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sábado, 6 de dezembro de 2014

Reflexões acerca do transtorno de identidade de gênero frente aos serviços de saúde: revisão bibliográfica

Fernanda Resende Maksoud; Xisto Sena Passos; Renata Fabiana Pegoraro
Revista Psicologia e Saúde, v. 6, n. 2, jul. /dez. 2014, p. 47-55


Resumo: O objeto do estudo é o transtorno de identidade de gênero relacionado ao diagnóstico, aos serviços de saúde, abordando também a visão dos profissionais de saúde. Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória, com abordagem qualitativa através da revisão bibliográfica de artigos nacionais identificados por meio de buscas efetuadas nas bases LILACS e Scielo. Os estudos sobre transexualidade referidos aos serviços de saúde e profissionais sugerem que o assunto ainda é alvo de muito preconceito e que já existem serviços de saúde especializados a fim de diagnosticar e tratar esses pacientes. A análise dos estudos permite concluir que a transexualidade ainda é tratada com desconhecimento por alguns profissionais de saúde, uma vez que os transexuais devem ser acolhidos e tratados com respeito e valorização de sua diversidade.



sábado, 3 de maio de 2014

Identidades desviantes: do macro ao microcosmo

Alexey Dodsworth Magnavita de Carvalho
Mnemosine Revista - volume 4 - número 2 - jul/dez 2013

Resumo: As tentativas de diagnosticar as assim chamadas "aberrações sexuais" podem ser traçadas nos  últimos dois mil anos da história ocidental. Se a ciência oficial contemporânea centra-se em genes e moléculas (o mundo microcósmico), antigamente o foco era sobre os planetas e as estrelas (o mundo macrocósmico). De acordo com Michel Foucault, essa obsessão em aprender, diagnosticar, esconde um intenso desejo de controlar e subjugar. Uma abordagem científica ingênua, ainda que bem intencionadas, é perigosa, porque muitas vezes ignora as forças políticas que usam o discurso científico para impor a sua vontade de poder. Para Foucault, ao invés de uma "scientia sexualis", precisamos de uma "ars erotica". A questão principal não é "por que eu sou o que eu sou?", Mas "como eu posso extrair prazer de minha própria existência?". A vida como uma obra de arte. O fim do mundo das essências.






terça-feira, 21 de janeiro de 2014

80% dos casos de câncer de pênis precisam de amputação, diz HC

G1
23/08/2010

Cerca de 60 homens procuram o Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo com câncer de pênis por ano. Desse número, em 80% dos casos há necessidade de amputação do membro, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. As amputações são feitas, normalmente, porque os casos que chegam ao hospital apresentam gravidade, e todos precisam de intervenção cirúrgica.

O câncer de pênis atinge, atualmente, 2% da população masculina do país, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. Associada a maus hábitos de higiene, a doença é bastante invasiva e alcança altos índices nas regiões Norte e Nordeste do país, onde chega perto de 10%.

De acordo com a secretaria, os sintomas de câncer de pênis são facilmente percebidos: se parece com uma úlcera e forma diversas feridas no membro. Muitos casos não são diagnosticados com rapidez porque a pessoa não acredita que possa ser um câncer.

A fimose pode ser um fator de risco para a consolidação da doença, pois dificulta a higienização do pênis.

Tratamento

O tratamento, geralmente, é feito por meio de cirurgia, pois o câncer avança de maneira rápida e causa traumas que somente a intervenção cirúrgica pode reparar a tempo. Se tratado a tempo, o paciente sofre danos menores, que não o impedirão de ter uma vida sexual ativa.

O diagnóstico precoce é fundamental, pois evita grande parte do sofrimento e sequelas no paciente. A prevenção do câncer é simples. Basta estar atento à higiene diária do membro.


