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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Brasileiros preferem casar com pessoas da mesma cor

Amanda Previdelli
17/10/2012 10:17

O Brasil não é tão miscigenado quanto se pensa. No país, pessoas brancas preferem casar com brancas, negras com negras, asiáticas com asiáticas, pardas com pardas e indígenas também preferem se unir com indígenas. Pelo menos é o que aponta pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Censo Demográfico de 2010 - "Nupcialidade, fecundidade e migração", divulgado hoje pelo IBGE, mostra que, entre os brancos, por exemplo, 73,7% dos homens em uma união estável se relacionam com mulheres brancas. 21,1% deles são casados com pardas, 4,6% com negras e apenas 0,5% com asiáticas (o percentual de brancos casados com indígenas é muito baixo: só 0,1%).

Não são só os brancos que preferem “casar entre si” – o fenômeno se repete em todas as outras raças. Entre pardos e indígenas, casamentos intrarraciais são bastante comuns. 68,1% das pessoas pardas são casadas com outra da mesma cor, 24,4% são casadas com brancas e apenas 6,8% com negras.

Entre os indígenas, 64,6% têm casamentos intrarraciais.

No caso de negros em relacionamentos estáveis, 50,3% têm como companhia uma pessoa negra, 25,5% se casaram com brancas e 22,9% com pardas. Os homens da “cor amarela”, segundo a pesquisa do IBGE são os que mais se unem com mulheres de outra cor ou raça: 38,8% são casados com mulheres asiáticas, mas 29,2% se casaram com pardas, 22% com brancas e 9,8% com mulheres negras (o percentual que se casou com indígenas é baixo, mas ainda o maior dentre não-indígenas: 0,3%).


branca
negra
amarela
parda
indígena
branco
75,3%
3,6%
0,6%
20,4%
0,1%
negro
26,4%
39,9%
1,4%
32,1%
0,2%
amarelo
24%
6,8%
44,2%
24,7%
0,3%
pardo
26,1%
3,9%
0,9%
69%
0,1%
indígena
16,6%
3,1%
1%
13,9%
65,4%
Disponível em <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/brasileiros-preferem-casar-dentro-da-propria-etnia?utm_source=newsletter&utm_medium=e-mail&utm_campaign=news-diaria.html>. Acesso em 20 out 2012.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Sexualidade sob a ótica dos subalternizados

Karina Toledo
28/06/2012

Discutir questões de gênero, sexualidade, raça, nacionalidade e outros marcadores sociais das diferenças tendo como base as experiências e as demandas de pessoas que foram historicamente subalternizadas. Esse é o objetivo da coletânea Discursos fora da ordem: sexualidades, saberes e direitos, recém-lançada pela Annablume Editora.

A obra, que contou com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações, foi organizada por Richard Miskolci, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e por Larissa Pelúcio, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ambos são responsáveis pelo grupo de pesquisa Corpo, Identidades e Subjetivações.

Os 12 artigos que compõem a coletânea surgiram após os debates realizados no seminário Sexualidades, Saberes e Direitos, promovido na UFSCar em 2010 também com apoio da FAPESP.

“O grande diferencial do livro, assim como do seminário, é o fato de não ter como base o pensamento disciplinar e sim os saberes de sujeitos como mulheres, travestis, transexuais”, disse Miskolci. Os movimentos sociais que emergiram nos anos 1960, afirmou o organizador, desafiaram o pensamento científico autorizado, trazendo novos temas e sujeitos de pesquisa.

“As feministas, os homossexuais e os negros passaram a exigir que suas demandas políticas fossem reconhecidas como relevantes. Aos poucos, isso mudou a dinâmica de produção de conhecimento, caracterizando o acontecimento histórico que Michel Foucault descreveu como a insurgência dos saberes assujeitados”, disse.

Segundo Miskolci, os textos da coletânea valorizam as demandas contemporâneas herdeiras desse momento histórico. Há artigos inéditos de expoentes da corrente teórica queer – vertente do feminismo que explora questões de sexualidade –, como as norte-americanas Judith Jack Halberstam e Marcia Ochoa.

O livro traz ainda o último texto escrito pela psicanalista Márcia Arán, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) falecida em 2011, no qual ela discute como as experiências transexuais mostram os limites da psicanálise tradicional.

