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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Juiz autoriza mudança de sexo de prisioneiro que matou esposa

BBC BRASIL
6 de setembro, 2012

Em sua decisão pioneira, o juiz da cidade de Boston Mark L. Wolf comentou que negar a cirurgia ao presidiário que atende pelo nome de Michelle L. Kosilek seria uma forma de preconceito social.

Mas autoridades do setor presidiário vêm se negando a permitir a realização da cirurgia sob o argumento de que ela poderia gerar problemas de segurança.

Kosilek chegou a tentar se castrar e, por duas vezes, a cometer suicídio. Os próprios médicos do Departamento de Correção local já disseram que a cirurgia seria a única solução adequada para o caso de Kosilek.

O detento é sexagenário e seu nome de batismo é Robert Kosilek. Ele estrangulou sua mulher, Cheryl, na cidade de Mansfield, em 1990.

De acordo com o juiz, negar ao detento o direito de realizar a operação seria uma violação da Oitava Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que proíbe punições cruéis e fora do normal.

Processo

Kosilek está cumprindo uma sentença de prisão perpétua. Em 2000, ele processou o Departamento Correcional do Estado devido ao veto à realização da cirurgia.

Em sua decisão, de 127 páginas, o juiz afirmou que ''já é algo amplamente aceito que cirurgias de mudança de sexo podem ser uma necessidade médica para muitas pessoas''.

Ele acrescentou ainda que ''negar os cuidados médicos necessários devido ao medo da controvérsia ou por temor de críticas por parte de políticos, da imprensa e do público não atende a qualquer propósito penal''.

A decisão de Wolf constitui a primeira vez que um juiz nos Estados Unidos decide que uma mudança de sexo é necessária para um prisioneiro que sofre de transtorno de identidade de gênero.

Alguns juízes do Massachusetts e outros Estados americanos vinham tomando decisões nesse sentido, reforçando a crença de que cuidados médicos específicos para presidiários transexuais representam uma exigência constitucional, mas tais determinações vêm também encontrando forte resistência.

No ano passado, um tribunal de recursos que atende a boa parte da chamada região da Nova Inglaterra - formada pelos Estados de Massachusetts, Maine, New Hampshire, Vermont, Rhode Island e Connecticut - aprovou uma decisão de um tribunal de instância inferior que determinava que prisioneiros com transtorno de identidade de gênero pudessem receber tratamento de hormônios.

Ainda no ano passado, um outro tribunal de recursos derrubou uma lei de Wisconsin que impedia tratamento hormonal para presidiários que sofriam dessa desordem.

Em 2010, o Tribunal Tributário dos Estados Unidos determinou que os custos de fornecer hormônios femininos e de realizar cirurgias de mudança de sexo para alguns indivíduos deveria ser financiados pelos governos locais.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120906_mudanca_sexo_prisioneiro_bg.shtml>. Acesso em 07 set 2012.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Atleta indiana é presa sob acusação de estupro e de ser homem

BBC BRASIL
15 de junho, 2012

Pinki Pramanik foi presa no Estado de Bengala Ocidental, após uma reclamação de sua parceira, também uma mulher.

A polícia diz ter pedido permissão de um tribunal para realizar um exame para determinar o sexo da atleta.

Pramanik negou as suspeitas e acusou sua parceira de calúnia. Ela também se recusou a se submeter a um teste médico para comprovar seu sexo.

"Eu tenho passado por inúmeros testes na minha carreira como atleta. Por que eu deveria concordar com mais um teste ridículo?", disse ela ao jornal indiano The Times.

Pramanik ganhou ouro no revezamento 4x400m em 2006 nos Jogos Asiáticos de Doha e uma medalha de prata na mesma prova em 2006, no Commonwealth Games de Melbourne.

Ela também ganhou três medalhas de ouro nos nos Jogos do Sul, também em 2006, quando venceu as provas dos 400 m, 800 m e 4x400 m.

Ela foi detida na quinta-feira e levada a tribunal.

"A denúncia afirma que a atleta é homem e tem convivido (com a parceira) durante os últimos meses sob a promessa de se casar, da qual declinou depois", teria dito um oficial de polícia da cidade de Baguihati.