Disponível em http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/08/80-dos-casos-de-cancer-de-penis-precisam-de-amputacao-diz-hc.html. Acesso em 20 jan 2014.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Aspectos da psicossexualidade e da personalidade de pacientes autodenominados transexuais masculinos e femininos avaliados pelo teste projetivo de Szondi

Elisa Del Rosario Ugarte Verduguez
Universidade de São Paulo - SP
Área de Concentração: Endocrinologia
São Paulo, 2009

Resumo: O transexualismo é um transtorno da identidade sexual, associado a uma forte e persistente identificação com o sexo oposto. Há poucos estudos referentes à utilização de testes psicológicos para auxiliar no diagnóstico do transexualismo. O objetivo deste estudo foi avaliar os aspectos da psicossexualidade de pacientes autodenominados transexuais através do teste de Szondi: Estudo retrospectivo e prospectivo no quais os pacientes com transtornos da identidade de gênero foram avaliados através de entrevistas livres; com aplicação dos critérios diagnósticos de transexualismo da DMS-IV da Associação Psiquiátrica Americana, seguido da aplicação dos testes projetivos de Szondi e H-T-P. O teste de Szondi foi aplicado por 8 vezes em cada indivíduo para avaliação quantitativa das proporções psicossexuais Dur e Moll. OS pacientes com diagnóstico de transtorno específico da identidade de gênero (transexualismo) foram acompanhados em psicoterapia de grupo por pelo menos 2 anos. Casuística: 105 indivíduos autodenominados transexuais (78 masculinos); grupo controle: 109 indivíduos (55 homens) autodenominados heterossexuais. Após aplicação dos critérios diagnósticos para transtorno da identidade de gênero do DMS-IV da Associação Psiquiátrica Americana e acompanhamento psicoterápico foram definidos como transexuais 41 indivíduos do sexo masculino e 17 indivíduos do sexo feminino. Na análise estatística as variáveis obtidas nos testes Szondi e H-T-P foram avaliadas por testes não paramétricos. Resultados: No grupo masculino, houve predomínio da proporção Moll total assim como na proporção Moll no vetor sexual e no do ego nos transexuais em comparação aos heterossexuais e aos portadores de transtorno da identidade de gênero não especificado (p<0,05). A sensibilidade do teste Szondi para identificação feminina nos transexuais masculinos foi de 80%, a especificidade de 86% e a acurácia de 83% enquanto que a sensibilidade do teste H-T-P foi de 88%, a especificidade de 54% e a acurácia de 72%. No grupo feminino houve predomínio da proporção Dur total assim como na proporção Dur do ego nas transexuais em comparação as heterossexuais e as portadoras de transtorno da identidade de gênero não especificado (p<0,05). A sensibilidade do teste Szondi para identificação masculina nos transexuais femininos foi de 94%, a especificidade de 67% e a acurácia de 85% enquanto que no teste H-T-P a sensibilidade foi de 94%, a especificidade foi de 33% e a acurácia de 73%. No período pós-cirúrgico todos os pacientes portadores de transtorno específico da identidade de gênero se mostraram satisfeitos, com alguma frustração pela limitação do processo transexualizador, por terem realizado a cirurgia, porém com melhora significativa dos vínculos sócio-familiares. Discussão: A validação de testes psicológicos para o diagnóstico dos transtornos de identidade de gênero é de grande importância visto o número crescente de pacientes com queixas de transtorno sexual que procuram tratamento. No estudo atual analisamos as propriedades do teste Szondi e do teste H-T-P num grupo de pacientes com transtornos da identidade de gênero classificados através dos critérios vigentes. Verificamos que a acurácia do teste Szondi foi maior que a do teste H-T-P no diagnóstico dos transtornos específicos da identidade de gênero a custa de uma maior especificidade frente a uma sensibilidade semelhante. Além disto, a detecção de transtornos psíquicos pelo teste Szondi, que podem ser causa ou efeito do transtorno da identidade de gênero, permite alertar o psicoterapeuta na indicação da cirurgia de transgenitalização. Conclusão: O teste Szondi mostrou ser um excelente teste auxiliar para o diagnóstico do transexualismo em ambos os sexos.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Atenção à saúde de pacientes com ambiguidade genital

Susane Vasconcelos Zanotti
Hélida Vieira da Silva Xavier
Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Arquivos Brasileiros de Psicologia; Rio de Janeiro, 63 (2): 1-121, 2011

Resumo: A presente pesquisa buscou conhecer e compreender as ações envolvidas na atenção à saúde de pacientes com ambiguidade genital em um Hospital Geral do Nordeste. A metodologia consistiu em levantamento de dados nos prontuários para identificar os casos de ambiguidade genital atendidos no período de 2003 a 2007 e entrevistas com profissionais da área de saúde. A chegada ao hospital de um sujeito com genitália ambígua fomenta questões delicadas pertinentes ao diagnóstico e tratamento à problemática. Este último esbarra em limitações relacionadas à infraestrutura do hospital. Somado a isso, as dificuldades geradas pela dinâmica hospitalar restringe a conduta dos profissionais de saúde envolvidos na atenção à saúde de pacientes com ambiguidade genital.


