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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

“Sou a mesma pessoa”, diz modelo que mudou de sexo

Veja
27/07/2014

A modelo transexual Andreja Pejic, que ficou famosa por sustentar seu estilo andrógino em passarelas como as dos estilistas Marc Jacobs e Jean Paul Gaultier, divulgou esta semana à revista People que passou por uma cirurgia de mudança de sexo. Antes chamada de Andrej, a modelo se tornou assunto ao logo da semana com a revelação e, desde então, tem manifestado seus pensamentos e mensagens de agradecimentos aos fãs em suas redes sociais.

“Todos vocês me ajudaram nesta jornada”, diz Andreja em seu perfil do Instagram. “Creio que todos nós evoluímos conforme ficamos mais velhos e isso é normal. Mas gosto de pensar que minha recente transição não me transformou em uma pessoa diferente. Sou a mesma pessoa, sem nenhuma diferença, exceto a diferença do sexo. Espero que vocês entendam isso.”

Na mesma publicação, o modelo encoraja os jovens transgêneros a serem fortes e a lutarem pelo direito de ser tratados com respeito. “Como uma mulher transexual eu espero mostrar que, após a transformação (um processo que salva vidas), uma pessoa pode ser feliz e bem-sucedida.”

Em entrevista à People, Andreja disse que tornar pública sua cirurgia foi uma atitude política. “Espero que me abrindo sobre isso o assunto se torne menos tabu.” Segundo ela, o desejo de mudar de sexo vem desde a infância. “Eu sempre sonhei em ser uma menina", diz.


Disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/sou-a-mesma-pessoa-diz-modelo-que-mudou-de-sexo. Acesso em 07 out 2014.

sábado, 16 de agosto de 2014

Modelo transexual está na disputa pelo título de Miss Inglaterra

Extra Online
14/01/12 

Jackie Green se tornou a mais jovem transexual inglesa após fazer uma operação de mudança de sexo na Tailândia em seu aniversário de 16 anos.

Agora, aos 18, Jackie foi convidada por olheiros que não sabiam de sua história a participar do Miss Inglaterra, noticiou o site do The Sun. A aspirante a modelo quer usar a oportunidade para falar sobre bullying e transexualidade.

"Fiquei impressionada quando os olheiros me chamaram. O Miss Inglaterra é um concurso de muito prestígio. Eu adoraria ganhar. Eu tenho tanta chance quanto qualquer outra mulher", disse Jackie.

O desejo de Jackie de trocar de sexo vem desde os 4 anos de idade. Aos 10 anos, ela já tinha cabelos longos e usava uniformes femininos para ir à escola.

Aos 12, sua mãe, Susie, levou a menina a uma clínica nos Estados Unidos para que começasse a tomar hormônios e interrompesse a puberdade. O próximo passo foi fazer uma segunda hipoteca da casa para pagar a mudança de sexo, que custou cerca de R$ 75 mil. Por causa de bullying, Jackie chegou a tentar o suicídio cinco vezes.

"Eu tenho que agradecer a minha mãe. Ela salvou minha vida", declarou.

Jackie está em uma rodada preliminar do concurso, onde o público decide quais candidatas disputarão a semifinal.


Disponível em http://extra.globo.com/noticias/mundo/modelo-transexual-esta-na-disputa-pelo-titulo-de-miss-inglaterra-3670400.html. Acesso em 31 jul 2014.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Um elogio a Lea T. ou, como reproduzir normas

Alex Mateus Santos de Oliveira
Faculdade de Artes Visuais - FAV/UFG
Anais do VI Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual
Goiânia-GO: UFG, FAV, 2013

Resumo: Este artigo é uma reflexão sobre como identidades sexuais estão condicionadas/educadas para desempenharem papéis complexos, próprios da concepção de sujeito modernista. Toma como referência o depoimento da modelo transexual feminina Lea T. feito a um programa televisivo. A intenção é menos entender a transexualidade, mas, percebê-la como mote para refletir sobre estruturas sociais que relutam em reconhecer as possibilidades identitárias sexuais em um contexto contraditório que ora normaliza, ora pode desestabilizar. Tal desestabilização pode gerar alternativas de reconhecimento de novas identidades através de práticas educativas sob a perspectiva da cultura visual.





domingo, 13 de abril de 2014

Times for change

Paulo Lima

Infelizmente, já é redundante dizer que as notícias sobre o Brasil têm o péssimo costume de se alternar entre as seções policiais e as colunas sobre escândalos políticos e/ou econômicos. Nas últimas semanas, em especial, oscilamos entre imagens aterrorizantes da cidadã carioca Claudia Silva Ferreira sendo tragicamente arrastada pelo asfalto presa pelas roupas à traseira de um carro da polícia, relatos sobre a onda de lama que vem afogando cada vez mais a maior empresa do País, manifestações tensas nas ruas e cenários pessimistas em relação à nossa capacidade de fazer frente aos compromissos assumidos por conta da Copa do Mundo.

