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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Estudo comprova: empresas com mais mulheres se dão melhor

Olhar Digital
09/04/2014

Um levantamento com dados de vários estudos sobre a participação da mulher no ambiente corporativo trouxe à tona uma série de informações que revelam por que o "sexo frágil", na verdade, de frágil não tem nada.

Encabeçado pelo Instituto Anita Borg para Mulheres e Tecnologia, o levantamento intitulado "The Case for Investing in Women" fez uma varredura entre pesquisas acadêmicas de gênero, destacando o diferencial da mulher.

Entre outras coisas, o estudo revela a descoberta de um economista de Carnegie Mellon de que times com ao menos uma mulher possuem QI coletivo superior àqueles formados apenas por homens.

Quando companhias da Fortune 500 possuem o mínimo de três diretoras, vários fatores-chave são elevados: o retorno de capital investido salta para mais de 66%, o de vendas sobe 42%, o sobre patrimônio líquido é aumentado em 53%.

Companhias com equipes diversificadas têm rotatividade 22% mais baixa e, se há uma cultura mais inclusiva, que se atente para as mulheres, é mais fácil contratar gente diversificada. Em 2012, um estudo sobre a participação da mulher em patentes de tecnologia descobriu que os registros feitos por equipes formadas pelos dois gêneros são citados entre 30% e 40% mais vezes que as patentes semelhantes feitas por times só de homens.

Além disso, uma pesquisa feita em 17 países em diferentes indústrias revelou que ter um número maior de mulheres entre os líderes inspira segurança psicológica, confiança, experimentação de grupo e eficiência.

Estudo completo: http://anitaborg.org/wp-content/uploads/2014/03/The-Case-for-Investing-in-Women-314.pdf


Disponível em http://olhardigital.uol.com.br/pro/noticia/41327/41327. Acesso em 17 abr 2014.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Suprema Corte da Índia reconhece transexuais como terceiro gênero

Reuters
15/04/14 

A Suprema Corte da Índia reconheceu, nesta terça-feira, a existência de um terceiro gênero, que não é masculino nem feminino, em uma decisão que permitirá que milhares de pessoas transgênero e eunucos tenham seus direitos reconhecidos. “O reconhecimento dos transgênero como terceiro gênero não é uma questão social ou médica, mas de direitos humanos”, declarou o juiz K.S. Radhakrishnan ao emitir sua decisão.

O tribunal encarregou os governos estatais e federal de identificar os transgênero como um terceiro gênero neutro, que deve ter garantido o acesso aos mesmos programas sociais que outros grupos minoritários na Índia. “Os transgênero são cidadãos deste país e têm direito à educação e a todos os outros direitos", declarou Radhakrishnan. As pessoas transgênero e os eunucos vivem à margem da sociedade indiana, tradicionalmente conservadora, e com frequência são obrigados a recorrer à prostituição, à mendicância e ou a empregos muito precários para sobreviver.

Na Índia, grande parte deles forma a comunidade dos “hijras”, que são encarados com uma mistura de temor e respeito. O recurso à Suprema Corte havia sido apresentado em 2012 por um grupo de pessoas, entre elas o conhecido eunuco e ativista Laxmi Narayan Tripathi, para exigir direitos igualitários para a população transgênero aos olhos da lei. Tripathi acolheu com satisfação a decisão, e lembrou que os transgênero sofrem discriminação no país, tradicionalmente conservador.

- Hoje, pela primeira vez, me sinto muito orgulhoso de ser indiano - declarou Tripathi aos jornalistas reunidos em frente ao tribunal em Nova Délhi.

O reconhecimento de um terceiro gênero é raro no mundo. Antes da Índia, a Alta Corte da Austrália também decidiu, no início de abril, que uma pessoa pode ser reconhecida pelo Estado como pertencente a um “gênero neutro”. Já Alemanha e Nepal autorizam seus cidadãos a escrever um X no campo “sexo” do passaporte.


Disponível em http://oglobo.globo.com/sociedade/suprema-corte-da-india-reconhece-transexuais-como-terceiro-genero-12200778. Acesso em 16 abr 2014.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Repercussões subjetivas da desordem da diferenciação sexual: quando o sexo é incerto

Liliane Carvalho de Miranda Dias Carneiro
Pós-graduação em Psicanálise, Saúde e Sociedade
Universidade Veiga de Almeida
Rio de Janeiro – RJ - 2010

Resumo: Esta dissertação tem como objetivo elaborar possíveis repercussões subjetivas  as assim chamadas “Desordens da Diferenciação Sexual”. Na introdução, fizemos um breve percurso em alguns mitos que falam de hermafroditismo e transformação do sexo e em questões ligadas ao transexualismo. Para desenvolver nosso tema, partimos da concepção freudiana da sexualidade, abordando como se estabelecem e se diferenciam os complexos de Édipo no menino e na menina. Em seguida, trabalhamos o conceito de identificação, sua relação com a escolha de objeto e com o gênero. Desenvolvemos articulações entre o desejo e a pulsão escópica e trouxemos um caso de agenesia peniana. Concluímos com uma série de perguntas que dizem respeito às relações entre o sexo e a normalidade.






sexta-feira, 4 de abril de 2014

Tribunal japonês concede pela 1ª vez adoção a uma mãe transexual

G1
02/04/2014

Um tribunal de Osaka (centro do Japão) aprovou a adoção de um menino de três anos a uma transexual, segundo informações divulgadas pela agência Kyodo. É a primeira vez no país em que se reconhece esse direito a uma pessoa que se submeteu à mudança de sexo.

