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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Avon, Silas Malafaia e a propagação da homofobia

Beatriz Mendes
07/05/2012

Silas Malafaia é um velho conhecido da comunidade gay no Brasil. O pastor, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, costuma protagonizar polêmicas a envolver intolerância e preconceito. Em 2006, foi ele o responsável por uma manifestação diante do Congresso Nacional contra a lei criminalizadora da homofobia. Na ocasião o pastor afirmou que relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo são a porta de entrada para a pedofilia. “Deveriam descer o porrete nesses homossexuais”, decretou, certa vez, em seu programa de tevê - em rede nacional, diga-se, valendo-se de seu direito de liberdade de expressão.

Por estes e outros motivos, foi uma surpresa para o professor de inglês Sérgio Viula, de 42 anos, e seu namorado, Emanuel Façanha da Silva, quando em meio a promoções de maquiagens, perfumes e bijuterias, depararam-se com livros de Malafaia no catálogo da Avon. “Não são somente obras devocionais ou de leitura budista, católica ou uma novena. Os livros dele são de militância fundamentalista aberta, assim como seus programas de televisão”, diz Viúla a CartaCapital.

O professor conta que a gota d’água foi a inclusão do livro A Estratégia entre os títulos comercializados pela Editora Central Gospel - cujo dono é Silas Malafaia. A obra, escrita pelo pastor americano Louis Sheldon, levanta a teoria de que os homossexuais estão fazendo um complô contra a humanidade.

Diante da situação, Viula – que não faz parte de nenhuma organização LGBT - resolveu se manifestar. Seu argumento se baseou em um tratado de direitos humanos emitido no ano passado pela Avon, comprometendo-se a não contribuir com qualquer tipo de prática discriminatória. “Escrevi uma carta para a empresa brasileira, falando sobre a minha indignação. Como eles não se manifestaram de imediato, resolvi traduzir a mensagem e encaminhá-la para a Avon dos Estados Unidos”, conta.

Pouco tempo depois, a empresa brasileira escreveu um comunicado em sua página do Facebook, alegando que a “variedade de títulos comercializados contempla a diversidade de estilos de vida, religião e filosofia presentes em nosso País”. Complementou falando não ter a intenção de promover conteúdo desrespeitoso aos direitos humanos.

“A carta contribuiu para eles entrarem em contato comigo, mas o fator determinante foi o fato de o Emanuel ter resolvido parar de trabalhar com a Avon”, acredita o professor. Segundo ele, o parceiro era o que a empresa chama de “Consultor Estrela”, pois vendia produtos em grande quantidade. Quando se deu conta de que os livros de Malafaia estavam no catálogo, abriu mão do cargo. “A gente nunca tinha reparado nos títulos porque ele trabalhava mais com o setor de cosméticos. Mas quando saiu da Avon, representantes da marca o procuraram no escritório, pedindo para ele voltar”.

Nesse meio tempo, as pessoas começaram a se solidarizar com a causa. Representantes de grupos LGBT também entraram em contato com a Avon. Duas mulheres redigiram uma petição em inglês, divulgada no All Out, site que publica abaixo-assinados do mundo todo. “No texto, eles explicaram quem é Silas Malafaia e quais são as ideias propagadas por ele. O negócio está bombando, a Avon vai ter que tomar uma atitude”, enfatiza o militante.

“Muitas pessoas também me perguntaram se valia a pena lutar por essa questão. Eu acho que sim porque se fosse o livro do Hitler, os judeus protestariam, se fosse um livro que negasse a existência da escravidão, os negros ficariam indignados. Por que os gays não podem se manifestar também?”, questiona.

Outro lado

CartaCapital pediu entrevistas à direção da Avon, mas a empresa informou que seu posicionamento oficial é aquele já divulgado por meio do comunicado. “Estamos avaliando as ponderações recebidas e buscando a melhor solução para seguir atendendo nossos consumidores com base em nossos valores”.

Silas Malafaia, por sua vez, tratou a questão com desdém. Em nota divulgada em sua página, o pastor ironizou a movimentação dos ativistas. “Esses gays estão dando um ‘tiro no pé’, estão me promovendo com uma tamanha grandeza que nunca pensei de ser tão citado e até defendido por jornalistas como, por exemplo, Reinaldo Azevedo’, escreveu.

