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domingo, 27 de outubro de 2013

De quitinete a cobertura, estilista das travestis faz sucesso internacional

Carolina Garcia
07/10/2013

Com a roupa certa que “dá axé”, travestis podem “cabanar” pelas ruas de São Paulo e do mundo. O verbo ganhou espaço no bajubá - linguagem usada pelo grupo - após o sucesso da marca Tereza Cabana, a precursora da moda trans no País e que é cultuada por suas clientes há 23 anos. A ousadia das costureiras Terezinha Cabana, de 70 anos, e sua filha Cris Cabana, de 45, ganhou um público marcado pelo preconceito e conhecido pelas práticas ousadas para esconder a identidade. “Mulher encontra calcinha em qualquer lugar, travesti não”, defendeu Cris a sua peça, que promete “aquendar a neca” (segurar o pênis).

De uma quitinete de 27 metros quadrados para uma cobertura quase dez vezes maior nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, mãe e filha construíram patrimônio ao desenharem vestidos tubinhos, calcinhas e trikinis, peça clássica para o guarda-roupa de uma travesti. Os tecidos que estampam o animal print e as cores neon são os campeões de venda. O carro-chefe do ateliê é a calcinha de vinil, um dos materiais mais resistentes, que pode ser comprada por R$ 30 a unidade ou R$ 15 no atacado (com venda mínima de 40 peças).

Para a paulistana Cris, o acaso foi responsável pela origem da marca e pelo sucesso internacional. Em meados de 1990, a visita da travesti Mônica, jovem de 17 anos e “com um corpo escultural”, inspirou as profissionais e despertou suas atenções ao público gay. “Montei alguns modelos de vestidos e ela saiu para trabalhar. Sempre voltava da rua contando o sucesso que tinha feito com as peças. A Mônica deu a luz inicial”. Na primeira semana de trabalho, cerca de 20 travestis fizeram fila a espera de novas criações. “Nossa casa era muito pequena. Nunca imaginei que tivesse tantos travestis em São Paulo”, disse, aos risos.

Entre suas clientes estão as profissionais do sexo e transexuais, como Ariadna Arantes, que ficou conhecida após participar da 11ª edição do reality show BBB. Ao iG , ela disse ter conhecido a marca em Milão um ano antes de sua operação para mudança de sexo, em 2007. “Usar roupas da moda feminina comum era meio complicado para uma menina como eu. Era um incômodo muito grande”. Na falta de opção, e por desespero em esconder a identidade, a ex-BBB usava calcinha de vinil que chegava a cortar a pele.

"Moda feminina comum era complicado para uma menina como eu", diz a ex-BBB Ariadna
“Muitas [travestis] usam super bonder, emplasto e até fita adesiva para esconder a real identidade. A marca [Tereza Cabana] se consolidou porque a moda ainda não abriu espaço para esse público”, defendeu Ariadna.

Com o mercado de São Paulo já garantido, o próximo desafio para a marca é a Europa. “O boca a boca foi fundamental para as vendas lá fora. Ainda em um tempo sem internet, passamos 11 anos vendendo de porta em porta por 30 dias durante o verão europeu”, explicou Cris. Entre seus roteiros de viagem estão as capitais da Itália, Paris e Suíça, por exemplo. “E nem preciso me preocupar com hospedagem. Elas [clientes] me recebem em suas casas, pensões e até puteiros. Em uma das viagens, cheguei a vender US$ 22 mil em mercadoria”, contou.

Em um amplo ateliê, também nos Jardins, Cris e a mãe dividem a confecção das peças. Ao menos cem modelos são produzidos em um dia cheio de trabalho - a marca rende um lucro mensal de ao menos R$ 15 mil por mês. A última aquisição da empresa foi uma poderosa máquina de costura, carinhosamente apelidada de “Ferrari” pelas donas. “É a nossa queridinha agora. Ainda estou pegando o jeito dela”, explicou Terezinha.

