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domingo, 8 de dezembro de 2013

O machismo sutil de quem nos cultua

Marília Moschkovich
11/11/2013

Recebi recentemente algumas críticas, ao aproximar a cultura de estupro das ideias um tanto filóginas - a princípio - de autores conhecidos do atual jornalismo brasileiro. A filoginia pode parecer contrária ao machismo, uma vez que coloca as mulheres como objeto de admiração e amor. Se pensarmos um tiquinho, porém, é possível sacar de que maneira a filoginia pode ser absolutamente machista, e como o pensamento do machismo filógino compartilha as ideias mais básicas do que chamamos de "cultura do estupro".

Vamos pensar por etapas, compreendendo essas definições todas. Vejam, o machismo é uma maneira de pensar que coloca os homens como detentores do poder sobre as mulheres. Até aí, imagino que não seja lá muito difícil entender, certo? Pois então; a filoginia seria um grande amor generalizado pelas mulheres. Vocês já devem ter lido textos, de Xico Sá, e de André Forastieri, que exaltam qualidades das mulheres, nos elogiam e nos colocam numa posição quase de "seres sagrados" – como são as vacas, para os hindus.O cavalheirismo, por exemplo – o homem pagar a conta da mulher num restaurante, quando saem como casal, ou abrir a porta do carro para que ela entre, ou afastar e aproximar cadeiras à mesa, etc – é uma confusa mistura dessas duas coisas. Tanto que a atitude é sempre extremamente polêmica, quando as feministas entram na conversa. É desse aparente conflito entre machismo e filoginia que surge a polêmica: amor e admiração não seriam bons? Será que as feministas são mesmo umas mal-amadas?

É justamente esse suposto conflito que precisamos desconstruir. A filoginia é em geral machista, mesmo que o machismo não seja sempre filógino. Eu diria que este é apenas um dos tipos de machismo que podemos identificar numa sociedade como a nossa: o machismo filógino.

Os textos linkados no segundo parágrafo são excelentes exemplos. Os machistas filóginos têm a plena convicção de que estão fazendo um bem, ao definirem publicamente o que é certo, errado, bom e ruim para as mulheres, e o que nós devemos ou não fazer. Usam seu privilégio de homens, numa sociedade estruturalmente machista, com intenções a princípio boas. Por exemplo, validar padrões estéticos diferentes dos mais aceitos (como nos textos citados). Mas reforçam o machismo, porque entendem que realmente teriam o poder de fazer essa validação. Nós mulheres, então, dependeríamos de sua aceitação para nos aceitarmos.

Além da heteronormatividade escancarada nesse tipo de pensamento, também é possível notar que – diferentemente do que qualquer feminismo possa jamais propor – o machismo filógino está baseado em conferir aos homens poder sobre as mulheres. Quando um homem qualquer defende que "as mulheres" façam, ou deixem de fazer, qualquer coisa, simplesmente porque acha que é melhor, esse homem está necessariamente sendo machista.

Isso não significa que não haja espaço para homens na luta feminista. Significa apenas que eles precisam se compreender nesta luta como coadjuvantes. Escutam, apoiam e adotam atitudes que possam conferir mais poder às mulheres com quem convivem e menos a eles mesmos. É só com uma vasta diminuição nas "chances de homens exercerem poder sobre mulheres" (como diria Foucault, para quem o poder não é um bem que se pode possuir) que ultrapassaremos, de vez, o machismo.

Por isso, caríssimos colunistas supracitados, nós feministas dizemos com clareza: guardem para si mesmos suas opiniões sobre as barrigas, bundas, magreza ou dobras de quaisquer mulheres. Vocês não estão em posição de nos dizer como nós devemos ou podemos ser, ou deixar de ser. Nem vocês, nem ninguém. A não ser que desejemos explicitamente ser machistas. Eu (por enquanto) duvido que vocês queiram.

Disponível em http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/o-machismo-sutil-de-quem-nos-cultua-4591.html. Acesso em 08 dez 2013.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Heterossexual ou gay? Formato do rosto pode revelar opção sexual

Portal Terra
09 de Novembro de 2013

Um estudo sugere que os diferentes formatos de rosto podem revelar as preferências sexuais dos homens. Pesquisadores da Academia de Ciências da República Checa e do Centro de Estudos Teóricos da Universidade Charles, em Praga, decidiram estudar as características faciais de homens gays e heterossexuais para saber se elas estão relacionadas à orientação sexual. As informações são do Huffington Post.