A Federação de Atletismo da Índia disse que iria aguardar o relatório médico e a investigação da polícia antes de tomar qualquer ação.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120615_atletaindiana_rp.shtml>. Acesso em 16 jun 2012.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Eleitores insatisfeitos sexualmente tendem a votar em candidatos com discurso de protesto, diz pesquisa

BBC BRASIL
10 de abril, 2012

Entre as conclusões está a de que quem não está satisfeito com sua vida amorosa tende a votar em candidatos que se baseiam em discursos de protesto.

A pesquisa, encomendada pela revista Hot Video, entrevistou 1.400 franceses.
Os resultados foram divulgados a menos de 15 dias das eleições presidenciais no país.

De acordo com a pesquisa, 35% dos franceses não satisfeitos com sua sexualidade votarão no candidato Jean-Luc Mélenchon, da coalizão Frente de Esquerda (ultra-esquerdista).

Outros 31% dos que não se consideram satisfeitos sexualmente disseram ser eleitores de Marine Le Pen, a candidata da Frente Nacional, de ultra-direita.

Questão de intensidade?

O resultado da pesquisa sugere que a satisfação dos franceses não está relacionada à frequência com que mantêm relações sexuais.

Os eleitores de direita e centro aparentemente levam uma vida sexual menos intensa que os adeptos dos partidos mais radicais.

Segundo a pesquisa, os partidários do presidente Nicolas Sarkozy têm relações sexuais 6,7 vezes por mês.

Os eleitores da extrema-direita disseram praticar o sexo em média 7,7 vezes por mês.

Já aqueles que preferem a extrema-esquerda afirmaram ter relações sexuais oito vezes por mês.

Contudo, a relação entre sexo e política possui outra explicação, que reside nas diferenças de nível social e educacional do eleitorado de cada partido.

"Normalmente aqueles que votam na direita são pessoas de mais idade e mais religiosos que os demais franceses. Por isso têm uma atividade sexual menos frequente", disse à BBC o diretor da pesquisa François Kraus.

Troca de casais

Algumas práticas sexuais podem ser vinculadas diretamente à ideologia política dos eleitores franceses, especialmente à troca de casais.

De acordo com a pesquisa, ao menos 10% dos simpatizantes da extrema-esquerda afirmaram praticar a troca de casais - uma média duas vezes mais alta que a dos eleitores de outras correntes ideológicas.

"Nesse caso existe uma relação direta. A troca de casais se deve à visão econômica. Compartilha-se tudo, até os casais", disse Kraus.

A pesquisa concluiu ainda que a mulher de esquerda parece ser mais liberal na atividade sexual. A maioria das pesquisadas afirmou ter praticado sexo oral uma ou mais vezes na vida.

Tanto homens como mulheres eleitores da esquerda tendem a experimentar mais práticas diferentes da atividade conjugal tradicional.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/120410_franca_sexo_dg.shtml>. Acesso em 16 jun 2012.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Garoto de 12 anos estuprou menina de 9 após assistir pornografia na web

BBC BRASIL
1 de junho, 2012

A Alta Corte de Edimburgo considerou que o menino, que não foi identificado e agora está com 14 anos, "emulou" as ações que havia visto depois de ter acesso "irrestrito" a sites de pornografia.

A juíza Anne Smith disse que o menino será mantido sob supervisão por quatro anos, o que significa que ele será observado de perto por assistentes sociais até completar 18 anos de idade.

O caso levantou debates e preocupação na Grã-Bretanha com a visão deturpada que crianças e adolescentes podem vir a desenvolver sobre sexo através do acesso a pornografia na internet.

Para o advogado de defesa do garoto, Sean Templeton, "há um risco real de que os jovens da atual geração de adolescentes estejam crescendo com uma visão distorcida do que é sexo e atividade sexual.

"Ele teve acesso irrestrito à internet e ficou claro que, a partir de muito jovem, dos 12 anos de idade, acessava pornografia hardcore", acrescenta.

Templeton disse que o menino identificou os sites visitados para a polícia.

'Comporte-se'

A juíza do caso disse ao garoto que ele deveria "se comportar" e que estava tendo a oportunidade de "fazer algo" de si mesmo. E ainda para deixar seus erros para trás e pensar cuidadosamente sobre o que a menina sentiu e como seria para ela "conviver com o que ele fez de errado".

