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29/09/2014
Um telejornal na Índia é o primeiro a ter em sua equipe uma
apresentadora transgênero. Desde a comemoração do Dia da Independência – 15 de
agosto, Padmini Prakash comanda um programa de notícias no horário nobre da
Lotus TV. Questionada, a emissora diz que pretende influenciar atitudes
sociais.
Segundo a BBC Brasil, a atração é transmitida na língua
tâmil a partir de cidade de Coimbatore, no Estado de Tamil Nadu. Ao falar sobre
o momento na carreira, Prakash lembra da infância difícil e se orgulha de sua
posição profissional. "Estou muito feliz. A mensagem está se espalhando
por toda a Índia e pela internet”, disse ela, que também a vê como sinal de
importantes avanços no país.
Um deles foi uma decisão recente da Suprema Corte indiana,
que reconheceu os transgêneros como um terceiro gênero. A determinação judicial
pode auxiliar cerca de dois milhões de pessoas que vivem essa situação na
região. Sem acesso a condições igualitárias, a maioria vive à margem da
sociedade. Foi nesse contexto que Padmini sobreviveu durante longos anos de sua
vida.
Afastada do convívio familiar aos 13 anos, foi salva por
outras pessoas quando se preparava para cometer um suicídio. "Depois que saí de casa, viajei por tudo
que foi lugar. Me matriculei em uma faculdade em Comércio à distância, mas por
causa de problemas financeiros abandonei depois de dois anos", conta.
Embora tenha desistido do sonho, a jovem revela que nunca perdeu suas ilusões.
"Aprendi Bharatnatyam (uma forma clássica de dança
indiana); participei de concursos de beleza para transgêneros e venci; atuei em
uma série de TV". O convite para trabalhar na televisão foi feito por dois
executivos da Lotus, Sangeeth Kumar e Saravana Ramakumar. A ideia dos diretores
era dar a um individuo transgênero a chance de ser a cara do principal
noticiário local da emissora.
Após saberem de mais um caso de abuso com transgêneros, a
dupla apresentou a iniciativa ao diretor do canal, GK Selva Kumar. Para eles,
esta seria uma forma de tentar influenciar a mudança de atitudes sociais em
relação ao tema. O nome de Padmini foi sugerido pela primeira transgênero
indiana a comandar um talk show na televisão, Rose. "Recomendei o nome
dela para o canal depois que ela me contatou", afirma. "Padmini está
fazendo um bom trabalho e tem sido bem recebida”, diz.
Entidades celebram atitude do canal
Entidades e organizações não governamentais de direitos
humanos celebraram a escolha de Padmini para o cargo de apresentadora de um
telejornal de destaque na Lotus TV. "A escolha carrega uma mensagem sobre
essa comunidade negligenciada", disse a ativista Anjali Ajeeth. Segundo
ela, a rejeição da sociedade aos transgêneros impede que as pessoas possam
demonstrar os seus talentos.
"Pela primeira vez, existe um esforço para dar mais
visibilidade aos transgêneros. Há poucos deles atualmente nas profissões mais
visíveis”, acrescenta Akkai Padmashali, representante da Sangama. O grupo
independente trabalha pela defesa dos direitos de minorias sexuais na cidade de
Bangalore.
Para trabalhar no telejornal, Padmini passou por dois meses
de treinamento nas técnicas de leitura de notícias para a TV. "As pessoas
agora me olham com respeito. Precisamos acabar com esse tabu social”, diz. A
audiência aprovou o seu desempenho. "Honestamente, eu não vejo nenhuma
diferença entre ela e qualquer outra âncora feminina nos canais de TV",
disse a dona de casa Vaijanthi.
Disponível em
http://www.portalimprensa.com.br/noticias/internacional/68400/india+lanca+telejornal+com+ancora+transgenero+para+influenciar+atitudes+sociais+no+pais.
Acesso em 07 out 2014.
(*) - Essa postagem é a de número 700 no blog.