Foram realizados dois estudos: um analisou se os gays têm visivelmente diferentes características visuais que os heterossexuais, e o outro analisou se a orientação sexual pode ser determinada apenas com base neste recurso.

No primeiro estudo, pesquisadores reuniram 40 homens que se interessavam por pessoas do mesmo sexo e 40 homens que se relacionavam com mulheres. Todos checos e brancos. Depois de tirarem 80 fotos com mais de 11 mil coordenadas, foi possível notar um padrão. "Os homens gays mostraram rostos relativamente mais largos e curtos, narizes menores e mais curtos e mandíbulas mais arredondada, apontou o estudo.

O segundo estudo reuniu 33 gays e 33 heterossexuais com 20 anos. Quarenta estudantes do sexo feminino e 40 masculinos foram solicitados a classificar a orientação sexual dos 66 participantes em uma escala de um a sete, sendo que um representava o extremo para heterossexual e sete para homossexual. Além disso, eles classificaram os traços mais masculinos e femininos de cada participante.

As formas de rosto de homens gays foram classificadas como mais masculinas do que os heterossexuais. Além disso, os avaliadores não foram capazes de determinar a orientação sexual com as imagens. “Isso mostra que o julgamento da orientação sexual com base em características estereotipadas leva ao equívoco frequente”, escreveram os autores.

"É necessário apontar para possíveis mal-entendidos dos nossos resultados", disse Jarka Valentova, uma das responsáveis pelo estudo. "O fato de termos encontrado algumas diferenças morfológicas significativas entre homens homossexuais e heterossexuais não significa que qualquer um dos grupos é facilmente reconhecível na rua (e nosso estudo 2, na verdade, mostra que não é assim tão fácil de adivinhar a orientação sexual de alguém sem conhecê-lo)”, completou.

Ela também acrescentou que o tamanho da amostra utilizada foi pequena e, para que o estudo tivesse mais validade, seria necessário aplicá-lo em homens de diferentes etnias.


Disponível em http://vidaeestilo.terra.com.br/homem/heterossexual-ou-gay-formato-do-rosto-pode-revelar-opcao-sexual,6bd6d3df14d32410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html. Acesso em 23 nov 2013

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mulher que revelou ter transado com mil homens nasceu menino

EXTRA
03/02/12

Cristal Warren, de 42 anos, surpreendeu os telespectadores do programa de TV britânico This Morning ao revelar que era viciada em sexo e teria transado com mais de mil homens. Na manhã desta sexta-feira, Cristal voltou a chocar o público ao afirmar que nasceu menino.

Ela mudou de gênero em 2005 e seu nome de batismo era Christopher Snowden. A mulher sabe que sua revelação vai deixar furiosos alguns de seus “amantes”, que não sabiam de seu passado. “Muitos ficarão revoltados, mas eu tenho que dizer a verdade. Eu não quero que ninguém duvide de sua próprio sexualidade agora por causa disso. Eles não sabiam que estavam dormindo com alguém como eu”, afirmou Cristal no programa.

“Agora, eu tenho o corpo que sempre quis e quero desfrutar disso”, encerrou a mulher.


Disponível em http://extra.globo.com/noticias/mundo/mulher-que-revelou-ter-transado-com-mil-homens-nasceu-menino-3868320.html. Acesso em 03 nov 2013.

sábado, 28 de setembro de 2013

Câncer de pênis: mais de mil homens têm pênis amputados por ano; saiba como se prevenir de doenças

Genilson Coutinho
23 de setembro de 2013

 

Todos os anos, cerca de mil brasileiros são submetidos a amputação do pênis. De acordo com dados do Sistema Único de Saúde, a mutilação é causada pela falta de cuidados que faz com o que o Brasil ocupe um dos primeiros lugares em câncer de pênis no mundo, perdendo para a Índia e alguns países do continente africano.

Para tentar mudar esse quadro e chamar atenção da população para medidas simples que podem evitar a amputação e o câncer, como a limpeza com água e sabão, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida, realizará, de 26 a 29 de setembro, a Campanha Nacional chamada Câncer de Pênis Zero.

A quarta edição da iniciativa conta com textos explicativos no portal da SBU (www.sbu.org.br), posts de orientação no Facebook (www.facebook.com/SociedadeBrasileiraUrologia) e ações de atendimento ao público em cidades do Norte e Nordeste, regiões de maior incidência do problema. A campanha tem como padrinho o ex-jogador de futebol Zico,  atual técnico do Al-Gharafa (Qatar).

