo sabe da existência de uma rede de pedofilia e há frentes de investigação. No ano passado, um homem acusado de comandar a parte da rede que trazia adolescentes de Belém foi morto em confronto com a polícia paulista ao resistir a uma ordem de prisão. Na ocasião, 70 travestis, entre eles menores de idade, foram encontrados vivendo precariamente em duas pensões no Centro de São Paulo. Os adolescentes foram devolvidos às famílias.

— Não sabemos se é a mesma rede que se rearticulou ou se é outra — afirma. Segundo ele, a polícia de São Paulo recebeu informações de que o comando da rede estaria no Nordeste, mas não há um grupo conjunto de investigação interestadual para troca de informações entre as polícias e os Ministérios Públicos.

De vestidinho vermelho e nariz arrebitado, R. conta que chegou há um ano e três meses de São Luiz e acredita não ter outra saída a não ser modificar o corpo:
— A gente nasce mulher.

A mais velha do grupo tem 30 anos e cabelos compridos e encaracolados. Veio de Manaus.
— Elas (as cafetinas) incentivam a transformação. E cobram mais em cima disso —explica.
Num bar nas imediações da Avenida Industrial, repleto de homens de comportamento intimidador, Luciane, 22 anos, conta que chegou há menos de um ano do Piauí e só quer colocar prótese no seio, sem injetar silicone, porque tem receio.

Uma transexual mais velha, de enormes seios caídos, interrompe:
— Rejeição depende do corpo de cada um. E de quanto de dinheiro você tem para pagar. De cabelos ainda curtos e brincos baratos, Luciane é chamada por um dos homens e some de cena. O bom senso diz que é melhor não ficar muito tempo ali.


Disponível em <http://oglobo.globo.com/pais/aliciados-para-virar-transexuais-acabam-em-enderecos-perigosos-3950772>. Acesso em 16 fev 2012.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

No Ibirapuera, meninos se tornam michês para conseguir drogas

Flavio Freire
Publicado:11/02/12 - 20h07

J. tomava cerveja enquanto ensaiava passos de dança com alguns colegas no chamado Autorama, estacionamento do Parque Ibirapuera, em São Paulo, onde gays e lésbicas se divertem ao mesmo tempo em que garotos — muitos menores de idade — se prostituem nas barbas da polícia. Corpo franzino, camiseta jogada no ombro, sorriso malicioso e um rosto marcado pelas espinhas denunciam que o menino começou precocemente, “só por diversão”, a ganhar uns trocados fazendo programa sexual.

J. tem só 15 anos, assim como outros dois colegas que, na madrugada da última sexta-feira, o acompanhavam na balada. Era ao som de Rihana e Beyoncé, disparado das caixas de som do porta-malas de um Fiat Uno caindo aos pedaços, que o garoto se colocava à disposição de homens em busca de sexo pago.

De família evangélica, morador da Vila Industrial, a 40 quilômetros dali, aluno do ensino médio, J. não se vê como os garotos de programa “profissionais” do Autorama. Acredita que tem “outra postura em relação à vida”.

— Eu venho aqui para me divertir, dançar e ver “as colegas”. Agora, se alguém quiser dar uma graninha para o bebê aqui, por que eu não vou aceitar? — indaga. Filho único de pai motorista de ônibus e mãe dona de casa, J. diz que nunca pensou em ganhar a vida como os garotos que dizem faturar até R$ 150 pelo programa. Mas, sem perceber, a oportunidade tem feito dele um michê como os outros.

Madrugada adentro, a circulação de carros pelas ruas demarcadas dentro do estacionamento (o vaivém de veículos em zigue-zague deu o apelido ao local) começa a crescer. A exposição de corpos mais franzinos do que sarados ganha evidência. Também por ali, C. já deixou a adolescência há tempos. Aos 29 anos, conta que a presença de menores naquela área é mais comum do que se imagina.

— São meninos que parecem ter saído de casa escondidos dos pais. Eles querem um dinheirinho para comprar droga. Assim que conseguem, vão embora. Mas sempre voltam — diz C. Ao GLOBO, os guardas municipais admitem dificuldade para afastar os menores do local.