Ele afirmou ainda que essas ações dão a ele elementos para lutar contra o Projeto de Lei 122 – aquele que criminaliza a homofobia. “Se antes de ter leis que dão a eles privilégios, já se acham no direito de perseguir e intimidar os que são contra seus ideais, imaginem se a lei for aprovada”, disse.

Também incentivou os fiéis a mandarem emails para a empresa, pedindo para os livros continuarem no catálogo. “Nós, evangélicos, representamos pelo menos 30% das vendas de produtos Avon. Os gays talvez 2%. Eles são tão abusados que pensam que com ameaças vão nos calar”, concluiu.

Diante do comunicado, Viula afirmou: “Malafaia é um extremista. Inclusive, outros pastores não concordam com as atitudes dele. Dá para ser cristão sem ser homofóbico, agora eu não sei como é possível ser homofóbico e cristão. Essas são contradições que podem matar pessoas”.

O professor fala com autoridade: ele já trabalhou como pastor da Igreja Batista e ajudou, na época, a fundar o Movimento pela Sexualidade Sadia (Moses), ONG prestadora de serviços de "assistência" a homossexuais que gostariam de mudar sua orientação sexual. “Depois de um tempo no Moses eu percebi que aquilo era uma falácia, uma hipocrisia. As pessoas sofriam e viviam uma vida dupla, é impossível deixar de ser gay”, contou.


Disponível em http://www.cartacapital.com.br/sociedade/avon-silas-malafaia-e-a-propagacao-da-homofobia/. Acesso em 04 jun 2013.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Intolerância à diversidade sexual

Gustavo Venturi
Teoria e Debate nº 78 - julho/agosto 2008

Resumo: Acaba de sair do forno a mais recente pesquisa social do Núcleo de Opinião Pública (NOP), intitulada Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil, Intolerância e respeito às diferenças sexuais nos espaços público e privado – uma realização da Fundação Perseu Abramo, em parceria com a alemã Rosa Luxemburg Stiftung. Com dados coletados em junho,de 2008, a pesquisa percorreu processo de elaboração semelhante ao de estudos anteriores do NOP, tendo sido convidados pela FPA para definir quais seriam as prioridades a investigar entidades e pesquisadores dedicados ao combate e ao estudo da estigmatização e da discriminação dos indivíduos e grupos com identidades sexuais que fogem à heteronormatividade – lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não há empresa 100% tolerante à diversidade

Luciana Carvalho, de EXAME.com
13/10/2010 | 11:55

Cor, gênero, religião, orientação sexual, etnia e várias outras características pessoais (físicas ou não) são, muitas vezes, determinantes para a contratação ou eliminação de uma pessoa em uma empresa. De acordo com Paul Terry, vice-presidente da consultoria americana Global Novations, mesmo com os avanços de alguns grupos específicos, ainda há um longo caminho a ser seguido até que as chamadas minorias façam parte de forma mais maciça das empresas.

O especialista afirma que, por mais que algumas companhias tenham políticas internas para a promoção da diversidade, nenhuma conseguiu se livrar dos preconceitos ainda. Em entrevista ao site EXAME, Terry fala sobre como as organizações devem se comportar diante desta questão.

Site EXAME - Existe  algum exemplo de empresa que o senhor considera mais tolerante às diferenças?
Paul Terry - Algumas empresas e países são mais tolerantes em alguns aspectos e outras são tolerantes em outros aspectos. Por isso, eu não diria que há um país ou organização que seja 100% tolerante. Algumas das maiores empresas, como Google e Microsoft, têm feito um bom trabalho em integrar pessoas que têm diferenças culturais e raciais. Mas isso não significa que elas aceitam todos os tipos de diversidade. Todo mundo ainda está se esforçando para melhorar. Há também muitas empresas que têm boas políticas para diversidade, mas isso não significa que elas sigam essas políticas.

Site EXAME - E há algum grupo específico que sofre mais preconceito?
Terry - Eu não diria que há um grupo que sofre mais preconceito globalmente. Eu acho que isso varia de acordo com cultura, país ou geografia. Por exemplo, eu sei que, em algumas culturas asiáticas, as pessoas não podem mencionar coisas a respeito de orientação sexual. Em outras culturas é mais fácil falar de orientação sexual, mas é mais complicado falar de outras diferenças. Há também culturas em que as pessoas acham que são mais abertas, mas adotam comportamentos que dificultam a aceitação das outras pessoas, seja por questões étnicas ou outras.