"Você não deve considerar a pornografia um guia sobre como se comportar sexualmente", disse a juíza ao garoto durante a audiência.

O garoto, que não pode ser identificado por razões legais, admitido ter cometido crimes de estupro e agressão sexual entre 1º de dezembro de 2010 e 31 de janeiro de 2011, em uma comunidade em uma ilha escocesa.

A procuradora Jane Farquharson disse que os crimes vieram à tona depois que a menina perguntou à mãe se suas dores de estômago poderiam estar ligadas ao fato de estar esperando um bebê.

Interrogada pela mãe, a menina, histérica, revelou o que o menino tinha feito com ela em pelo menos duas ocasiões.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120601_garoto_estupro_vale.shtml>. Acesso em 02 jun 2012.

domingo, 3 de junho de 2012

Britânica de 21 anos conta como é ser assexuada

BBC BRASIL
2 de fevereiro, 2012

"Para mim, basicamente, (ser assexuada) quer dizer que eu não olho para as pessoas e penso 'hmmm, eu gostaria de ter relações sexuais com você'. Isso simplesmente não acontece", diz ela.

A estudante da Universidade de Oxford faz parte de 1% dos britânicos que se identificam como assexuados. A assexualidade é descrita como uma orientação, diferentemente do celibato, que é visto como uma escolha.

"As pessoas me perguntam: 'se você nunca experimentou, como você sabe?' Bem, se você é heterossexual, você já experimentou ter relações com uma pessoa do mesmo sexo? Como você sabe que não ia gostar então? Você simplesmente sabe que você não tem interesse nisso, independentemente de ter experimentado ou não", diz ela.

Na Grã-Bretanha, há um website dedicado à comunidade assexuada, a Asexual Visibility and Education Network (Rede de Visibilidade e Educação Assexual), que faz questão de frisar que a diversidade entre eles é tão grande como entre a comunidade "sexual".

O sociólogo Mark Carrigan, da Universidade de Warwick, explica que há, por exemplo, assexuados românticos e não românticos.

"Assexuados não românticos não tem nenhum tipo de relação romântica, então em muitos casos eles não querem ser tocados, não querem nenhum tipo de intimidade física", diz Carrigan.

"Os assexuados românticos não sentem desejo sexual, mas sentem atração romântica. Então, eles veem alguém e não respondem sexualmente a essa pessoa, mas podem querer ficar mais próximos, conhecê-la melhor, dividir coisas com ela."

Namorado

Este é o caso de Jenni, que é hetero-romântica e, apesar de não ter nenhum interesse em sexo, ainda sente atração por pessoas do sexo oposto e está em um relacionamento com Tim, de 22 anos. Tim, no entanto, não é assexuado.

"Muitas pessoas chegam a perguntar se eu não estou sendo egoísta de mantê-lo em uma relação que não vai satisfazê-lo e dizem que ele deveria namorar alguém como ele, mas ele parece bem feliz, então eu diria que ele é quem deve decidir isso", diz Jenni.

Segundo Tim, ele está gostando de passar tempo com Jenni e de conhecê-la melhor concentrando as atenções no lado romântico do relacionamento.

"A primeira vez que Jenni mencionou durante uma conversa que era assexuada, meu primeiro pensamento foi: 'hmmm, isso é um pouco estranho', mas eu sabia que não deveria fazer suposições sobre o que isso significava", explica Tim.

"Eu nunca fui obcecado por sexo. Eu nunca fui do tipo que tem que sair à noite e tem que achar alguém para ter uma relação sexual, só porque é isso que as pessoas fazem...então, não estou tão preocupado com isso."

Ainda assim, a relação de Jenni e Tim tem um lado físico, já que eles se abraçam e se beijam para expressar seu afeto um pelo outro.

Estudos científicos

A assexualidade foi objeto de poucos estudos científicos, segundo Carrigan, porque até 2001 não havia uma comunidade assexuada e, portanto, um objeto a ser estudado.

"Houve muitas pesquisas sobre transtorno do desejo sexual hipoativo, que é classificado como um transtorno de personalidade, e é quando você não sente atração sexual e sofre por conta disso. Então, muitas pessoas que depois foram definidas como assexuadas podem ter sido vistas anteriormente como alguém que sofria desse transtorno", diz Carrigan.

