Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 2013, v. 56 nº 2
RESUMO: Neste artigo apresento uma discussão sobre a categoria transgênero,
em especial no contexto canadense, a fim de problematizar a questão
da parentalidade transgênero no Canadá e da parentalidade de travestis e
transexuais no Brasil. Com base nos dados de campo, o foco está nos transgêneros
canadenses que lidam com os constrangimentos sociais e culturais
para as suas manifestações afetivas, familiares, parentais e sexuais, analisando
essas práticas num diálogo com o cenário brasileiro no que se refere à homoparentalidade.
Questiono em que medida não seria relevante também,
no Brasil, tanto do ponto de vista acadêmico quanto político, possibilitar
a existência discursiva das parentalidades transexual e travesti para além
da homoparentalidade. Por fim, analiso as concepções de paternidade que
perpassam essas práticas, buscando compreender em que medida elas reconfiguram
as representações do pensamento ocidental ao performatizarem a
parentalidade na sua relação com o gênero.