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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Há fórmula para manter a mente saudável?

Joel Rennó Junior
30.dezembro.2013

Diversos livros de autoajuda e matérias divulgadas pela imprensa vivem dando orientações e dicas para manter a mente saudável, mas até que ponto isso é factível e depende apenas do nosso esforço e dedicação aos propalados ensinamentos divulgados? Recebo muitos pacientes em grande sofrimento e sentimento de culpa por não conseguirem, apesar do enorme esforço, gerenciar melhor as situações de estresse ou conflito psicológico, mesmo dedicando-se aos ensinamentos dos mestres da autoajuda. Até que ponto tudo depende só do nosso próprio esforço e determinação?

Hoje sabemos que o meio ambiente hostil, com traumas ou lesões de diversas origens, pode levar ao “silenciamento” ou desligamento de alguns genes do cromossomo e isso ser responsável por algumas doenças mentais. É o que denominamos de “epigenética”, área de estudos em franca ebulição na psiquiatria atual.

Traumas ou situações adversas sofridos até dentro do ambiente uterino, durante a gravidez, podem ser responsáveis por doenças mentais no futuro. Entre os principais traumas temos a negligência, a rejeição materna, quadros infecciosos, desnutricionais e até de violência na gravidez.

 Mulheres com histórico de abuso físico e sexual na infância e adolescência têm um risco muito aumentado de transtornos mentais como transtorno bipolar, depressão e até transtorno de personalidade borderline – é bom frisarmos que as mulheres, em geral, têm um risco duas a três vezes maior para alguns transtornos mentais quando comparadas aos homens e prometo voltar, no futuro, nesse tema da maior prevalência de transtornos mentais no sexo feminino. Portanto, apesar da grande plasticidade do nosso cérebro, sempre refazendo suas conexões sinápticas entre os neurônios, alguns traumas, infelizmente, podem ter um impacto psíquico muito mais significativo em determinados indivíduos vulneráveis.

A capacidade de gerenciar o nível de estresse hostil do dia a dia é algo a ser desenvolvido ao longo da vida e depende de vários fatores. Cada ser humano tem a sua própria capacidade de resiliência. Há diferenças genéticas na forma como as pessoas lidam com a dor ou sofrimento e até conseguem tirar grandes aprendizados e lições de superação, levando a um crescimento psíquico importante. Portanto, temos capacidades de resiliência com limites diferentes.

 Algumas características de personalidade podem ajudar ou prejudicar o ser humano. Pessoas mais inflexíveis, insensíveis, com baixa tolerância à frustração e à dor ou com baixa autoestima têm uma tendência maior a terem transtornos psíquicos.

Saber lidar com as diferentes fases ou transições de nossas vidas, com ressignificações das experiências de vida, também contribui para diminuir a chance de um transtorno mental.

 A dança dos hormônios também pode aumentar a vulnerabilidade de algumas mulheres aos sintomas psíquicos em determinados períodos de transição como o pré-menstrual, o pós parto e a perimenopausa (período que antecede a menopausa em cerca de 5 anos e é caracterizado por grande flutuação dos níveis hormonais). A psicoterapia também é um instrumento valioso na elaboração de traumas, conflitos e na correção de distorções cognitivas ou comportamentos patológicos e que predispõem aos transtornos mentais. 

O desenvolvimento da identidade e unidade do ser humano é outro ganho da psicoterapia, ou seja, ela ajuda na capacidade do ser humano em se conhecer melhor.

Não desqualifico o papel de hábitos e comportamentos de vida saudáveis e construtivos (alimentação correta, atividades físicas regulares, atividades de lazer, atitudes altruístas ou de generosidade e religiosidade) na prevenção do estresse em muitos casos. Mas, é fundamental que as pessoas entendam que as vulnerabilidades biológicas podem ser diferentes e tais medidas podem não funcionar para todos.