Mas nem tudo está perdido. No último dia 15, o “The New York Times”, muito provavelmente o mais importante e respeitado jornal do mundo, trouxe em suas páginas uma reportagem grande em todos os sentidos, que mudou um pouco o saldo dessa conta.

O artigo trazia um interessante relato sobre como as modelos transgêneros estão sendo tratadas de forma mais digna pela indústria da moda e pela sociedade no Brasil, em que pesem as enormes dificuldades que ainda enfrentam para conduzir suas vidas. Na fotografia ao lado, uma das protagonistas da matéria mencionada, a jornalista carioca Carol Marra, aparece posando para seu primeiro ensaio sensual, publicado na “Trip” em setembro de 2012.

Carol, como afirma o autor da reportagem, tem servido como referência para  modelos, atrizes e profissionais de outras áreas que vão aos poucos vendo sua condição de transgênero sendo aceita e respeitada, de forma especial nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio. O “NYT” não se furta a mencionar o enorme drama que várias dessas pessoas enfrentaram e continuam enfrentando para levar suas vidas de forma ao menos razoavelmente digna. Mas enaltece o fato de que cada vez mais empresas e pessoas percebem que se trata de algo que precisa ser mais bem entendido e acolhido por um país que carece urgentemente de fatos que nos permitam ainda acreditar que somos minimamente civilizados.

Carol chegou a trabalhar em equipes de produção de jornalismo na Rede Globo, desfilou para o estilista  Ronaldo Fraga e esteve em outras empreitadas tão interessantes quanto. Mas nos últimos meses suas atividades profissionais ganharam novo impulso.

Como atriz, fará um papel na festejada série de televisão “Psi”, do canal HBO, baseada na obra do psicanalista e escritor Contardo Calligaris, ele mesmo há muitos anos um estudioso do universo dos indivíduos  transgêneros. Num dos episódios, aliás, Carol protagonizará o primeiro beijo transgênero da tevê brasileira.

Estará ainda como protagonista representando um personagem feminino num dos episódios da série “Segredos Médicos”, do canal Multishow.

No ensaio mencionado pelo jornal nova-iorquino, publicado em 2012, Carol dizia coisas como: “Olha, espero que o homem mude um dia... O preconceito vem da falta de informação. No dia em que o ser humano começar a ouvir mais o outro, conhecer antes de julgar, vai respeitar. O que eu diria para os leitores que se sentirem ofendidos de alguma forma por ver uma Trip Girl transexual? Ninguém precisa gostar de mim, mas respeito é fundamental. Sou um ser humano como outro qualquer, tenho pai e mãe, e não escolhi ser transexual. Eu nasci assim. Meu sonho é simples.

É ter um marido, uma família feliz, uma vida comum.” Como dizem aqueles que realmente se aprofundam nas pesquisas sobre o futuro da comunicação, independentemente de toda a tecnologia que o mundo possa desenvolver, o olhar humanizado e capaz de ver o que não é óbvio nem necessariamente consagrado, e muito especialmente a capacidade de acessar os sentimentos das pessoas através de histórias bem escolhidas e bem contadas, vai continuar por muito tempo determinando a diferença entre o que passa e o que fica.  O “NYT” sabe disso faz tempo.


Disponível em http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/356260_TIMES+FOR+CHANGE. Acesso em 8 abr 2014.

segunda-feira, 31 de março de 2014

O sucesso das modelos transexuais no Brasil, terra do Carnaval e da fé religiosa

Taylor Barnes  

Quando era garoto no interior do Brasil, Carol Marra observava os pais corrigirem, com muita delicadeza, os estranhos que elogiavam 'sua filha'; já adolescente, desejou os namorados das colegas de classe e começou a usar roupas andróginas na rua ‒ que trocava por peças masculinas antes de voltar para casa, dentro do carro mesmo.

Hoje, aos 26 anos, é uma das modelos bastante requisitadas e se tornou uma estrela: já fez duas minisséries para a TV, criou sua própria linha de lingerie, é a primeira transexual a desfilar na Fashion Rio ‒ considerado um dos eventos mais importantes da moda nacional ‒ e a posar para a Revista Trip, badalada revista brasileira que traz fotos de mulheres nuas.

