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domingo, 24 de novembro de 2013

Pesquisa praticamente elimina necessidade de 'símbolo' masculino na reprodução

BBC BRASIL
22 de novembro, 2013

Eles conseguiram condensar todas as informações genéticas normalmente encontradas em um cromossomo Y de um camundongo em apenas dois genes.

O estudo, publicado pela revista científica Science, mostrou que os camundongos modificados ainda eram capazes de se reproduzir, apesar de necessitarem técnicas avançadas de reprodução assistida.

Os pesquisadores afirmam que os resultados do estudo podem um dia ajudar homens inférteis por conta de um cromossomo Y danificado.

O DNA, que contém o código genético do indivíduo, está condensado em cromossomos. Na maioria dos mamíferos, incluindo os humanos, um par de cromossomos funciona como cromossomo sexual.

Se o feto recebe um cromossomo X e um Y dos pais, será do sexo masculino, mas se receber dois cromossomos X será do sexo feminino.

"O cromossomo Y é um símbolo da masculinidade", comentou à BBC a coordenadora da pesquisa, Monika Ward.

Espermatozoides rudimentares

Nos camundongos, o cromossomo Y normalmente contém 14 genes distintos, com alguns deles presentes em até uma centena de cópias.

A equipe da Universidade do Havaí mostrou que os camundongos geneticamente modificados com um cromossomo Y que consistia de apenas dois genes poderiam se desenvolver normalmente e poderiam até mesmo gerar filhotes próprios.

"Esses camundongos são normalmente inférteis, mas nós mostramos que é possível gerar descendentes viáveis quando o cromossomo Y está limitado a apenas dois genes usando a reprodução assistida", disse Ward.

Os camundongos somente produziriam espermatozoides rudimentares. Mas eles poderiam gerar descendentes com uma forma avançada de reprodução assistida, chamada injeção de espermátide redonda, que envolve injetar informações genéticas do espermatozoide rudimentar em um óvulo.

Os filhotes resultantes eram saudáveis e tiveram um tempo de vida normal.

Esperança

Os dois genes necessários para a reprodução eram o Sry, que inicia o processo de produção de um macho quando o embrião se desenvolve, e Eif2s3y, envolvido nos primeiros passos da produção de espermatozoides.

Ward argumenta, porém, que "pode ser possível eliminar o cromossomo Y" se o papel desses genes puder ser reproduzido de uma forma diferente, mas observa que um mundo sem a existência de homens seria "loucura" e "ficção científica".

"Mas no nível prático isso mostra que, após a eliminação de grandes porções do cromossomo Y, ainda é possível se reproduzir, o que potencialmente dá esperança aos homens com essas falhas no cromossomo", afirma.
Os genes descartados são provavelmente envolvidos na produção de espermatozoides saudáveis.

Os autores dizem que mais estudos são necessários para verificar se as conclusões poderiam ser aplicadas também a seres humanos, já que alguns dos genes não são equivalentes entre as espécies.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/11/131122_pesquisa_cromossomo_y_rw.shtml. Acesso em 23 nov 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Molusco da Antártida é capaz de mudar de sexo

BBC BRASIL
Atualizado em  11 de setembro, 2012

De acordo com os especialistas, a natureza hermafrodita da espécie Lissarca miliarisaumenta sua eficiência reprodutiva nas águas gélidas do extremo sul do planeta.

O invertebrado foi descoberto em 1845 e teve a sua reprodução estudada em 1970, mas a novidade, publicada no jornal científico Polar Biology, só foi descoberta agora.

Os estudos anteriores focaram na presença de ovos dentro das conchas de fêmeas, que eram "chocadas" pelos seus corpos.

Nesta pesquisa, os cientistas estudaram a reprodução em um nível celular e constataram a presença de pequenos ovos nos machos da espécie.

O novo estudo sugere que a espécie, no seu estágio inicial de desenvolvimento, se reproduz como macho, e passa a ter órgãos reprodutores femininos quando está grande o suficiente para poder chocar uma quantidade grande de ovos.

"Nós também descobrimos que depois que o macho se transforma em fêmea, ele mantém o tecido do aparelho reprodutivo masculino por um longo período", acrescentou o pesquisador.

A Lissarca miliaris é um tipo de bivalve, por estar envolta em duas conchas, e possui várias adaptações para se reproduzir com mais eficiência, como o fato de chocar os seus ovos e a mudança de sexo.

