Thais Sabino
17 de Outubro de 2013
Nas últimas semanas, o casamento entre os personagens
Perséfone (Fabiana Karla) e Daniel (Rodrigo Andrade) da novela Amor à Vida
levantou a questão da discriminação às pessoas com excesso de peso. A
personagem foi chamada de “gorda” e criticada pela família do noivo. Fora da
ficção, a realidade não é muito diferente. Os entrevistados pelo Terra, mesmo
após afirmarem que o importante é a personalidade e conteúdo da mulher,
confessaram que o preconceito contra as obesas ronda o universo masculino e que
a maioria dos homens hesita em assumir um relacionamento com uma parceira no
perfil.
“Não é o peso que define o caráter da pessoa”, disse o
faturista Fabricio Goes. Porém, segundo o analista de tecnologia Bruno Lakatos,
não dá para negar que o preconceito existe como problema cultural em que as
“garotas bonitas são magras” e as “gordinhas não se encaixam no padrão de
beleza”. Lakatos afirmou ainda que os galãs ficam envergonhados em estar ao
lado de uma mulher que não seja considerada tão bonita quanto ele pela
sociedade. Para o auxiliar
administrativo Thiago Fortes, o homem quer alimentar o ego e “quanto mais
bonita a mulher, mais a exibe como troféu”.
Não é comum Fortes e Lakatos se interessarem por mulheres
obesas, segundo eles. O analista de tecnologia, por exemplo, disse que “quando
está em uma balada, onde não conhece as pessoas, procura as mais belas de rosto
e corpo”. Fortes não foi tão incisivo, confessou não ter vivido a situação nem
ter planos para isso, mas disse que os quilos a mais não seriam empecilho para
ele se envolver com alguém. “Procuro uma mulher íntegra e com personalidade
forte, odeio as volúveis e sem opinião. Mas acho que da mesma forma que eu me
cuido, ela pode se cuidar”, acrescentou.
A situação de Goes e do assistente de marketing José Carlos
Rodrigues Júnior é completamente diferente: o primeiro coloca a aparência em
segundo plano e o segundo tem as mulheres “gordinhas” como o tipo preferido.
“Sinto atração física, além de elas serem mais esforçadas, lerem mais, terem
mais cultura e serem mais carinhosas”, explicou Júnior. O assistente de
marketing, se tem algum preconceito, é em relação às magras. “Mulher gordinha
tem mais imaginação, com as magras é tudo sem graça”, disse.
O preconceito dos outros
O gosto de Júnior é motivo de piadas entre os amigos.
“Quando estou na mesa e aparece uma mulher, me avisam com um pouco de sarcasmo.
Outros já são mais diretos e falam: ‘você gosta, mesmo? É mentira, certo?’”,
relatou. Nas rodas masculinas, as mulheres obesas ou às vezes apenas as que
estão acima do peso não passam ilesas: entre os comentários maldosos estão
“baleia, gorducha, rolha de poço, e chupeta de baleia”, exemplificaram os entrevistados.
“As pessoas acreditam que os parceiros têm que ser iguais,
isso acontece não só com gordinhos, mas com asiáticos, negros, entre outros,
pois pensam que a gordinha tem que namorar o gordinho e assim sucessivamente”,
comentou Lakatos. Foi justamente a opinião apresentada pelos pais do personagem
Daniel de Amor à Vida. Se estivessem no lugar dele, os entrevistados ficariam
chateados e se afastariam das pessoas que desrespeitaram a parceira. “Não
importa como a pessoa é, mas o quanto ela vai me fazer feliz”, completou
Junior.
Disponível em
http://mulher.terra.com.br/vida-a-dois/eles-falam-se-a-forma-fisica-das-mulheres-influencia-na-relacao,f1f34523af2c1410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html.
Acesso em 20 jan 2014.