Essa popularidade sugere uma mudança surpreendente, embora frágil, na cultura popular em relação à Carol e outras tops como ela. Em um país que faz questão de celebrar seu patrimônio multirracial e multicultural, capitais cosmopolitas como São Paulo e Rio de Janeiro se tornaram locais onde a diversidade sexual vem sendo mais aceita; por outro lado, elas dizem que o Brasil continua, sob vários aspectos, extremamente conservador, com um forte sentimento religioso que cria um ambiente hostil para a população LGBT.

'Dizem que o Brasil é um país liberal e progressista, mas não é bem assim', afirma Carol enquanto o cabeleireiro cuida de suas madeixas em um salão sofisticado dos Jardins antes de uma sessão de filmagens.

No entanto, ela é símbolo de sucesso para um número cada vez maior de modelos transexuais que migram de regiões mais pobres e remotas para São Paulo, considerado o centro mais importante da moda na América do Sul.

'Quando cheguei aqui, senti a diferença na hora', conta Melissa Paixão, de 22 anos, que se mudou quando tinha 19.

Ela nasceu Robson Paixão em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, mais tradicional. Quando era adolescente, ganhava um dinheirinho extra posando como Marilyn Monroe e Audrey Hepburn para uma loja. Embora saiba que atrai olhares na rua, prefere atribuir a atenção nem tanto ao preconceito, mas ao fato de ser uma mulher de 1,80 m.

Apesar de relativamente novas no ramo, Melissa, Camila Ribeiro e Felipa Tavares têm espaço garantido no mercado nacional: Camila desfilou no Fashion Business, no Rio, para a sofisticada Santa Ephigênia; Melissa vai aparecer no catálogo de Walério Araújo, estilista famoso pelo estilo exuberante que veste celebridades como Preta Gil e Maria Rita.

As modelos afirmam que suas experiências refletem a ideia de que a aceitação social é uma realidade, ainda que desigual, apesar da imagem de 'vale-tudo' que o país projeta no exterior. Os movimentos gay e transexual praticamente desapareceram entre 1964 e 1985, período que durou a ditadura militar. Na mesma época, eles começaram a florescer em outras partes do mundo.

O histórico da transgressão de gêneros no Brasil é antigo, reforçado pelo Carnaval. A participação de homens vestidos de mulher, com o rosto emplastado de maquiagem, é tão tradicional quanto o desfile das escolas de samba.

Shows de artistas drag queens e gays viraram moda nas casas noturnas do Rio nos anos 50 e 60; nas décadas posteriores, os transexuais começaram a fazer tratamentos hormonais e a usar silicone para feminilizar o corpo, como explica James N. Green, historiador e autor de 'Beyond Carnival: Male Homosexuality in Twentieth-Century Brazil'.

O Brasil também passou a dar grande apoio aos direitos dos gays: São Paulo realiza uma das maiores marchas do Orgulho Gay do mundo e, desde janeiro, o Judiciário reconhece a união civil, além da adoção e casamento, entre homossexuais ‒, mas a proposta de distribuição de um kit antidiscriminação nas escolas públicas foi vetada por membros da bancada evangélica do Congresso, que reclamou do conteúdo sexual.

Ao mesmo tempo, a violência e o preconceito permanecem grandes. Segundo o Grupo Gay da Bahia, 338 gays, lésbicas e transexuais foram mortos em 2012. Não é possível verificar os motivos de cada crime, mas várias vítimas tinham sinais de tortura e ferimentos múltiplos, levando os ativistas a acreditarem que podem ter sido crimes de ódio, afirma Luiz Mott, antropólogo e historiador que fundou o grupo.

James Green acredita que a fama dos modelos transexuais, apesar de positiva em termos individuais, tem pouco valor político.

'Significa que os homens com aparência feminina não representam uma ameaça contanto que continuem submissas, preocupadas apenas com a aparência, roupas e maquiagem. Assim elas se encaixam perfeitamente nas fantasias masculinas.'

Alguns modelos se consideram altamente politizados; já outros preferem ser aceitos como uma mulher qualquer.

Roberta Close, que posou para a Playboy em 1984, é considerada o primeiro modelo transexual do país e arrebanhou inúmeros fãs com sua beleza delicada; a atriz Rogéria, nascida Astolfo Barroso Pinto, é famosíssima no Brasil, e já participou de vários programas na poderosa TV Globo.