A nova mãe, de cerca de 30 anos, nasceu com o sexo biológico masculino e se submeteu a uma operação de mudança de sexo recorrendo à lei japonesa que desde 2004 permite a mudança do gênero registrado legalmente e se casar.

"Enquanto eu enfrentei circunstâncias crueis, as encarei de frente sem fugir", disse a mulher. "Espero que outras pessoas sigam os meus passos".

É o primeiro caso no Japão no qual se reconhece uma transexual como "mãe legal" dentro de um programa de adoção, uma decisão que segundo especialistas pode abrir um precedente jurídico.

Nesses casos, os tribunais costumam questionar se as pessoas que mudam de gênero são capazes de "construir uma relação paterno-filial saudável" ao se tornar pais adotivos.

A decisão do tribunal de Osaka "dará uma nova opção" aos transexuais que quiserem ter filhos, segundo disse o professor de ginecologia e obstetrícia da Universidade de Okayama, Mikiya Nakatsuka à Kyodo.

O caso também representa "um passo decisivo no reconhecimento da diversidade de gênero e de família", segundo o analista.

Em outro caso sobre direito à paternidade de transsexuais, em dezembro a Corte Suprema japonês reconheceu a um homem que tinha mudado de sexo como pai legal do filho de sua esposa, nascido de fertilização in vitro com esperma doado por uma terceira pessoa.


Disponível em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/04/tribunal-japones-concede-pela-1-vez-adocao-uma-mae-transexual.html. Acesso em 03 abr 2014.

segunda-feira, 31 de março de 2014

O sucesso das modelos transexuais no Brasil, terra do Carnaval e da fé religiosa

Taylor Barnes  

Quando era garoto no interior do Brasil, Carol Marra observava os pais corrigirem, com muita delicadeza, os estranhos que elogiavam 'sua filha'; já adolescente, desejou os namorados das colegas de classe e começou a usar roupas andróginas na rua ‒ que trocava por peças masculinas antes de voltar para casa, dentro do carro mesmo.

Hoje, aos 26 anos, é uma das modelos bastante requisitadas e se tornou uma estrela: já fez duas minisséries para a TV, criou sua própria linha de lingerie, é a primeira transexual a desfilar na Fashion Rio ‒ considerado um dos eventos mais importantes da moda nacional ‒ e a posar para a Revista Trip, badalada revista brasileira que traz fotos de mulheres nuas.

Essa popularidade sugere uma mudança surpreendente, embora frágil, na cultura popular em relação à Carol e outras tops como ela. Em um país que faz questão de celebrar seu patrimônio multirracial e multicultural, capitais cosmopolitas como São Paulo e Rio de Janeiro se tornaram locais onde a diversidade sexual vem sendo mais aceita; por outro lado, elas dizem que o Brasil continua, sob vários aspectos, extremamente conservador, com um forte sentimento religioso que cria um ambiente hostil para a população LGBT.

'Dizem que o Brasil é um país liberal e progressista, mas não é bem assim', afirma Carol enquanto o cabeleireiro cuida de suas madeixas em um salão sofisticado dos Jardins antes de uma sessão de filmagens.

No entanto, ela é símbolo de sucesso para um número cada vez maior de modelos transexuais que migram de regiões mais pobres e remotas para São Paulo, considerado o centro mais importante da moda na América do Sul.

'Quando cheguei aqui, senti a diferença na hora', conta Melissa Paixão, de 22 anos, que se mudou quando tinha 19.

Ela nasceu Robson Paixão em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, mais tradicional. Quando era adolescente, ganhava um dinheirinho extra posando como Marilyn Monroe e Audrey Hepburn para uma loja. Embora saiba que atrai olhares na rua, prefere atribuir a atenção nem tanto ao preconceito, mas ao fato de ser uma mulher de 1,80 m.

Apesar de relativamente novas no ramo, Melissa, Camila Ribeiro e Felipa Tavares têm espaço garantido no mercado nacional: Camila desfilou no Fashion Business, no Rio, para a sofisticada Santa Ephigênia; Melissa vai aparecer no catálogo de Walério Araújo, estilista famoso pelo estilo exuberante que veste celebridades como Preta Gil e Maria Rita.

As modelos afirmam que suas experiências refletem a ideia de que a aceitação social é uma realidade, ainda que desigual, apesar da imagem de 'vale-tudo' que o país projeta no exterior. Os movimentos gay e transexual praticamente desapareceram entre 1964 e 1985, período que durou a ditadura militar. Na mesma época, eles começaram a florescer em outras partes do mundo.

O histórico da transgressão de gêneros no Brasil é antigo, reforçado pelo Carnaval. A participação de homens vestidos de mulher, com o rosto emplastado de maquiagem, é tão tradicional quanto o desfile das escolas de samba.

Shows de artistas drag queens e gays viraram moda nas casas noturnas do Rio nos anos 50 e 60; nas décadas posteriores, os transexuais começaram a fazer tratamentos hormonais e a usar silicone para feminilizar o corpo, como explica James N. Green, historiador e autor de 'Beyond Carnival: Male Homosexuality in Twentieth-Century Brazil'.

O Brasil também passou a dar grande apoio aos direitos dos gays: São Paulo realiza uma das maiores marchas do Orgulho Gay do mundo e, desde janeiro, o Judiciário reconhece a união civil, além da adoção e casamento, entre homossexuais ‒, mas a proposta de distribuição de um kit antidiscriminação nas escolas públicas foi vetada por membros da bancada evangélica do Congresso, que reclamou do conteúdo sexual.