A falta de pesquisas sobre o assunto dá margem a especulações sobre por que algumas pessoas não sentem desejo sexual.

"Há pessoas que definitivamente veem isso como uma doença, que pode ser curada com remédios, outras perguntam se já chequei meus níveis hormonais, como se essa fosse uma solução óbvia", diz Jenni.

"E há pessoas que vão ainda mais longe. Já me perguntaram se fui molestada quando era criança, que não é uma pergunta apropriada. E eu não fui."

Preconceito e marginalização

Apesar de assexuados às vezes sofrerem discriminação, Carrigan diz que o preconceito é diferente da "fobia" que lésbicas e gays podem sofrer.

"É mais uma questão de marginalização, porque as pessoas não entendem a assexualidade."

"A revolução sexual mudou muito a forma como lidamos com o sexo e como pensamos nisso como sociedade. Algumas pesquisas me dão uma sensação de que há um grau de sexualização excessiva na sociedade, as pessoas simplesmente não entendem a assexualidade", diz Carrigan.

Segundo a especialista em relacionamentos e sexualidade Pam Spurr, as pessoas conseguem falar sobre baixa ou alta libido, mas a assexualidade não é um assunto muito discutido abertamente.

Carrigan acha que uma comunidade assexuada mais visível pode ter um efeito nas pessoas que não são assexuadas.

"Não havia um conceito de heterossexualidade até haver homossexuais. Foi só quando algumas pessoas passaram a se definir como homossexuais que passou a fazer sentido para outras pessoas pensar em si mesmas como heterossexuais", explica Carrigan.

"Se é verdade que até 1% da população é assexuada e mais pessoas vão saber que eles existem, será que isso vai mudar a maneira como pessoas 'sexuais' se veem? Porque não há hoje uma boa palavra para definir pessoas que não são assexuadas."

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/02/120117_assexuadidade_is.shtml>. Acesso em 02 fev 2012.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Jovem de 18 anos é 1ª transexual a chegar à semifinal do Miss Inglaterra

BBC BRASIL
Atualizado em  8 de maio, 2012


"Quero chamar a atenção para o fato de que as pessoas transgênero são normais e de que temos os mesmos direitos que os demais", disse Jackie, em sua inscrição para o concurso.

"Eu também pretendo ajudar a ONG da qual faço parte, que dá apoio a crianças transgênero e suas famílias", afirmou.

Jackie foi citada pela mídia britânica como a pessoa mais jovem do mundo a passar por uma cirurgia completa de mudança de sexo, já que fez a operação no dia de seu aniversário de 16 anos, na Tailândia.

Na Grã-Bretanha, menores de idade não podem passar pelo procedimento.

De Jack para Jackie

Segundo sua família, desde pequeno, o menino, que então se chamava Jack, insistia em usar roupas femininas e dizia se sentir uma menina presa no corpo errado.

Após sofrer bullying, ele teria ameaçado cortar seus genitais com uma faca e teria tentado o suicídio diversas vezes.

Agora, após conseguir o apoio do público no concurso, Jackie sonha em conseguir o título de Miss Inglaterra, mas suas ambições não param por aí.

Ela também quer desfilar para a estilista Vivienne Westwood no futuro e atuar no cinema.

"Quero mostrar para crianças na minha situação que tudo é possível, desde que você seja você mesma e não se deixe abater", diz.

As semifinais do concurso Miss Inglaterra acontecem no condado de Leicestershire, no dia 30 de maio.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120508_transexual_miss_is.shtml>. Acesso em 12 mai 2012.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cérebro de homens e mulheres reagem de forma distinta ao medo

BBC BRASIL
Atualizado em  25 de agosto, 2011 - 05:40 (Brasília) 08:40 GMT


O experimento mediu a atividade neurológica de homens e mulheres nos instantes que antecedem seu contato com imagens negativas, positivas e neutras. Ambos os sexos recebiam indicação prévia, por meio de um cartão, sobre qual tipo de imagem iriam ver. Em todos os casos, a atividade cerebral se comportou de maneira estável, sem mudanças, a não ser no caso das mulheres na iminência de ter uma experiência considerada negativa.

