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terça-feira, 12 de maio de 2015

Avanços científicos trazem novos olhares sobre a paternidade

Chris Bueno e Fernanda Grael 
11/05/2015


Um só embrião, mas com o material genético de três pessoas. Parece ficção científica, mas recentemente o Parlamento Britânico aprovou um novo procedimento de fertilização in vitro que utiliza o material genético de um homem e duas mulheres para formar o embrião. O procedimento, que está sendo estudado e discutido desde 2007, tem o objetivo de eliminar doenças genéticas. 

Mutações em genes das mitocôndrias (organelas presentes no interior das células animais, mais especificamente no citoplasma) causam doenças que afetam os sistemas nervoso e muscular da criança, podendo levar ao desenvolvimento de cegueira, epilepsia, retardo mental, fraqueza muscular e problemas cardíacos, entre outros. Mulheres que têm essa mutação transmitem esses problemas a seus filhos, pois as mitocôndrias são recebidas exclusivamente da mãe – elas já estavam no óvulo que gerou o bebê. 

 O que esse novo procedimento faz é um “transplante de mitocôndrias”, ou seja, ele substitui as mitocôndrias mutantes por mitocôndrias saudáveis de óvulos doados. Para isso, transplanta-se o núcleo do óvulo da mãe para dentro do óvulo de uma doadora saudável, contendo mitocôndrias normais. 

“Pensem numa célula como um ovo: o núcleo é a gema e o citoplasma é a clara. No núcleo ficam 99,998% dos nossos genes, que vêm metade do pai (no espermatozoide) e metade da mãe (no óvulo). Já as mitocôndrias ficam na clara, no citoplasma – e elas contêm os outros 0,002% dos nossos genes. O funcionamento correto desses poucos genes é fundamental para que nossas células produzam energia”, explica a bióloga Lygia da Veiga Pereira Carramaschi, professora titular no Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biologia (IB) da USP. 

Esse óvulo corrigido é fertilizado pelo espermatozoide do pai, e assim dará origem a um bebê sem as mutações nas mitocôndrias. Geneticamente, ele será 99,998% filho biológico de seus pais e 0,002% da mulher doadora de mitocôndrias. Segundo os pesquisadores, o bebê desse óvulo teria os traços genéticos de sua mãe biológica, mas levaria também o DNA mitocondrial da doadora, ficando livre das doenças que poderiam ser herdadas da mãe. “Daí dizermos que essas crianças terão um pai e duas mães – e aqui, muito cuidado: filho biológico, porque do ponto de vista social, pai e mãe são os que criam a criança”, enfatiza Carramaschi. 

Apesar de poder evitar uma série de doenças genéticas, a técnica gerou grandes discussões. “Apesar de ser uma alteração mínima e por um motivo muito nobre, qual será o limite? Além disso, do ponto de vista legal, deveremos modificar as definições de “paternidade” e “maternidade” para que a doadora de mitocôndrias não venha a ter direitos sobre a criança? De qualquer modo, são questões que devem ser consideradas”, alerta Carramaschi. 

Após a aprovação do procedimento pelo Parlamento Britânico, o diretor da ONG Human Genetics Alert, David King, criticou o procedimento, comparando-o à criação de um “Frankenstein”. “Assim como a criação do Frankenstein foi produzida a partir da junção de partes de muitos corpos diferentes, me parece agora que cientistas e seus assistentes bioéticos ultrapassam o limite do grotesco, das normas da natureza e da cultura humana”, avalia. 

Os cientistas também questionam a segurança do procedimento a longo prazo. A dúvida é se a técnica poderia ter alguma consequência na saúde dessa criança quando ela se tornasse adulta, como maior propensão ao desenvolvimento de câncer, por exemplo. No entanto, a técnica já foi utilizada por um curto período nos Estados Unidos, até ser proibida pela Food and Drug Administration (FDA, agência norte-americana que regula alimentos e procedimentos de saúde). E algumas crianças foram geradas com esta técnica: entre elas Alana Saarinen, nascida em 2000, que hoje é uma jovem saudável. 

Espermatozoide feminino, óvulo masculino 

Criar um espermatozoide feminino parece ficção, mas a ciência vem mostrando que é possível. Cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, afirmam ter criado espermatozoides a partir de células-tronco da medula óssea feminina – abrindo caminho para o fim da necessidade do pai na reprodução. 