Ao mesmo tempo, a violência e o preconceito permanecem grandes. Segundo o Grupo Gay da Bahia, 338 gays, lésbicas e transexuais foram mortos em 2012. Não é possível verificar os motivos de cada crime, mas várias vítimas tinham sinais de tortura e ferimentos múltiplos, levando os ativistas a acreditarem que podem ter sido crimes de ódio, afirma Luiz Mott, antropólogo e historiador que fundou o grupo.

James Green acredita que a fama dos modelos transexuais, apesar de positiva em termos individuais, tem pouco valor político.

'Significa que os homens com aparência feminina não representam uma ameaça contanto que continuem submissas, preocupadas apenas com a aparência, roupas e maquiagem. Assim elas se encaixam perfeitamente nas fantasias masculinas.'

Alguns modelos se consideram altamente politizados; já outros preferem ser aceitos como uma mulher qualquer.

Roberta Close, que posou para a Playboy em 1984, é considerada o primeiro modelo transexual do país e arrebanhou inúmeros fãs com sua beleza delicada; a atriz Rogéria, nascida Astolfo Barroso Pinto, é famosíssima no Brasil, e já participou de vários programas na poderosa TV Globo.

Mesmo assim, o número de transexuais na moda é irrisório considerando-se a vastidão do setor aqui.

A modelo transexual brasileira mais conhecida internacionalmente é Lea T, nascida Leandro Cerezo, filho do ex-jogador Toninho Cerezo. Ela posou para a campanha da Givenchy em 2010, além de ter desfilado na Semana da Moda de São Paulo ao lado de nomes como Gisele Bündchen e Alessandra Ambrosio, conhecidas por seu trabalho na Victoria's Secret.

Para Débora Souza, agente que representa Carol Marra, a modelo transexual é interessante porque atrai tanto o público feminino como o gay, que é o mais importante do mundo da moda. Ao se aventurarem além dele, porém, já não têm tanto sucesso.

A amazonense Camila Ribeiro posou para a Candy, que se autodenomina 'a primeira revista do estilo de vida transexual', mas reclama que, apesar de bem-recebidas nas publicações de moda e artísticas, experimentais ou de vanguarda, as modelos transexuais ainda encontram dificuldades em abrir espaço nas principais revistas, catálogos, feiras e anúncios de apelo popular.

A própria Carol admite que o sucesso de que goza no mundo da moda não se reflete em outras áreas ‒ e confessa que sua página no Facebook vive inundada de mensagens masculinas vulgares, quase sempre perguntando quanto cobra pelo programa. 'Nunca quis me tornar uma ativista da causa. Prefiro agir como qualquer outra.'

Só resolveu se tornar mais ativa depois de começar a receber mensagens de transexuais de várias partes do país ‒ como a prostituta em Manaus que a viu na TV e pediu conselhos.
Carol também reclama que não recebe tratamento justo na escalação de papéis, encarnando sempre a mulher transexual.

'A grande maioria dos atores é gay e, no entanto, faz papel de galã', diz ela para a diretora da minissérie. 'Por que não posso ser empregada, secretária, sei lá, uma árvore?'


Disponível em http://nytsyn.br.msn.com/colunistas/o-sucesso-das-modelos-transexuais-no-brasil-terra-do-carnaval-e-da-f%C3%A9-religiosa#page=0. Acesso em 23 mar 2014.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Personalidades nuas: um estudo sobre a nudez feminista

Nayara Matos Coelho Barreto
Universidade Federal Fluminense UFF Niterói/RJ
XXXIV congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011

Resumo: O presente artigo pretende investigar a configuração atual das representações do corpo feminino na mídia, examinando os usos deste corpo nu e a influência do ideal da arte feminista e suas transformações nas ultimas décadas. Nos anos 1960, o movimento feminista buscava ampliar as liberdades de gênero e reconfigurar o lugar da mulher na sociedade. Desde então a mídia de massa é uma das esferas que contribuiu para a configuração de novas amarras para a mulher contemporânea. Por isso, este artigo questiona de que modo a exibição do corpo nu poderia operar politicamente num sentido capaz de resistir à moral vigente, num contexto de constante espetacularização dos corpos, especialmente o da mulher. Para problematizar isso, apresento um breve percurso histórico sobre a arte feminista e sobre sua influencia nas novas práticas de exposição corporal, tais como o Teatro Burlesco, reconfigurado no final do século XX, e o site norte-americano Suicide Girls.com.



sábado, 22 de março de 2014

Não, isso não é coisa pra homem: masculinidades e os processos de inclusão/exclusão em uma escola da Baixada Fluminense–RJ

Leandro Teofilo de Brito
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
José Guilherme de Oliveira Freitas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mônica Pereira dos Santos
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero
Ponta Grossa, v. 5, n. 2, p. 114 - 125, ago. / dez. 2014

Resumo: Esta pesquisa, de inspiração etnográfica, tem por objetivo compreender de que modo os processos de inclusão/exclusão se fazem presentes nas construções de masculinidades de alunos de turmas do ensino fundamental, em uma escola pública municipal de Nova Iguaçu, região da Baixada Fluminense, estado do Rio de Janeiro. A partir da análise dos dados encontrados no campo de pesquisa, constatamos que a modificação ou a construção de novas culturas de inclusão relacionadas às questões de gênero no espaço escolar, em especial ao reconhecimento de variadas e múltiplas formas de masculinidades, que se diferenciem de – e contestem - sua forma hegemônica, mostra-se como o principal fator de mudança e de combate aos processos de exclusões, influenciando políticas e práticas escolares na busca incansável e incessante pelo movimento da inclusão no contexto educacional.



segunda-feira, 17 de março de 2014

Cavalheirismo gera falsas expectativas em relacionamentos

Mente Cérebro
março de 2014

O homem pagar sozinho a conta do restaurante depois de um jantar romântico, ajudar a mulher a carregar as compras ou abrir a porta do carro para que ela entre são atitudes consideradas exemplos de cavalheirismo. Mais precisamente chamado de sexismo benevolente por estudiosos das relações de gênero, esse comportamento é sustentado pela crença patriarcal de que a mulher é mais frágil e menos capaz. Por isso deve ser protegida, ajudada ou, como uma espécie de compensação, privilegiada com pequenas delicadezas.