 Portanto, manter a mente saudável é uma grande conquista de cada ser humano e que precisa ser analisada dentro do contexto de vida de cada pessoa, sem regras ou imposições inócuas que podem levar à discriminação injusta de alguns indivíduos pela sociedade. Todos podemos aprender com o sofrimento, mas cada um dentro de suas condições biológicas e vivências históricas – além das sequelas individuais geradas por consequências distintas causadas pelas situações estressoras.

É fácil, em saúde mental, ficar dando dicas ou receitas de bolo e até alguns desses gurus da mídia que eu conheço vivem tomando antidepressivos e ansiolíticos, o que contradiz e desmoraliza, parcialmente, seus ensinamentos generalizados de autoajuda.


Disponível em http://blogs.estadao.com.br/mentes-femininas/. Acesso em 10 fev 2014.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Camundongos fêmeas promíscuas geram 'filhotes mais sensuais', diz estudo

BBC BRASIL
19 de novembro, 2013

No estudo, os cientistas analisaram feromônios (substâncias que influenciam o comportamento de outros membros da mesma espécie, por vezes com função de atrair sexualmente membros do gênero oposto) presentes na urina das crias macho.

A conclusão é que os filhotes cujas mães tiveram de disputar para conseguir parceiros produziam mais feromônios. Mas, em contrapartida, esses mesmos camundongos apresentaram uma tendência a ter uma vida mais curta que a de camundongos de pais monógamos.

"Faz pouco tempo que começamos a entender que as condições ambientais enfrentadas pelos pais podem influenciar as características de suas crias", diz o professor Wayne Potts, um dos autores da pesquisa, publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

"Este estudo é um dos primeiros a mostrar este tipo de processo 'epigenético' (relacionado a mudanças de um organismo durante seu desenvolvimento) agindo de forma a aumentar o êxito dos filhotes quando forem acasalar."

Acredita-se que as conclusões do estudo poderão ajudar na elaboração de programas de reprodução em cativeiro de animais ameaçados de extinção.

Competição

Os cientistas estudaram camundongos domésticos, que em geral vivem em gaiolas e acasalam com apenas um parceiro.

Para reintroduzir a competição social vivenciada por camundongos selvagens, os animais de laboratório foram mantidos em uma espécie de "celeiro" - áreas fechadas e repartidas para criar territórios.

Os camundongos podiam transitar entre os territórios, e alguns destes foram propositalmente transformados em espaços mais atraentes, para estimular a competição - por espaço e parceiros - entre os animais.

Para averiguar se os pais tinham alguma influência sobre a atratividade de seus filhotes, o pesquisador Adam Nelson facilitou o cruzamento de camundongos do celeiro e camundongos monógamos, mantidos em outro local.

Nelson e sua equipe descobriram que, independentemente da experiência ambiental vivenciada pelo pai, filhotes de fêmeas que vivem em ambientes mais competitivos produziam mais feromônios.

Camundongos machos usam odores, presentes na urina, para marcar seu território, e as fêmeas se sentem mais atraídas e acasalam com mais frequencia com machos cuja urina tem o cheiro dessas substâncias.

"Se os seus filhotes forem especialmente sensuais e acasalarem mais, isso ajudará seus genes (a serem passados) de forma mais eficiente às gerações futuras", explica Wayne Potts.

Em contraste, os filhotes de pais (não mães) promíscuos eram menos atraentes, produzindo 5% a menos de feromônios que os de pais monógamos. A explicação pode ser pelo fato de pais e filhos disputarem entre si parceiras sexuais.

"Os pais competem com seus filhotes e geralmente os expulsam rapidamente de seu território", prossegue Potts. "Se você teme que seu filhote prejudique seu próprio sucesso reprodutivo, então não há motivos para torná-los mais sensuais."

Preço

Em contrapartida, o aumento da produção de feromônios cobra seu preço: a equipe de pesquisadores descobriu que apenas 48% dos filhos de camundongos fêmeas promíscuos sobreviveram até o final do experimento. Já entre os filhos de monógamas a taxa de sobrevivência foi de 80%.