A pesquisa foi publicada primeiramente na revista científica Reproduction: Gamete Biology, em 2007, e ainda está em andamento. No estudo, os pesquisadores extraíram as células-tronco da medula óssea e separaram uma subpopulação especial de células. Elas foram cultivadas em placas de vidro, recebendo substâncias que favorecem a sua diferenciação. Os pesquisadores identificaram, então, a presença de células-tronco espermatogônicas (fase inicial do desenvolvimento dos espermatozoides). 

No ano passado, os cientistas conseguiram transformar células-tronco da medula óssea em espermatozoides imaturos. E o próximo passo seria submeter os espermatozoides primitivos à meiose, um processo que permitiria a maturação, tornando-o apto para a fertilização. A técnica já foi testada em camundongos. 

A princípio, não haveria barreiras para criar espermatozoides femininos por meio desse procedimento. No entanto, a “mulher-pai” só poderia ter filhas, já que não carrega o cromossomo Y. 

Em entrevista à última edição da revista New Scientist, Karim Nayernia, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse estar esperando a permissão ética da universidade para dar continuidade ao trabalho. “Em princípio, eu acredito que seja cientificamente possível”, disse. 

Além disso, uma pesquisa no Japão vem apontando para a possibilidade de criar não apenas espermatozoides femininos, mas também óvulos masculinos. A pesquisa, realizada na Universidade do Japão, foi publicada na revista Science em 2012. A partir de camundongos transgênicos (com genes de outra espécie), os pesquisadores obtiveram células-tronco embrionárias e pluripotentes induzidas (iPS, derivadas do organismo adulto). A partir dessas células eles geraram células precursoras dos óvulos, colocaram-nas junto a um agregado de células do ovário de roedores e formaram uma espécie de ovário artificial. 

Esse conjunto de células foi implantado em fêmeas de camundongos para concluir o processo de maturação. Quando ficaram maduros, esses óvulos foram extraídos e colocados em “mães de aluguel”, submetidas à inseminação artificial. Após a junção com espermatozoides, os óvulos deram origem a filhotes saudáveis. 

Em tese, pela regressão a um estágio tão primordial de desenvolvimento, seria possível manipular as células para dar origem a espermatozoides. E, indo mais além, seria possível criar espermatozoides a partir de células femininas ou óvulo a partir de células masculinas Ou seja: casais do mesmo sexo poderiam ter um filho biológico, carregando 50% dos genes de cada genitor. 

Clones 

Se por um lado a ciência pode fertilizar um embrião com o material genético de três pessoas, ou gerar espermatozoides femininos e óvulos masculinos, por outro também pode utilizar apenas o material genético de uma única mulher. Esse é o caso da clonagem – procedimento que, no caso de humanos, é proibido. 

Para que ocorra a clonagem humana reprodutiva é necessário uma célula somática, que pode ser extraída do tecido de qualquer criança ou adulto. O núcleo dessa célula é retirado e inserido em um óvulo, depois implantado em um útero (uma barriga de aluguel). “No caso da clonagem humana prescindiríamos da figura masculina, pois seriam necessários óvulos, células da pessoa a ser clonada e útero”, aponta Carramaschi. 

A clonagem é vista como uma possibilidade para casais inférteis, porém, um documento assinado em 2003 pelas academias de ciências de 63 países, incluindo o Brasil, proíbe a clonagem humana reprodutiva. E, de acordo com o documento, o procedimento é ainda muito arriscado, abrindo diversas discussões sobre a ética do processo. 

Em 2002, a diretora Clonaid, a química francesa Brigitte Boisselier, anunciou que havia nascido o primeiro bebê humano clonado. Segundo ela, os pais da criança contrataram a empresa pois o pai era infértil, e o bebê foi gerado com células da pele da mãe. Porém, após intervenção judicial, os envolvidos saíram de cena e nunca foram feitos testes que atestassem a veracidade desse fato, nem a apresentação do próprio bebê. 

Por enquanto, a clonagem reprodutiva é considerada ineficiente. De acordo com os testes feitos em animais, a maioria dos clones morre logo no início da gestação e os outros têm defeitos ou anormalidades. Sem contar as barreiras éticas para levar adiante as pesquisas. 

