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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

"Tenho o corpo mais caro do mundo", diz transexual de 46 anos

Portal Terra
23 de Janeiro de 2014 

A americana Amanda Lepore, 46 anos, fez operação de mudança de sexo aos 19 anos. A partir de então, passou por várias plásticas, incluindo três para aumentar os seios, implante nas nádegas e quebra de uma costela para ficar com a cintura mais fina. A artista que brilha em Nova York, Estados Unidos, e que tem como fãs Elton John e Lady Gaga, afirma que tem “o corpo mais caro do mundo”. Os dados são do jornal Daily Mail.

Amanda contou que a mudança do sexo masculino para o feminino foi o procedimento mais doloroso que já fez. “Não doeu quando estava no hospital. Mas eles dão um dilatador como parte do processo de cura, que você tem que manter por longos períodos para esticar a abertura vaginal. Parecia como uma faca”, contou.

Sobre o procedimento que passou para obter cintura fina, revelou que é ilegal nos Estados Unidos, mas o realizou no México. “Eles quebram a costela flutuante na parte de trás e a empurram, por isso não há cicatriz.” Também revelou ter apostado em preenchimento labial, Botox, plástica no nariz e lifting de testa.

As inspirações para seu look incluem Jean Harlow, Marilyn Monroe e Jessica Rabbit. “Em vez de imitar as garotas que cresceram comigo e que zombavam de mim, decidi que queria me parecer como uma estrela de cinema. Foi como uma fuga”, revelou.

Quando perguntam sobre o custo de tanta mudança estética, se recusa a responder e apenas afirma “há uma razão pela qual sou rotulada ‘o corpo mais caro do mundo’” Atualmente, trabalha em um novo álbum e prepara a publicação de suas memórias.


Disponível em http://beleza.terra.com.br/tenho-o-corpo-mais-caro-do-mundo-diz-transexual-de-46-anos,570e24cbcefb3410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html. Acesso em 25 jan 2014.

sábado, 1 de setembro de 2012

Liberdade, sexualidade, visibilidade

Gisela Haddad
edição 217 - Fevereiro 2011

Mulheres comuns estão tirando as roupas e exibindo sua nudez. Algumas participam de ensaios de fotos sensuais feitas em estúdio para presentear maridos ou namorados; outras estampam calendários, vendidos para angariar fundos para alguma causa social. Sem motivos aparentes, mães de família de classe média americana, por exemplo, responderam ao apelo de um site para serem fotografadas nuas em alguma atividade banal, como jogar cartas. Suas fotos podem ser vistas por quem quiser visitar o tal endereço na internet. Teria o mundo se transformado em uma grande vitrine e somente quem conseguir certa visibilidade (seja lá qual for o preço) pode fazer parte dele? A liberdade sexual alcançada nas últimas décadas pelas mulheres as estaria incentivando a “assumir” sua sensualidade sem constrangimentos? Seria mais fácil hoje viver a fantasia feminina (antes inadmissível) de ser parte do imaginário erótico masculino? Por que, diante de tanta liberdade para escolhermos estilos de vida sexual e modos inusitados de gerenciar nosso corpo, a exibição deste nos parece tão sedutora? 

Refletir sobre esta associação entre liberdade, sexualidade e visibilidade requer uma pequena – e não tão simples – revisão do percurso da cultura, este complexo patrimônio simbólico produzido por nós mesmos, sem deixar de lado o fato de as mudanças de alguns valores, que antes demoravam mais de uma geração para se constituir, hoje nos atropelarem com novas e inusitadas questões. Dentre elas, as desconstruções radicais de antigas crenças e modos de existência, que aparecem tanto na maneira de viver a sexualidade (independentemente do gênero), incluindo aí os contornos e limites do corpo erótico (principalmente para as mulheres), quanto a “midiatização” do cotidiano. Vale lembrar que a publicidade se apropriou de imagens eróticas femininas para agregar valor às mercadorias. 

Freud foi um dos teóricos mais sensíveis ao papel que a sexualidade humana teria na produção de cultura e, percebendo seu caráter disruptivo, apontou a importância de sua regulação para um gerenciamento da convivência. Para cada época existem comportamentos que são incentivados e aprovados e outros que costumam ser desestimulados e condenados. O apetite sexual das mulheres já foi encarado como uma alquimia de feiticeiras e bruxas prontas a exercer as tentações que culminariam com a perdição da alma humana, mas estão longe de nós os dias em que a sexualidade humana – e o ato sexual, propriamente dito – era tabu. Hoje, esses assuntos fazem parte de uma ciência que se preocupa em nos informar sobre como bem viver.

Mas é justamente por falhar repetidas vezes em conformar as normas e restrições da cultura que a regulam que a sexualidade humana se manteve durante grande parte da história como um tema pouco veiculado. Isto foi particularmente mais verdadeiro em relação à sexualidade feminina, abafada sob diferentes justificativas, fosse pela ideologia judaico-cristã que nos guiou durante séculos exaltando um modelo de mulher assexuada, fosse porque coube aos homens, durante longo período, gerenciar a distribuição de prazer (e de poder) da cultura, tomando para si a parte majoritária. Com isso, as mulheres viveram muito tempo entre dois modelos: o da santa (todas as “mães puras”) e o da prostituta (as mulheres que exalassem sensualidade). Ambos gravitam em torno de uma lógica masculina de compreensão do feminino, fantasia que ainda prende pessoas de ambos os sexos, com aval da cisão promovida pela tradição cristã que tanto dividiu de um lado o amor sexual e de outro o sentimento casto, quanto tentou dar um destino à interdição do corpo materno, santificando-o. 

