Rodrigo Borba
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Ana Cristina Ostermann
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Resumo: Este estudo investiga a manipulação do sistema de gênero gramatical entre travestis profissionais do sexo do Sul do Brasil. Verificou-se que há uma preferência êmica do grupo por formas gramaticais femininas. Porém, as tensões ideológicas e corporais que circundam as travestis forçam-nas a utilizar o masculino em contextos específicos. As travestis empregam o masculino gramatical para 1) produzir narrativas sobre o período anterior às suas transformações corporais; 2) reportar discursos produzidos por outros ao falar de travestis; 3) falar de si em suas relações familiares; e 4) distinguir-se de outras travestis com as quais as falantes não se identificam. Assim, o estudo demonstra como essas travestis usam o gênero gramatical do Português como um recurso lingüístico para manipular suas identidades e as identidades da comunidade a que pertencem.