Sociedade 

Essa mudança do papel do pai – ou mesmo sua supressão – proporcionada pela ciência ainda está longe de acontecer. E ainda que as barreiras sejam ultrapassadas pela ciência, as questões éticas se manteriam. A maior parte da sociedade vê com receio a manipulação genética em embriões humanos. De acordo com a Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), assinada no anos 1990, todas as pesquisas na área devem levar em conta suas implicações éticas e sociais. 

“Imagino que, mais do que a ciência, a sociedade já vem modificando a definição do que é ser pai. Quem é o pai biológico? Fácil, o dono do espermatozoide que deu origem à criança. Mas quem é o pai social? Esse é quem cuida”, afirma Carramaschi.

Disponível em http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=113&id=1367. Acesso em 12 mai. 2015.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Cientistas fecundaram óvulos sem usar espermatozoides

BBC BRASIL
10 de julho, 2001


Cientistas na Austrália afirmam terem descoberto uma maneira de fecundar óvulos utilizando material genético que pode ser extraído de qualquer célula do corpo humano.

A técnica pode vir a ser utilizada para ajudar casais, com problemas de fertilidade, a terem filhos.

Teoricamente, a descoberta também poderá permitir que casais de lésbicas possam ter uma filha sem a necessidade do envolvimento de um homem na geração da criança. As mulheres não possuem os cromossomos necessários à geração de um menino.

Esta técnica de fertilização foi desenvolvida pela doutora Orly Lacham-Kaplan, da Universidade de Monash, da cidade de Melbourne.

Células somáticas

A doutora Orly disse que sua equipe conseguiu fertilizar os óvulos de ratos, em laboratório, utilizando outras células do corpo do animal conhecidas como células somáticas.

Até então isto não era possível porque os cientistas não sabiam como combinar as células somáticas, que contêm dois conjuntos de cromossomos, com as células dos espermatozóides que contêm apenas um.

A equipe de cientistas da Universidade de Monash utilizou componentes químicos para eliminar o segundo conjunto de cromossomos.

Para conseguir fazer a eliminação, os cientistas imitaram o processo natural de fecundação, que divide os dois conjuntos de cromossomos existentes num óvulo, eliminando um deles e liberando o remanescente para combinar com o conjunto único que é trazido pelo espermatozóide.

Gestação

Entretanto, a equipe da doutora Orly só vai ter certeza do sucesso da nova técnica quando os óvulos fecundados forem transferidos para o útero das fêmeas para a gestação.

"Temos que aguardar pelo menos seis meses para ver se os embriões vão sobreviver e se os bebês nascerão saudáveis", disse a doutora Orly Lacham-Kaplan.

A cientista disse que começou a estudar o assunto para ajudar os homens que não podiam gerar bebês porque não possuíam esperma ou células com potencial de serem transformadas em esperma.

A doutora Orly acrescentou que: "Teoricamente podemos usar as células somáticas de uma mulher para produzir o embrião. Portanto, esta técnica pode ajudar duas mulheres a terem seu próprio filho biológico."

Revolução

O doutor Robert Winston, especialista em fertilidade, disse que a nova técnica é realmente revolucionária e tem grande potencial: "A maravilha desta técnica é tornar a clonagem totalmente desnecessária. É uma técnica muito melhor e eticamente muito mais aceitável porque são utilizados cromossomos dos dois parceiros."

O doutor Winston disse que, teoricamente, a técnica permitiria inclusive que uma mulher tenha filhos reproduzidos a partir de seus próprios cromossomos. Entretanto, ele acrescenta que o uso de cromossomos da mesma pessoa pode aumentar enormemente a possibilidade de geração de crianças com defeitos genéticos.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2001/010710_fertilidade.shtml. Acesso em 27 dez 2014.

domingo, 24 de novembro de 2013

Pesquisa praticamente elimina necessidade de 'símbolo' masculino na reprodução

BBC BRASIL
22 de novembro, 2013

Eles conseguiram condensar todas as informações genéticas normalmente encontradas em um cromossomo Y de um camundongo em apenas dois genes.

O estudo, publicado pela revista científica Science, mostrou que os camundongos modificados ainda eram capazes de se reproduzir, apesar de necessitarem técnicas avançadas de reprodução assistida.