sábado, 22 de junho de 2013

Criança tem diagnóstico raro de transtorno de identidade de gênero

O Dia
21.02.2012

Aos cinco anos, o menino britânico Zach Avery é uma das pessoas mais jovens já diagnosticadas com transtorno de identidade de gênero. Desde os três, o pequeno, que mora em Essex, Inglaterra, recusa-se a se vestir com roupas masculinas. Os pais de Zach ficaram preocupados com o comportamento do filho, que ficou obcecado com a personagem de TV “Dora, a exploradora”, e decidiram levá-lo ao médico.

Depois de várias consultas e observações, ele foi diagnosticado por especialistas com transtorno de identidade de gênero. A mãe de Zach, Theresa, contou que o filho sempre se comportou como menino,mas, de repente, no fim de 2010, começou a agir de forma diferente.

“Ele se virou para mim um dia, quando tinha 3 anos, e disse: ‘Mamãe, eu sou uma menina’. Presumi que ele estava apenas passando por uma fase. Depois, ele passou a ficar chateado quando alguém se referia a ele como um menino”, contou a mãe.

Agora, os pais se esforçam para que Zach leve uma vida normal. A escola em que ele estuda, inclusive, disponibilizou um banheiro neutro, para meninos e meninas.


Disponível em http://odia.ig.com.br/portal/cienciaesaude/crian%C3%A7a-tem-diagn%C3%B3stico-raro-de-transtorno-de-identidade-de-g%C3%AAnero-1.410096. Acesso em 04 jun 2013.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Mudar de corpo e voltar

Inês Raposo
30.11.2012 

Casos como este são uma minoria dentro de uma minoria - em Portugal só encontrámos um. Ainda assim, um diagnóstico errado de transexualidade pode levar homens e mulheres, pela segunda vez, à mesa de operações em busca do corpo que perderam.

Foi por volta dos cinco anos que Walt Heyer começou a sentir “que tinha que mudar, que era uma menina presa num corpo de rapaz.” A Perturbação de Identidade de Género, ou Transexualidade, começa por se manifestar, na maioria dos casos, ainda na infância. “A partir dos três anos surgem os primeiros sinais e, à medida que as crianças se vão apercebendo do seu corpo e do dos outros, intensifica-se a noção de que vivem num corpo errado”, afirma Décio Ferreira, cirurgião plástico português especialista em casos de transexualidade. “Viu aquele filme em que o protagonista acorda no corpo errado? É assim que estas pessoas se sentem. O corpo é normal, o cérebro é normal mas há uma desconformidade entre o sexo psicológico e o biológico”. 

“A minha avó costumava vestir-me com um vestido de chiffon roxo”, conta Walt Heyer ao Life&Style. No dia em que decidiu levar o segredo do vestido para casa dos pais, a notícia não foi bem recebida. Por não saber lidar com um filho que gostava de se vestir de menina, o pai encontrou na violência um modo para o tornar “mais homem e mais forte”. Enquanto isso, Walt era ainda vítima de abuso sexual por parte de um tio. “Tudo isto e a minha confusão sobre o género tornaram quase impossível que eu tivesse uma percepção clara sobre quem eu era enquanto crescia”, explica.

Em muitos casos, um dos principais desafios que os transexuais têm de enfrentar começa em casa devido à falta de compreensão dos familiares. “Existe uma maior aceitação das masculinidades femininas do que das feminilidades masculinas. Os rapazes são mais pressionados para se portarem como homenzinhos; as brincadeiras de meninas não são bem encaradas. Já com as raparigas é diferente, basta pensarmos nas ‘maria-rapaz’,” afirma Sandra Saleiro investigadora no projecto “Transexualidade e transgénero: identidades e expressões de género”, desenvolvido no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL). 

