William Castanho; Mônica Reolom
30/04/2014
A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São
Paulo publicou nesta quarta-feira, 30, uma nota em "defesa da dignidade,
da cidadania e da segurança" dos homossexuais. O texto foi publicado às
vésperas da 18.ª Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais de São Paulo, que será realizada neste domingo, 4, na Avenida
Paulista.
"Não podemos nos calar diante da realidade vivenciada
por esta população, que é alvo do preconceito e vítima da violação sistemática
de seus direitos fundamentais, tais como a saúde, a educação, o trabalho, a
moradia, a cultura, entre outros", afirma, em nota, a entidade da Igreja
Católica. A comissão diz também que LGBTs "enfrentam diariamente
insuportável violência verbal e física, culminando em assassinatos, que são
verdadeiros crimes de ódio".
A entidade convida "pessoas de boa vontade e, em
particular todos os cristãos, a refletirem sobre essa realidade profundamente
injusta das pessoas LGBT e a se empenharem ativamente na sua superação, guiados
pelo supremo princípio da dignidade humana". Ainda de acordo com a nota, o
posicionamento da entidade, "fiel à sua missão de anunciar e defender os
valores evangélicos e civilizatórios dos direitos humanos, fundamenta-se na
Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aprovada no Concílio Vaticano II:
"As alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje,
sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrais e as
esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo", diz o
documento.
Dar voz. O diretor da Comissão Justiça e Paz da arquidiocese,
Geraldo Magela Tardelli, afirmou que esta é a primeira vez que a comissão
escreve "formalmente" a favor dos homossexuais. "A comissão tem
uma missão, segundo D. Paulo Evaristo Ars: 'temos que dar voz aqueles que não
tem voz'. Neste momento, o que estamos percebendo é que há um crescimento de
violência contra homossexuais, então a gente não pode se omitir em relação a
essa violação dos direitos humanos", afirmou o diretor.
Segundo ele, a realização da Parada Gay determinou a
divulgação da nota. "Nós achamos que esse era o momento correto de colocar
essa nota em circulação. Nós da Igreja estamos engajados na defesa dos direitos
humanos e não compactuamos com nenhuma violação, independentemente da cor e da
orientação sexual das pessoas", disse Tardelli.
Disponível em
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/comissao-da-arquidiocese-de-sp-defende-dignidade-de-gays.
Acesso em 02 mai 2014.