Os pesquisadores afirmam que os resultados do estudo podem um dia ajudar homens inférteis por conta de um cromossomo Y danificado.

O DNA, que contém o código genético do indivíduo, está condensado em cromossomos. Na maioria dos mamíferos, incluindo os humanos, um par de cromossomos funciona como cromossomo sexual.

Se o feto recebe um cromossomo X e um Y dos pais, será do sexo masculino, mas se receber dois cromossomos X será do sexo feminino.

"O cromossomo Y é um símbolo da masculinidade", comentou à BBC a coordenadora da pesquisa, Monika Ward.

Espermatozoides rudimentares

Nos camundongos, o cromossomo Y normalmente contém 14 genes distintos, com alguns deles presentes em até uma centena de cópias.

A equipe da Universidade do Havaí mostrou que os camundongos geneticamente modificados com um cromossomo Y que consistia de apenas dois genes poderiam se desenvolver normalmente e poderiam até mesmo gerar filhotes próprios.

"Esses camundongos são normalmente inférteis, mas nós mostramos que é possível gerar descendentes viáveis quando o cromossomo Y está limitado a apenas dois genes usando a reprodução assistida", disse Ward.

Os camundongos somente produziriam espermatozoides rudimentares. Mas eles poderiam gerar descendentes com uma forma avançada de reprodução assistida, chamada injeção de espermátide redonda, que envolve injetar informações genéticas do espermatozoide rudimentar em um óvulo.

Os filhotes resultantes eram saudáveis e tiveram um tempo de vida normal.

Esperança

Os dois genes necessários para a reprodução eram o Sry, que inicia o processo de produção de um macho quando o embrião se desenvolve, e Eif2s3y, envolvido nos primeiros passos da produção de espermatozoides.

Ward argumenta, porém, que "pode ser possível eliminar o cromossomo Y" se o papel desses genes puder ser reproduzido de uma forma diferente, mas observa que um mundo sem a existência de homens seria "loucura" e "ficção científica".

"Mas no nível prático isso mostra que, após a eliminação de grandes porções do cromossomo Y, ainda é possível se reproduzir, o que potencialmente dá esperança aos homens com essas falhas no cromossomo", afirma.
Os genes descartados são provavelmente envolvidos na produção de espermatozoides saudáveis.

Os autores dizem que mais estudos são necessários para verificar se as conclusões poderiam ser aplicadas também a seres humanos, já que alguns dos genes não são equivalentes entre as espécies.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/11/131122_pesquisa_cromossomo_y_rw.shtml. Acesso em 23 nov 2013

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Tubarão fêmea se reproduz sem sexo

France Presse
22/05/07

Cientistas encontraram um tipo de tubarão fêmea capaz de se reproduzir sem relações sexuais, algo biologicamente inédito, segundo pesquisas divulgadas nesta quarta-feira (23).

Uma fêmea da espécie dos tubarões-martelo deu à luz sem procriação um filhote, que não possui DNA paterno, segundo especialistas da Irlanda do Norte e dos Estados Unidos.

Este é o primeiro estudo científico sobre a reprodução assexuada entre tubarões e cientistas afirmam que a descoberta traz preocupações quanto à saúde genética e reprodutiva das populações de tubarões que diminuem.

A descoberta ocorreu devido a um nascimento inesperado em um aquário no zoológico Henry Doorly, em Nebraska, nos Estados Unidos, em dezembro de 2001, relataram os pesquisadores ao jornal "Biology Letters", publicado pela Sociedade Real Britânica.

O nascimento do filhote de tubarão intrigou os pesquisadores, pois nenhuma das três fêmeas ficaram na companhia de um tubarão-martelo macho por três anos, após serem capturadas ainda filhotes na Flórida.

A pesquisa foi realizada por cientistas da Queen's University de Belfast (Irlanda do Norte), do Instituto de Pesquisas Guy Harvey da Nova Southeastern University, na Flórida, e do zoológico Henry Doorly.

O diretor da equipe de pesquisas da Queen's e co-autor do estudo, doutor Paulo Prodohl, da escola de ciências biológicas, descreveu os resultados como "realmente impressionantes".