Valorizadas em culturas sexistas, atitudes cavalheirescas costumam ser interpretadas não como opressão, mas como gentileza e até mesmo sinal de interesse e afeto pela mulher. Um artigo publicado no European Journal of Social Psychology, no entanto, esclarece que esse comportamento, na verdade, prejudica a relação saudável entre os gêneros. Se por um lado o sexismo benevolente favorece as primeiras aproximações, por outro aumenta as chances de frustração no relacionamento, afirmam os autores, psicólogos da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, que analisaram a percepção de 2.700 mulheres sobre cavalheirismo.

Eles observaram que aquelas que se sentiam mais lisonjeadas pelas deferências masculinas se mostraram mais insatisfeitas com o comportamento do parceiro em situações de conflito um ano depois, quando foram novamente entrevistadas. “Expectativas sobre como cada gênero deve se comportar são contrariadas pela realidade da vida a dois. É como se os problemas que invariavelmente surgem com a convivência não condissessem com o ideal do que é ser amada”, diz um dos autores, Matthew Hammond.

Outra pesquisa, da Universidade Estadual da Califórnia, analisou a percepção de ambos os sexos sobre o costume de o homem assumir as despesas no primeiro encontro. Cerca de 17 mil adultos jovens heterossexuais responderam a um questionário on-line elaborado pela psicóloga Janet Lever. De acordo com ela, 64% dos homens afirmaram esperar que sua parceira dividisse a conta, enquanto 44% das mulheres confessaram sentir-se incomodadas em pagar sua parte. A maioria dos entrevistados concordou que esse tipo de situação gerava constrangimento. Segundo Janet, a melhor estratégia nesse caso – como em tantas outras questões que surgem no relacionamento, frisa – é conversar sobre o assunto francamente.


Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/cavalheirismo_gera_falsas_expectativas_em_relacionamentos.html. Acesso em 15 mar 2014.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sexo para menores: adolescência, sexualidade e gênero na revista Capricho

Vanessa Patrícia Monteiro Campos
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ
XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Fortaleza, CE – 3 a 7/9/2012

Resumo: A revista Capricho possui em suas edições uma seção de uma página chamada “Sexo” onde as leitoras se manifestam sobre todos os assuntos relativos à sexualidade na adolescência, ao mesmo tempo que especialistas, como terapeutas e sexólogos também analisam as questões propostas. A intenção deste trabalho é analisar todas as páginas da seção “Sexo” publicadas no ano de 2011 para tentar debater questões contidas na formulação de minha tese, como adolescência, sexualidade e gênero. Com ênfase na questão do pós-feminismo, fenômeno que se enquadra na imagem da adolescente contemporânea criada pelo atual projeto da revista.




sábado, 22 de fevereiro de 2014

A tutela jurídica da pessoa transexual

Marina Carneiro Leão de Camargo

Resumo: O presente trabalho analisa o fenômeno da transexualidade frente ao Direito, com base no princípio da dignidade da pessoa humana, que, por força da Constituição Federal de 1988, ilumina todo o ordenamento jurídico. Para tanto, traz uma reflexão acerca das categorias de gênero e sexo no que se refere à construção de corpos femininos e masculinos através dos discursos. A partir disso, situa-se a experiência transexual no processo por meio do qual são prescritos comportamentos aos indivíduos e naturalizadas as diferenças entre os corpos sexuados. Aborda-se, por fim, a tutela jurídica da pessoa transexual, através da legalização das cirurgias de transgenitalização e da possibilidade de alteração do registro civil no tocante ao prenome e ao sexo, em virtude da identidade de gênero, tendo por fundamento os direitos da personalidade e os direitos fundamentais.



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Diferenças cerebrais entre homens e mulheres justificam habilidades e comportamentos distintos?

Joel Rennó Junior
07.janeiro.2014

Do ponto de vista médico, há estruturas cerebrais com morfologia e funcionalidade diferentes entre o SNC (Sistema Nervoso Central) do homem e da mulher. Em parte, os comportamentos, atitudes, pensamentos, habilidades e sentimentos femininos podem ser distintos aos dos homens por tais diferenças anatômicas e funcionais entre os cérebros deles. Esse é o papel das neurociências na atualidade, apontar tais diferenças, a fim de que haja intervenções terapêuticas distintas e até medidas preventivas.

“Neurocientistas e a sociedade têm que ter muito cuidado ao fazerem as interpretações de tais diferenças, sem reducionismos perigosos. Pode haver uma distorção ao fazer reforços de preconceitos existentes contra a mulher, justificando certas habilidades diferenciadas como um sinônimo de inferioridade”       

Por que essa diferença entre o cérebro do homem e da mulher?
Sabemos que grande parte dessas diferenças decorre da exposição diferenciada do cérebro feminino ao hormônio estrogênio, já no intraútero, na gestação. O cérebro feminino vai se moldando e se desenvolvendo de uma forma distinta ao masculino já no intraútero.