Mesmo assim, o número de transexuais na moda é irrisório considerando-se a vastidão do setor aqui.

A modelo transexual brasileira mais conhecida internacionalmente é Lea T, nascida Leandro Cerezo, filho do ex-jogador Toninho Cerezo. Ela posou para a campanha da Givenchy em 2010, além de ter desfilado na Semana da Moda de São Paulo ao lado de nomes como Gisele Bündchen e Alessandra Ambrosio, conhecidas por seu trabalho na Victoria's Secret.

Para Débora Souza, agente que representa Carol Marra, a modelo transexual é interessante porque atrai tanto o público feminino como o gay, que é o mais importante do mundo da moda. Ao se aventurarem além dele, porém, já não têm tanto sucesso.

A amazonense Camila Ribeiro posou para a Candy, que se autodenomina 'a primeira revista do estilo de vida transexual', mas reclama que, apesar de bem-recebidas nas publicações de moda e artísticas, experimentais ou de vanguarda, as modelos transexuais ainda encontram dificuldades em abrir espaço nas principais revistas, catálogos, feiras e anúncios de apelo popular.

A própria Carol admite que o sucesso de que goza no mundo da moda não se reflete em outras áreas ‒ e confessa que sua página no Facebook vive inundada de mensagens masculinas vulgares, quase sempre perguntando quanto cobra pelo programa. 'Nunca quis me tornar uma ativista da causa. Prefiro agir como qualquer outra.'

Só resolveu se tornar mais ativa depois de começar a receber mensagens de transexuais de várias partes do país ‒ como a prostituta em Manaus que a viu na TV e pediu conselhos.
Carol também reclama que não recebe tratamento justo na escalação de papéis, encarnando sempre a mulher transexual.

'A grande maioria dos atores é gay e, no entanto, faz papel de galã', diz ela para a diretora da minissérie. 'Por que não posso ser empregada, secretária, sei lá, uma árvore?'


Disponível em http://nytsyn.br.msn.com/colunistas/o-sucesso-das-modelos-transexuais-no-brasil-terra-do-carnaval-e-da-f%C3%A9-religiosa#page=0. Acesso em 23 mar 2014.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Homens querem ir para motel escondidos, diz modelo transexual

Mato Grosso Notícias
06/09/2012

"A partir do momento em que os homens sabem que sou transex tudo muda. Mesmo que seja só ali, entre eu e eles, já me tratam como um pedaço de carne, querem ir escondidos pro motel... e isso eu não aceito. Não sou marginal ou um ET. Se não for assim não saio, prefiro ficar sozinha", disse à revista.

"Não sou travesti, sou transex. É bem diferente. A travesti aceita seu membro, e o usa na relação. Já a transexual não se conforma com sua genitália, daí a necessidade da cirurgia", diferenciou.

"Meus pais percebiam que eu era diferente desde pequena: na rua, perguntavam se eu era menino ou menina. Eu ficava de castigo e nem sabia por quê. Não tinha amigos, tive uma infância e adolescência solitárias. Meus pais imaginavam que eu fosse gay, mas não esperavam que eu fosse transexual."

E finalizou que "ninguém precisa gostar de mim, mas respeito é fundamental. Sou um ser humano como outro qualquer, tenho pai e mãe, não sou filha de chocadeira. E não escolhi ser transexual. Eu nasci assim. Posso fazer um homem realizado não somente na cama, mas principalmente fora dela."


Disponível em <http://www.matogrossonoticias.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Homens_querem_ir_para_motel_escondidos_diz_modelo_transexual&id=44214>. Acesso em 07 set 2012.

sábado, 15 de dezembro de 2012

"Não é uma vagina que deixa uma pessoa feliz"

Patrícia Diguê
17.Fev.11 

Ela nasceu Leandro Cerezo, filho do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo com sua primeira mulher Rosa Helena. E hoje é uma das modelos mais requisitadas do mundo da moda. Na última São Paulo Fashion Week, desfilou com exclusividade para o estilista Alexandre Herchcovitch. No mês passado, causou polêmica novamente aparecendo na capa da revista britânica “Love” beijando a top Kate Moss. Antes, já havia chocado posando completamente nua para a Vogue Paris (de agosto de 2010), escondendo parcialmente o pênis com a mão.