"Até então, todos pensavam que os tubarões se reproduziam exclusivamente por relações sexuais entre macho e fêmea, precisando do embrião para obter DNA dos dois pais para que o desenvolvimento completo ocorresse", explicou.

O doutor Mahmood Shivji, co-autor que liderou a equipe do instituto de pesquisas Guy Harvey, disse que a pesquisa pode auxiliar a resolver o mistério apresentado por outras espécies de tubarão que têm filhotes em cativeiro sem ter contato anterior com um macho.

"No momento, parece que algumas fêmeas de tubarão podem passar de um modo de reprodução sexuada para um modo de reprodução assexuada na ausência de machos", continuou.

"Infelizmente, esse evento não é benéfico porque provoca uma redução na diversidade genética da cria, já que não há as variações genéticas apresentadas pelo lado paterno", disse.

As fêmeas de um pequeno número de espécies de vertebrados podem dar à luz crias sem a necessidade de seus óvulos serem fertilizados por esperma. Esta capacidade de reprodução pouco comum, conhecida como partenogênese, é observada muito ocasionalmente entre pequenos grupos, como os pássaros, os répteis e os anfíbios. Por enquanto, isto não tinha sido observado em mamíferos ou tubarões.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL40596-5603,00-TUBARAO+FEMEA+SE+REPRODUZ+SEM+SEXO.html. Acesso em 25 jul 2013.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cientistas criam espermatozóide a partir de célula feminina

BBC BRASIL
31/01/08

Cientistas britânicos afirmam ter criado espermatozóides a partir de células-tronco da medula óssea feminina - abrindo caminho para o fim da necessidade do pai na reprodução.

A experiência vem sendo desenvolvida por especialistas da Universidade de New Castle que, em abril do ano passado, anunciaram ter conseguido transformar células-tronco da medula óssea de homens adultos em espermatozóides imaturos.

Em entrevista à última edição da revista New Scientist, Karim Nayernia, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse que agora os cientistas repetiram a experiência com células-tronco da medula óssea de mulheres, podendo "abrir caminho para a criação do espermatozóide feminino".

No trabalho, ainda não publicado, Nayernia disse à New Scientist estar esperando a "permissão ética" da universidade para dar continuidade ao trabalho, que consistiria em submeter os espermatozóides primitivos à meiose, um processo que permitiria a maturação do espermatozóide, tornando-o apto para a fertilização.

"Em princípio, eu acredito que isso seja cientificamente possível", disse Nayernia.

O estudo, afirma a revista, poderia possibilitar que um dia, casais de lésbicas poderão ter filhos sem a necessidade de um homem, já que o espermatozóide de uma mulher poderia fertilizar o óvulo da outra.

Brasil

A New Scientist ainda relata uma experiência que está sendo realizada por cientistas brasileiros no Instituto Butantan, em São Paulo.

Segundo a revista, os especialistas estariam desenvolvendo óvulos e espermatozóides a partir de uma cultura de células-tronco embrionárias de ratos machos.

A revista cita o trabalho publicado pelos brasileiros na revista especializada Cloning and Stem Cells (Clonagem e células-tronco, em tradução literal), em que os pesquisadores disseram ainda não ter provado que os óvulos masculinos poderão ser fertilizados e procriar.

"Estamos agora começando experimentos com células-tronco embrionárias humanas e, se bem-sucedidos, o próximo passo será ver se óvulos masculinos poderão ser feitos a partir de outras células", disse a coordenadora da pesquisa, Irina Kerkis.

Essas outras células, que se comportariam de maneira semelhante às embrionárias, poderiam ser encontradas na pele humana, afirma a revista.

Isso abriria a possibilidade para que casais gays masculinos também tenham filhos com 100% de seu material genético.

Nesse caso, um dos homens doaria células de sua pele, que seriam transformadas em um óvulo a ser fecundado pelo espermatozóide do parceiro.

Uma vez fertilizado, o óvulo seria implantado no útero de uma mulher.

"Eu acredito que isso seja possível, mas não sei como as pessoas encarariam isso de forma ética", disse Kerkis.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL281510-5603,00-CIENTISTAS+CRIAM+ESPERMATOZOIDE+A+PARTIR+DE+CELULA+FEMININA.html. Acesso em 25 jul 2013.