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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Alegria e felicidade: sinônimos ou complementares?

Eduardo Shinyashiki

Já se deu conta de que, na maior parte do tempo, estamos tomando decisões para escolher entre os caminhos que nos fazem satisfazer uma preferência e aqueles que dão conta de nossas necessidades? Indo mais além, será que você ainda é capaz de separar essas duas dimensões da sua vida ou a percepção sobre o que de fato é necessário para sua existência já está "desligada"? Essas duas questões podem parecer muito específicas, mas estão ligadas diretamente aos conceitos de alegria e felicidade.

Quando optamos por adquirir o último modelo de celular do mercado ou passar as férias na praia mais badalada do momento, por exemplo, nosso pensamento está focado em atender às preferências. Podemos viver sem uma coisa ou outra, mas temos a nítida sensação de que a ausência desses momentos irá tornar os dias mais tristes. Em outras palavras, estamos em busca do que pode trazer sensações prazerosas, mesmo que a um preço alto, seja do ponto de vista do esforço empregado no trabalho para gerar o montante de dinheiro necessário para a consumação do desejo bem como dos sacrifícios emocionais exigidos.

Tendo como referência a realidade do ambiente de trabalho, essa situação fica bem clara quando temos a chance de conhecer profissionais que estendem sua jornada diária até altas horas não por estarem em busca de um objetivo ligado à carreira, mas, sim, da aquisição de um bem material. Por estarem de olho apenas no final do caminho, deixam de prestar atenção em sua saúde, na qualidade dos relacionamentos afetivos e, quando percebem, muitas coisas mudaram sem que tivessem se dado conta.

A felicidade nasce de outra forma: é um conjunto formado pelas necessidades, físicas e mentais, e nossas realizações. Assim, ter momentos de diversão com os amigos é tão importante quanto tomar água durante o dia, ainda que por motivos claramente diferentes. E por mais simples que essa afirmação pareça, há muitas pessoas deixando suas necessidades de lado em busca de sonhos que são entendidos como prioritários. Pense: quantas vezes já não viu um colega do trabalho deixar de ir ao banheiro ou de comer para finalizar uma apresentação atrasada? Veja bem, não estamos falando de ter uma vida regrada e limitada ao "arroz com feijão", mas em uma filosofia de vida que nos faz questionar-se a todos os instantes se algo é realmente necessário para sua satisfação.

Cada indivíduo tem uma gama única de necessidades, o que dificulta comparações entre o que é necessário para mim e para você. Por isso, é importante investir no autoconhecimento, que trará as respostas certas nos momentos em que tiver que fazer uma escolha. Contrariando o que grande parte da população pensa, a felicidade não é um estado de espírito que dura por muito tempo. Já que estamos em constante transformação, nossas necessidades também se alteram com o desenrolar dos dias. Assim, devemos estar com todos os radares ligados para identificar essas alterações e, mais uma vez, lançar-se à missão incansável de saná-las.

Quando optamos por adquirir o último modelo de celular do mercado ou passar as férias na praia mais badalada do momento, por exemplo, nosso pensamento está focado em atender às preferências

Quebrando com uma tradição de nossa sociedade, devemos deixar de escolher entre uma ou outra se quisermos chegar à vida plena. Somente quando temos bastante claro quais são nossas preferências e necessidades é que teremos condições de criar estratégias para concretizá-las de maneira simultânea e responsável.

O filme Click, estrelado por Adam Sandler, traz à tona como podemos nos perder quando buscamos satisfazer apenas nossas preferências. Ao decidir avançar o tempo e deixar as preocupações e atividades da rotina de lado em prol das sucessivas promoções, o personagem principal também abre mão daquilo que lhe era necessário. Afinal, não podemos deixar de dividir nossos momentos com pessoas que amamos ou passar uma parte do dia sem pensar em produtividade. A plenitude não está onde se quer chegar, mas como iremos percorrer nossos caminhos.

Disponível em http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/71/artigo241571-1.asp. Acesso em 25 ago 2013.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Estudo descobre vantagem reprodutiva em homens com voz grave

Nicholas Bakalar
03/12/07

Homens com voz grave podem ter vantagem de sobrevivência, com chances melhores de perpetuar genes. Pesquisadores descobriram que os homens com voz mais grossa têm mais filhos, pelo menos entre os hadza, tribo de caçadores da Tanzânia.

De acordo com informações anteriores de um artigo publicado online para a edição de 22 de dezembro da revista científica "Biology Letters", a maioria das mulheres das sociedades ocidentais se sente mais atraída a homens que têm voz mais grave, associando essa característica a indivíduos mais saudáveis e viris. Os homens, por sua vez, acham que as vozes mais agudas são mais atraentes.

É difícil descobrir quais são os motivos evolucionários que explicam o êxito reprodutivo em uma sociedade que usa métodos modernos de controle de natalidade. Os hadza não fazem controle de natalidade e escolhem seus próprios parceiros. Isso faz com que se constituam no que os pesquisadores chamam de "população de fertilidade natural" em que é possível testar hipóteses sobre êxito reprodutivo humano.