Imagens da ressonância magnética funcional realizadas por neurocientistas apontam, entre inúmeras outras diferenças (poderíamos citar dezenas delas encontradas na última década):

1. O cérebro das mulheres é aproximadamente 10% menor que o dos homens, porém, possui maior número de conexões entre as células nervosas. O corpo caloso que faz a comunicação entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo costuma ser mais desenvolvido nas mulheres. Isso leva a uma melhor integração de diferentes estímulos entre os dois lados do cérebro feminino. Geralmente, as mulheres fazem várias tarefas simultâneas como cozinhar, ler, cuidar da casa e dos filhos de forma mais eficiente que os homens.

2. O cérebro esquerdo é bem mais desenvolvido entre as mulheres;

3. O cérebro direito mais desenvolvido entre os homens – contrariamente ao que pensa o grande público – sabe-se ser o hemisfério esquerdo denominado “científico”, analítico, racional, verbal, temporal, enquanto o hemisfério direito é dito “artístico”, sintético, emocional, não verbal e espacial, isso sob a influência direta dos hormônios sexuais (testosterona e outros).

4. A mulher está mais sujeita a sentir depressão do que o homem e, quanto a isso, existe uma relação direta com a baixa produção da substância química cerebral, a serotonina, no cérebro feminino. As oscilações dos níveis de estrogênio em períodos críticos do ciclo reprodutivo feminino como o pré-menstrual, o pós-parto e a perimenopausa (período que se inicia cerca de 5 anos antes da menopausa e vai até um ano após) são “gatilhos” para a depressão feminina mais frequente, cerca de duas vezes.

5. O cérebro masculino é voltado para a compreensão, enquanto o feminino é programado para a empatia (cuidado com a interpretação).

6. As imagens mostraram que o lobo parietal inferior, área envolvida em atividades matemáticas, é maior no cérebro deles. Portanto, os homens costumam ser melhores em tarefas matemáticas, enquanto as mulheres se saem melhor em atividades verbais (cuidado com a interpretação!).

7. As mulheres são mais emotivas e expressam com mais facilidade seus sentimentos do que os homens, porque o sistema límbico delas é mais desenvolvido do que o deles (cuidado com a interpretação!).

Interpretação entre diferenças de gênero deve evitar reducionismo perigoso

Os neurocientistas e a sociedade têm que ter muito cuidado ao fazerem as interpretações de tais diferenças, sem reducionismos perigosos. Pode haver uma distorção ao fazer reforços de preconceitos existentes contra a mulher, justificando certas habilidades diferenciadas como um sinônimo de inferioridade.

Lembro-me do discurso infeliz de um antigo reitor da Universidade de Harvard, nos EUA, destacando que as mulheres não seriam tão eficientes e brilhantes no campo das Ciências Exatas. Isso não faz tanto tempo assim, é relativamente recente. No passado, até foram publicados artigos sobre tais diferenças em revistas científicas consagradas como Science and Nature, amplificando e reforçando a suposta inferioridade feminina. Por coincidência, muitos dos cientistas da época eram homens.

Nunca podemos também deixar de levar em consideração o ambiente e a cultura em que o homem e a mulher estão inseridos. Na minha prática clínica, conheço homens sensíveis, afetuosos, que se saem melhor em atividades verbais do que matemáticas ou lógicas. Por outro lado, conheço mulheres que são pesquisadoras brilhantes, exímias matemáticas e com afeto raso e pouco contato verbal.

Biologia e genética não determinam tudo sobre comportamento e habilidades humanas

A biologia e a genética, embora relevantes, não são os únicos determinantes do comportamento e habilidades humanas. Por isso, pessoalmente, eu detesto piadas ou jocosidades a respeito de tais diferenças porque, no fundo, há uma expressão (até inconsciente) de nossos preconceitos e projeções. Isso, é claro, pode ser oriundo tanto dos homens quanto das mulheres. Já ouvi mulheres afirmando “acho aquele cara esquisito, sensível e romântico, pouco decidido e muito delicado”.

Ouvi também comentários de homens do tipo “aquela ali é uma empresária agressiva, racional e mal amada”. Ambos comentários trazem no seu bojo a mensagem que a neurociência jamais quer que tais diferenças se transformem em julgamentos ou justificativas estigmatizadoras dos gêneros, sejam masculinos ou femininos. Até porque alguns cientistas afirmam que cerca de 20% dos homens têm cérebros “femininos” e até 10% das mulheres têm cérebro “masculinizados”.

No próprio campo da sexualidade humana, observamos mudanças do comportamento sexual da mulher, mais arrojada, determinada, exigente e erotizada. Apesar de alguns determinantes biológicos, isso ilustra o quanto o ambiente e as forças sociais podem interferir. O objetivo deve ser sempre o de aprimorar as competências tanto dos homens quanto das mulheres, nunca aprofundar abismos pré-existentes.

Muitos me perguntam por que as mulheres criam discussões em casa, o que elas têm, com relação ao gênero feminino, que contribui para os conflitos de casal. Não vejo que os conflitos entre os casais sejam decorrentes de questões intrínsecas do gênero como as pessoas costumam apregoar – pelo menos na maior parte dos contextos. O principal fator realmente costuma ser a expectativa que se projeta na figura do outro, geralmente, sempre superdimensionada no início de muitos relacionamentos. A fase de encantamento acaba terminando e daí vem a frustração.