Giulia Galli, que liderou a pesquisa no Insituto de Neurociência Cognitiva da UCL, sugere que a diferença na atividade cerebral tem relação com diferenças na memória dos dois gêneros. "Quando estão à espera de uma experiência negativa, as mulheres têm maior capacidade de resposta emocional que os homens, pelo que indica sua atividade cerebral. É provável que isso afeta o modo como elas se lembram do evento negativo", diz.

A pesquisadora explica que a formação da memória se dá de diferentes maneiras. "Ao assistir cenas perturbadoras em filmes, muitas vezes há pistas de que algo 'ruim' irá acontecer, como a música emotiva. A pesquisa mostra que a atividade cerebral nas mulheres entre a pista e a cena perturbadora influencia o modo como a cena vai ser lembrada. O que importa para a memória dos homens em vez disso é, principalmente, a atividade cerebral durante a cena em si", explica. Para a cientista, a descoberta pode ser útil no estudo de transtornos psiquiátricos, como ansiedade, em que há expectativa excessiva.

Memória

A pesquisa foi feita com 15 mulheres e 15 homens. O sinal usado para prenunciar que tipo de cena seria rapidamente vista foi um rosto sorridente, no caso de uma imagem positiva (paisagens bucólicas), um rosto neutro para uma imagem não-emotiva (um objeto qualquer), e um rosto triste para uma imagem negativa (cenas de violência extrema).

Cerca de 20 minutos após medição da atividade cerebral, o estudo apresentou as mesmas imagens ao grupo de homens e mulheres, como num jogo de memória. O estudo mostrou que as imagens consideradas negativas tiveram algo grau de memorização entre as mulheres, mas não entre os homens. Ambos reagiram de maneira similar, no entanto, em relação à memória de imagens neutras e positivas.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/08/110824_memoria_investigacao_mm.shtml>. Acesso em 01 out 2011.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Meninos são alvo de abuso sexual em dança tradicional afegã

Rustam Qobil
Da BBC no Afeganistão
Atualizado em  9 de setembro, 2010 - 05:33 (Brasília) 08:33 GMT

Em uma festa de casamento em um vilarejo remoto no norte do país, após a meia-noite, não há sinais dos noivos, nem de mulheres, apenas homens. Alguns deles estão armados, alguns tomam drogas. A atenção de quase todos está sobre um garoto de 15 anos, que dança para o grupo em um vestido longo e brilhante, com sua face coberta por um véu vermelho. Ele usa seios postiços e sinos presos aos calcanhares. Um dos homens oferece a ele algumas notas de dólar americano, que ele pega com os dentes.

Esta é uma tradição antiga, chamada bachabaze, que significa literalmente “brincando com garotos”. O mais perturbador é o que acontece após as festas. Com frequência, os meninos são levados a hotéis e sofrem abusos sexuais. Os homens responsáveis pela prática são comumente ricos e poderosos. Alguns deles mantêm vários bachas (meninos) e os usam como um símbolo de status, como uma demonstração de sua riqueza. Os meninos, alguns deles ainda pré-adolescentes, são normalmente órfãos de famílias muito pobres.

Meu bacha (garoto) mais novo tem 15 anos, e o mais velho tem 18. Não foi fácil encontrá-los.
Zabi (nome fictício), de 40 anos

Fome

A reportagem da BBC passou vários meses tentando encontrar um garoto que se dispusesse a falar sobre sua experiência. Omid (nome fictício) tem 15 anos. Seu pai morreu trabalhando no campo, ao pisar sobre uma mina. Como filho mais velho, ele é responsável por cuidar de sua mãe, que mendiga pelas ruas, e de dois irmãos mais jovens.

“Comecei a dançar em festas de casamento quando eu tinha 10 anos, quando meu pai morreu”, ele conta. “Estávamos passando fome, então não tive escolha. Às vezes temos que dormir de estômago vazio. Quando eu danço em festas, ganho uns US$ 2 ou um pouco de arroz”, diz. Questionado sobre o que acontece quando as pessoas o levam aos hotéis, ele baixa a cabeça e faz uma longa pausa antes de responder. Omid diz que recebe cerca de US$ 2 pela noite, e que às vezes sofre abusos sexuais de vários homens.