— Muitos desses meninos têm 14, 15, 16 anos, só que são sarados, grandes, nem parecem menores de idade. E quando a gente aborda, eles dizem que estão sem documento ou que está na bolsa de uma amiga, enfim... — disse um dos policiais que na sexta-feira fazia par com um colega na vigilância do Autorama.

Mais uma hora no Autorama e um Land Rover se aproxima de J. Com quase meio corpo para dentro do carro, o garoto parece negociar o programa tranquilamente, entre gargalhadas. Ele entra no carro, e logo o veículo atravessa a guarita (sem guarda) na saída do estacionamento.

Disponível em <http://oglobo.globo.com/pais/no-ibirapuera-meninos-se-tornam-miches-para-conseguir-drogas-3950755>. Acesso em 16 fev 2012.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Meninos são aliciados para virar transexuais em SP

Cleide Carvalho
Publicado:11/02/12 - 20h08
Atualizado:12/02/12 - 9h22

Magra, cabelos compridos, short curto. M., 16 anos, abre o sorriso leve e ingênuo dos adolescentes quando perguntada se pode dar entrevista. Poderia ser uma das milhares de meninas que sonham com as passarelas. Mas não é. O relógio marca 1h de sexta-feira. M. é um garoto e está na calçada, numa das travessas da Avenida Indianópolis, conhecido ponto de prostituição de travestis e transexuais, escancarado em meio a casas de alto padrão do Planalto Paulista, na Zona Sul de São Paulo. A poucos passos, mais perto da esquina, está K., também de 16 anos.

— Sou muito feminina. Não tem como não ser mulher 24 horas por dia — diz K. M. e K. são a ponta do novelo que transformou São Paulo num centro de tráfico de adolescentes nos últimos cinco anos. Meninos a partir de 14 anos são aliciados no Ceará, no Rio Grande do Norte e no Piauí e, aos poucos, são transformados em mulheres para se prostituírem nas ruas de São Paulo e em países da Europa. Misturados a travestis maiores de idade, eles são distribuídos em três pontos tradicionais de prostituição transexual em São Paulo: além da Indianópolis, são encaminhados para a região da Avenida Cruzeiro do Sul, na Zona Norte, e Avenida Industrial, em Santo André, no ABC paulista.

O primeiro contato é feito por meio de redes de relacionamento na internet. Uma simples busca por “casas de cafetina” leva os garotos a perfis de aliciadores, que são homens, mulheres e travestis. Após o primeiro contato, pedem que o adolescente encaminhe uma foto por e-mail, para que seja avaliado. Se for considerado interessante e “feminino”, eles têm a passagem paga pelos aliciadores. Ao chegar a São Paulo, passam a morar em repúblicas de transexuais e a serem transformados. Recebem inicialmente megahair e hormônios femininos. Quando começam a faturar mais com os programas nas ruas, vem a oferta de prótese de silicone nos seios. Os escolhidos para ir à Europa chegam a ser “transformados” em tempo recorde, apenas cinco meses, para não perder a temporada na zona do euro.

É fácil identificar os adolescentes recém-chegados. Além do corpo típico da idade, eles têm seios pequenos, produzidos por injeção de hormônios, e megahair. Testados inicialmente na periferia, os meninos são distribuídos nos pontos de prostituição de acordo com a aparência. Os considerados mais bonitos recebem investimento mais alto e vão trabalhar na área nobre da cidade. Na Avenida Indianópolis, recebem R$ 70 por um programa no drive in e R$ 100 se o programa for em motel. Nos outros dois endereços, o valor é bem mais baixo: entre R$ 30 e R$ 50 no drive in e R$ 70 a R$ 80 em motel.

Menores evitam ruas principais

Não faltam interessados. A partir de 17h, homens na faixa de 30 a 50 anos aproveitam o fim do expediente para, antes de seguir para casa, fazer programas rápidos com os transexuais na Indianópolis. Um furgão preto, com insulfilme, faz o transporte de vários transexuais. Mas, nesse horário de maior movimento, dificilmente os menores ficam à vista nas calçadas.

