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terça-feira, 10 de julho de 2012

Sexualidade sob a ótica dos subalternizados

Karina Toledo
28/06/2012

Discutir questões de gênero, sexualidade, raça, nacionalidade e outros marcadores sociais das diferenças tendo como base as experiências e as demandas de pessoas que foram historicamente subalternizadas. Esse é o objetivo da coletânea Discursos fora da ordem: sexualidades, saberes e direitos, recém-lançada pela Annablume Editora.

A obra, que contou com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações, foi organizada por Richard Miskolci, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e por Larissa Pelúcio, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ambos são responsáveis pelo grupo de pesquisa Corpo, Identidades e Subjetivações.

Os 12 artigos que compõem a coletânea surgiram após os debates realizados no seminário Sexualidades, Saberes e Direitos, promovido na UFSCar em 2010 também com apoio da FAPESP.

“O grande diferencial do livro, assim como do seminário, é o fato de não ter como base o pensamento disciplinar e sim os saberes de sujeitos como mulheres, travestis, transexuais”, disse Miskolci. Os movimentos sociais que emergiram nos anos 1960, afirmou o organizador, desafiaram o pensamento científico autorizado, trazendo novos temas e sujeitos de pesquisa.

“As feministas, os homossexuais e os negros passaram a exigir que suas demandas políticas fossem reconhecidas como relevantes. Aos poucos, isso mudou a dinâmica de produção de conhecimento, caracterizando o acontecimento histórico que Michel Foucault descreveu como a insurgência dos saberes assujeitados”, disse.

Segundo Miskolci, os textos da coletânea valorizam as demandas contemporâneas herdeiras desse momento histórico. Há artigos inéditos de expoentes da corrente teórica queer – vertente do feminismo que explora questões de sexualidade –, como as norte-americanas Judith Jack Halberstam e Marcia Ochoa.

O livro traz ainda o último texto escrito pela psicanalista Márcia Arán, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) falecida em 2011, no qual ela discute como as experiências transexuais mostram os limites da psicanálise tradicional.

“Partimos do empírico, da experiência de pessoas que muitas vezes não têm nem sequer sua humanidade reconhecida, para repensar os modelos de teoria social hegemônica”, disse Miskolci.

Entre os temas abordados está a criação do primeiro ambulatório para travestis do Brasil, que funciona na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia.

Também é narrada a experiência de pessoas intersexuais, antigamente chamadas hermafroditas, e seu confronto com o aparato médico que deseja operá-las ainda bebês. Além da vivência de brasileiras e brasileiros que migram para Portugal e Espanha em busca de realização pessoal e renegociam suas identidades e desejos lidando com o imaginário que lá vigora sobre o Brasil e seus habitantes.

Os quatro últimos artigos são dedicados a discutir a demanda desses grupos por cidadania, que evidenciam os limites do sistema jurídico existente moldado por concepções hegemônicas sobre aqueles que podem reinvindicar o estatuto de sujeitos de direitos.

O livro foi lançado em maio nos Estados Unidos, durante o Congresso da Latin American Studies Association. No início de julho ocorre o lançamento oficial no Brasil, durante a Reunião Brasileira de Antropologia, na PUC-São Paulo.


Disponível em <http://agencia.fapesp.br/15802>. Acesso em 09 jul 2012.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O que a política trans do Equador tem a nos ensinar?

Leandro Colling
Fazendo Gênero 9 - Diásporas, Diversidades, Deslocamentos

23 a 26 de agosto de 2010


Resumo: Pesquisadores que, como eu, utilizam a teoria queer em seus trabalhos, defendem a existência da fluidez das identidades e apontam os problemas das perspectivas essencialistas das políticas identitárias já devem ter, em algum momento, sido criticados com frases do tipo: “Mas como fazer política assim? Como lutar por direitos se não temos um sujeito para representar?  Isso tudo é muito bonito no discurso, mas é impossível na prática”. Alguns dos críticos vão ainda mais longe e chegam a co-responsabilizar os pesquisadores queer pela manutenção da violência sofrida pelos integrantes da comunidade LGBTTTIQ.