Alguns indivíduos, independentemente de serem homens ou mulheres, costumam projetar no outro verdades ou conceitos baseados em seus próprios valores. A figura idealizada de qualquer pessoa sempre acaba gerando consequências negativas. Ninguém, por melhor que seja, vai ser capaz de sustentar aspectos arquetípicos de um grande herói, infalível em sua essência. Por melhor que sejamos, nossa natureza humana pode se tornar frágil em algum momento.

Entre as questões que costumam gerar mais conflitos entre homens e mulheres, incluem-se a traição, o sentimento de rejeição de um ou de outro, a educação e os valores ensinados aos filhos, religião ou crença, brigas entre as famílias, dependência econômica e sexo. Não acredito ser possível classificar as mais típicas de um gênero ou de outro, tudo vai depender da dinâmica do casal e da própria família adotada em sua convivência diária, na capacidade individual de cada um poder crescer e se transformar.

Na sociedade atual, não vejo questões tão específicas ou típicas de um sexo em relação ao outro, há padrões mutáveis e imprevisíveis, devido aos múltiplos papéis envolvidos.


Disponível em http://blogs.estadao.com.br/mentes-femininas/. Acesso em 10 fev 2014.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia

Daniel Welzer-Lang
Estudos Feministas
Ano 9 - 2º Semestre - 2/2001

Resumo: A partir de definições de homofobia e de heterossexismo, este artigo explora a profundidade heurística das relações sociais de sexo transversais ao conjunto de pessoas e grupos de gênero, no interior de um quadro teórico que rompe com definições naturalistas e/ ou essencialistas dos homens. O texto analisa os esquemas, o habitus, o ideal viril, homofóbico e heterossexual que constroem e fortalecem a identidade e a dominação masculina. Para desenvolver este argumento, o autor faz uma vasta revisão bibliográfica da literatura feminista francesa contemporânea.





quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Homens parceiros de transexuais: diálogo fenomenológico de vivências afetivo-sexuais

Milene Soares
Universidade de São Paulo
FFCLRP - Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia

Resumo: Na presente dissertação, buscamos situar e (re)conhecer as características típicas do cenário contemporâneo por acreditar que a visibilidade do fenômeno “Como são as vivências afetivo-sexuais de homens parceiros de transexuais?” encontrou possibilidade de manifestação no contexto da pós-modernidade. Em seguida, mergulhamos nos horizontes em que as diversidades afetivo-sexuais vêm sendo investigadas pelas diferentes áreas do conhecimento científico, tais como a psiquiatria, a sociologia, a psicologia etc. E, apoiadas nesse arcabouço de conhecimento, elegemos a perspectiva da fenomenologia merleaupontyana com o intuito de compreender o existir humano da perspectiva mundana da encarnação corporal e de intersubjetividade. Assim, o presente trabalho tem como objetivo conhecer a história de vida de homens que se relacionam com transexuais para compreender os significados atribuídos por eles às suas vivências afetivo-sexuais. Para realizar tal intento entrevistamos cinco homens que se relacionam com transexuais a partir da questão norteadora: “Fale para mim acerca de seus relacionamentos afetivo-sexuais no decorrer de sua vida”. Para a análise dos relatos, utilizamos a metodologia qualitativa fenomenológica, que consiste na leitura e releitura dos relatos, discriminação das unidades de significados, elaboração de categorias e identificação das convergências e divergências nos discursos. A compreensão dos relatos foi feita a partir da perspectiva merleupontyana num interdiálogo com perspectivas teóricas biológicas, psicológicas e sócio-culturais. Na análise dos relatos, foram destacadas as seguintes categorias de significados: 1) Nos horizontes da família; 2) Vivências heteroafetivas-sexuais; 3) Vivências homoafetivas-sexuais; 4) Transições e descobertas: orientação e identidade sexual; 5) Nos horizontes da homofobia; 6) A vivência afetivo-sexual com uma transexual; 7) Projeto de vida. Encontramos que a vivência de um relacionamento afetivo-sexual contribui para importantes esferas de produção de sentido existencial, como a construção de um modo conjunto de ver o mundo e se ver enquanto indivíduo. Dar voz aos parceiros de transexuais contribui para deslocar o paradigma da heteronormatividade – responsável pelas angústias, medos e estigmas por eles vivenciados – enquanto se possibilita a visibilidade das múltiplas possibilidades de vivência da sexualidade.



quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Relações de gêneros e liderança nas organizações: rumo a um estilo andrógino de gestão

Jean Carlo Silva dos Santos
Elaine Di Diego Antunes
Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 35-60, jul./dez. 2013

Resumo: Trata-se de um ensaio teórico, realizado com base em pesquisa bibliográfica, com o objetivo analisar e descrever como os estereótipos, as diferenças e as desigualdades de gênero constroem barreiras para a ascensão de mulheres a cargos de liderança nas organizações. O ensaio discute também as implicações da gestão andrógina (KARK, 2004) como alternativa de igualdade de oportunidades para homens e mulheres ascenderem como líderes. Por meio da teoria da identidade do papel sexual,são demonstrados os estereótipos socialmente construídos sobre o papel masculino e feminino, os quais estabelecem barreiras para a ascensão da mulher a cargos de prestígio e poder nas organizações, mesmo com a inserção maciça de mulheres no mercado de trabalho. Conclui-se que o estilo andrógino de gestão constitui uma alternativa para o estabelecimento de relações de igualdade de condições e de oportunidades entre homens e mulheres, ao mesmo tempo em que transpõe a polarização existente entre os gêneros e promove sua integração. Enfim, o estilo andrógino de gestão pode ser considerado uma atitude de mudança cultural e comportamental no que diz respeito ao papel social do gênero. O avanço nas pesquisas sobre a liderança andrógina suscita novos caminhos e possibilidades de análise sobre como os indivíduos andróginos percebem e exercem sua liderança e proporciona novas perspectivas para o entendimento dos constructos sociais do papel de gênero e das barreiras que impedem a ascensão profissional das mulheres.





sábado, 4 de janeiro de 2014

Minorias sexuais: das margens ao proscênio. Isso é real?

