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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Mulheres transexuais e o processo transexualizador: experiências de sujeição, padecimento e prazer na adequação do corpo

Analídia Rodolpho Petry
Revista Gaúcha de Enfermagem
2015 jun;36(2):70-5


Resumo: Objetivo: Neste artigo, busca-se compreender as experiências de mulheres transexuais em relação à hormonioterapia e à cirurgia de redesignação sexual que constituem o Processo Transexualizador. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa inserida no campo dos estudos culturais e de gênero. A coleta de dados utilizou entrevistas narrativas, realizadas em 2010 e 2011 com sete mulheres transexuais que se submeteram ao Processo Transexualizador há, pelo menos, dois anos. Os dados foram submetidos à análise temática. Resultados: Os resultados mostram que os processos de transformação para a construção do corpo feminino envolvem adequar o comportamento, postura, empostação da voz, uso de hormônios, dilatação do canal vaginal e complicações cirúrgicas. Tais processos sujeitam o corpo a se construir conforme idealizado para adequar-se a sua identidade de gênero, infringindo-lhe prazeres e padecimentos. Conclusão: Conclui-se que a discussão que envolve o Processo Transexualizador traz subsídios para a enfermagem acerca das modificações corporais vivenciadas pelas mulheres transexuais.


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Transexualização em narrativas de histórias de vida sobre a infância

Alexsander Lima da Silva; Adélia Augusta Souto de Oliveira 
Universidade Federal de Alagoas - UFAL, Maceió -AL

Resumo: Análise psicossocial do processo de transexualização na infância, por meio das narrativas da infância de três transexuais masculinos e três transexuais femininos, sendo dois representantes de cada geração – mais nova, do meio e mais velha. Identifica-se a produção histórica dos significados de gênero e suas vivências sentidas. Utiliza o referencial teórico e metodológico qualitativo da Psicologia Social e dos Estudos de Gênero. Realiza uma análise de conteúdo descritivo–interpretativa das histórias de vida. As infâncias foram marcadas pelos questionamentos sobre si mesmos e da sua diferença em relação às outras crianças e adaptar-se para serem aceitos. Destacam-se as brincadeiras de criança e estratégias de disfarce na aparência para serem meninos e meninas. Essas são formas de atender aos padrões heteronormativos e evidenciam aspectos fossilizados de significação. Por outro lado, a aceitação por parte dos familiares indica importante elemento de ruptura e de possibilidade de viver a diferença.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Discriminação por orientação sexual no ambiente de trabalho: uma questão de classe social? uma análise sob a ótica da pós-modernidade crítica e da queer theory

Hélio Arthur Reis Irigaray 
Enapg- Encontro de Administração Pública e Governança

Salvador-BA – 12 a 14 de novembro de 2008


Resumo: Ao contrário de outros estudos que estudaram diversidade da mão-de-obra focando apenas uma única vertente (raça, capacidade física ou orientação sexual), este, partindo da premissa que atitudes discriminatórias são causadas por múltiplas características, analisou o quanto a discriminação por orientação sexual no ambiente organizacional está imbricada com a classe social dos indivíduos discriminados. Ontologicamente, esta pesquisa baseou-se na pós-modernidade crítica; metodologicamente, recorreu à Queer Theory e à análise do discurso. Foi realizada uma pesquisa de campo numa empresa pública, onde foram entrevistados três empregados assumidamente homossexuais: um diretor, um gerente e um empregado do nível operacional, concluindo-se que o fato de uma empresa adotar políticas de diversidade não garante que, no cotidiano organizacional, não ocorram práticas discriminatórias; compartilhar da mesma orientação sexual não iguala nem promove um senso de identidade única entre os homossexuais; há, de fato, discriminação por orientação sexual e classe social; sendo que esta última, mostrou-se presente mesmo entre os homossexuais; os empregados de classe social superior barganham tolerância com seu estilo de vida; enquanto os gays, pertencentes às classes sociais mais baixas, sofrem de duplo estigma. 


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

As mutações na cultura, no narcisismo e na clínica: o que muda e o que faz falar os pacientes limítrofes?