Trikini é peça clássica no guarda-roupa travesti. Custa em média R$ 150 no ateliê dos Jardins.

Preconceitos e axé

A palavra preconceito não faz parte do vocabulário da nordestina Terezinha. Criada em Fortaleza, ela saiu de casa aos 15 anos e, por isso, se define como “dura na queda e das antigas”. Mas se contradiz ao ter uma mente aberta no convívio com o mundo gay. “Não faz sentido ter preconceito. Quando morremos o bichinho que come o branco também come o preto”.

Não são todos, no entanto, que acompanham seu pensamento. O fluxo frequente de travestis em sua casa já rendeu processo na Justiça. “Fui processada por vizinhos porque associavam travestis ao tráfico de drogas. E eu só tentava vender minhas roupas”.

Com um discurso recheado de frases polêmicas, Tereza usa o bom humor para se referir à marca que leva o seu nome. “As meninas sentem que somos as estilistas delas e que usar Tereza Cabana dá axé [sorte]. É que as peças são produzidas por uma virgem”, disse a idosa fazendo movimentos com os olhos apontando para filha. “Ela só pensa em trabalho, sabe? Eu acho que é virgem ainda”.


Disponível em http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2013-10-07/de-quitinete-a-cobertura-estilista-dos-travestis-faz-sucesso-internacional.html. Acesso em 14 out 2013.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Por que meninos usam roupa azul e meninas, rosa?

Clarice Reichstul
28/05/2012

Até o século 19, as roupas infantis geralmente eram brancas, afinal poderiam ser usadas por todos os filhos da família e resistiam a diversas lavagens. E as roupas eram poucas e caras. Mesmo o corte costumava ser unissex, meninos e meninas de até quatro anos usavam vestidos, cabelos compridos e sapatos do estilo boneca.

Nos Estados Unidos, era costume a associação de rosa para meninos e azul para meninas. Dizia-se que a cor rosa era mais forte e a azul, delicada. Por volta da 2ª Guerra Mundial, a moda de usar as cores para marcar diferença entre meninos e meninas pegou e, curiosamente, se inverteu. O interessante é que adotamos um costume dos norte-americanos que nos custa mais caro. Afinal, se em uma família o primeiro filho é menino, compra-se enxoval azul, e, se nasce uma menina depois, lá se vão os pais gastar com enxoval rosa.

Depois dos quatro anos, a criança começa a escolher a roupa. Mas é justo nesse primeiro período da infância que se estabelece essa separação que levamos para o resto da vida, com os carimbos rosa-menina e azul-menino. Nos anos 60 e 70, houve uma rebelião contra essa divisão e passou a valer uma moda infantil unissex, roupas que serviam para meninos e meninas. Mas, em meados da década de 80, o jogo mudou de novo.

Acho que podemos nos inspirar na revolução dos anos 60 e 70 e exigir mais roupas unissex, de criança mesmo, coloridas, mas sem essa preocupação tão grande com o que é de menino e o que é de menina, não? Roupa boa de brincar, correr, pular. Menos regras desnecessárias nas nossas vidas, por favor!


Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/1094761-por-que-meninos-usam-roupa-azul-e-meninas-rosa.shtml. Acesso em 22 jun 2013.

sábado, 7 de abril de 2012

Lea T. faz cirurgia de mudança de sexo na Tailândia

A Capa
23/03/2012 às 11h52

A modelo Lea T. já tinha demonstrado sua vontade de realizar a cirurgia de readequação sexual.

Em 2011 a top tentou realizar a operação, mas teve que adiá-la por conta de uma anemia.

Agora tudo deu certo. Há cerca de três semanas, Lea se submeteu a cirurgia num hospital cinco estrelas da Tailândia.

A morena continua no país se recuperando da operação, acompanhada de alguns familiares. A recuperação de Lea está ótima e ela deve voltar ao Brasil nos próximos dias.