Os anos passaram e com eles o roxo do vestido desbotou. Walt Heyer cresceu para ter um casamento feliz e dois filhos, mas a vontade de mudar de sexo não ficou para trás. Aos 42 anos, entrou no bloco operatório como Walt Heyer, e saiu uma pessoa diferente. Era Laura, Laura Jensen. “No princípio sentia-me óptimo. Estava feliz com o meu corpo e o meu género, apesar de ter sido rejeitado pela minha família e alguns amigos. Houve preconceito, mas entendo que as pessoas precisassem de me rejeitar, do mesmo modo que eu precisava de mudar de sexo. Funciona para os dois lados”.

O bilhete de ida

“Não sinto que tenha sido pressionado para fazer a operação. Foi mais uma questão de acreditar que os médicos e o psicólogo sabiam o que era melhor para mim.” Walt foi diagnosticado para tratamento cirúrgico por Paul Walker, um dos psicoterapeutas mais conceituados nos Estados Unidos da América em casos de Perturbação de Identidade de Género e também co-fundador da organização que escreveu as directivas internacionais para avaliar e aprovar potenciais candidatos à operação, a World Professional Association for Transgender Health (WPATH).

“Se os critérios da WPATH para o diagnóstico forem seguidos com rigor, o risco de fazer um diagnóstico errado é muito reduzido”, afirma Décio Ferreira. O cirurgião explica as diferentes etapas do processo de reatribuição sexual: “É preciso que uma equipa multidisciplinar faça o diagnóstico, depois uma outra equipa de profissionais dará uma segunda opinião. Se se confirmar que é mesmo uma Perturbação de Identidade de Género é que se avança para as fases seguintes”. Antes da cirurgia, os pacientes fazem psicoterapia, experimentam viver durante algum tempo como membro do sexo oposto em todas as interacções sociais e recebem tratamento hormonal, tudo num processo que pode demorar anos a concluir.

Júlia Pereira, do Grupo de Reflexão e Intervenção sobre Transexualidade (GRIT), acredita que toda a burocracia da mudança de género e o tempo que os procedimentos implicam “fazem com que os casos de arrependimento sejam muito raros.” A representante do GRIT não tem conhecimento de ninguém que se tenha arrependido de fazer a cirurgia de mudança de sexo e acrescenta que “quando um processo é tão demorado e complexo, só quem tem a certeza é que vai em frente”. Em Portugal, este tipo de procedimentos só foi permitido pela Ordem dos Médicos em 1995, passando depois a fazer parte do Serviço Nacional de Saúde.

“A literatura documenta que os casos de arrependimento são altamente minoritários. Claro que podem acontecer, mas serão sempre raros”, afirma Sandra Saleiro. A investigadora, que entrevistou 25 transexuais portugueses, não encontrou quem tenha mudado de opinião e alerta: “Alguns desses casos mais mediáticos já foram usados para reforçar argumentos daqueles que pretendem dificultar os processos de transição”. 

O regresso à origem

A falta de informação sobre transexualidade reflecte-se na inexistência de dados oficiais que permitam saber ao certo quantos homens e mulheres transexuais existem em Portugal. “Eu diria que cá temos pouco mais de 200 pessoas. Por ano devem aparecer uns 10 ou 12 casos novos”, afirma Décio Ferreira. E arrependimentos? “Só sei de um. E é muito específico. Foi um diagnóstico mal feito por profissionais que não sabiam o que estavam a fazer”, defende o cirurgião plástico. A pessoa de que fala é agora um paciente seu, Décio Ferreira está a ajudá-lo inverter a operação de mudança de sexo, não escondendo que “nunca vai voltar a ser igual” e que o processo reverte-se "dentro dos possíveis.” 

Devido à instabilidade psicológica deste paciente, a sua história chega-nos pelas palavras do médico: “Depois de o diagnosticarem com Perturbação de Identidade de Género, o rapaz, a família e amigos começaram a juntar dinheiro para pagar a operação na Tailândia. Lá confiaram no veredicto que vinha de Portugal e operam-no”. Ao regressar surgiram os primeiros problemas: “ele percebeu que afinal era naquele corpo feminino que não se sentia ele próprio, depois da operação é que tinha ficado no corpo errado”. Décio Ferreira lamenta “a incompetência dos que o diagnosticaram em apenas meia dúzia de semanas” e as consequências desse acto: “Nos dois anos que se seguiram à operação o meu paciente já se tentou suicidar três vezes”. 