"Hermafroditismo não é necessariamente incomum nos bivalves da Antártica e, com muitas espécies a serem estudadas, pode haver muito mais a ser descoberto", disse Adam Reed, que chefiou o estudo.

O trabalho foi desenvolvido na estação britânica de pesquisa no Polo Sul.

"O estudo mostra o quanto nós ainda não sabemos sobre a forma de vida dos invertebrados da Antártida e o quanto ainda há para ser estudado", conclui o pesquisador.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120911_molusco_transexual_as.shtml. Acesso em 23 set 2013.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Tubarão fêmea se reproduz sem sexo

France Presse
22/05/07

Cientistas encontraram um tipo de tubarão fêmea capaz de se reproduzir sem relações sexuais, algo biologicamente inédito, segundo pesquisas divulgadas nesta quarta-feira (23).

Uma fêmea da espécie dos tubarões-martelo deu à luz sem procriação um filhote, que não possui DNA paterno, segundo especialistas da Irlanda do Norte e dos Estados Unidos.

Este é o primeiro estudo científico sobre a reprodução assexuada entre tubarões e cientistas afirmam que a descoberta traz preocupações quanto à saúde genética e reprodutiva das populações de tubarões que diminuem.

A descoberta ocorreu devido a um nascimento inesperado em um aquário no zoológico Henry Doorly, em Nebraska, nos Estados Unidos, em dezembro de 2001, relataram os pesquisadores ao jornal "Biology Letters", publicado pela Sociedade Real Britânica.

O nascimento do filhote de tubarão intrigou os pesquisadores, pois nenhuma das três fêmeas ficaram na companhia de um tubarão-martelo macho por três anos, após serem capturadas ainda filhotes na Flórida.

A pesquisa foi realizada por cientistas da Queen's University de Belfast (Irlanda do Norte), do Instituto de Pesquisas Guy Harvey da Nova Southeastern University, na Flórida, e do zoológico Henry Doorly.

O diretor da equipe de pesquisas da Queen's e co-autor do estudo, doutor Paulo Prodohl, da escola de ciências biológicas, descreveu os resultados como "realmente impressionantes".

"Até então, todos pensavam que os tubarões se reproduziam exclusivamente por relações sexuais entre macho e fêmea, precisando do embrião para obter DNA dos dois pais para que o desenvolvimento completo ocorresse", explicou.

O doutor Mahmood Shivji, co-autor que liderou a equipe do instituto de pesquisas Guy Harvey, disse que a pesquisa pode auxiliar a resolver o mistério apresentado por outras espécies de tubarão que têm filhotes em cativeiro sem ter contato anterior com um macho.

"No momento, parece que algumas fêmeas de tubarão podem passar de um modo de reprodução sexuada para um modo de reprodução assexuada na ausência de machos", continuou.

"Infelizmente, esse evento não é benéfico porque provoca uma redução na diversidade genética da cria, já que não há as variações genéticas apresentadas pelo lado paterno", disse.

As fêmeas de um pequeno número de espécies de vertebrados podem dar à luz crias sem a necessidade de seus óvulos serem fertilizados por esperma. Esta capacidade de reprodução pouco comum, conhecida como partenogênese, é observada muito ocasionalmente entre pequenos grupos, como os pássaros, os répteis e os anfíbios. Por enquanto, isto não tinha sido observado em mamíferos ou tubarões.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL40596-5603,00-TUBARAO+FEMEA+SE+REPRODUZ+SEM+SEXO.html. Acesso em 25 jul 2013.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Estudo descobre vantagem reprodutiva em homens com voz grave

Nicholas Bakalar
03/12/07

Homens com voz grave podem ter vantagem de sobrevivência, com chances melhores de perpetuar genes. Pesquisadores descobriram que os homens com voz mais grossa têm mais filhos, pelo menos entre os hadza, tribo de caçadores da Tanzânia.

De acordo com informações anteriores de um artigo publicado online para a edição de 22 de dezembro da revista científica "Biology Letters", a maioria das mulheres das sociedades ocidentais se sente mais atraída a homens que têm voz mais grave, associando essa característica a indivíduos mais saudáveis e viris. Os homens, por sua vez, acham que as vozes mais agudas são mais atraentes.