Os pesquisadores coletaram gravações de voz (os hadza falam o idioma swahili) e o histórico reprodutivo de 49 homens e 52 mulheres, a fim de identificar se o tom de voz teria alguma influência na quantidade de filhos.

Depois de idade, detectou-se que tom de voz é um indicador extremamente preciso da quantidade de filhos gerados pelo homem. Além disso, homens com vozes mais graves têm um número significativamente maior de filhos. Os pesquisadores estimaram que a qualidade de voz, isoladamente, representaria 42% da diferença no êxito reprodutivo masculino. A qualidade da voz feminina não possui relação com o número de filhos que as mulheres têm.

As explicações para o fato de homens com voz mais grossa terem maiores chances de gerar mais filhos não são claras, mas os pesquisadores destacam algumas possibilidades. Os homens de voz grave talvez tenham mais parceiras, parceiras mais saudáveis ou façam intervalos mais curtos entre o nascimento de um filho e outro, ou talvez comecem a reproduzir mais precocemente.

Este estudo, como apontam seus autores, é o primeiro a analisar o efeito do tom de voz na aptidão darwiniana em seres humanos. As descobertas vão ao encontro das constatações de diversos estudos que mostram que os sinais acústicos exercem um papel na influência da escolha feminina de parceiros em animais.

Coren Apicella, principal autora do estudo e doutoranda em antropologia biológica em Harvard, disse que as descobertas "podem, na verdade, não ter um reflexo em nossa sociedade quanto à vantagem reprodutiva." Observamos muitas características na hora de escolhermos parceiros, observou ela.

Além disso, como a paternidade foi identificada por relatos pessoais, não por DNA, pode ser que homens de voz mais grossa apenas sejam mais confiantes em relação à paternidade.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL199910-5603,00-ESTUDO+DESCOBRE+VANTAGEM+REPRODUTIVA+EM+HOMENS+COM+VOZ+GRAVE.html. Acesso em 25 jul 2013.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Filhos? Não, obrigada

Paola Emilia Cicerone

É raro alguém perguntar o que levou um homem ou uma mulher a ter filhos. Em contrapartida, é comum escutar: “Não tem filhos? Por quê?”. E, em geral, o principal alvo das indagações são as mulheres. Talvez algo como “não tive tempo”, “não sou casada” ou “não encontrei o homem certo, no momento certo” fossem boas respostas, mas há algo mais em jogo. É como se – ainda hoje, apesar de todas as transformações sociais dos últimos anos – continuasse necessário explicar à sociedade essa escolha (às vezes mais, às vezes menos consciente). Ao serem questionadas, as mulheres percebem na curiosidade alheia a pressão e as críticas disfarçadas, como se a opção de não terem sido mães as fizesse pessoas especialmente egoístas ou fosse sinal de algum “grande problema” em relação à sua feminilidade.

“Em nossas pesquisas promovemos a discussão do tema em grupos de mulheres sem filhos, em diversas cidades italianas, e muitas das participantes admitiram que se sentiam julgadas, às vezes até severamente, por parentes ou conhecidos, estigmatizadas como se fossem cidadãs de segunda categoria”, conta Maria Letizia Tanturri, professora de demografia da Universidade de Pavia, que participou de um importante projeto de pesquisa coordenado por várias universidades. “É como se, de certa forma, a maternidade fosse a garantia de nos tornarmos pessoas melhores, mais sensíveis”, observa. Ela lembra que, em 2007, uma senadora democrata da Califórnia, Barbara Boxer, atacou a secretária de Estado Condoleezza Rice: “Como não tem filhos nem família, a senhora não pagará nenhum preço pessoal pelo envio de mais 20 mil soldados americanos ao Iraque”. As palavras podem ser entendidas como uma variante de algo como: “Quem não tem filhos não pode entender o que só nós, seres humanos privilegiados pela graça de ter filhos, conseguimos compreender”.

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan com 6 mil mulheres com idade entre 50 e 60 anos revelou que ter ou não ter filhos não tem efeito relevante no bem-estar psicológico nessa faixa etária – o que, de certa forma, contradiz a ideia de que é preciso criar os filhos para ter com quem contar no futuro. “Os aspectos mais importantes para uma maturidade feliz são a presença de um companheiro e de um círculo de relações sociais significativas”, salienta a socióloga Amy Pienta, coautora da pesquisa publicada no periódico científico International Journal of Aging and Human Development. Assim – e considerando todo o risco, trabalho e preocupação que significa ter filhos –, seria melhor não tê-los? Depende. O único dado certo é que hoje existe uma liberdade maior de escolha: é possível ser mulher de forma plena e prescindir da maternidade.


Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/filhos__nao_obrigada.html. Acesso em 04 jun 2013.