Segundo Potts, isso ocorre pelo grande esforço feito pelos animais para produzir o feromônio.

Os pesquisadores acreditam que suas descobertas podem ajudar em projetos de acasalamento destinados a espécies ameaçadas que vivem em cativeiro.

"A domesticação estimula mecanismos epigenéticos que tornam os animais menos aptos a viver na natureza", explica Potts. Esses mecanismos também resultam na produção de filhotes menos "bem-sucedidos sexualmente".

Ao forçar sua reprodução em ambientes mais competitivos para as fêmeas, os cientistas acham que esses animais aumentaram a atratividade de suas crias. Isso poderia aumentar as taxas de sucesso da reintrodução na vida selvagem de espécies criadas em cativeiro.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/11/131114_femeas_camundongos_pai.shtml. Acesso em 23 nov 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Estudo relaciona homossexualidade com alteração na divisão celular

G1
12/12/2012

Possíveis fatores que determinam que uma pessoa seja homossexual têm sido alvo de inúmeros estudos científicos, e uma nova pesquisa americana aponta que uma área da biologia chamada epigenética pode estar envolvida nesse processo.

A epigenética é diferente da genética, que abrange os genes e a hereditariedade. No primeiro caso, o ambiente favorece mudanças nas divisões celulares, mas que não interferem na sequência de DNA – ou seja, as alterações geralmente ficam apenas com o próprio indivíduo e são produzidas de novo a cada geração.

Segundo o trabalho do Instituto Nacional de Matemática e Síntese Biológica (NIMBioS) dos EUA, publicado online no periódico "The Quarterly Review of Biology", interruptores sexuais temporários, que normalmente não são transmitidos e simplesmente se "apagam" entre as gerações, podem levar à homossexualidade quando escapam de serem deletados e acabam passados do pai para a filha ou da mãe para o filho.

Do ponto de vista evolutivo, a homossexualidade é uma característica que não seria esperada para se desenvolver e persistir diante da teoria de seleção natural de Darwin. Estudos anteriores mostram que a atração pelo mesmo sexo pode se repetir em uma mesma família, levando pesquisadores a presumir que haja um embasamento genético para a preferência sexual. Apesar dos numerosos trabalhos que buscam uma ligação genética, porém, nenhum gene importante ligado à homossexualidade já foi encontrado.

Na atual pesquisa, a equipe do Grupo de Trabalho sobre Conflitos Intragenômicos do NIMBioS criou um modelo matemático e biológico para delimitar o papel da epigenética na homossexualidade. Os cientistas juntaram a teoria da evolução darwiniana com recentes avanços no entendimento da regulação molecular por meio da expressão de genes e do desenvolvimento sexual ligado a andrógenos – substâncias que estimulam e controlam as características masculinas em uma pessoa.

Alguns "marcadores epigenéticos" produzidos no início do desenvolvimento fetal protegem cada sexo de uma variação substancial de testosterona que ocorre mais tarde. Em meninas, esses marcadores impedem que elas se masculinizem demais – e, nos meninos, de menos. Alguns interferem nos órgãos genitais, outros na identidade sexual, e outros na preferência por um parceiro.

Quando esses marcadores são transmitidos de uma geração para outra, de acordo com o estudo, eles podem causar efeitos inversos, como a feminização de alguns traços em meninos – por exemplo, a orientação sexual – e a masculinização parcial das meninas.

"A transmissão de marcadores epigenéticos sexualmente antagônicos entre as gerações é o mecanismo evolutivo mais plausível para o fenômeno da homossexualidade humana", disse o coautor do estudo Sergey Gavrilets, diretor associado do NIMBioS e professor da Universidade do Tennessee, em Knoxville.


Disponível em http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/12/homossexualidade-estaria-ligada-alteracao-na-divisao-celular-diz-estudo.html. Acesso em 04 jun 2013.