France Presse
01/10/2013
Um belga de 44 anos morreu por eutanásia nesta segunda-feira
(30) após alegar transtornos físicos e psicológicos "insuportáveis"
depois de realizar um procedimento cirúrgico para mudança de sexo. Nathan
Verhelst morreu em um hospital de Bruxelas, na presença de vários amigos,
depois de uma longa batalha para conseguir a aprovação do procedimento.
Wim Distlemans, médico do hospital universitário VUB que
acompanhou o procedimento, disse que Nathan morreu tranquilamente. De acordo a
imprensa da Bélgica, ele afirmou que as condições para a realização da
eutanásia existiam, já que "havia claramente sofrimento físico e
psicológico insuportáveis", explicou ao jornal "Het Laaste
Nieuws".
Nathan nasceu menina, em uma família com três meninos, e se
chamava Nancy. Ele foi rejeitado por seus pais, que desejavam mais um menino,
segundo o jornal que o entrevistou antes de sua morte.
A publicação afirma que o belga sonhava desde a adolescência
poder se tornar homem, e realizou três cirurgias (tratamento hormonal, remoção
dos seios e mudança de sexo) entre 2009 e junho de 2012, mas sem que se
sentisse satisfeito: seus seios continuavam grandes e o pênis que foi criado
"fracassou", explicou.
"Eu havia preparado uma festa para comemorar o meu novo
nascimento, mas na primeira vez que me vi no espelho, tive aversão pelo meu
novo corpo", contou Nathan. "Tive momentos felizes, mas, no geral,
sofri", resumiu, considerando que "44 anos é muito tempo na
terra".
Avaliação
"Para recorrer à eutanásia, a pessoa deve apresentar um
problema grave e incurável que lhe cause sofrimento" pode ser
"psíquico ou físico", explica Jacqueline Herremans, membro da
Comissão Nacional sobre a eutanásia.
"Um primeiro médico avalia o caráter grave e incurável
do problema (...) Outro médico, um psiquiatra, especialista na patologia em
questão, analisa o pedido para determinar se é, por exemplo, uma depressão
passageira", acrescentou à RTL.
Desde 2002 a Bélgica autoriza mortes por eutanásia, mas o
debate sobre a prática não terminou, já que o Parlamento belga deve considerar
a sua extensão para os menores "capazes de discernimento" e adultos
com doenças incapacitantes com o Alzheimer.
A grande maioria dos belgas aprova essas mudanças, de acordo
com uma pesquisa publicada quarta-feira no jornal "La Libre
Belgique".
Disponível em
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/10/belga-morre-por-eutanasia-apos-cirurgia-de-mudanca-de-sexo.html.
Acesso em 02 out 2013.