Site EXAME - Quais são os desafios que uma empresa enfrenta para ter diversidade em seu quadro de pessoas?
Terry - Acho que as pessoas precisam entender que as diferenças ultrapassam gênero, raça ou geração, ou orientação sexual. Por exemplo, eu posso pensar de forma diferente de outras pessoas, posso processar informações de forma diferente, posso ter uma educação diferente. Algumas vezes, nós achamos que as pessoas melhores são aquelas parecidas conosco, e a chave para uma empresa ser mais tolerante é ter consciência de que há diferenças. Em segundo lugar, é preciso que elas valorizem e apreciem essas diferenças, pois elas podem agregar valor ao trabalho.

Site EXAME - E como agir para ser justo em um processo seletivo?
Terry - As organizações devem ter critérios muito claros sobre contratações. Deve separar o que é realmente exigido do candidato daquilo que é apenas desejado. Há vezes em que nós temos alguns critérios do que a gente prefere, de uma certa habilidade ou qualidade, mas não é propriamente um pré-requisito. Precisamos ficar sempre abertos, pois, se selecionarmos realmente com base nos critérios que estabelecemos, o número de possibilidades acaba sendo maior.

Site EXAME - Como fazer com que os gestores não se deixem levar pelos preconceitos?
Terry - A empresa precisa definir quão empenhada é contra a discriminação. A empresa não pode ser conivente com pessoas que não contratam negros, por exemplo, só por causa da cor. Se isso ocorrer, a empresa precisa adverti-lo e até abrir processo disciplinar, se preciso. Mas há outras formas de fazer com que eles sigam. Uma delas é conscientizar o gestor da importância de aceitar pessoas diferentes também para dar mais valor ao negócio. Isso demora para ser feito. Não podemos esperar que as pessoas sejam tolerantes com outras da noite para o dia.

Site EXAME - Mas há gestores que negam inconscientemente a diferença e geralmente não contratam quem não se enquadra em seus padrões. O que fazer diante disso?
Terry - É bastante comum preferirmos pessoas com o mesmo repertório social e cultural, mesma cor e educação que nós. As empresas devem mostrar a quem contrata que é preciso arriscar um pouco. Uma orientação que dou é, sempre que houver empate entre dois candidatos - um "igual" e outro "diferente", o recrutador deve escolher este último, para dar-lhe uma oportunidade e diversificar a companhia. Se os maiores líderes da empresa fizerem isso, as outras pessoas vão fazer também. Por último, o diálogo sobre essas questões também é sempre muito importante. É preciso dar abertura para a aceitação.

Site EXAME - O que o senhor acha das políticas públicas que estabelecem cotas para negros, mulheres ou deficientes em empresas?
Terry - Essas políticas ajudam a pensar sobre o equilíbrio da composição da população e das empresas. Os gestores devem se perguntar "eu estou olhando para essa pessoa por causa de suas qualificações ou estou olhando para sua cor da pele, seu gênero ou outra diferença?". Essas políticas podem ser uma boa coisa para as empresas começarem a ser tolerantes, é um bom começo.


Disponível em <http://portalexame.abril.com.br/gestao/noticias/nao-ha-empresa-100-tolerante-diversidade-603765.html?page=2>. Acesso em 13 out 2010.

domingo, 13 de novembro de 2011

Dicas impressas 1: Sedução; Masturbação; Juventude

CICERONE, Paola Emilia. Seduções íntimasMeias de seda, sutiãs que realçam as formas dos seios, cintas-liga e calcinhas sensuais fazem mais que despertar a fantasia sexual: revelam preferências, desejos e medos de quem os usa ou os admira. Mente e Cérebro, ano XVIII, n.º 219, pp. 42-49.

ROMUALDO, Cristina. Prazeres solitários Cercada de preconceitos, muitas vezes interpretada como ato pecaminoso ou capaz de fazer mal à saúde, atualmente a masturbação é considerada importante para o conhecimento do próprio corpo e para o desenvolvimento da sexualidade. Mente e Cérebro Especial, n.º 29, pp. 28-31.

FADEL, Maria Maura. Traiçoeiros encantos da juventude A transição entre a infância e a idade adulta é marcada, pelo menos em tese, pela beleza, pela saúde e pelas possibilidades de experimentação, o que chega a despertar inveja nos mais velhos; mas trata-se também de um período de fragilidade psíquica, no qual a intolerância e a falta de limites podem trazer conseqüências trágicas. Mente e Cérebro, ano XVIII, n.º 220, pp. 52-55.