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sábado, 20 de dezembro de 2014

Trangeneridade e cárcere: diálogos sobre uma criminologia transfeminista

Heloisa Bezerra Lima; Raul Victor Rodrigues do Nascimento
Revista Transgressões


Resumo: A pesquisa busca discutir a situação da população transgênera no cárcere a partir da problematização do binarismo de gênero que embasa o sistema penal. Nesse sentindo, o sistema é interpretado como uma representação de todo um contexto de exclusão, preconceito e marginalização constatado além dos muros da prisão, porém de forma amplificada. Analisar-se-á ainda as violações dos direitos dessa parcela da população no âmbito prisional, bem como as medidas estatais tomadas para protegê-la e evitar tais arbitrariedades. Para esse aprofundamento nas medidas protetivas, trataremos da resolução aprovada recentemente pelo Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Conselho Nacional de Política Criminal, que dispõe sobre uma série de medidas cuja efetividade será analisada.


Palavras-chave: Transgeneridade. Sistema prisional. Criminologia
crítica. Criminologia transfeminista.

domingo, 13 de abril de 2014

Times for change

Paulo Lima

Infelizmente, já é redundante dizer que as notícias sobre o Brasil têm o péssimo costume de se alternar entre as seções policiais e as colunas sobre escândalos políticos e/ou econômicos. Nas últimas semanas, em especial, oscilamos entre imagens aterrorizantes da cidadã carioca Claudia Silva Ferreira sendo tragicamente arrastada pelo asfalto presa pelas roupas à traseira de um carro da polícia, relatos sobre a onda de lama que vem afogando cada vez mais a maior empresa do País, manifestações tensas nas ruas e cenários pessimistas em relação à nossa capacidade de fazer frente aos compromissos assumidos por conta da Copa do Mundo.

Mas nem tudo está perdido. No último dia 15, o “The New York Times”, muito provavelmente o mais importante e respeitado jornal do mundo, trouxe em suas páginas uma reportagem grande em todos os sentidos, que mudou um pouco o saldo dessa conta.

O artigo trazia um interessante relato sobre como as modelos transgêneros estão sendo tratadas de forma mais digna pela indústria da moda e pela sociedade no Brasil, em que pesem as enormes dificuldades que ainda enfrentam para conduzir suas vidas. Na fotografia ao lado, uma das protagonistas da matéria mencionada, a jornalista carioca Carol Marra, aparece posando para seu primeiro ensaio sensual, publicado na “Trip” em setembro de 2012.

Carol, como afirma o autor da reportagem, tem servido como referência para  modelos, atrizes e profissionais de outras áreas que vão aos poucos vendo sua condição de transgênero sendo aceita e respeitada, de forma especial nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio. O “NYT” não se furta a mencionar o enorme drama que várias dessas pessoas enfrentaram e continuam enfrentando para levar suas vidas de forma ao menos razoavelmente digna. Mas enaltece o fato de que cada vez mais empresas e pessoas percebem que se trata de algo que precisa ser mais bem entendido e acolhido por um país que carece urgentemente de fatos que nos permitam ainda acreditar que somos minimamente civilizados.

Carol chegou a trabalhar em equipes de produção de jornalismo na Rede Globo, desfilou para o estilista  Ronaldo Fraga e esteve em outras empreitadas tão interessantes quanto. Mas nos últimos meses suas atividades profissionais ganharam novo impulso.

Como atriz, fará um papel na festejada série de televisão “Psi”, do canal HBO, baseada na obra do psicanalista e escritor Contardo Calligaris, ele mesmo há muitos anos um estudioso do universo dos indivíduos  transgêneros. Num dos episódios, aliás, Carol protagonizará o primeiro beijo transgênero da tevê brasileira.

Estará ainda como protagonista representando um personagem feminino num dos episódios da série “Segredos Médicos”, do canal Multishow.

No ensaio mencionado pelo jornal nova-iorquino, publicado em 2012, Carol dizia coisas como: “Olha, espero que o homem mude um dia... O preconceito vem da falta de informação. No dia em que o ser humano começar a ouvir mais o outro, conhecer antes de julgar, vai respeitar. O que eu diria para os leitores que se sentirem ofendidos de alguma forma por ver uma Trip Girl transexual? Ninguém precisa gostar de mim, mas respeito é fundamental. Sou um ser humano como outro qualquer, tenho pai e mãe, e não escolhi ser transexual. Eu nasci assim. Meu sonho é simples.

É ter um marido, uma família feliz, uma vida comum.” Como dizem aqueles que realmente se aprofundam nas pesquisas sobre o futuro da comunicação, independentemente de toda a tecnologia que o mundo possa desenvolver, o olhar humanizado e capaz de ver o que não é óbvio nem necessariamente consagrado, e muito especialmente a capacidade de acessar os sentimentos das pessoas através de histórias bem escolhidas e bem contadas, vai continuar por muito tempo determinando a diferença entre o que passa e o que fica.  O “NYT” sabe disso faz tempo.


Disponível em http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/356260_TIMES+FOR+CHANGE. Acesso em 8 abr 2014.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Proibida de jogar em equipe feminina, transexual luta para mudar as regras

Fábio Lima
21/01/2014

A identidade, o passaporte e a carteira de motorista da transexual Aeris Houlihan, de 32 anos, atestam que ela é uma mulher. Os níveis hormonais também são comprovadamente idênticos aos de uma pessoa do sexo feminino. Entretanto, mesmo diante de tantas provas, para a Federação Inglesa (FA) ela só pode praticar futebol em ligas oficiais ao lado de homens. A jogadora vem lutando por uma liberação para defender a equipe feminina Middleton Park Ladies, mas está esbarrando em uma legislação que os próprios dirigentes já reconheceram estar ultrapassada.