Ele diz que não pode recorrer à polícia por ajuda. “Eles são homens poderosos e ricos. A polícia não pode fazer nada contra eles”, diz. A mãe de Omir tem pouco mais de 30 anos, mas seu cabelo é branco e seu rosto enrugado. Ela parece ter pelo menos 50. Ela conta que tem apenas um quilo de arroz e algumas cebolas para o jantar, e que não tem mais óleo para cozinhar. Ela sabe que seu filho dança em festas, mas ela está mais preocupada sobre o que eles vão comer no dia seguinte. O fato de que seu filho está vulnerável aos abusos está longe de sua mente.

Estávamos passando fome, então não tive escolha. Às vezes temos que dormir de estômago vazio. Quando eu danço em festas, ganho uns US$ 2 ou um pouco de arroz
Omid (nome fictício), 15 anos

Governo ausente

Poucas foram as tentativas das autoridades locais de combater a tradição do bachabaze. Muhammad Ibrahim, chefe-adjunto da polícia na província de Jowzjan, nega que a prática continue. “Não tivemos nenhum caso de bachabaze nos últimos quatro ou cinco anos. Isso não existe mais aqui”, garante. “Se encontrarmos algum homem fazendo isso aqui, vamos puni-lo”, afirma. Mas de acordo com Abdulkhabir Uchqun, um deputado do norte do Afeganistão, a tradição não apenas se mantém, como também está em crescimento. “Infelizmente isso está aumentando em quase todas as regiões do Afeganistão. Eu pedi a autoridades locais que atuassem para interromper essa prática, mas eles não fazem nada”, diz. 

“Nossas autoridades estão muito envergonhadas para admitir até mesmo que isso exista”, afirma. O Islã também não tolera a prática, segundo o Grande Mulá do santuário de Ali em Mazar-e Sharif, o lugar mais sagrado do Afeganistão. “O bachabaze não é aceitável no Islã. Realmente, é abuso infantil. Isso está acontecendo porque nosso sistema de Justiça não funciona”, afirma.

“O país tem estado sem lei por muitos anos, e os órgãos responsáveis e as pessoas não conseguem proteger as crianças”, diz. Os garotos dançarinos são recrutados ainda bem jovens por homens que passeiam pelas ruas procurando garotos afeminados entre grupos pobres e vulneráveis. Eles normalmente oferecem dinheiro e comida a eles.

Não tivemos nenhum caso de bachabaze nos últimos quatro ou cinco anos. Isso não existe mais aqui
Muhammad Ibrahim, chefe de polícia

Direitos humanos

A Comissão Independente de Direitos Humanos, em Cabul, é uma das poucas organizações que tentou combater a prática do bachabaze. O diretor da organização, Musa Mahmudi, diz que ela é comum em várias partes do Afeganistão, mas diz que nunca houve estudos para determinar quantas crianças sofrem abusos em todo o país. Ele aponta para a rua em frente ao seu escritório para mostrar como é difícil proteger as crianças no país.

As ruas do Afeganistão estão cheias de crianças que trabalham. Elas engraxam sapatos, mendigam, juntam garrafas plásticas para vender. Elas se dispõem a fazer qualquer trabalho para ganhar algum dinheiro, diz Mahmudi. Todos os afegãos com os quais a reportagem da BBC falou sabiam sobre o bachabaze. Muitos afirmavam que ele só existe em áreas remotas. Mas a reportagem acompanhou uma festa noturna em uma área antiga de Cabul, a menos de 500 metros do palácio de governo. Lá, Zabi (nome fictício), um homem de 40 anos, se disse orgulhoso de ter três garotos dançarinos.

O bachabaze não é aceitável no Islã. Realmente, é abuso infantil.
Grande Mulá de Ali em Mazar-e Sharif

“Meu bacha mais novo tem 15 anos, e o mais velho tem 18. Não foi fácil encontrá-los. Mas se você fizer um esforço, pode encontrá-los”, ele diz. Zabi diz que tem um bom emprego e que dá dinheiro a eles. “Nós temos um círculo de amigos próximos que também têmbachas. Às vezes nos encontramos e colocamos roupas de mulher e sinos para dança nos nossos bachas e eles dançam para nós por duas ou três horas. Isso é tudo”, afirma. Ele diz que nunca dormiu com um dos garotos, mas admite que os abraça e beija.

