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domingo, 25 de novembro de 2012

Sexualidade e experiências trans: do hospital à alcova

Berenice Bento
Ciência & Saúde Coletiva, 17(10):2655-2664, 2012

Resumo: Depois dos estudos das masculinidades, não é possível pensar a produção das identidades de gênero sem referenciá-las ao caráter relacional. Esta mudança deveu-se à incorporação da perspectiva relacional nesse campo de estudos e à crítica ao conceito de gênero assentado em uma suposta natureza feminina e masculina para construir as interpretações sobre o lugar dos corpos da ordem de gênero. Os objetivos desse artigo são: 1) apontar como um determinado conceito de gênero pode visibilizar múltiplas expressões de gênero, a exemplo das identidades trans (transexuais, travestis, cross dress, drag queen, drag king, transgêneros) ou invisibilizá-las e contribuir para sua patologização. O segundo objetivo será apresentar narrativas de homens trans e de mulheres trans, que nos contarão suas vivências sexuais. Os saberes médicos-psi advogam a inexistência de sexualidade em seus corpos, sendo este um dos indicadores para produção do diagnóstico de transexualidade. Tentarei argumentar que a base teórica que sustenta a patologização das identidades trans e a afirmação que as pessoas trans são assexuadas tem como fundamento uma concepção que atrela e condiciona as identidades de gênero às estruturas biológicas.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Gênero, sexualidade e poder

Berenice Alves de Melo Bento
Universidade de Brasília
Revista Múltipla, Brasília, 6(10): 79 – 99, junho – 2001



Resumo: Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa com homens e mulheres pertencentes à camada média urbana de Brasília. Seu objetivo é verificar como o poder é pensado nas relações ditas igualitárias. Embora tal ideologia esteja presente nas falas dos entrevistados como “a certa”, notou-se que a ideologia hierárquica também atua na subjetividade desses atores, provocando conflitos e disputas pautadas por constantes negociações e contradições. Notou-se que, quando se está negociando a administração do doméstico, há um espaço maior para negociação, o mesmo não ocorrendo quando se trata da sexualidade. Em tais condições, denominou-se essas relações como “contraditórias”.




sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Na escola se aprende que a diferença faz a diferença

Berenice Bento
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Estudos Feministas, Florianópolis, 19(2): 336, maio-agosto/2011


Resumo: Neste artigo, problematizo os limites das instituições sociais em lidar com os sujeitos que fogem às normas de gênero. Deter-me-ei principalmente nas respostas que a escola tem dado aos/às estudantes que apresentam performances de gênero que fogem ao considerado normal.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A experiência transexual no contexto hospital

Berenice Bento
pesquisadora associada do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília-Brasil


Resumo: O objetivo desse artigo é apresentar e problematizar os critérios definidos nos protocolos médicos para a produção do diagnóstico médico sobre os/as demandantes às cirurgias de transgenitalização. Dividiremos as discussões em duas partes. Na primeira, nos aproximaremos das definições consagradas nos documentos oficiais que determinam os procedimentos que se devem seguir para a produção do diagnóstico. Na segunda, veremos como estes procedimentos são vivenciados no quotidiano hospitalar pelos/as transexuais. Antes, porém, faremos um breve apartado histórico com o objetivo de contextualizar a problemática transexual.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pesquisa com transexuais mostra preconceito contra mulheres no trabalho

Thiago Cid
18/10/2008 - 02:25


A socióloga americana Kristen Schilt concluiu que homens que se submetem à cirurgia de mudança de sexo perdem salário e poder na carreira. Já as mulheres que assumem sua identidade masculina experimentam uma ascensão profissional.


Cansada de tentar detectar o preconceito de gênero no ambiente de trabalho, a socióloga Kristen Schilt, da Universidade de Chicago, teve uma idéia para demonstrar como o sexo influencia a evolução da carreira e a folha de pagamento dos funcionários. Em parceria com o economista Matthew Wiswall, da Universidade de Nova York, ela usou as experiências de transexuais em seus ambientes de trabalho antes e depois da mudança de sexo. Com esse método ousado, ela tentou diminuir um dos principais problemas para estudar as discriminações relacionadas ao sexo: o fato de que elas, geralmente, são encobertas por outras justificativas, como formação ou critérios de desempenho e comprometimento. Segundo a pesquisadora, seu estudo permitiu comparar a situação de pessoas com exatamente o mesmo capital humano, porém de sexos diferentes.


Dentro de sua pesquisa, Kristen esbarrou em outro assunto mais polêmico e desconhecido do que a discriminação em relação às mulheres e que passou a ser seu foco principal: como é o ambiente de trabalho para os transexuais? Segundo a Organização Mundial de Saúde, a transexualidade um transtorno de identidade e se manifesta pelo desejo de viver e ser aceito como uma pessoa do sexo oposto àquele do nascimento. As pessoas transexuais, no entanto, acham ofensiva essa designação e contestam o uso do termo transtorno. Esse conflito entre o cérebro e o corpo tem início na gestação, quando a programação sexual do cérebro - que ocorre antes da formação dos órgãos sexuais - não corresponde ao sexo biológico. As estimativas são que um em cada 30 mil homens e uma em cada 100 mil mulheres têm esse conflito de identidade. 


As conclusões da pesquisa de Kristen Schilt evidenciam, em parte, o óbvio. Segundo seu estudo, o ambiente de trabalho, assim como qualquer outro meio social, é um ambiente hostil. Mas outras percepções desafiam o senso comum e mostram o privilégio que o gênero masculino pode ter no mercado de trabalho. 


Com base no relato de mulheres transexuais - que nasceram com o sexo biológico masculino, mas têm identidade feminina - e dos homens transexuais - que nasceram com o sexo feminino, mas têm identidade masculina -, a socióloga americana descobriu que, em média, as "novas" mulheres, homens que submeteram a uma cirurgia de troca de sexo, tiveram perdas de salário e de autoridade. Já os "novos" homens relataram um pequeno acréscimo nos rendimentos e mais autoridade entre os colegas. 


Kristen exemplifica a situação com o caso do neurobiologista Ben Barres, da Universidade de Stanford. Ben nasceu Barbara e já tinha uma carreira acadêmica de sucesso quando decidiu fazer a transição de gênero. Ele relatou que certas pessoas que não souberam de sua mudança afirmaram que ele era muito melhor que sua irmã, Barbara. Para Kristen, o depoimento do neurobiologista é sintomático da visão machista no mercado de trabalho e ilustra os benefícios que os homens transexuais eventualmente podem ter. 


A conclusão vai ao encontro da percepção da socióloga Berenice Bento, da UnB, autora dos livros A (re)invenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual e O que é transexualidade. Berenice afirma que, baseada nas pesquisas brasileiras, não é possível constatar os ganhos materiais dos homens transexuais, mas quase todos relatam um ganho subjetivo: liberdade. Segundo a socióloga brasileira, essa liberdade seria traduzida em aspectos do comportamento masculino. “É uma obrigação menor com a aparência, poder ter um certo desleixo para se vestir, poder andar sozinho à noite”, diz. 


Disponível em <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI15117-15279,00-PESQUISA+COM+TRANSEXUAIS+MOSTRA+PRECONCEITO+CONTRA+MULHERES+NO+TRABALHO.html>. Acesso em 10 dez 2009.