Campanha

De acordo com o urologista e coordenador da campanha na Bahia, Marcelo Brandão, o câncer de pênis é uma doença social e está basicamente ligada às condições de saúde e higiene.

“Com água e sabão e os cuidados de limpeza na glande (também conhecida como cabeça do pênis) e no prepúcio (que é a pele que recobre o pênis), o câncer e as amputações poderiam ser evitados”, completa o médico, ressaltando que, entre os circuncidados, como é o caso dos judeus nascidos em Israel, as taxas da doença chegam a quase zero.

“Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia no Maranhão, por exemplo, mostrou que, de cada 100 pacientes operados de fimose, 30% tinham câncer de pênis nos estágios iniciais”, completa o médico, ressaltando que, no estado, a campanha vai se concentrar na sensibilização dos profissionais que atuam nos postos de saúde e no Programa de Saúde da Família para alertar a população sobre os cuidados.

“Em cidades do interior como Maragogipe, Cachoeira e São Felix já existe um trabalho constante de sensibilização da população, realizado ao longo de 15 anos. Na capital, estamos fechando uma parceria com o Hospital Aristides Maltez”, completa.

Parceiros

A falta de higiene e limpeza não afeta apenas a saúde de quem descuida da saúde íntima, as lesões no pênis também facilitam o desenvolvimento de doença nos parceiros, facilitando, inclusive, a transmissão do papiloma vírus humano (HPV), principal responsável pelos cânceres de colo de útero, vagina, ânus, pênis e orofaringe (boca e garganta).

Nos últimos dez anos, inclusive, o câncer de orofaringe causado pelo HPV superou aqueles causados pelo tabagismo e pelo álcool, entre os menores de 50 anos.

“Infelizmente, na maioria dos casos, os homens não apresentam sintomas, por isso mesmo, não sabem que estão servindo como vetores de disseminação e contágio”, esclarece o diretor médico do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (Ceparh) e ginecologista, Jorge Valente.

O cirurgião de boca e pescoço Ivan Agra lembra que os cânceres de orofaringe são mais comuns no público masculino. “Para cada mulher com a doença, existe cerca de quatro homens com o mesmo problema”, salienta o especialista, lembrando que, apesar da resistência cultural, é fundamental não abrir mão do preservativo, mesmo durante as preliminares.

No caso do sexo oral, a dica dos especialistas é apostar nos produtos com sabor, que poderiam ser usados como aliados para assegurar que prazer e segurança andem sempre muito próximos.

Sexo

Para assegurar a saúde da boca e garantir o tratamento rápido, Ivan Agra defende que as pessoas realizem periodicamente o autoexame da boca, verificando qualquer lesão na área.

“Feridinhas que não cicatrizam, dor para engolir que ultrapassa o período de três semanas merecem atenção especial e, nesses casos, o indivíduo deve procurar um médico o mais rápido possível”, pontua.

Marcelo Brandão ressalta que o câncer de pênis é tratável em suas fases iniciais. “Além da higiene diária, feita sempre após as relações sexuais e a masturbação, é importante que os homens estejam atentos para qualquer perda de sensibilidade, coceira, lesões esbranquiçadas e aumento de gânglios (ínguas)”, explica o médico, salientando que o câncer de pênis tem um impacto muito significativo na vida das famílias.

“Vivemos um modelo patriarcal na sociedade e, geralmente, quando o câncer gera a amputação parcial ou total, esse homem tende a desenvolver outras doenças, como o alcoolismo e a depressão”, complementa o urologista.

Ele lembra que, mesmo quando a amputação é parcial, o aspecto psicológico das relações sexuais termina sendo comprometido. “Geralmente esse homem não consegue executar a penetração e nem atingir o orgasmo”, esclarece o médico, ressaltando que  é retirado cerca de 2 centímetros do pênis.

O médico chama a atenção que, no caso das relações homem e mulher, é necessário um mínimo de seis a sete centímetros para proporcionar o prazer da parceira.

Para Marcelo Brandão, a informação e a educação desde a infância poderiam mudar o quadro atual. “A prevenção será sempre melhor que o tratamento”, finaliza Brandão.