Transexual assumida e à espera da cirurgia de mudança de sexo, a modelo de 28 anos e 1,80 metro tem receio de falar com a imprensa brasileira devido às fofocas que surgiram no ano passado de que seu pai não a aceitava. Lea T mora na Itália, onde cresceu por conta do trabalho de Cerezo. E começou a carreira de top model quando o estilista da Givenchy Ricardo Tisci, para quem ela trabalhava como assistente pessoal, resolveu colocá-la na passarela. Por causa de Ticci é que passaram a chamá-la de Lea T. Apesar de magoada com as fofocas sobre sua família, Lea falou à Istoé com exclusividade em sua rápida passagem pelo Brasil. E contou um pouco sobre como é ter uma sexualidade fora do convencional em países tão conservadores como o Brasil e a Itália, sobre a necessidade que sente de esclarecer o que é o transexualismo e criticou a forma como o assunto foi colocado no Big Brother Brasil.

ISTOÉ - Por que você demonstrava um pé atrás em voltar ao Brasil?
Lea T - Isso é normal quando você sofre alguma coisa e fica machucada, mas depois cicatriza e passa, sempre cicatriza. Mas eu tinha meus motivos, todo mundo sabe, porque falaram coisas feias do meu pai, mentiras, falaram um monte de mentirada, inventaram umas coisas sobre meu pai, que ele não me aceitava, tudo mentira. Eu não sei quem começou esta coisa.

ISTOÉ - O seu relacionamento com ele é distante?
Lea T - Não temos relacionamento distante, meu pai é separado da minha mãe, temos relacionamento como qualquer filho que foi separado do pai, porque ele não morava em casa com a família. Eu beijo meu pai, sempre vou visitar, vejo duas três vezes ao ano, porque ele mora aqui e eu na Itália, mas a gente se fala pelo telefone sempre.

ISTOÉ - É por causa disso também que você tem receio de dar entrevistas no Brasil?
Lea T - É. Porque foi uma maldade. Pensei: o que vou fazer lá? Para escutar coisas piores ainda? Você fica triste, mas depois conheci a galera da Way (agência de modelos que a representa no País) e minha família falou que as coisas já não eram tão assim, que as pessoas tinham mudado a cabeça, então decidi vir.

ISTOÉ - Como foi o convite para desfilar para o Herchcovitch?
Lea T - Eu tinha falado para a minha agência que não iria aceitar qualquer convite, aí eles me ligaram falando da proposta do Herchcovitch, disseram que era a linha que eu gosto, já conhecia o trabalho dele.

ISTOÉ - Se sentiu muito assediada chegando por aqui?
Lea T - Está sendo tranquilo, todo mundo muito legal, nunca fui tão bem tratada em toda a minha vida.

ISTOÉ - Quais os próximos trabalhos?
Lea T - Volto para a Itália, fico um dia, deixo as malas, vou para Chicago e em seguida Nova York para os desfiles.

ISTOÉ - Você acha que o comportamento das pessoas com relação aos transexuais realmente está mudando no Brasil?
Lea T - Mais ou menos. Isso não muda rapidinho, o povo está me aceitando melhor pelo fato de eu estar fazendo trabalhos grandes, isso meio que cala a boca das pessoas. Mas eu continuo não vendo um transexual trabalhando em um hotel, trabalhando em um banco, em lugar nenhum, então ainda tem preconceito.

ISTOÉ - Os transexuais ainda precisam se esconder então?
Lea T - Claro. Prostitutas, são todas prostitutas, porque não têm oportunidade de trabalho.

ISTOÉ - Você também teve a mesma dificuldade?
Lea T - Eu tive. Na Itália é pior do que aqui. Por causa do Vaticano, o povo é muito preconceituoso, então não conseguia arrumar emprego, e bate aquele desespero.

ISTOÉ - O que você fazia antes de entrar no mundo da moda?
Lea T - Antes eu era um menino, diferente, mas encontrava trabalho. Eu trabalhava de assistente, era só mais um gay, que é mais aceito, apesar de ainda ter muito babado sobre isso. Mas quando virei transexual, aí o negócio mudou.

ISTOÉ - Como assim virou transsexual?
Lea T - Transexual significa uma transição sexual, então você começa uma transexualizacão. Você nasce com uma síndrome de identidade de gênero, até uns seis anos de idade se vê apenas como uma criança, mas quando começa a se identificar com alguma coisa, quando começa a entender, é que começa a se ver nem como homem nem como mulher, mas você ainda não é uma transexual, você vira transexual quando começa a fazer terapia e a ser seguida por médicos para mudar de sexo.