O recato (cobrir as partes do corpo que pudessem lembrar qualquer sinal de êxtase) foi por muito tempo uma norma, um imperativo que visava acalmar as pulsões eróticas das mulheres, assim como os temores masculinos de uma sexualidade feminina ilimitada. Paradoxalmente este recato como regra abriu a possibilidade para que cada parte do corpo feminino pudesse se transformar em fetiche para os olhos desejosos dos homens (vide o longevo sucesso das revistas com poses sensuais ou com nudez parcial, voltadas para o consumo principalmente masculino). Hoje não só a mulher foi sensualizada e está eroticamente emancipada, como a corporeidade de ambos os sexos ganhou vulto nunca antes alcançado em termos de visibilidade e espaço na vida social. Mas se é verdade que certo “excesso do erótico” pode funcionar como forma de se opor ao longo período de censura e repressão à sexualidade feminina, também é verdade que a mídia contemporânea incentiva a cultura atual à exaltação do corpo. Esta passagem do recato à visibilidade não é gratuita. 

Vivemos em sociedades cada vez mais complexas em que o excesso de imagens exige-nos a tarefa permanente de traduzir e discernir este “a mais”. Há uma articulação constante entre a prevalência de imagens, a circulação de informações e estímulos velozes e simultâneos e a produção e consumo de narrativas. Sabemos que a imagem nos constitui e dela nos apossamos em um constante movimento de subjetivação para nos apresentarmos, nos comunicarmos, nos seduzirmos e sermos seduzidos. Se hoje dependemos muito mais do olhar de reconhecimento dos outros sobre nós para afirmar e reafirmar nossa existência e nosso valor, a mídia se alimenta do interesse e acena o tempo todo com a possibilidade de alguns minutos de fama. Ficamos diante desta tênue fronteira que a lógica do consumo e do espetáculo impõe à ética e que descortina ao menos dois fatos da atualidade. Primeiro: cabe à cultura conciliar uma civilização mais erótica e ao mesmo tempo mais livre e mais justa sem que isso se confunda com fundamentos moralistas de comportamento sexual. Segundo: cabe a cada um o gerenciamento da exposição de sua imagem, incluída aí a difícil administração dos apelos sedutores aos minutos de fama, cada vez mais acessíveis, que muitas vezes alimentam nossa sede de amor. Difícil tarefa.


Disponível em <http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/liberdade_e_sexualidade__visibilidade.html>. Acesso em 27 ago 2012.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ator estreia como transexual filho do presidente em "O Brado Retumbante"

FOLHA.COM
22/01/2012 - 08h05

Quando o paranaense Murilo Armacollo, 24, soube que iria interpretar Júlio/Julie, o filho transexual do presidente Paulo Ventura na minissérie "O Brado Retumbante" (Globo), sua primeira reação foi ligar para a família.

"Contei para a minha mãe, e ela me disse: 'Você sabe a responsabilidade que vai ter com esse personagem, né?'"

Para somar ao nervosismo, é sua estreia na TV --com formação teatral, ele passou por musicais da Disney e teve papéis menores em "Hairspray" (2009), "Aladdin" (2010) e "New York, New York" (2011).
O ator foi buscar segurança para interpretar o papel fazendo laboratório com transexuais e entrou em contato com uma realidade triste.

"Ouvi várias histórias de preconceito, agressões, não aceitação da família, de meninas que tentam a sorte no exterior, de cirurgias malsucedidas. É um mundo cruel."

Segundo ele, Julie vai sofrer tudo o que uma transexual sofre nas ruas. "É polêmico, mas acredito que o Brasil vai se comover com a história."

Além dos estudos para compor a mente e a personalidade de Julie, Murilo teve de se preparar fisicamente --a primeira coisa que fez foi perder 15 quilos em poucas semanas; com 1,75 m de altura, passou de 75 kg para 60 kg.

"A transexual é uma mulher presa num corpo de homem. Eu tive de modelar o corpo, afinar as curvas. A gente trabalhou os movimentos, tive algumas aulas e assisti a todos os filmes de Marilyn Monroe para pegar gestos."

O resultado começa a ser visto na próxima terça. Murilo gostaria que a série levasse os espectadores à reflexão. "Quero que essas meninas sejam tratadas com igualdade, que possam encontrar emprego, por exemplo."

Disponível em <http://f5.folha.uol.com.br/televisao/1037354-ator-estreia-como-transexual-filho-do-presidente-em-o-brado-retumbante.shtml>. Acesso em 24 jan 2012.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Transexualismo: estudo sobre a representação de si no método de Rorschach

Frederico Guilherme Ocampo Abreu
Universidade Católica de Brasília
Pro-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Mestrado em Psicologia


Este trabalho teve por objetivo analisar a representação de si em transexuais masculinos por meio do método de Rorschach, caracterizar o perfil psicológico desses participantes e realizar considerações sobre o diagnóstico diferencial do transexualismo com a psicose. O transexualismo se caracteriza por uma identificação de um indivíduo com o sexo oposto, acompanhado por um desejo de pertencimento a esse outro sexo e por um significativo desconforto com seu sexo anatômico. De acordo com psicanalistas estudiosos do fenômeno, meninos que, geralmente deste muito cedo, apresentam sinais de distúrbios ligados à identidade de gênero demonstram uma ligação excessiva e, por vezes, simbiótica com a mãe, ao passo que o pai se apresenta como uma figura ausente, não representando um modelo masculino adequado.