Rogério Amador de Melo
Tereza Rodrigues Vieira
Revista Direito & Bioética

Resumo: A transmodernidade vem sendo marcada pelas afetações diversas de subjetividades nômades que agenciam novos modos de existência, que ao longo dos anos emergem das margens sociais para relações mais próximas. Este engendramento rizomático nas relações, principalmente no que diz respeito às políticas sexuais de sexo/gêneros/sexualidades vem trazendo reflexões a respeito da visibilidade social adquirida pelas minorias sexuais, tendo em contrapartida as figuras e os discursos veiculados pelos meios de comunicação a respeito dessa temática e dessa população em específico. Contudo, o presente trabalho objetivou por meio de uma revisão de literatura, problematizar as interfaces da visibilidade conquistada pelo movimento LGBTTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex) em contrapartida com as representações e discursos ainda disseminados de maneira fragmentada e sexista num palco de espetáculo dos considerados até então “anormais”.



quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Travestilidades: incursões sobre envelhecimento a partir das trajetórias de vida de travestis na cidade do Recife

Cicera Glaudiane Holanda Costa
IV Reunião Equatorial de Antropologia
XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste
04 a 07 de agosto de 2013, Fortaleza-CE

Resumo: A experiência travesti suscita diversas reflexões referente a dicotomia masculino/feminino através da (re)construção de uma imagem, que ao mesmo tempo dialoga como pontua uma ruptura com a lógica dominante de gêneros. Esse mesmo corpo estabelece uma linguagem que narra pulsões e transgressões, que ganha significado a partir da cultura que está inserido e é atualizado e alterado a partir dela. Neste sentido, esta pesquisa tem como perspectiva contribuir para discussões dos processos de construção das travestilidades, assim como refletir sobre questões que problematizam a representação do corpo, gênero e sexualidade no cotidiano. Procurando, nesta direção, conhecer os significados atribuídos pelas travestis ao envelhecimento e ao corpo envelhecido. Essas questões foram acessadas a partir de elementos trazidos em seus discursos e da análise de fotografias e material audiovisual produzido em contextos diferentes nos encontros com as interlocutoras, especialmente em entrevistas vídeogravadas. As trajetórias de vida das travestis são compreendidas com base no “paradigma do curso da vida”, onde qualquer ponto da trajetória de vida precisa ser analisado de uma perspectiva dinâmica, como consequência de experiências passadas e expectativas futuras, e de uma integração entre os motivos pessoais e os limites do contexto social e cultural correspondente

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Transexual homem dá à luz uma menina na Argentina

UOL
19/12/2013

Alexis Taborda, primeiro homem transexual a engravidar na Argentina, deu à luz uma menina na cidade de Victoria, nesta quarta-feira (18). A informação foi confirmada à agência Efe pela companheira, também transexual, Karen Bruselario. A criança vai se chamar Génesis Evangelina.

Alexis nasceu mulher e, depois de adulta, decidiu assumir a identidade de homem. E Karen nasceu homem, passando a se assumir como mulher. Apesar da mudança de gênero, ambos conservaram os aparelhos reprodutores com os quais nasceram, o que permitiu que Alexis gerasse a criança em seu útero.

O parto foi uma cesariana e o bebê, que nasceu com mais de 4 kg, não apresentou nenhum problema de saúde.

O casal transexual oficializou sua união no dia 30 de novembro, quando Alexis já estava 'grávido' de 36 semanas. Em entrevista à AFP, Taborda contou que ficou surpreso com o apoio dos familiares e vizinhos antes e depois da cerimônia. "Victoria é uma cidade conservadora, mas pouco a pouco vai se abrindo e nosso casamento ajudará nesse sentido".

A  Argentina foi o primeiro país da América Latina a adotar, em 2010, uma legislação que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em 2012, foi aprovada a chamada Lei de Identidade de Gênero, que permite a travestis e transexuais ter um documento de identidade com o sexo escolhido.

Karen destacou que "realizou o sonho de toda mulher transexual que teve uma vida difícil: casar de branco e ter uma festa celebrada com amor".

Na época do casamento, Alexis admitiu que sua condição de 'grávido' gera sentimentos contraditórios. "Sinto que há algo estranho dentro do meu corpo e quero ver o bebê fora de mim", confessou.

Conheça mulheres que se submeteram à cirurgia de readequação sexual

Ariadna Arantes ficou famosa e conhecida do grande público depois de participar do "Big Brother Brasil 11". A modelo se submeteu à readequação sexual em 2009, na Tailândia, com o Dr. Kamol Pansritum - cirurgião famoso que já realizou mais de 3.000 cirurgias. "Ele é o homem que fez o encontro da minha alma com meu corpo", disse Ariadna. Em entrevista ao BOL, a modelo declarou que sofre rejeição, principalmente por parte das mulheres. "O fato de eu não sentir dores de cólicas não me faz menos mulher. Não existe dor maior do que ser rejeitada", desabafou a modelo.