ISTOÉ - Você sempre sentiu a necessidade de mudar de sexo?
Lea T - Sim, mas não posso falar muito sobre isso por causa do contrato com a Oprah (Lea firmou contrato com a apresentadora americana Oprah Winfrey para uma entrevista exclusiva onde falará sobre sua cirurgia).

ISTOÉ - Quando será a cirurgia e por que ela é importante?
Lea T - Ainda não tem uma data exata. É uma questão estética, se você não se sente bem com seu pênis, aí terá uma coisa mais coerente com seu corpo e sua mente.

ISTOÉ - Isso vai te fazer mais feliz?
Lea T - Não, não é uma vagina que deixa uma pessoa feliz. Vai facilitar minha vida a nível de documento e vai me deixar numa questão estética melhor, vou viver melhor esta coisa, por causa da profissão e tudo. Mas não traz felicidade isso, senão todo mundo fazia. E todas as mulheres seriam felizes.

ISTOÉ - O que é mais importante, a cirurgia ou documento?
Lea T - Os dois são muito importantes quando se decide fazer uma coisa destas. Eu acho desaforo, deveria existir o homem, a mulher e o transexual, mas a lei nos ignora, então eles te põem como mulher, mas não é uma mulher, apesar de ter uma cabeça de mulher, mas não é.

ISTOÉ - Como é na hora de ter que mostrar sua documentação com um nome masculino? É constrangedor?
Lea T - É, nossa, na Itália, eles te tratam igual um lixo.

ISTOÉ - E no Brasil?
Lea T - Aqui eles são delicadérrimos nestas horas, nunca tive um problema deste tipo no Brasil, são finérrimos. Lá tem o Vaticano, menina, o bicho pega naquele país. Foram trilhões de situações constrangedoras, falam que você é puta, isso e aqui, é difícil, muito difícil.

ISTOÉ - E como você reage diante de uma situação assim?
Lea T - Eu brigo, eu não sou de ficar calada. Eu luto pelos meus direitos, não estou fazendo nada de errado para ninguém, então caio em cima mesmo.

ISTOÉ - Você se sente como uma espécie de porta voz dos transexuais?
Lea T - Eu sei que sou uma das poucas que conseguiu um trabalho, mas não me sinto como porta voz, acho que ninguém é porta voz de ninguém, entendeu? Cada um tem que seguir a própria personalidade, a própria vida, ter honra da própria vida. Eu consegui um trabalho, diferente de várias, e isso pode ser uma mensagem legal para elas, isso é importante.

ISTOÉ - Mas você, mesmo que não queira, acaba sendo um exemplo não é?
Lea T - Claro, um exemplo de que não existe só aquela mesma estrada, que você pode fazer outras também.

ISTOÉ - Como você viu a presença de uma trans no Big Brother Brasil?
Lea T - É muito delicada isso, eu achei que essa coisa de Big Brother mostrou que o Brasil ainda não está pronto para isso. Eu não sou superior a ninguém, mas eles quiseram por uma transexual só porque está se falando muito em transexual, para levantar a audiência, eu achei que foi uma coisa meio barata. Ela (Ariadna Thalia) é uma menina linda, vitoriosa, lutadora, pelo que eu entendi da história dela, ela teve uma história dura. Mas o problema é que, como já se fala tão pouco em transexuais, se você põe uma em um programa como esse precisava ser algo menos estereotipado. Pelo amor de Deus, ela é foférrima, mas tem que por alguém que possa mudar essa imagem. Não se pode colocar um transexual lá e ficar perguntando “qual é a transsexual?”, tipo “cadê o Wally?. É um nível muito baixo e não ajuda o povão a entender estas coisas. Acho que é diminuir uma luta que poucas transexuais fazem. Acho que sair dizendo “Eu tenho a honra de ser a única transexual do Big Brother” não contribuiu. Eu não tenho a honra de ser a única modelo, eu vou ter a honra de ser a única médica, que curou uma doença, honra de ser como a presidente da Lancôme, que é uma transexual, aí sim.

ISTOÉ - E como fazer as pessoas entenderem?
Lea T - É difícil, porque elas apontam o dedo na minha cara. Aí eu tento explicar para as pessoas que elas estão apontando o dedo para uma pessoa que sofre, que vive como você e que tem muito mais problema do que você. E que uma transexual não é uma pervertida. Por isso que dou entrevistas e falo tanto a respeito. Seria mais interessante se essa trans do Big Brother tivesse falado “eu sofro, passei por isso e aquilo”, em vez de dizer dane-se o mundo.