Passarelas

A brasileira ganhou fama mundial entre o fim de 2010 e começo de 2011. Lea foi um dos nomes que ajudaram a por na roda a androginia no meio fashion. Depois de estrelar a campanha da marca francesa Givenchy, Lea não parou mais e estampou diversas capas de revista e ensaios ao redor do mundo, além de brilhar nos desfiles.

Disponível em <http://acapa.virgula.uol.com.br/lifestyle/lea-t-faz-cirurgia-de-mudanca-de-sexo-na-tailandia/1/15/16031>. Acesso em 25 mar 2012.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Modelo Felipa Tavares diz que moda com transexuais é apenas uma fase

Neto Lucon 
16/02/2012 15h00 

A modelo mineira Felipa Tavares, de 25 anos, é um mulherão. Daquelas que fazem você olhar para cima e ficar na ponta do pé para dar um abraço. Porém, não é apenas o 1,81m de altura que faz dela um destaque da agência 40 Graus. Felipa, assim como a top Lea T, é uma mulher transexual.

É a única do casting da agência, escolhida a dedo pelo empresário carioca Sérgio Mattos – o mesmo responsável por revelar modelos como Isabeli Fontana, Raica Oliveira, Danyella Sarahyba e Fernanda Tavares - durante um workshop no Rio de Janeiro.

Logo que começou a modelar no finzinho de 2011, virou “Personagem da Semana” da revistaÉpoca, e até recebeu uma dica de sua maior inspiração, Lea T: “Felipa terá de ser forte, corajosa e não achar que essa vida é glamour. Tem de se dedicar e estudar, preparar seu futuro, porque nossa vida é difícil”.

Com personalidade forte, Felipa não concorda quando Lea diz que a inclusão de transexuais nas passarelas não é modismo. Para ela, logo logo modelos transexuais deixarão de causar tanto impacto. “É apenas uma fase”, frisa.

Você foi descoberta no workshop de Sérgio Mattos, mas ninguém sabia que era transexual. Acha que, se soubessem da sua história, poderia ser rejeitada?
Acho que não, pois o mercado no mundo da moda abriu para as trans. Se fosse antes da Lea T, com certeza, mas agora não. Antes dela, quem estava? Apenas a Isis King (modelo transexual que participou do ‘America’s Next Top Model), mas ninguém abria espaço. O Serginho viu que a Lea deu certo, essa repercussão toda, então quis dar oportunidade para outras também. Acho que só contribuiu o fato de eu ser trans.

Como é ser a única modelo transexual da agência 40º?
É bem interessante, pois quando querem um trabalho diferente, me chamam. Quando entrei na agência, ninguém sabia da minha história. Assim que souberam, pela mídia, me olhavam de rabo de olho, cochichavam (risos), nada muito anormal. Me receberam e me tratam superbem, tanto as meninas quanto os meninos. 

A moda está mais aberta à diversidade de gênero e sexualidade. Isso pode ser uma fase? O que pretende fazer para prolongar a carreira?
Acredito que seja uma fase, sim, pois a moda vai inevitavelmente mudando. Com o tempo, além de não ser mais uma grande novidade, mais meninas estarão no mercado, o que aumenta a concorrência. Pretendo começar faculdade de moda e também investir em um curso de teatro. Não ficarei só na carreira de modelo, não. Vou abrir um leque de possibilidades para depois que tudo passar.  

Na matéria da revista “Época”, você declarou que se inspira em Lea T. Não tem receio de ficar na sombra dela?
Ela é uma inspiração para mim, adoraria fazer um ensaio ao lado dela, mas não tenho receio de ficar ligada à Lea. Sou bem diferente dela. O estilo de beleza, os nossos traços, são totalmente diferentes. Não acho que existam outras comparações além do fato de sermos trans.