Disponível em http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/12/19/transexual-homem-da-a-luz-a-uma-menina-na-argentina.htm. Acesso em 19 dez 2013.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

“Eu tenho um amo implacável, a natureza das coisas”: discursos jurídicos acerca das transexualidades no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (1989-2010)

Thiago Coacci
Diálogo
Canoas, n. 24, dez. 2013

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo explicitar alguns processos através dos quais ocorre a naturalização do corpo, do gênero e da orientação sexual por meio dos discursos judiciais. A coleta dos acórdãos se deu pela pesquisa, configurada para abarcar do ano 1989 a 2010, no repositório on-line de jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG, utilizando a busca por palavras-chaves para recuperar os acórdãos. A análise buscou analisar quais são os “retratos padronizadores” construídos sobre a transexualidade no TJMG e quais os discursos são legítimos para falar sobre a transexualidade na Justiça.



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Investigação portuguesa sobre "as vidas das pessoas transgénero" recebe financiamento europeu

Andreia Sanches
10/12/2013

Em Novembro, a Alemanha tornou-se o primeiro país europeu onde é possível inscrever no Bilhete de Identidade de uma criança uma terceira opção para além de "feminino" ou "masculino": "sexo indefinido". Que impacto tem numa sociedade uma medida legislativa como esta? "Tem, com certeza, consequências que quem faz as leis não coloca e é importante reflectir sobre isso quando assistimos a uma pressão" para que legislação idêntica seja aprovada noutros países, diz Sofia Aboim, investigadora auxiliar do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa que acaba de obter um financiamento de 1,3 milhões de euros para um estudo sobre género e direitos sexuais na Europa.

O financiamento deste estudo será assegurado por cinco anos, pelo Conselho Europeu de Investigação (CEI) — que foi criado em 2007, pela Comissão Europeia, para estimular a excelência científica na Europa.

A investigadora portuguesa não tem dúvidas: "A sociedade vai ter de repensar-se a si própria." E as questões que vão colocar-se irão muito além do básico "A que casa de banho vão estas pessoas, à da dos homens ou à das mulheres?", como começou por acontecer na Alemanha, numa fase ainda de "reacção de estranheza" à introdução da ideia de um "terceiro sexo".

O projecto coordenado por Sofia Aboim e financiado pelo Conselho Europeu de Investigação chama-se TRANSRIGHTS — Cidadania de género e direitos sexuais na Europa: vidas transgénero numa perspectiva transnacional. Irá investigar "as vidas das pessoas transgénero bem como o aparato institucional que as enquadra" em cinco países europeus: Portugal, França, Reino Unido, Holanda e Suécia. O termo transgénero inclui transexuais e hermafroditas, por exemplo.

Sofia Aboim explica que se pretende, por um lado, analisar o contexto legal e, por outro, "as vidas destas pessoas" — quem são, como definem, qual o seu lugar no mundo do trabalho, de que forma são marginalizadas. Isto em países do Norte e da Escandinávia, ou seja, com perfis muito distintos.

Para tal serão feitas entrevistas nos diferentes países. A equipa principal de investigadores estará, contudo, sediada em Portugal.

A investigadora lembra que se sabe pouco. Mas há dados que dão que pensar. Como este: "Em França, 40% dos trabalhadores sexuais são pessoas transgénero, imigrantes."

Sofia Aboim tem trabalhado os temas da família, do género e da sexualidade. Recentemente, lançou o livro A Sexualidade dos Portugueses, publicado pela Fundação Franscisco Manuel dos Santos (2013).

O CEI disponibiliza bolsas de até 2,75 milhões de euros por projecto (as chamadas Consolidator Grants) a investigadores que tenham pelo menos sete anos de experiência na área da investigação, pós-doutoramento, e apresentem um projecto considerado "excelente".


Disponível em http://www.publico.pt/sociedade/noticia/investigacao-portuguesa-sobre-as-vidas-das-pessoas-transgenero-recebe-financimento-europeu-1615792. Acesso em 19 dez 2013.

sábado, 21 de dezembro de 2013

A possibilidade de construção de um perfil do homofóbico: análise de registros de casos de homofobia a partir da experiência de um Centro de Referência

Isabela Scheufler Pereira
IV Reunião Equatorial de Antropologia
XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste
04 A 07 de agosto de 2013, FORTALEZA-CE

Resumo: Esta comunicação apresenta resultados de pesquisa realizada para o trabalho de conclusão de curso da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Partindo de experiência de estágio no Centro de Referência e Promoção da Cidadania LGBT-Capital reflito sobre dados criados/coletados pelo serviço, ligado à execução do Programa Estadual Rio sem Homofobia (2009). O objetivo inicial foi proceder uma caracterização do agressor a partir da análise e descrição dos casos de homofobia atendidos no centro de referência. A metodologia é qualitativa e quantitativa, compreendendo dados coletados em prontuários de registros feitos entre janeiro e junho de 2012. O entrecruzamento de variáveis distintas como idade, sexo, identidade de gênero, orientação sexual, cor, do agredido; assim como vínculo com o/a agredido/a, espaço em que ocorre e ‘natureza’ da violência, possibilitam elucidar as situações em que ocorreram tais violências, pois a tentativa de um perfil do homofóbico se mostrou um pouco comprometida por conta da escassez de informações sobre o agressor. Exploro, também, a bibliografia pertinente ao tema no entrelaçamento dos campos de estudo da sexualidade, do gênero e da política social.