É difícil descobrir quais são os motivos evolucionários que explicam o êxito reprodutivo em uma sociedade que usa métodos modernos de controle de natalidade. Os hadza não fazem controle de natalidade e escolhem seus próprios parceiros. Isso faz com que se constituam no que os pesquisadores chamam de "população de fertilidade natural" em que é possível testar hipóteses sobre êxito reprodutivo humano.

Os pesquisadores coletaram gravações de voz (os hadza falam o idioma swahili) e o histórico reprodutivo de 49 homens e 52 mulheres, a fim de identificar se o tom de voz teria alguma influência na quantidade de filhos.

Depois de idade, detectou-se que tom de voz é um indicador extremamente preciso da quantidade de filhos gerados pelo homem. Além disso, homens com vozes mais graves têm um número significativamente maior de filhos. Os pesquisadores estimaram que a qualidade de voz, isoladamente, representaria 42% da diferença no êxito reprodutivo masculino. A qualidade da voz feminina não possui relação com o número de filhos que as mulheres têm.

As explicações para o fato de homens com voz mais grossa terem maiores chances de gerar mais filhos não são claras, mas os pesquisadores destacam algumas possibilidades. Os homens de voz grave talvez tenham mais parceiras, parceiras mais saudáveis ou façam intervalos mais curtos entre o nascimento de um filho e outro, ou talvez comecem a reproduzir mais precocemente.

Este estudo, como apontam seus autores, é o primeiro a analisar o efeito do tom de voz na aptidão darwiniana em seres humanos. As descobertas vão ao encontro das constatações de diversos estudos que mostram que os sinais acústicos exercem um papel na influência da escolha feminina de parceiros em animais.

Coren Apicella, principal autora do estudo e doutoranda em antropologia biológica em Harvard, disse que as descobertas "podem, na verdade, não ter um reflexo em nossa sociedade quanto à vantagem reprodutiva." Observamos muitas características na hora de escolhermos parceiros, observou ela.

Além disso, como a paternidade foi identificada por relatos pessoais, não por DNA, pode ser que homens de voz mais grossa apenas sejam mais confiantes em relação à paternidade.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL199910-5603,00-ESTUDO+DESCOBRE+VANTAGEM+REPRODUTIVA+EM+HOMENS+COM+VOZ+GRAVE.html. Acesso em 25 jul 2013.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cientistas criam espermatozóide a partir de célula feminina

BBC BRASIL
31/01/08

Cientistas britânicos afirmam ter criado espermatozóides a partir de células-tronco da medula óssea feminina - abrindo caminho para o fim da necessidade do pai na reprodução.

A experiência vem sendo desenvolvida por especialistas da Universidade de New Castle que, em abril do ano passado, anunciaram ter conseguido transformar células-tronco da medula óssea de homens adultos em espermatozóides imaturos.

Em entrevista à última edição da revista New Scientist, Karim Nayernia, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse que agora os cientistas repetiram a experiência com células-tronco da medula óssea de mulheres, podendo "abrir caminho para a criação do espermatozóide feminino".

No trabalho, ainda não publicado, Nayernia disse à New Scientist estar esperando a "permissão ética" da universidade para dar continuidade ao trabalho, que consistiria em submeter os espermatozóides primitivos à meiose, um processo que permitiria a maturação do espermatozóide, tornando-o apto para a fertilização.

"Em princípio, eu acredito que isso seja cientificamente possível", disse Nayernia.

O estudo, afirma a revista, poderia possibilitar que um dia, casais de lésbicas poderão ter filhos sem a necessidade de um homem, já que o espermatozóide de uma mulher poderia fertilizar o óvulo da outra.

Brasil

A New Scientist ainda relata uma experiência que está sendo realizada por cientistas brasileiros no Instituto Butantan, em São Paulo.

Segundo a revista, os especialistas estariam desenvolvendo óvulos e espermatozóides a partir de uma cultura de células-tronco embrionárias de ratos machos.

A revista cita o trabalho publicado pelos brasileiros na revista especializada Cloning and Stem Cells (Clonagem e células-tronco, em tradução literal), em que os pesquisadores disseram ainda não ter provado que os óvulos masculinos poderão ser fertilizados e procriar.

"Estamos agora começando experimentos com células-tronco embrionárias humanas e, se bem-sucedidos, o próximo passo será ver se óvulos masculinos poderão ser feitos a partir de outras células", disse a coordenadora da pesquisa, Irina Kerkis.