Por existirem há décadas, os pontos de prostituição de travestis são vistos com naturalidade pelos moradores de São Paulo. Afinal, se prostituir não é crime. Por isso, a rede criminosa se mistura aos transexuais mais antigos. Assim como eles recebem a proteção da Polícia Militar para não serem agredidos por grupos homofóbicos, os novos fios do novelo se entrelaçam, dando à rede de tráfico internacional de adolescentes o mesmo aparato de segurança e legalidade que é dado aos transexuais ditos “independentes”.

Em geral, os transexuais adolescentes ficam nas travessas, atrás dos grupos de maiores de idade, que ficam quase nus e são extremamente expansivos. Pacíficos, os dois grupos convivem bem com a vizinhança, exceto pelo constrangimento proporcionado pelos mais velhos (acima de 25 anos) sem roupa ou exibindo partes íntimas ou siliconadas.

Os adolescentes são mais discretos, menos siliconados e “montados”. A aparência de menina é mais natural. Os implantes de silicone nos seios são menores, num apelo direcionado aos pedófilos. Eles usam saias e shorts curtinhos, como M. e K., e podem ser facilmente confundidos com meninas.

Como na Indianópolis prostitutas e travestis dividem espaço, clientes são surpreendidos pela nova leva de jovens vindos de outros estados, de aparência cada vez menos óbvia. Y., 19 anos, é um dos transexuais que fazem aumentar a confusão. Aos 15, foi levado a São Paulo pela rede de prostituição e pedofilia.

— A cafetina viu que eu era feminina e que ganharia muito dinheiro. Minha mãe assinou autorização para eu viajar, e vim de avião. Ficou preocupada, como toda mãe, mas deixou — conta. Inicialmente, foi levado a trabalhar na Avenida Industrial, em Santo André, no ABC paulista. Pagava R$ 20 pela diária na república, sem almoço.

— Quem não tivesse os R$ 20 tinha de voltar para a rua, não entrava enquanto não conseguisse — diz ele. Mesmo sem ter sido transformada, já chamava atenção. Logo começou a faturar R$ 250 por dia. Aos 16 anos, recebeu “financiamento” para colocar prótese de silicone no seio. O implante foi feito por cirurgião plástico. Custou R$ 4 mil, mas Y. teve de pagar R$ 8 mil à cafetina, pois não tinha dinheiro para quitar à vista.

Y. diz que aceitou porque queria ficar feminina logo. Neste mercado, os seios são vistos como principal atributo. Quanto mais aparência de mulher, mais os clientes pagam. Agora, a jovem mora sozinha num flat e paga seu aluguel. Diz que divide o espaço da avenida tranquilamente e já não deve nada a ninguém. Faz entre seis e 10 programas por noite, afirma, enquanto lança olhares às dezenas de carros que passam rente à calçada, não se sabe se por curiosidade ou atração fatal.



Disponível em <http://oglobo.globo.com/pais/meninos-sao-aliciados-para-virar-transexuais-em-sp-3950782>. Acesso em 16 fev 2012.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dicas impressas 2: Preconceito; Compras; Parada

GREWAL, Daisy. As raízes do preconceito A discriminação de quem não faz parte da “mesma turma” surgiu com nossos ancestrais; ao longo do tempo, o processo de avaliação rápida dos outros foi tão aperfeiçoado que se tornou inconsciente – ainda assim possível rever esse comportamento. Mente e Cérebro, ano XIX, n.º 226, pp. 50-53.

CICERONE, Paola Emilia. Loucos por compras Associado a frustração, solidão e, nos casos mais graves, a transtornos psiquiátricos, o consumo compulsivo é fonte de prazer semelhante ao da dependência química; embora afeta ambos os sexos, são as mulheres que mais buscam ajuda especializada. Mente e Cérebro Especial, n.º 29, pp. 76-79.

HAUSER, Fernando. Nem tudo são cores Um dos eventos que mais movimenta recursos na cidade, Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que no dia 26 chega à sua 15ª edição, ainda tem dificuldade em angariar verbas. Marketing, ano 44, n.º 461, pp. 56-59.