O suicídio também passou pela cabeça de Walt Heyer quando se apercebeu de que tinha cometido um erro: “Comecei a estudar psicologia, a aprender mais sobre a mente e o corpo e foi então que me arrependi muito da operação. Percebi que é uma ilusão cosmética, hormonal e cirúrgica e que, por muito bem que eu parecesse, não tinha mudado de género”. Walt voltou a sentir-se um hóspede num corpo alheio e descobriu que tinha Transtorno Dissociativo de Personalidade, condição mental também conhecida como personalidades múltiplas – uma das quais mulher - e que isso pode ter contribuído para a falha no diagnóstico de transexualidade. “Não podia mais viver assim e comecei o caminho de volta para o sexo com que nasci”, explica Walt. 

Hoje Walt Heyer tem 72 anos, escreve livros sobre o tempo que viveu como mulher e defende que “os problemas não se resolvem com uma mudança de sexo”, procedimento que considera “de alto risco”. A sua experiência particular acabou por influenciar o modo como encara a transexualidade e generaliza os tratamentos a ela associados. Porém, para o cirurgião Décio Ferreira existe uma particularidade nos Estados Unidos que os distingue de Portugal: “Lá às vezes colocam os direitos à frente da ciência e esquecem-se que se uma pessoa diz que é o Napoleão isso pode não ser bem assim.” 

Disponível em http://lifestyle.publico.pt/artigos/313679_mudar-de-corpo-e-voltar. Acesso em 07 dez 2012

domingo, 1 de abril de 2012

Sejudh divulga diagnóstico social sobre travestis e transexuais

Agência Pará de Notícias
Atualizado em 14/03/2012 às 18:43

A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) divulgou na tarde desta quarta-feira (14), o diagnóstico social sobre travestis e transexuais profissionais do sexo que atuam em Belém. A pesquisa de campo foi realizada pelo Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Gretta), com a Coordenadoria Estadual de Proteção à Livre Orientação Sexual (Clos/Sejudh), e revelou a vulnerabilidade social desse segmento.

Considerados os três grandes pontos de prostituição de travestis e transexuais da capital paraense, a Rodovia BR-316, a Avenida Almirante Barroso e ruas do bairro do Reduto foram visitadas pelos pesquisadores. Cerca de 90 pessoas foram entrevistadas individualmente. “Após uma série de entrevistas, conversas e visitas, realizamos um diagnóstico completo. A estrutura disponibilizada pela Sejudh contribuiu bastante para esta pesquisa, pois conseguimos alcançar um público maior”, explicou Bruna Lorrane, integrante do Gretta.

As condições socioeconômicas, o comportamento sexual e a acessibilidade a serviços de saúde e cidadania, como o registro civil, foram algumas das características avaliadas. Denúncias de violência e maus tratos também foram comunicadas durante a pesquisa.

Com receio de represálias, a maioria dos entrevistados informou que não procura serviços de saúde pública. A automedicação é adotada por 80% deles no tratamento de algumas doenças. O estudo também revelou que, por almejarem um corpo mais feminino, muitos usam hormônios comprados em farmácia e manipulados sem qualquer tipo de orientação médica.

Preconceito - Quanto ao grau de escolaridade, 15% completaram o ensino fundamental, e apenas 10% concluíram o ensino médio. Dentre as justificativas mais comuns está o preconceito nos ambientes escolares. “A fuga escolar e a falta de qualificação contribuem para que essas pessoas acreditem que só a prostituição é uma fonte de renda”, ressaltou Bruna.

Dos entrevistados, 72% têm como única fonte de renda a atuação como profissional do sexo, sendo que 52% destes conseguem de 1 a 3 salários mínimos mensais. Mas 77% afirmaram que, caso houvesse outra fonte de renda, abandonariam a prostituição. Dos entrevistados, 55% estão na faixa etária de 20 a 29 anos.

Com a pesquisa, a Sejudh e o Gretta pretendem que esse grupo seja priorizado nas políticas públicas voltadas ao segmento LGBT. Os organizadores do estudo também pedem a realização de rondas policiais para manter a ordem nos pontos de prostituição.

Outra medida prevista é o atendimento especializado para emissão de documentos básicos. A ação de cidadania proposta pela Sejudh visa beneficiar cerca de 70% dos entrevistados, que informaram não ter os documentos básicos.