Essas outras células, que se comportariam de maneira semelhante às embrionárias, poderiam ser encontradas na pele humana, afirma a revista.

Isso abriria a possibilidade para que casais gays masculinos também tenham filhos com 100% de seu material genético.

Nesse caso, um dos homens doaria células de sua pele, que seriam transformadas em um óvulo a ser fecundado pelo espermatozóide do parceiro.

Uma vez fertilizado, o óvulo seria implantado no útero de uma mulher.

"Eu acredito que isso seja possível, mas não sei como as pessoas encarariam isso de forma ética", disse Kerkis.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL281510-5603,00-CIENTISTAS+CRIAM+ESPERMATOZOIDE+A+PARTIR+DE+CELULA+FEMININA.html. Acesso em 25 jul 2013.

domingo, 16 de setembro de 2012

Beleza e qualificação acadêmica rendem até US$ 50 mil em mercado polêmico de óvulos

Ruth Costas
4 de setembro, 2012

Os tais anúncios pedem doações de gametas - óvulos e sêmen - para clínicas de fertilização artificial americanas, que se conseguirem doadores particularmente "bonitos", ou que sejam um prodígio nos estudos, por exemplo, podem cobrar mais caro de casais que precisam de tratamento para ter filhos e estariam interessados nesse "produto diferenciado".

São a expressão de um mercado polêmico que vem crescendo nos últimos anos em diversos países, impulsionado tanto por tendências sociais e demográficas - como o fenômeno da maternidade tardia e a oficialização de uniões civis homossexuais - quanto pelo desenvolvimento de novas técnicas de reprodução assistida.

Desde que o primeiro bebê de proveta foi gerado na Grã-Bretanha, em 1978, o aprimoramento das técnicas de reprodução assistida - da fertilização in vitro à inseminação artificial - tem ajudado um número crescente de casais com problema de fertilidade a terem bebês.

Mas há muita diversidade na forma como esse ramo da medicina vem se desenvolvendo em diversas regiões do globo. E alguns profissionais da área de saúde alertam que em alguns lugares, como a Índia e certos estados americanos, ele está sendo dominado por uma racionalidade muito comercial e adotando práticas controversas do ponto de vista ético, jurídico e médico, como explica Guido Pennings, professor de bioética da Universidade de Ghent, na Bélgica.

Além disso, justamente por terem essas regras menos restritivas, alguns desses lugares estão se tornando polos do que ficou conhecido no jargão popular por "turismo reprodutivo" ou "turismo da fertilidade" - embora especialistas prefiram referir-se ao fenômeno como "movimentos transfronteiriços em busca de tratamento reprodutivo".

Apesar de não haver uma estimativa confiável sobre quanto o turismo reprodutivo movimenta no mundo, clínicas e agências que prestam esse serviço dizem registrar crescimentos anuais de 10% até 50% no número de pacientes estrangeiros nos últimos anos.

Muitos viajam atraídos por regras mais "liberais" para o setor em outros países, como Panamá, Israel, Ucrânia e na Europa, a Bélgica e Espanha, além dos já mencionados Estados Unidos e Índia. Mas em alguns casos a diferença de preços também é um atrativo.

"Os mercados de serviços ligados a essas novas técnicas de reprodução assistida estão crescendo bastante ao redor do globo, mas isso não quer dizer que todos os lugares eles sejam tão liberais ou influenciados por uma racionalidade mais comercial, como os Estados Unidos - cada país ou região tem sua própria realidade nessa área", acredita a socióloga Rene Almeling, professora da Universidade de Yale, que lançou no ano passado o livro "Sex Cells: The Medical Market for Eggs and Sperm" ("Células Sexuais: O Mercado Médico para Óvulos e Sêmen", na tradução livre).

Bebê globalizado

Hoje, um casal brasileiro pode contratar uma agência americana para implantar um óvulo de uma mexicana em uma mulher na Índia, Ucrânia ou Rússia por exemplo.

Em alguns estados dos Estados Unidos, uma pessoa que precise de uma doação de gametas pode escolher um doador como quem escolhe um carro novo - avaliando desde a cor dos olhos até o QI dos jovens listados nos catálogos das dezenas de bancos de óvulos e sêmen que abastecem clínicas de reprodução assistida americanas.

