Portal Terra
17 de Novembro de 2013
Uma clínica pública da Inglaterra tem causado polêmica ao
tratar crianças transexuais com menos de 12 anos, dando a elas bloqueadores
hormonais que preparam mais cedo para a mudança de sexo. Segundo o site do
jornal inglês Daily Mail, o procedimento é feito por outros médicos apenas após
os 16 anos.
O tratamento, feito para frear os efeitos da puberdade e
prevenir que as crianças desenvolvam as características sexuais do gênero que
nasceram, foi realizado em mais de 20 jovens que sofrem com transtorno de
identidade de gênero. O uso de medicação foi iniciado em 2011, na Tavistock
Clinic, em Londres, como parte de um estudo em que os especialistas queriam
avaliar os benefícios dos médicos caso começassem a ser introduzidos mais cedo
na vida das crianças, de acordo com o jornal Sunday Times.
Na época, a iniciativa foi considerada controversa, já que
muitos pacientes não tinham condições de entender e consentir com a terapia. No
entanto, o local recebeu pedidos de 142 crianças entre 11 e 15 anos enviados
por pais e profissionais de educação.
A diretora da clínica, Dra. Polly Carmichael, afirmou que
continuará o tratamento com as crianças mesmo depois que o resultado do estudo
seja divulgado, em abril de 2014. "Trinta e cinco crianças já foram
aceitas no estudo e 23 delas receberam bloqueadores hormonais. Outras 12 também
participam, mas não receberam o tratamento porque ainda estão muito no início
da puberdade", afirmou. Segundo ela, quando completam 16 nos, as crianças
têm duas opções: parar de receber bloqueadores hormonais ficando com o mesmo
sexo do nascimento ou fazer uso de outros hormônios que levam a mudança de corpo
e, aos 18 anos, a clínica pode encaminhar para cirurgia de mudança de sexo.
A abordagem da clínica se diferencia de outros procedimentos
feitos no Reino Unido, onde as crianças não recebem nenhum tipo de hormônio até
os 16 anos e, somente depois dessa idade, fazem tratamentos específicos e
eficazes para a mudança de sexo. Mas, os defensores do tratamento argumentam
que muitas delas já viveram o início da puberdade bem antes dos 16 anos o que
dificulta a transição no futuro, uma vez que o corpo já recebeu cargas de
hormônios do sexo de nascimento . "É melhor para as crianças que não
tenham passado pela puberdade antes do tratamento de transição", explica a
Dra. Carmichael.
Recentemente, o adolescente de 12 anos Leo Waddell foi a
público pedir que os médicos permitesse que ele use os bloqueadores de
hôrmonio. Nascido como uma menina chamada Lili, ele vive como um garoto desde
os cinco anos e pretende fazer uso de testosterona quando chegar aos 16 e, aos
18, passar pela cirurgia de mudança de sexo. Mas, até lá, ele acredita que é
melhor usar os medicamentos para bloquear a puberdade e evitar que os hôrmonios
femininos se espalhem pelo seu corpo.
No entanto, os especialistas recusaram o pedido de Leo ao
alegar que não têm certeza sob os efeitos a longo prazo que o uso destes
remédios podem causar. "O que as pessoas não entendem é que é muito mais
perigoso para ele não receber os hormônios, porque este tormento está fazendo
ele ficar cada mais triste", afirmou a mãe de Leo, Hayley.
Em 2009, aos 16 anos, Jackie Green foi a pessoa mais jovem
do mundo a realizar a cirurgia de mudança de gênero. Ela havia nascido menino e
recebia hormônios desde os 12 anos, em Boston, nos Estados Unidos. Três anos
após o procedimento, ela tornou-se a primeira transexual a estar entre as
finalistas do concurso Miss Inglaterra.
Disponível em
http://saude.terra.com.br/doencas-e-tratamentos/clinica-causa-polemica-com-tratamento-de-mudanca-de-sexo-em-criancas,7ce2aefd16762410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html.
Acesso em 23 nov 2013