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sábado, 22 de março de 2014

Não, isso não é coisa pra homem: masculinidades e os processos de inclusão/exclusão em uma escola da Baixada Fluminense–RJ

Leandro Teofilo de Brito
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
José Guilherme de Oliveira Freitas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mônica Pereira dos Santos
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero
Ponta Grossa, v. 5, n. 2, p. 114 - 125, ago. / dez. 2014

Resumo: Esta pesquisa, de inspiração etnográfica, tem por objetivo compreender de que modo os processos de inclusão/exclusão se fazem presentes nas construções de masculinidades de alunos de turmas do ensino fundamental, em uma escola pública municipal de Nova Iguaçu, região da Baixada Fluminense, estado do Rio de Janeiro. A partir da análise dos dados encontrados no campo de pesquisa, constatamos que a modificação ou a construção de novas culturas de inclusão relacionadas às questões de gênero no espaço escolar, em especial ao reconhecimento de variadas e múltiplas formas de masculinidades, que se diferenciem de – e contestem - sua forma hegemônica, mostra-se como o principal fator de mudança e de combate aos processos de exclusões, influenciando políticas e práticas escolares na busca incansável e incessante pelo movimento da inclusão no contexto educacional.



terça-feira, 20 de março de 2012

Brincar de boneca não influencia sexualidade de meninos

Judith Brito 
12/03/2012


Recentemente enviei por e-mail ao meu filho João, hoje com 30 anos, o link que leva a um vídeo na Internet – um anúncio de camisinha – bem engraçado: a primeira cena é de um menino brincando com duas bonecas loiras, tipo Barbie. O pai observa, com ar de preocupação, e em seguida oferece enfaticamente ao garoto dois bonecos, tipo Falcon. O filho brinca um pouco com os novos brinquedos, mas em seguida aparece dormindo com as bonecas. O filme avança abruptamente para o futuro, e a última cena é de um belo rapaz – o antigo garoto – deitado e abraçado a duas loiraças de fechar o comércio.

Comentei com meu filho que aquele vídeo me fez lembrar de um episódio da infância dele: quando tinha uns 4 ou 5 anos, pediu-me uma boneca Barbie. Achei aquilo normal, como acharia se uma filha me pedisse uma bola ou um carrinho. O pai do João, no entanto, não concordou comigo, e para não polemizar, engambelei meu filho, que esqueceu o assunto. Eu sabia que o interesse dele era motivado pela enorme curiosidade sobre o corpo feminino, comum entre garotos. A Barbie chama a atenção por não representar um bebê, mas uma mulher que os homens classificariam como gostosa, com seios e quadris, embora um pouco magra para os padrões brasileiros. Já o tinha visto manusear essa boneca de uma amiguinha, com muito interesse.

Meu filho e eu rimos da história, da qual ele nem se lembrava mais. Para completar, disse que estava muito feliz por ele, agora adulto, ter encontrado "sua Barbie de verdade", a minha linda e querida nora. Acrescentei que, se no passado ele tivesse mostrado outro tipo de interesse sexual, eu o teria apoiado da mesma forma.  Para não perder a piada, ele protestou: "e só agora você me fala isso"?

Interessante que o episódio se repetiu com o Mateus, meu filho menor, 20 anos mais novo. Lá pelos 4 anos, ele também mostrou interesse pela Barbie. Ser mãe mais velha e experiente tem suas vantagens, e desta vez a solução foi fácil: não precisei partilhar o assunto com o pai do Mateus, já que foi a babá quem "comprou" a Barbie para si própria. O Mateus pegou a boneca, despiu-a, apalpou-a à vontade, e a seguir deixou-a de lado, para sempre. Nunca mais deu a menor pelota para a pobre Barbie (homens, homens...). Claro, a curiosidade foi saciada, e pronto. Sem medo de ser feliz.

Como diz o Mateus, hoje com 10 anos, a vida não é fácil. Mas – acrescento eu – às vezes a gente a complica ainda mais. Importante é criar meninos e meninas que saibam usufruir, com muito respeito ao próximo, da afetividade que faz a vida valer a pena. O resto, bem, o resto é detalhe.

Disponível em <http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2012/03/12/opiniao-brincar-de-boneca-nao-influencia-sexualidade-de-meninos.htm>. Acesso em 13 mar 2012.