Natasha Mello Helsinger
Cad. Psicanál.-CPRJ, Rio de Janeiro, v. 36, n. 31, p. 69-93, jul./dez. 2014


Resumo: Investigaremos a questão narcísica nos estados limítrofes de analisabilidade (GREEN, 1975), situando-os no contexto da cultura do narcisismo (LASCH, 1979). Apresentaremos algumas transformações vividas pelo estatuto do narcisismo na obra freudiana, contemplando-o em sua dimensão constituinte, como também, patogênica. Em seguida, partiremos das propostas greenianas, para articular o narcisismo de morte à patologia limítrofe que, por sua vez, é caracterizada pela fragilidade narcísica e pelo desinvestimento objetal. Poderemos compreender, assim, de que formas as mutações na cultura e nas experiências narcísicas podem produzir e exigir mutações na clínica.




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Fora do sujeito e fora do lugar: reflexões sobre performatividade a partir de uma etnografia entre travestis

Richard Miskolci; Larissa Pelúcio
Gênero - Niterói, v. 7, n. 2, p. 255-267, 1. sem. 2007

Resumo: O artigo discute a recepção brasileira da teórica queer Judith Butler, com especial atenção ao seu conceito de performatividade. A partir de uma análise do caráter metafórico de suas exemplificações sucessivas nas obras de Butler e de sua adaptação à nossa realidade sócio-histórica, intentamos um exercício de aplicação do conceito de forma coerente com seu caráter normativo e programático original. Assim, utilizamos uma etnografia entre travestis como meio exemplificador do caráter reiterativo de normas sociais do conceito de performatividade.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Discurso plástico, patemização e homofobia: propostas para uma análise de mensagens visuais

Marcus Antônio Assis Lima
www.bocc.ubi.pt


Resumo:  Este estudo de caso procura apontar algumas questões teórico-metodológicas referentes à análise de mensagens visuais. Partindo das perspectivas da análise de Paul  Lester, iremos buscar na Teoria Semiolingüística de Patrick Charaudeau categorias analíticas que serão aplicadas em corpus composto de charge publicada na revista O Malho, em 1904, no Rio de Janeiro. Buscaremos apontar efeitos patêmicos homofóbicos, engendrados por um discurso lúdico, que buscaria a captação do interlocutor por meio do humor. Para tanto, procederemos a um "duplo estudo semiolingüístico": a análise visual e a verbal.








quarta-feira, 20 de junho de 2012

Melhores que ontem piores que amanhã

Lilian Graziano

Há pouco tempo estava folheando uma revista quando deparei-me, satisfeita, com uma entrevista dada pelo respeitado psicólogo e professor da Universidade de Harvard, Steven Pinker. Conheço o trabalho de Pinker já há algum tempo e cheguei a utilizar um de seus livros, Tábula Rasa, em minha tese de doutorado. Acaba de me ocorrer que talvez criemos laços afetivos com nossas referências bibliográficas. Ou, quem sabe, estas acabem se tornando nossas referências justamente pelo fato de nos serem caras.

O fato é que se já gostava do trabalho desse autor, passei a admirá-lo ainda mais. A começar pelo título de seu novo livro, ainda sem tradução no Brasil, The Better Angels of our Nature: Why Violence Has Declined (Os Anjos Bons Dentro de Nós: Por que a Violência Declinou). Defendendo a premissa básica de seu livro Pinker afirma, na tal entrevista, que atualmente vivemos no melhor dos tempos, visto que a sociedade é hoje menos violenta do que fora no passado.

Confesso que esta ideia não me pareceu nova. De fato é uma velha convicção que trago comigo e sobre a qual já discuti em várias rodinhas de amigos. No entanto, nunca estudei o assunto sistematicamente como o fez o autor, de forma que fiquei muito satisfeita ao saber que havia um aval científico para minha crença.

Achei que valeria a pena incluir a referida entrevista em meu site e comecei a procurar por um link na Internet que me levasse a ela. Foi aí que tive uma surpresa. Apenas um dia após sua publicação, vários blogs, igrejas e outros sites já faziam menção à entrevista. Como todo assunto polêmico, as reações se dividiam em dois extremos: acordo ou desacordo veemente.