Disponível em http://www.doistercos.com.br/cancer-de-penis-mais-de-mil-homens-tem-penis-amputados-por-ano-saiba-como-se-prevenir-de-doencas/. Acesso em 24 set 2013.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Masturbação e pornografia podem se tornar dependência; veja pesquisa

Elvis Pereira
01/09/2013

Masturbação e pornografia podem se tornar uma dependência. Desde o fim de 2010, o IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, acompanha 86 homens com comportamento sexual compulsivo. Eles participam do primeiro estudo sobre o tema no país feito com pacientes. O objetivo é buscar evidências científicas sobre o problema e formas mais eficazes de tratá-lo, segundo Marco Scanavino, 47, principal autor da pesquisa. Os resultados iniciais foram divulgados neste ano, na revista "Psychiatry Research".


Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/09/1334806-masturbacao-e-pornografia-podem-se-tornar-dependencia-veja-pesquisa.shtml. Acesso em 10 set 2013.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ecce homo

Jorge Forbes

"Não se fazem mais homens como antigamente”, reclama a velha senhora na soleira de sua porta, ao ver chegar o amigo da sua neta, encostando o carro. Arrumado demais, combinado demais, manso demais, indeciso demais, enfim – ela não quer confessar, mas caraminhola baixinho – o moço lhe parece feminino demais.

A velha senhora tem alguma razão em observar que os homens, hoje, não são feitos da mesma maneira da qual ela estava habituada. Intuitivamente, ela nota – mesmo que não aceite – que a identidade humana é maleável, que muda conforme o tempo, abraçando o relevo da paisagem de sua época.

Estamos assistindo a uma mudança de um período no qual o laço social que era vertical, gerando estruturas piramidais – o que provocava o estabelecimento de relações hierárquicas e padronizadas – passa a uma nova situação, na qual as relações humanas são horizontais e múltiplas, em tudo, muito diferentes dos modelos estáveis anteriores. No que toca à identidade masculina, ela passou de uma inflexibilidade poderosa, coerente com a verticalidade disciplinar do mundo de ontem, para uma participação interativa flexível, exigência do tempo presente. Traduzindo em miúdos: um homem era visto, caricaturado e admirado como alguém forte e firme em suas decisões – sem frescuras, sem dúvidas, sem titubeios – inflexível em sua vontade pétrea, como se elogiava barrocamente. Agora, nesses novos tempos, mais importante que dar ordens é convencer e seduzir; melhor que ser sempre igual, é mostrar-se criativo, respondendo diferentemente, conforme o aspecto de cada situação.

Para as novas exigências, a carapaça do típico macho envelheceu, se despregou do seu corpo, caiu, e ele se vê tão perdido quanto cobra trocando de pele, ou siri que ficou nu e tem medo de ser catado. Reage atordoado procurando novas formas de ser e aparecer que lhe devolvam a segurança perdida; hipertrofia os traços machistas em academias fabricantes de abdomens tanquinhos, ao mesmo tempo em que vai perdendo a vergonha de confessar seu interesse no melhor creme, na cirurgia plástica, na mais atraente e chocante combinação de roupa.

Para as novas exigências, a carapaça do típico macho envelheceu, se despregou do seu corpo, caiu, e ele se vê tão perdido quanto cobra trocando de pele 

Pobres homens, a pós-modernidade não lhes é em nada tranquila. Enquanto as mulheres nadam de braçadas, pois o detalhe, a singularidade, o inusitado – características próprias à horizontalidade despadronizada – são a sua praia, os homens sofrem, se angustiam, por se verem sem a bússola do dever bem definido que lhes orientava tão corretamente e, tanto quanto aquela velha senhora, também desconfiam de sua própria sexualidade. Buscam os mais diversos consolos, alguns bem engraçados e paradoxais, como os grupos do Bolinha: confrarias das mais diversas, mais comuns as de vinho e as de comida, que, sob o manto disfarçador do refinamento do gosto, escondem a mais básica vontade de perguntarem uns para os outros como cada qual está se virando diante dessa verdadeira revolução. Isso, quando não contratam treinamentos supostamente disciplinadores e eficientes de tropas de elite, que tentam loucamente instalar em suas empresas, onde gostam de se travestir em generais incontestados, fazendo que os funcionários incomodados “peçam para sair”, tal como aprenderam naquele filme de sucesso.