Aeris faz terapia de reposição hormonal há nove meses e entrou em contato com a FA em junho do ano passado portando os atestados médicos pedindo a permissão para defender o time amador da cidade de Leeds, no norte do país. A federação ignorou por longos meses o caso e as constantes buscas de Houlihan por uma resposta. Quando a instituição finalmente se manifestou, a decisão não foi nada animadora.

- A FA diz que, para uma garota transexual jogar futebol na liga feminina deles, ela tem que fazer a cirurgia de redesignação sexual e esperar dois anos após a operação - disse, em entrevista por e-mail ao GloboEsporte.com.

A jogadora pretende fazer a cirurgia em março deste ano e, de acordo com as normas vigentes, só poderá jogar em meados de 2016. Para tentar mudar o panorama e chamar a atenção da Federação Inglesa, ela resolveu tornar o caso público, e o drama acabou ficando conhecido internacionalmente. Aeris convive com a esperança de que as regras mudem e, enquanto isso, segue realizando atividades não oficiais com o Middleton Park.

- Eu ainda treino com minha equipe, e meu técnico pergunta aos outros times se eles permitem que eu jogue partidas amistosas contra eles, e todos dizem que posso jogar. Ouvi que a FA está para anunciar um novo processo de mudança nos próximos dois meses, o que é algo positivo da parte deles.

O gosto pelo futebol não é uma novidade na vida de Houlihan, que praticava o esporte com homens normalmente até que os efeitos das mudanças hormonais começaram a atrapalhar seu desempenho. Ela percebeu que era hora de, literalmente, mudar de lado.

- Antes do tratamento hormonal para virar mulher eu joguei contra homens. Era normal, já que eu era tão forte quanto um homem na época, pois eu tinha testosterona. Contudo, após quatro meses de tratamento, minha força diminuiu e me machucava jogando contra homens. Decidi que era hora de entrar em um time de futebol feminino.

A decisão de se tornar uma mulher foi um processo longo e difícil, mesmo Aeris sabendo desde cedo qual caminho gostaria de seguir. Apenas aos 30 anos de idade ela resolveu procurar um especialista.

- Quando eu era muito jovem sabia que queria ser uma menina e lutei muito para suprimir meus sentimentos. Há dois anos decidi que já era o bastante, visitei meu médico e disse a ele que gostaria de me tornar uma mulher. Após vários exames, eles me diagnosticaram com disfonia de gênero (transexualidade). Tenho feito tratamento hormonal e bloqueio de testosterona há nove meses e estou muito feliz com meu progresso.

Aeris também trabalha com música e relatou a experiência da terapia hormonal em uma canção intitulada "Sleepless Nights" (Noites sem dormir). A saga para tentar jogar futebol feminino também deverá ganhar uma versão musical.

- Acho que será minha próxima música. Algumas pessoas usam um diário para capturar seus sentimentos em um momento específico de suas vidas. Quando ouço uma música que escrevi, me lembro em cores o que senti naquele momento. Também me ajuda a tirar as coisas de meu peito. Quando escrevo uma canção, é como se estivesse conversando com um conselheiro.


Disponível em http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-ingles/noticia/2014/01/proibida-de-jogar-em-equipe-feminina-transexual-luta-para-mudar-regras.html. Acesso em 21 jan 2014.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O uso do nome social como estratégia de inclusão escolar de transexuais e travestis

Maria Lucia Chaves Lima
Pontíficia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

Resumo: Em 2008, o governo do Estado do Pará autorizou o uso do nome social para travestis e transexuais em todas as unidades escolares da rede pública. Diante desse acontecimento, fez-se uso das teorizações do filósofo Michel Foucault para analisar os efeitos da política do nome social como estratégia de inclusão escolar de travestis e transexuais. Parte-se de histórias de vida de oito travestis/transexuais entrevistas, além de outras informações produzidas em situações diversas, para problematizar o governo de travestis e transexuais por meio de uma política de inclusão. Para a construção do campo no que este estudo se insere, apresentam-se os saberes que produzem a travestilidade e a transexualidade como um problema. Do mesmo modo, circunscreve-se a Portaria do nome social como uma estratégia de governabilidade, dando visibilidade ao seu processo de formulação, assim como as oposições e dificuldades de implementação encontradas. Por fim, apresentam-se aos efeitos da legislação em questão, efeitos estes não redutíveis à almejada inserção do seu público-alvo nas escolas, pois abrangem também o seu potencial em produzir modos de subjetivação. Procura-se demonstrar que tal política cria zonas de tensão entre estratégias de normalização das formas de viver e as práticas de resistência a elas direcionadas. Defende-se que a inclusão escolar da diversidade de modos de viver depende de múltiplos fatores, sendo as políticas de inclusão existentes apenas um dentre esses muitos aspectos.



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Discurso plástico, patemização e homofobia: propostas para uma análise de mensagens visuais

Marcus Antônio Assis Lima
www.bocc.ubi.pt


Resumo:  Este estudo de caso procura apontar algumas questões teórico-metodológicas referentes à análise de mensagens visuais. Partindo das perspectivas da análise de Paul  Lester, iremos buscar na Teoria Semiolingüística de Patrick Charaudeau categorias analíticas que serão aplicadas em corpus composto de charge publicada na revista O Malho, em 1904, no Rio de Janeiro. Buscaremos apontar efeitos patêmicos homofóbicos, engendrados por um discurso lúdico, que buscaria a captação do interlocutor por meio do humor. Para tanto, procederemos a um "duplo estudo semiolingüístico": a análise visual e a verbal.