Como está sendo sua trajetória pelo mundo da moda?
Estou fazendo mais fotos neste ano e adorando os ensaios. Aliás, sempre gostei muito do mundo da moda, sessões de fotos e dos temas. Me entrego de corpo e alma. Lembro que, quando era pequena, via os desfiles da Victoria’s Secret e ficava sonhando acordada. Mas não pude dar continuidade porque as mudanças do meu corpo não foram rápidas. Fui mudando com o tempo, demorou um pouco para chegar onde estou, apesar de ainda querer modificar alguma coisa.

O que você pretende mudar mais? 
A primeira mudança é operar... Fazer a redesignação sexual (popularmente conhecida como mudança de sexo). Se eu pudesse escolher, não colocaria silicone, nem mudaria o rosto - já que nem isso eu tenho, é só hormônio - faria a cirurgia de transgenitalização. Não me sinto bem quando me olho no espelho. Quando me arrumo para uma festa, não ligo porque estou de roupa. Mas quando estou saindo do banho... Não me sinto bem, vejo que tem algo errado.

A Lea posou nua com o órgão sexual masculino à mostra na “Vogue”. Teria coragem? 
Apesar de ser uma “Vogue”, não, não teria. Eu tenho algumas fotos em que estou pelada, de lado, mas não de frente. O peito eu já mostro com tranquilidade, porque em todos os ensaios os fotógrafos pedem para eu mostrar. Mas de frente, não. Me olhando já não me sinto bem,  imagina o mundo inteiro olhando inteiro? (risos). Acho que a Lea é muito corajosa.

Sei que o mundo trans é repleto de rusgas. Tem contato com outras modelos transexuais, como Carol Marra, Lea T?
É meio distante mesmo. Com a Lea, depois do conselho que ela me deu na revista “Época”, nunca mais tive contato. Entrei no Facebook da Carol, mas ela ainda não me adicionou. Tenho algumas amigas transexuais que me incentivam, mas já vi muita gente criticando. É muito difícil ter mídia voltada para travestis e transexuais, então quando isso acontece, elas têm que ficar felizes, não apedrejar ainda mais.

Disponível em <http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/lifestyle/2012/02/16/294467-modelo-felipa-tavares-diz-que-moda-com-transexuais-e-apenas-uma-fase>. Acesso em 16 fev 2012.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

'Sofro preconceito de stylists gays', diz modelo transexual Carol Marra

Neto Lucon
20/01/2012 14h00 

Nesta semana, a modelo Carol Marra ganhou várias páginas da revista Quem e Istoé Gente, da qual inclusive é capa, para falar sobre moda transgênero - a mesma que carrega nomes como o da brasileira Lea T e do sérvio Andrej Pejic.

Segundo Carol, apontada com a grande aposta de 2012, as passarelas abrem espaço para as transexuais, mas ainda não as livram totalmente do preconceito. Ela diz que a discriminação existe principalmente entre profissionais gays.

“Sabe o que acontece e eu não entendo? Tem muitos stylists que dizem não querer travesti no casting. Por quê? Acho lamentável, ainda mais vindo deles que são, em sua grande maioria, todos gays”, desabafou.

Em declaração exclusiva ao Virgula LifeStyle, Carol lamenta a rejeição. “A luta deles é a mesma que a minha. Eles passam por tudo o que eu passei também. É uma pena me virarem as costas ao invés de juntos lutarmos por um mundo sem preconceitos”. 

A top revelou que não incomoda de ser comparada com Lea T, mas faz questão de dizer que a pioneira foi Roberta Close, nos anos 80. “Adoro a Lea, ela é incrível, uma referência. Só que ela é mais andrógina, eu sou mais feminina. A pioneira, na verdade, foi a Roberta”, defendeu. “Mas cada um tem o seu caminho. E tem lugar para todo mundo trabalhar”, continuou.


Disponível em <http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/lifestyle/2012/01/20/292536-sofro-preconceito-de-stylists-gays-diz-modelo-transexual-carol-marra>. Acesso em 21 jan 2012.