Para os idealizadores do estudo, o enfrentamento à exclusão, à violência e ao preconceito também inclui a adequação de um hospital público para a realização da operação de transgenitalização (mudança de sexo) e de tratamentos hormonoterápicos para travestis e transexuais. “A partir da próxima segunda-feira (19), a Clos e o Gretta iniciarão os encaminhamentos para que o público trans seja atendido o mais rápido possível“, disse o coordenador Estadual de Proteção à Livre Orientação Sexual, Samuel Sardinha.

Disponível em <http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=95259>. Acesso em 25 mar 2012.

sábado, 31 de março de 2012

Transexualismo: da clínica ao diagnóstico

Rui M. Xavier Vieira
RFML 2003; Série III; 8 (3): 123-129


Resumo: As perturbações de identidade de género são um grupo heterogéneo de entidades clínicas cuja característica essencial é a existência de uma incongruência entre o sexo biológico que se possui e o sexo com que a pessoa psicologicamente se identifica (disforia de género), até às formas extremas de perturbação de identidade de género ou transexualismo que envolvem tentativas persistentes e intensas de se submeter a tratamento hormonal e a cirurgia de reatribuição de sexo e passar a um cidadão do sexo oposto. No presente trabalho propomos fornecer uma informação susceptível de facilitar uma abordagem actual das disforias de género e do transexualismo, numa perspectiva que possa ser útil ao clínico não especializado.


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sexta-feira, 2 de março de 2012

Mudança de sexo: o que acontece após a operação?

Renata Rode 
09/03/2011 - 17h10

Quem não se lembra da mais famosa transex brasileira, Roberta Close? Sim, a moça ficou famosa ao estampar a capa de uma revista masculina em 1984. E agora, Ariadna Thalia Arantes, também famosa por ser ex-confinada do reality show global, repete o feito. Este mês a cabeleireira publica fotos mais que insinuantes, provando que depois da cirurgia de mudança de sexo que fez em 2001, está realizada e feliz com o corpo. “Operei na Tailândia com um médico indicado por uma amiga e assim que acordei da anestesia me lembro da alegria que senti ao conferir que tudo tinha sido feito mesmo (risos)”, revela.

A morena afirma que só faltava o procedimento para sentir-se mulher de verdade. “Mudou um pouco de tudo: minha personalidade, meus desejos e a forma de viver. Hoje tenho qualidade de vida e tudo se transformou para melhor”, confessa.

A carioca afirma que o procedimento e o pós-cirúrgico foram bem tranqüilos e ressalta que não sentiu dor. “Eu preferi me mudar. Morava em Madureira pouco antes da cirurgia, fui para o Realengo. Lá, ninguém me conhecia e a adaptação foi bem tranqüila”. A ex-BBB afirma que não teve nenhuma consequência após a operação. “Hoje, vou ao ginecologista como uma mulher normal, faço controle hormonal para ver se está tudo certo no canal vaginal e na uretra e minha vida depois da participação no programa está repleta de oportunidades, com novos trabalhos e o carinho do público que eu adoro”. Ariadna promete aproveitar o espaço e quer seguir carreira como modelo fotográfica e de passarela, além de fazer um curso de teatro mais pra frente.

A cirurgia no Brasil

Para o urologista Carlos Adib Cury, pioneiro em cirurgias de mudança de sexo no País, o Brasil vem evoluindo nessa área, embora esteja atrasado 50 anos em relação à Europa porque o procedimento era proibido por aqui até 1998. O médico que tem 40 anos de profissão e uma centena de cirurgias realizadas traz à tona a realidade nacional: “Há um transexual masculino para cada 30 mil homens e um transexual feminino para cada 100 mil mulheres. É preciso aceitar e respeitar o desejo de cada um. Embora muitos transexuais já tenham conseguido o novo registro civil com mais facilidade após o procedimento, ainda existe muito preconceito. Cerca de 10% da população brasileira é homossexual, bissexual ou travesti. Já os transexuais são raros. A diferença é que o travesti se veste de mulher, mas traz trejeitos masculinos, assim como uma agressividade típica, enquanto o transexual é mulher”, explica.

