Mônica Mastrantonio Martins
InterAÇÃO, Curitiba, v. 2, p. 9-27, jan./dez. 1998
RESUMO:
Esse estudo estabelece princípios que constituem o preconceito,
presente tanto na subjetividade como nas relações sociais. O
preconceito é concebido como apropriação distorcida da
realidade, através da qual projeta-se em outro ser humano,
grupo ou sociedade características não aceitas em si mesmo.
O preconceito pode estar presente nas ações, linguagem e
atitude dos indivíduos. Nas relações pautadas pelo preconceito,
outro ser humano é colocado como mero objeto dessa relação, e
não como sujeito ativo das relações sociais e constituição da
subjetividade. Existem diversos fatores que propiciam o aparecimento
e desenvolvimento do preconceito, por exemplo: relações dogmáticas,
sem críticas, sem história e sem reflexão entre indivíduos; não
identificação dos seres humanos com a humanidade; falta de
igualdade de relações sociais e dificuldade de se lidar com
fraquezas e imperfeições que são projetadas nos outros. Em um mundo capitalista, baseado na propriedade privada, na
alienação e no narcisismo, o preconceito aliena ambos, o
sujeito e o objeto do preconceito, em uma relação estática.
Exemplos de preconceitos são tão inúmeros e múltiplos quanto a
história da humanidade, e variam desde a barbárie do holocausto até
piadas e ditos populares que projetam características negativas
em grupos minoritários. Nesse sentido, os indivíduos devem procurar
compreender o preconceito e suas relações, em especial o
psicólogo, que deve ser capaz de desenvolver tais discussões,
refletindo e transformando as relações preconceituosas em relações
mais humanas, éticas e igualitárias entre os homens.
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