SEI MUITO BEM QUE O TIPO DE CALO QUE MAIS DÓI É AQUELE QUE, PRECISAMENTE, SE ALOJA EM NOSSO PRÓPRIO PÉ. MAS É NECESSÁRIO QUE, NESTE CASO, EXAMINEMOS OS FATOS DESPROVIDOS DE PAIXÕES

As pessoas parecem não saber o que é Ciência. Se eu estivesse naquela minha rodinha de amigos falando sobre minha impressão pessoal acerca da diminuição da violência, eu acharia perfeitamente natural que algumas pessoas dessa rodinha não concordassem comigo. Afinal, estaríamos no campo da pura especulação, algo do tipo: Maradona ou Pelé?

Mas quando um pesquisador de Harvard publica um livro de 832 páginas para defender uma ideia, acredito que seria sensato pelo menos que se lesse o livro para então, discordar-se dele. Mas se há algo que define o ser humano, certamente não seria sua sensatez.

Ainda me espanta a quantidade de "urubulinos" de plantão que insistem em ver o pior dos mundos. "Se esse é o melhor dos tempos, não quero nem ver os piores", afirmam, refutando todas as teses que Pinker utiliza, como se as conhecessem.

Sei muito bem que o tipo de calo que mais dói é aquele que, precisamente, se aloja em nosso próprio pé. Em outras palavras, a violência mais brutal será sempre aquela que vivenciamos. Mas é necessário que, neste caso, examinemos os fatos desprovidos de paixões.

Se, na Idade Média, você perguntasse a um vizinho quantas pessoas ele matou, talvez ele não soubesse dizer. E talvez você nem fizesse tal pergunta, dada à banalidade de seu significado. Nessa época, qualquer grande desacordo era resolvido de maneira brutal.

Mas havia também uma brutalidade mais elegante. Moda na Europa durante os séculos XIII a XVII, os duelos eram utilizados como forma de resolver desavenças pessoais e até mesmo familiares, sendo usados também em casos de dívidas (o que, diga-se de passagem, torna o nosso atual SPC a quinta essência da evolução).

Ao contrário do que se possa imaginar, os duelos eram típicos das classes mais abastadas e eram também praticados (pasmem!) por mulheres.

E o que dizer a respeito do Coliseu? Hoje criticamos a violência da televisão e dos games, esquecendo-nos de que na Roma Antiga a carnificina era real. Nos primórdios da política "pão e circo", cerca de 90.000 pessoas se divertiam, assistindo aos gladiadores lutarem até a morte.

Sangue era o que não faltava no nosso passado histórico. E era consenso a possibilidade de se "lavar a honra" com ele. O curioso, é que o próprio conceito de honra era duvidoso. No Brasil colônia, por exemplo, era permitido ao homem matar sua esposa caso ela viesse a cometer adultério.

Mas vamos trazer esse olhar para um pouco mais perto de nós. Lembro-me perfeitamente que minha professora da quarta série do antigo primário, dava "cascudos" na cabeça dos meninos que não se comportavam bem. Para os mais novos, devo uma explicação: "cascudos" são pequenos socos, dados com os nós dos dedos. Na época da minha mãe, as crianças, quando em casa, apanhavam com varas de marmelo; quando na escola, de palmatória.

Quando procuramos evidências que comprovem a tese de que atualmente vivemos num mundo menos violento, nem mesmo a Ciência escapa. Em um dos experimentos mais famosos da Psicologia, realizado em 1920, Watson demonstrou o condicionamento respondente, condicionando um bebê de apenas 11 meses a apresentar fobia de ratos brancos (e mais tarde de coelhos, cachorros, bichos de pelúcia, cabelo branco. "Uau! Descobrimos a generalização!!!")

Não sei quanto a vocês. Mas para mim evolução humana é mais do que descendermos dos macacos. É sermos hoje melhores do que fomos ontem e, (às vezes, infelizmente) piores do que seremos amanhã. É. Eu acredito na evolução da nossa espécie!

Disponível em <http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/75/artigo252666-1.asp>. Acesso em 16 jun 2012.