A partir do momento em que se resolve pela mudança de sexo, é preciso ter um diagnóstico bem estabelecido. “São dois anos de análise com psicólogo e psiquiatra, além da equipe multidisciplinar que é composta por um endocrinologista, assistente social e cirurgião”, alerta o médico.

A prevenção e acompanhamento constantes antes do procedimento é regra para que haja um resultado positivo. “É importante acompanharar a vivência no gênero, ou seja, se vestindo, se portando, usando outro nome, fazendo uso de hormônios,  enfim, levando o mesmo estilo de vida que vai ter após ser operado”, explica Alexandre Saadeh, psiquiatra coordenador do AMTIGOS - Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Como a triagem e preparo antes da operação são maçantes, é praticamente impossível encontrarmos um caso de arrependimento pós-cirúrgico. “Uma das virtudes do nosso trabalho é que nenhuma paciente nossa se arrependeu da cirurgia. Eles se sentem muito confortáveis depois da mudança porque atribuem o seu complexo a genitália, já que se sentem plenamente mulheres”, lembra Adib.

Quanto ao prazer, o cirurgião afirma que o feixe vásculo nervoso do pênis é preservado em toda sua extensão, e transformado em um clitóris. “Colocamos a glande no fundo da vagina que está sendo construída, preservando assim toda a sensibilidade. No caso das mulheres, elas tomam hormônios masculinos que aumentam de volume o clitóris cerca de 4 a 5 cm e na cirurgia ele é solto da vagina, proporcionando e mantendo a sensibilidade e o prazer”.

Do reality para a vida real

Vivian Fantin tem 39 anos e é uma bióloga de sucesso. Fez a cirurgia em junho de 2010 e agora está realizando as cirurgias estéticas. Ela conversou com exclusividade conosco, durante sua visita ao consultório para a retirada de pontos da intervenção estética.

UOL: Qual a sensação de ter se tornado mulher?
Vivian Fantin: Muito grande, logo que acordei da anestesia eu fiz questão de colocar a mão (risos). Mas a sensação é inexplicável, pela primeira vez eu senti que era eu.

UOL: O que mudou na sua vida?
Vivian Fantin: Tudo. Antes eu tinha receio de entrar nos lugares, de ser discriminada. Hoje eu vou em qualquer lugar e gosto muito mais de mim e do meu corpo.

UOL: Como foi a primeira vez como mulher?
Vivian Fantin: Foi ótimo, esse sonho era mais meu que dele, mas foi muito bom. Nos conhecemos antes da cirurgia e ele é heterossexual e nos apaixonamos. Hoje tudo está melhor.

UOL: E quanto ao preconceito? Vc passou por isso? Como se sentiu?
Vivian Fantin: Olha eu sofri muito preconceito sim, principalmente dos travestis e homossexuais amigos meus que ficaram contra mim e a cirurgia. Muitos não falam mais comigo e acham que eu mutilei meu corpo. Perdi muitos amigos. Eles acham que depois de um tempo a gente enlouquece, o que não é verdade. Eu renasci.

UOL: Qual a sua relação com sua nova genitália?
Vivian Fantin: Muito boa (risos)! Tenho todas as sensações e já tive 3 orgasmos depois da operação, menina (risos).

Arrasando no exterior

Lea T, a primeira supermodelo transgênero do mundo anunciou sua operação para mudança de sexo. A bela morena de 28 anos assumiu sua condição aos 25, a duras penas. “Aos 12 anos eu já era um menino bem feminino. Tentei aceitar meu corpo de homem porque seria mais fácil, mas não consegui”. A modelo que ficou conhecida internacionalmente por campanhas de marcas famosas como a Givenchy, é autêntica. Em uma entrevista à Oprah, contou como esconde o órgão masculino para fotografar e desfilar por passarelas fashion. “É um trabalho árduo e doloroso, tenho que virá-lo todo para trás e é mais complicado quando tenho que me sentar para fotografar, por exemplo”, disse. A filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo fez questão de enfatizar que seu pai é amoroso e a apóia o tempo todo. Sua cirurgia acontece este mês em março, na Itália.