Mesmo ao ser questionado se isso também não é errado, ele diz: “Algumas pessoas gostam de briga de cachorros, outros de briga de galos. Todos têm seu hobby. O meu é bachabaze”.
Quando a festa termina, às 2h da manhã, um adolescente ainda está dançando e oferecendo drogas aos homens à sua volta.

Zabi não é especialmente rico ou poderoso, mas ainda assim tem três bachas. Há muitas pessoas que apoiam essa tradição em todo o Afeganistão, e muitas delas são influentes.
O governo afegão não é capaz – e muitos dizem que também não tem interesse – de combater o problema.

O governo está enfrentando um movimento de insurgentes, com a permanência de tropas estrangeiras no país. O sistema judicial é fraco e a pobreza é generalizada. Milhares de crianças estão nas ruas tentando ganhar dinheiro. O bachabaze não é prioridade.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/09/100908_afeganistao_danca_abuso_dg.shtml?mid=55>. Acesso em 27 dez 2011.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Transexual é condenado por empurrar para frente de trem advogado que se vestia como mulher

BBC BRASIL
Atualizado em  23 de dezembro, 2011 - 11:11 (Brasília) 13:11 GMT

David Burgess, também chamado por amigos e família de Sonia Burgess, de 63 anos, foi empurrado para a frente de um trem que se aproximava na estação de King's Cross em outubro de 2010. Senthooran Kanagasingham, também conhecido como Nina, foi condenado à prisão perpétua pela Justiça na última quinta-feira e deve cumprir pelo menos sete anos da pena.

Kanagasingham era amigo de Burgess, um famoso advogado defensor dos direitos humanos e dos direitos dos imigrantes. Antes de sua morte, Burgess já havia sinalizado que temia pelo estado mental do amigo, e inclusive havia indicado um médico para que ele se consultasse.

Burgess disse a amigos próximos que Kanagasingham estava ficando psicótico e "implodindo" e acrescentou que temia pelos efeitos dos hormônios receitados para Kanagasingham.

O transexual, de 35 anos, estava passando por um tratamento para mudança de sexo na época em que empurrou Burgess para debaixo do trem. A defesa alegou que Kanagasingham sofria de esquizofrenia paranóica.

'Calmo'

Testemunhas do momento em que Kanagasingham empurrou Burgess afirmaram que ele parecia "calmo" e, quando outros passageiros o cercaram, ele disse: "Sou culpado, sou culpado, me rendo". Um bilhete foi encontrado na mochila usada por Kanagasingham onde o transexual afirmava estar "deprimido e sofrendo de transtorno de identidade de gênero". 

O promotor do caso, Brian Altman, afirmou que Burgess, que tinha três filhos, tinha uma "reputação brilhante e invejável". Os filhos da vítima compareceram ao julgamento, vindos do Canadá e da Coreia do Sul, onde vivem atualmente.

Dechem, uma das filhas, declarou que Burgess queria "romper as fronteiras e permitir que indivíduos fossem o que quisessem desde que não ferissem ninguém". "Em relação a Senthooran Kanagasingham, esperamos que ele receba a ajuda que precisa, isto é o que Sonia gostaria que acontecesse e, na verdade, ela estava tentando ajudá-lo", afirmou uma declaração divulgada pela família de Burgess.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111223_condenacao_morte_kings_cross_fn.shtml>. Acesso em 27 dez 2011.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Americana relata drama de descobrir na adolescência ter genética masculina

BBC BRASIL
13/10/2011 - 07h26

Uma americana que descobriu na adolescência que era geneticamente homem relatou seu drama em um documentário da BBC. Katie tem síndrome da insensibilidade ao androgênio, que só foi diagnosticada quando ela passou por uma operação de hérnia aos seis anos de idade. Os cirurgiões descobriram na época que ela tinha um testículo não descido e que não possuía ovários ou útero, apesar de ter uma vagina. Por não reagir ao androgênio, o hormônio que teria feito com que ela fosse um menino, ela se desenvolveu como menina.
"Eu tenho aparência feminina, tenho um corpo de mulher normal, mas em vez de ter cromossomos XX como uma mulher típica, eu tenho cromossomos XY como um homem comum", diz Katie no programa Me, my sex and I, exibido esta semana pelo canal BBC One no Reino Unido.

