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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A equipe me aceitou, diz zagueiro transexual da Samoa Americana

Folha.com
24/11/2011 - 06h00

Foram 30 jogos e 30 derrotas; 229 gols sofridos e só 12 feitos. Uma goleada de 31 a 0 para a Austrália, a maior da história entre seleções.

Mas anteontem Samoa Americana, um território dos EUA na Oceania, venceu um jogo pela primeira vez na vida. A seleção, filiada à Fifa desde 1998, superou Tonga (2 a 1) pelas eliminatórias do continente à Copa de 2014.

Entre os jogadores responsáveis pelo feito histórico, destaca-se o zagueiro Johnny Saelua, considerado o primeiro transexual a atuar em uma partida de eliminatórias.

Ele é uma "fa'afafine", uma minoria sexual na região de Samoa considerada um terceiro gênero. Saelua nasceu homem, mas se veste, se vê e age como uma mulher.

"A equipe me aceitou, e nós mantemos respeito mútuo", afirmou o zagueiro ao "New York Times". "É o máximo, faz parte da cultura."

Um dos responsáveis pela guinada da seleção é o técnico holandês Thomas Rongen, que já treinou a equipe sub-20 dos EUA. Após a vitória, ele comentou a participação do beque transexual.

"Na verdade, tivemos uma mulher atuando como zagueiro central", disse. "Você consegue imaginar isso na Inglaterra ou na Espanha?"

Além de ter ajudado a suportar a pressão de Tonga na etapa final, Saelua deu o passe para o gol que abriu o placar no primeiro tempo.

Apesar da vitória, o caminho rumo ao Brasil é longo. Além de Samoa Americana, dez seleções mais fortes disputam meia vaga para 2014.

Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1011196-a-equipe-me-aceitou-diz-zagueiro-transexual-da-samoa-americana.shtml>. Acesso em 24 nov 2011.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde

Márcia Arán; Daniela Murta
Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 19 [ 1 ]: 15-41, 2009



Resumo: Tendo como referência um estudo sobre as práticas de saúde dos principais serviços que prestam assistência a usuários(as) transexuais no Brasil, este artigo discute os desafios para a gestão de políticas públicas para essa população, particularmente, a necessidade do diagnóstico de Transtorno de Identidade de Gênero como condição de acesso. Para iluminar o debate, realiza-se uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde a partir das contribuições de Bernice Hausman e Joanne Meyerowitz sobre a constituição do fenômeno da transexualidade na metade do século passado. Destaca-se a importância da análise dos avanços da tecnologia médica e da influência da revolução dos costumes na problematização da imutabilidade do sexo e na construção da categoria de gênero como condição para compreender o motivo pelo qual a regulamentação do acesso à saúde para a modificação das características corporais do sexo ficou associada à definição da condição transexual. Por último, discute-se que se inicialmente a institucionalização da assistência a transexuais no Brasil esteve associada ao modelo estritamente biomédico, a noção de saúde integral deve promover uma abertura para as redescrições da experiência transexual numa articulação permanente entre os saberes biopolíticos dominantes e uma multiplicidade de saberes locais e minoritários.


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