Disponível em <http://estilo.uol.com.br/comportamento/ultimas-noticias/2011/03/09/mudanca-de-sexo-a-polemica-esta-de-volta.htm>. Acesso em 29 fev 2012.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Garoto de 5 anos vive como uma menina e é diagnosticado com transtorno de identidade de gênero

Extra Online
20/02/12 15:24 Atualizado em20/02/12 15:27 

Um garoto de 5 anos que vive como uma menina é uma das pessoas mais jovens diagnosticadas com transtorno de identidade de gênero. Desde os 3 anos, Zach Avery, que vive em Essex, na Inglaterra, recusa-se a se vestir como um garoto. Segundo os pais dele, Theresa e Darren Avery, Zach ficou obcecado com a personagem de TV Dora, a exploradora.

Preocupados com o comportamento do filho, os pais levaram Zach ao médico. Depois de várias consultas e observações, ele foi diagnosticado por especialistas com transtorno de identidade de gênero. A escola em que o menino estuda, inclusive, disponibilizou um banheiro neutro, para crianças de todos os sexos.

A mãe de Zach conta que o filho sempre se comportou como o menino, mas, de repente, no fim de 2010, ele começou a agir como uma garota. “Ele se virou para mim um dia, quando tinha 3 anos, e disse: ‘Mamãe, eu sou uma menina’. Presumi que ele estava apenas passando por uma fase. Depois, ele passou a ficar chateado quando alguém se referia a ele como um menino”, conta Theresa à reportagem do jornal Mail Online.

Disponível em <http://extra.globo.com/noticias/mundo/garoto-de-5-anos-vive-como-uma-menina-e-diagnosticado-com-transtorno-de-identidade-de-genero-4029526.html#ixzz1nmRaDc00>. Acesso em 29 fev 2012.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Transexualismo masculino

Amanda V. Luna de Athayde
Arq Bras Endocrinol Metab vol 45 nº 4 Agosto 2001


O transexualismo masculino é uma condição que exige a atuação de profissionais de diversas áreas para o diagnóstico e tratamento. De vital importância é o correto diagnóstico, uma vez que o tratamento cirúrgico é irreversível e, se incorretamente indicado, pode levar até ao suicídio. Os elementos diagnósticos são essencialmente clínicos e um período-teste de observação de dois anos é recomendado antes da realização da cirurgia. Nesse período são utilizados recursos psicoterápicos e prescrita medicação anti-androgênica e estrogênica para adequação dos caracteres sexuais secundários. No presente artigo de revisão são abordados os conceitos necessários à conduta nos casos de transexualismo, bem como as opções terapêuticas disponíveis.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde

Márcia Arán; Daniela Murta
Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 19 [ 1 ]: 15-41, 2009



Resumo: Tendo como referência um estudo sobre as práticas de saúde dos principais serviços que prestam assistência a usuários(as) transexuais no Brasil, este artigo discute os desafios para a gestão de políticas públicas para essa população, particularmente, a necessidade do diagnóstico de Transtorno de Identidade de Gênero como condição de acesso. Para iluminar o debate, realiza-se uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde a partir das contribuições de Bernice Hausman e Joanne Meyerowitz sobre a constituição do fenômeno da transexualidade na metade do século passado. Destaca-se a importância da análise dos avanços da tecnologia médica e da influência da revolução dos costumes na problematização da imutabilidade do sexo e na construção da categoria de gênero como condição para compreender o motivo pelo qual a regulamentação do acesso à saúde para a modificação das características corporais do sexo ficou associada à definição da condição transexual. Por último, discute-se que se inicialmente a institucionalização da assistência a transexuais no Brasil esteve associada ao modelo estritamente biomédico, a noção de saúde integral deve promover uma abertura para as redescrições da experiência transexual numa articulação permanente entre os saberes biopolíticos dominantes e uma multiplicidade de saberes locais e minoritários.


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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A experiência transexual no contexto hospital

Berenice Bento
pesquisadora associada do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília-Brasil


Resumo: O objetivo desse artigo é apresentar e problematizar os critérios definidos nos protocolos médicos para a produção do diagnóstico médico sobre os/as demandantes às cirurgias de transgenitalização. Dividiremos as discussões em duas partes. Na primeira, nos aproximaremos das definições consagradas nos documentos oficiais que determinam os procedimentos que se devem seguir para a produção do diagnóstico. Na segunda, veremos como estes procedimentos são vivenciados no quotidiano hospitalar pelos/as transexuais. Antes, porém, faremos um breve apartado histórico com o objetivo de contextualizar a problemática transexual.