ISTOÉ - Por que você acha que o mundo da moda te acolheu?
Lea T - O mundo da moda me acolheu porque eu comecei com uma pessoa que é muito influente no mundo da moda (Ricardo Tisci) e eu fiz esse projeto de usar isso para passar uma mensagem, para parar de se esconder. Ser modelo aconteceu por acaso, mas a coisa mais interessante é passar uma mensagem, quando a pessoa me dá um microfone eu grito que sou um transexual. Eu tenho prazer claro de sair em fotos bonitas e ir a desfiles, mas eu acho que isso não tem que ser o fundamental.

ISTOÉ - O que poderia ser feito no Brasil para que os transexuais tivessem mais qualidade de vida?
Lea T - Você não tem apoio financeiro para mudar o seu corpo, porque quando você nasce e se vê em um corpo de homem, precisa de ajuda para se transformar, para não ficar coma aquela coisa ridícula, quer dizer, não ridícula, mas aquela coisa que você não gosta. Não existe uma facilitação para fazer a cirurgia, então deveria haver apoio para isso. Por exemplo, você tem pelo de homem e tem que tirar esses pelos, com laser, e o laser custa R$ 1 mil a sessão. Você quer por peito ou tem um queixo enorme, masculino, são coisas que incomodam a gente em um nível muito forte, porque você olha no espelho e vê traços de homem, o que faz com que você viva mal seu corpo. Quando fica comprovado que pessoa é transexual, precisa ajudá-la a fazer isso, senão por isso que são todas prostitutas, porque você vive o corpo errado, então fica desesperada.

ISTOÉ - O que diria para as pessoas que acham que o sistema de saúde não deveria gastar recursos com este tipo de coisa?
Lea T - Olha, eu vou te dar uma estatística: de cada 10 transexuais, quatro se matam. Tem uma quantidade grande de transexual no mundo, então eu acho que todos têm direito, se tem que dar prioridade para outras coisas, a gente também tem que ter essa prioridade. Tem que ter igualdade. Nós sofremos de uma patologia séria, de identidade de gênero, então não dá para dizer quem tem menos prioridade. É um distúrbio, que precisa de atendimento.

ISTOÉ - Foi para levantar a bandeira pelos direitos dos transexuais que decidiu posar nua?
Lea T - Foi, posei por causa disso. Foi uma foto nua, crua, sem maquiagem, do jeito que você é, feia. Eles quiseram mostrar uma coisa verdadeira, mesmo uma transexual, que não está perfeita, boneca, linda, montada, mas ela existe, ela está na página de uma revista como a Vogue.

ISTOÉ - Foi sua única sessão de fotos nua?
Lea T - Assim que dá para ver o pênis foi a única.

ISTOÉ - Foi difícil?
Lea T - Não. Não gosto do meu corpo, mas não tenho vergonha, eu convivo com ele bem.

ISTOÉ - Tem alguma parte do seu corpo que gosta mais?
Lea T - Tem algumas que eu gosto, outras não.

ISTOÉ - Você se acha bonita?
Lea T - Não. Não acho.

ISTOÉ - Nem nas fotos?
Lea T - Não, não me acho bonita. Eu acho que eu sou um tipo diferente de beleza, um estilo diferente, não sou bonita, com rostinho de boneca.

ISTOÉ - Quem você acha que é bonita?
Lea T - A Raquel Zimmermann (modelo brasileira) acho linda. Eu não sou daqueles que ama as mulheres bonitas, eu gosto das mulheres com imperfeições, amo a Pat Smith (cantora americana), acho ela linda.

ISTOÉ - Você se sente atraída sexualmente por homens ou por mulheres?
Lea T - Eu já experimentei os dois. Eu gosto de dizer que eu gosto da pessoa. Claro que sexualmente eu me sinto mais atraída por homem, hétero. Por isso mesmo que quero fazer a intervenção, para poder ter uma relação mais hétero. Mas isso não significa que depois que eu operar eu me apaixone por uma mulher.

ISTOÉ - Você se sente bem resolvida sexualmente?
Lea T - Não, hoje não. Eu não acho que a relação com alguém que ainda não foi operado seja uma relação hétero, para mim é um relação bissexual.

ISTOÉ - Você está namorando?
Lea T - Não falo a respeito de namoro.

