Reuters
11/04/2014
Quatro jovens que nasceram sem vagina ou com vagina anormal
receberam implantes de material cultivado em laboratório feito a partir de suas
próprias células, no mais recente caso de sucesso para criação de órgãos de
substituição, o que até agora inclui também traqueias, bexigas e uretras.
Testes de acompanhamento mostraram que as novas vaginas não
se diferenciaram do próprio tecido das mulheres, e o tamanho dos órgãos
aumentou à medida que as pacientes – que receberam os implantes na adolescência
– amadureceram.
Todas as jovens já são sexualmente ativas e relatam ter uma
função vaginal normal. No momento das cirurgias, feitas entre junho de 2005 e
outubro de 2008, elas tinham entre 13 e 18 anos de idade.
Duas das mulheres, que nasceram com útero funcional, mas sem
vagina, agora também menstruam normalmente. Ainda não está claro se elas
poderão ter filhos, mas o fato de estarem menstruando sugere que seus ovários
estão funcionando direito – razão pela qual uma gravidez é possível, explicou o
cirurgião urologista pediátrico Anthony Atala, diretor do Instituto de Medicina
Regenerativa Wake Forest, na Carolina do Norte.
A façanha, que Atala e colegas mexicanos descrevem na
revista britânica "The Lancet", é a mais recente demonstração do
crescente campo da medicina regenerativa, uma disciplina em que se tira
proveito do poder do corpo para regenerar e substituir células.
Em estudos anteriores, a equipe de Atala usou a técnica para
fazer bexigas sobressalentes e tubos de urina ou uretra em meninos.
Segundo o médico, esse estudo-piloto é o primeiro a
demonstrar que vaginas cultivadas em laboratório com as próprias células das
pacientes podem ser usadas com sucesso em humanos, oferecendo uma nova opção
para mulheres que precisam de cirurgias reconstrutivas.
Síndrome MRKH
Todas as participantes da pesquisa nasceram com a síndrome
de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH), uma condição genética rara em que a
vagina e o útero são subdesenvolvidos ou ausentes. O tratamento convencional
envolve o uso de enxertos feitos de tecido intestinal ou da pele, mas essas
duas opções têm inconvenientes, segundo Atala. Isso porque o tecido intestinal
produz excesso de muco, o que pode causar odores. Já a pele convencional pode
arrebentar.
O médico esclareceu que mulheres com essa condição
geralmente procuram tratamento durante a puberdade. "Elas não podem
menstruar, especialmente quando têm um defeito grave, quando não têm uma
abertura", afirmou. Isso pode causar dor abdominal, com a presença de
sangue menstrual no abdômen.
Disponível em
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/04/pacientes-que-nasceram-sem-vagina-ganham-orgao-feito-com-suas-celulas.html?fb_action_ids=10201889848390950&fb_action_types=og.recommends.
Acesso em 17 abr 2014.