Segredo

Os pais de Katie, ambos médicos, aprenderam durante seus estudos que não era recomendável informar mulheres que elas têm essa condição "porque a notícia seria tão devastadora que elas poderiam cometer suicídio". Ainda assim, eles decidiram, aos poucos, dar a Katie algumas informações sobre seu corpo e quando ela completou 18 anos, os pais revelaram todos os detalhes.

"Eu fiquei muito assustada. Eu não estava preparada para pensar em mim como totalmente e irreversivelmente diferente de qualquer outra mulher. Eu ficava pensando se alguém iria me amar ou se eu era tão diferente que não poderia ser amada", disse ela. Katie teve o testículo removido, passou a tomar pílulas para equilibrar melhor seus hormônios e começou a frequentar um grupo para mulheres como ela.

Distúrbios

Aos 22 anos, Katie deu uma entrevista no programa da apresentadora Oprah Winfrey que teria contribuído para uma maior abertura na discussão dos DDS (Distúrbios de Desenvolvimento Sexual) nos Estados Unidos. O nascimento de uma criança que não pode ser descrita como menino ou menina (com sexo indeterminado, condição previamente conhecida como intersexo) é algo raro, mas o grupo de apoio Accord Alliance diz que em cada 1.500 nascimentos um apresenta algum tipo de DDS.

Pessoas com o distúrbio podem ter desequilíbrios hormonais ou um desenvolvimento inadequado de seus órgãos sexuais ou reprodutivos, que pode levar a uma genitália ambígua e a uma aparência física que não corresponde a seus cromossomos sexuais, como é o caso de Katie. Em casos opostos ao de Katie, pessoas com cromossomos XX (femininos) podem não desenvolver seios, ter pelos em excesso e um clitóris aumentado, similar a um pênis. "Eu acho que temos definições muito inadequadas do que é sexo, mas com base no que temos, não posso dizer que sou homem ou mulher em termos de sexo, apesar de minha identidade de gênero ser feminina", diz Katie.

Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/bbc/989876-americana-relata-drama-de-descobrir-na-adolescencia-ter-genetica-masculina.shtml>. Acesso em 13 out 2011.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Transexual assume cadeira no Parlamento da Polônia

BBC BRASIL
Atualizado em  8 de novembro, 2011 - 12:57 (Brasília) 14:57 GMT


Anna Grodzka, de 57 anos, era conhecida como Krzystof, antes da cirurgia de mudança de sexo realizada na Tailândia, há um ano meio. Antes da cirurgia, a nova parlamentar tinha esposa e filho.

Anna afirmou que, muitas pessoas que encontra na rua têm uma reação favorável, mas também já viu comportamentos agressivos. A parlamentar afirma que é pior nos círculos políticos e na imprensa, que nem sempre entendem os problemas e as questões ligadas aos transexuais.

"Eles tentam usar contra mim o fato de que eu era um homem", disse.
Ela foi eleita em outubro pelo partido Movimento Palikot, conhecido por ter uma postura anticlerical com críticas a padres católicos que se envolvem na política do país.

O partido surpreendeu nas últimas eleições gerais, conseguindo 10% das cadeiras.

Em um país conhecido pela força da Igreja Católica e pelo conservadorismo, o Palikot defende a legalização do aborto, do casamento entre homossexuais e da maconha.

Muitos afirmam que o sucesso do Palikot mostra que a Igreja Católica parece ter perdido a influência entre os jovens poloneses.

Maciej Zieba, ex-chefe da Ordem Dominicana na Polônia, diz que a igreja precisa tentar entender o que isto significa.

"O alto número de votos do Palikot é um desafio para a igreja: como se dirigir de forma criativa e confiável especialmente para o público jovem", afirmou.

A Igreja Católica da Polônia tem um papel histórico na luta contra invasores estrangeiros e também na derrubada do comunismo. Mas, isto ocorreu há mais de 20 anos.

Agora, os bispos poloneses precisam decidir a melhor forma de se conectar com uma geração que sequer era nascida quando o comunismo caiu.


Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2011/11/111108_transexual_polonia_fn.shtml>. Acesso em 16 nov 2011.