Disponível em http://www.istoe.com.br/reportagens/124781_NAO+E+UMA+VAGINA+QUE+DEIXA+UMA+PESSOA+FELIZ+. Acesso em 14 dez 2012.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Androginia: homem russo heterossexual está fazendo sucesso como modelo feminino

Osmairo Valverde
22 de setembro de 2012 

Stanyslas Fedyanin, um homem de 16 anos, morador da cidade de Moscou, Rússia, está ganhando notoriedade mundial por sua estética.

Ele é aclamado como uma incrível modelo feminina internacional. Fedyanin é heterossexual e namora uma mulher que adora sua androginia. Os fotógrafos o chamam de “rei andrógino” por sua capacidade de “roubar” a vaga publicitária que seria destinada para as mulheres.

As críticas são fortes. Não existe uma opinião homogênea sobre o fato de um homem com 1,80 m e 45 kg ser mais feminino e fazer mais sucesso na moda que muitas modelos internacionais.

Sua popularidade na Rússia e em vários países da Europa está aumentando ferozmente. Ele foi contratado pela empresa Dopamin Models, uma grande agência de modelos na Alemanha.

Saiba mais!

O que é uma pessoa andrógina? É a mistura de várias características que tangem o masculino e feminino em uma única pessoa. Um andrógino não se define como homem ou mulher.

A psicologia encara a androginia como um transtorno de identidade de gênero, uma condição em que o psíquico não se vê ou não se identifica com nenhum dos dois sexos, mas como alguém mentalmente híbrido, resultado da misturada dos dois gêneros.

Abaixo você confere fotos de alguns trabalhos importantes que Fedyanin realizou e um vídeo com alguns momentos de sua vida profissional:

Disponível em <http://jornalciencia.com/inusitadas/mundo-estranho/2090-stanyslas-fedyanin>. Acesso em 23 set 2012.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Projeto institucional: Orientação sexual

Maria Helena Vilela

Objetivos
-  Envolver professores e pais no trabalho de orientação sexual dos estudantes. 
-  Desenvolver nos alunos o respeito pelo corpo (o próprio e o do outro). 
-  Refletir sobre diferenças de gênero e relacionamentos. 
- Dar informações sobre gravidez, métodos anticoncepcionais e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). 
- Conscientizar sobre a importância de uma vida sexual responsável.

Conteúdos
- Sistema reprodutivo
- Corpo humano
- Padrões de beleza 

Anos 
1º a 5º.

Desenvolvimento 
1ª etapa 
Prepare a escola e a comunidade: 

Capacitação da equipe
Professores e funcionários devem estar preparados para lidar com as manifestações da sexualidade de crianças e jovens. Um curso de capacitação sobre os principais temas (como falar e agir com crianças e adolescentes; prazer e limites; gravidez e aborto; DSTs etc.) é o mais indicado. Além disso, os formadores podem ajudar a identificar os conteúdos das diversas disciplinas que contribuem para um trabalho sistemático sobre o tema.

Envolvimento dos pais
Faça uma reunião com as famílias para apresentar o programa. Aproveite para falar brevemente sobre as principais manifestações da sexualidade na infância e na adolescência.

Formação permanente
Organize um grupo de professores para estudar temas ligados à sexualidade e discutir as experiências em sala de aula. 


2ª etapa
O trabalho em sala de aula exige que você fique atento às atitudes e à curiosidade das crianças, pois são elas que vão dar origem aos debates e às atividades propostos a seguir: 

Vocabulário da sexualidade
Palavrões são comuns nas conversas infantis e podem ser usados para fazer graça ou para agredir. Mas eles perdem rapidamente o impacto quando você os escreve no quadro. Explique o significado de cada um, deixe claro que todos podem ser ofensivos e, por isso, não devem ser usados - principalmente em público. Caso as palavras façam referência aos órgãos sexuais, levante as outras que a turma conheça para pênis e vagina. Escreva no quadro os termos corretos e utilize-os nas conversas sobre o tema. 

Padrões de beleza 
Ao perceber que os alunos debocham da aparência de um colega, um bom caminho é promover um debate sobre padrões de beleza. Que tal passar o filme Shrek? Por que a princesa Fiona se esconde quando vira ogra? Ela só é aceita quando aparenta ser bela? Que qualidades têm os personagens? É justo que as pessoas evitem quem não acham bonito? Outro bom exemplo é a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. A modelo é bonita? Explique que, na época em que foi pintada, ela era (sim) um padrão de beleza. Divida a turma em duplas e peça que cada um descreva qualidades ou algo que ache bonito no colega. 


Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/projeto-institucional-orientacao-sexual-641383.shtml?utm_source=redesabril_fvc&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_novaescola>. Acesso em 27 ago 2012.