Casais com problemas de fertilidade também podem contratar uma americana - ou uma estrangeira - para um serviço de barriga de aluguel na Califórnia. "Mas, se for para a Índia, os custos desse serviço podem cair para pouco mais da metade", explica Geoff Moss, vice-presidente da agência americana de turismo médico Planet Hospital, que, só nas últimas semanas, diz ter sido procurado por três brasileiros interessados nessa opção.

Os serviços de barriga de aluguel, que têm assistido a um crescimento expressivo em alguns países, estão entre os mais controversos do setor. "Até porque é preciso pensar, por exemplo, nas consequências psicológicas para uma mulher que carrega o bebê de uma desconhecida", explica Artur Dzik, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

Proibida ou limitada em países europeus, no Brasil, a prática só é permitida se a mulher que aceitar receber o embrião for parente de primeiro ou segundo grau dos futuros pais da criança. Além disso, ela não pode receber compensação financeira em troca disso.

Os Estados Unidos, a Índia, a Ucrânia e Israel estão entre os poucos países que permitem ou pelo menos não proíbem o pagamento para a gestante. Nos Estados Unidos, a prática desenvolveu-se principalmente na Califórnia.

Na Índia, começou em algumas poucas cidades como Anand, no início dos anos 2000, mas, hoje, a oferta desse serviço já pode ser encontrada praticamente em todos os grandes centros urbanos do país.

Índia

As mães de aluguel indianas são colocadas em pensões e sustentadas pela família que, em geral, as contrata por meio de agências. "O que ganham na Índia pode não parecer muito para o padrão de alguns países ocidentais mas posso dizer que é o equivalente ao que seus maridos receberiam em três anos de trabalho", afirma Moss, sem especificar, contudo, qual seria esse valor.

Segundo Moss além do custo ser menor, a opção pela barriga de aluguel indiana também tem outras vantagens: "Por uma questão cultural, na Índia, as mulheres não bebem nem fumam. Também é improvável que no final da gravidez a indiana decida ficar com o bebê porque a criança terá o biotipo de outra pessoa e não seria aceita em sua comunidade."

Ele garante que a sua agência oferece todo o conforto e assistência necessários para que as indianas contratadas tenham uma gravidez tranquila.

Mas acadêmicos como Amrita Pande, da Universidade de Cape Town, também descrevem o outro lado desse mercado em que mulheres de lugares pobres têm bebês para mulheres de países ricos.

Indianas que aceitam o trabalho, muitas vezes, o fazem por desespero econômico e acabam estigmatizadas de forma semelhante ao que ocorre com a prosituição, por exemplo.

Mercado de gametas

Outra prática polêmica é justamente a venda de gametas. No Brasil e na Europa o comércio dessas células é vetado e a doação precisa ser "altruísta". Alguns países europeus, porém, driblam essa proibição permitindo o pagamento de "compensações" aos doadores - caso da Espanha e da Grã-Bretanha, por exemplo, nos quais tais compensações hoje são de cerca de 900 euros (R$ 2.290).

Nos Estados Unidos, não há restrições federais a esse setor - daí os anúncios procurando doadores em jornais universitários e sites de classificados.

É claro que não é fácil tornar-se um "doador". Os candidatos precisam passar por testes genéticos e de saúde que apontam possíveis problemas congênitos e uma porcentagem de até 90% dos interessados pode ser rejeitada pelas clínicas.

"Em geral, os homens são tratados como empregados comuns nesse mercado enquanto o discurso para atrair as mulheres enfatiza que o lado altruísta da doação, ou seja, o fato de que ela vai ajudar um casal infértil a ter um filho", explica Almeling.

O princípio ético que motiva a proibição do comércio de gametas em muitos países é o de que a venda de qualquer parte do corpo poderia ferir a "dignidade humana", como explica Penning.

Para o especialista, porém, permitir que a mulher tenha todas as informações sobre o doador e até possa selecioná-lo de acordo com as características que mais lhe interessarem, como ocorre nos Estados Unidos, não é necessariamente antiético.

"Não faz muito sentido imaginar que só porque precisa de um tratamento para ter um filho um casal tenha de receber uma doação tão importante para a vida e futuro de sua família às cegas", acredita Penning. "Às vezes, oferecer opções para os pacientes não significa necessariamente impor uma mentalidade comercial ao setor."

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120903_reproducao_boom_ru.shtml>. Acesso em 07 set 2012.