“Partimos do empírico, da experiência de pessoas que muitas vezes não têm nem sequer sua humanidade reconhecida, para repensar os modelos de teoria social hegemônica”, disse Miskolci.

Entre os temas abordados está a criação do primeiro ambulatório para travestis do Brasil, que funciona na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia.

Também é narrada a experiência de pessoas intersexuais, antigamente chamadas hermafroditas, e seu confronto com o aparato médico que deseja operá-las ainda bebês. Além da vivência de brasileiras e brasileiros que migram para Portugal e Espanha em busca de realização pessoal e renegociam suas identidades e desejos lidando com o imaginário que lá vigora sobre o Brasil e seus habitantes.

Os quatro últimos artigos são dedicados a discutir a demanda desses grupos por cidadania, que evidenciam os limites do sistema jurídico existente moldado por concepções hegemônicas sobre aqueles que podem reinvindicar o estatuto de sujeitos de direitos.

O livro foi lançado em maio nos Estados Unidos, durante o Congresso da Latin American Studies Association. No início de julho ocorre o lançamento oficial no Brasil, durante a Reunião Brasileira de Antropologia, na PUC-São Paulo.


Disponível em <http://agencia.fapesp.br/15802>. Acesso em 09 jul 2012.

sábado, 2 de junho de 2012

Medo deflagra preconceitos

Luciana Christante
 24 de junho de 2010

Um estudo realizado com crianças com síndrome de Williams-Beuren (SWB), uma rara doença genética que retarda o desenvolvimento mental, mostra que nem todo preconceito se apresenta da mesma forma no cérebro. Além de não conhecerem o significado da desconfiança e de não sentirem receio de ser rejeitados socialmente, os participantes do estudo se mostraram indiferentes à classificação de cor de pele.

Com a ajuda de pequenas histórias sobre pessoas fictícias, o pesquisador Andreas Meyer Lindenberg, do Instituto para a Saúde Mental, em Mannheim, na Alemanha, analisou quais características os voluntários, entre 5 e 15 anos, associavam a imagens de pessoas, levando em consideração a cor da pele. A cada apresentação, os pequenos recebiam duas figuras e deveriam mostrar – de acordo com seu julgamento – com qual pessoa a descrição combinava. A cor da pele praticamente não desempenhou nenhum papel no julgamento quando associada a descrições como: “mentiroso”, “violento” ou “simpático”. Porém, típicos clichês relacionados aos gêneros (masculino e feminino), como um interesse especial por futebol ou por cozinha, foram claramente identificados nas avaliações.

Estudos similares realizados com crianças saudáveis em idade pré escolar, em diversas partes do mundo, sugerem que pessoas com cor de pele mais escura sempre despertam reações mais negativas. Medições da atividade cerebral dos voluntários mostraram que eles apresentam fortes reações na amígdala (uma das áreas cerebrais responsáveis pela associação e elaboração de percepções e emoções) ao deparar com indivíduos negros. A síndrome de Williams-Beuren, porém, afeta conexões de algumas regiões do cérebro, incluindo a relacionada ao reconhecimento facial. Para Meyer- Lindenberg, os resultados encontrados indicam que o racismo têm, em geral, cunho sentimental negativo, enquanto opiniões sobre gêneros estão apoiadas, principalmente, em conteúdos aprendidos.

Disponível em <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/medo_deflagra_preconceitos.html>. Acesso em 23 mai 2012.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dualismos em duelo

Anne Fausto-Sterling
Cadernos Pagu (17/18) 2001/02: pp.9-79.

Resumo: Os modos europeus e norte-americanos de entender como funciona o mundo dependem em grande parte do uso de dualismos – pares de conceitos, objetos ou sistemas de crenças opostos. Este ensaio enquadra especialmente três deles: sexo/gênero, natureza/criação e real/construído. Embora este texto verse sobre gênero, discuto regularmente o modo como as idéias de raça e gênero surgem a partir de supostos subjacentes sobre a natureza física do corpo. Entender como operam raça e gênero – em conjunto e independentemente – nos ajuda a compreender melhor como o social se torna corporificado.