Pouco a pouco, ficará claro para a maioria que a masculinidade não se baseia em nenhum grupo de iguais – sejam eles confrarias ou exércitos –, mas, tudo ao contrário, na possibilidade de suportar a expectativa da diferença, aquela representada pelo enigma de uma mulher frente a um homem. De nada vai lhe adiantar querer calá-la – ou calá-lo, o enigma – com alguma resposta pronta do gênero de bolsas ou perfumes de marcas supostamente exclusivas – mas em algo tão singelo, quão difícil: sabendo fazê-la rir, sonhar, se surpreender. Ecce Homo.

Disponível em http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/62/artigo209144-1.asp. Acesso em 25 ago 2013.

domingo, 25 de agosto de 2013

Homens heterossexuais também têm prazer na região anal; veja por que e avalie se você toparia

Cléo Francisco
13/09/2012

O que você, mulher, pensaria se o seu parceiro explicitasse o desejo de ser penetrado no ânus durante a relação sexual? E você, homem, gostaria de ter ou já teve essa experiência ou nem pode ouvir falar no assunto? Antes de dar a resposta, saiba alguns detalhes sobre essa prática. E o primeiro deles é que essa região do corpo é igual em homens e mulheres e ambos podem ter prazer a partir de estímulos nessa parte do corpo.

"O períneo, região que compreende genitália e ânus, é uma região muito inervada. E qualquer área com alta incidência de terminação nervosa pode se tornar uma zona erógena, desde que se esteja com alguém que desperte o desejo sexual”, conta o urologista Marcelo Vieira, membro do Instituto H. Ellis e mestre em cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

O urologista e sexólogo Celso Marzano afirma que não existe diferença da região anal entre homem e mulher. "A anatomia e sensibilidade são iguais. Na parte genital é diferente, mas no ânus, não", diz o médico que é professor de sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC e autor do livro "O Prazer Secreto(Editora Éden), que discorre sobre a prática do sexo anal, obra dirigida a homens e mulheres de todas as orientações sexuais.

Marzano explica que, dependendo da posição em que o homem for penetrado, isso vai massagear a próstata, que fica entre dois e três centímetros de profundidade a partir da entrada do ânus. "Ele se sentirá mais estimulado" conta o médico, acrescentando que o mesmo acontece na mulher. "A diferença é que nelas a massagem é no corpo interno do clitóris, a parte não visível na vagina". 

Quanto ao prazer que o sexo anal pode provocar, o urologista afirma. "Homens e mulheres podem chegar ao orgasmo pelo sexo anal. Isso não é mito, é realidade", diz.

Muitas dúvidas

Homens heterossexuais que queiram experimentar essa prática podem ver sua orientação sexual contestada e serem alvo de preconceito que, aliás, pode ser sentido tanto por membros da ala masculina quanto da feminina. "Há uma espécie de campanha que só mesmo os homossexuais podem se excitar com toques na região ou com penetração anal na relação", diz a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello,  acrescentando que é muito difícil que as mulheres proponham ou aceitem essa prática durante o sexo.

"A maioria das pessoas que me procuram perguntando isso é do sexo feminino. Elas têm mais dúvidas se ele é gay ou não. O homem sabe se é ou não, mas não permite essas carícias por preconceito", conta Carla. "Um homem pode ter relação com parceria, ser penetrado por vibrador e não ser gay”, explica.

O preconceito é alimentado por dúvidas e desconhecimento sobre a sexualidade. Muitas pessoas acham que se um homem gostar de ser estimulado no ânus será homossexual. "Isso não é verdade, assim como também é errado afirmam que todo homossexual tem trejeitos femininos”, afirma o psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr, do Instituto Paulista de Sexualidade. "Ser homossexual implica em sentir desejo por uma pessoa de mesmo sexo. E nem todo homossexual masculino curte penetrar ou ser penetrado na região anal", afirma o especialista. 

A proposta

O homem que tem vontade de provar estímulos na região anal deve ser honesto com a mulher. Precisa falar sobre seus desejos e saber se ela toparia. O mesmo vale para a situação oposta: se a mulher tem vontade de propor essa prática ao homem, que o faça, mas deixe-o à vontade para refletir se quer ou não inovar. Quem receber a sugestão só deve aceitar se sentir-se bem com isso --não faça nada só para agradar o outro. E lembre-se de que não há nada de errado com a prática. "Esse não é um comportamento errado e não é sinal de homossexualidade", afirma O psicólogo Rodrigues Jr.

A psicóloga Elisa Del Rosário Ugarte Verduguez afirma que, em um relacionamento com diálogo, há tranquilidade para conversar sobre penetração anal do homem. Porém, é preciso atenção para que o que seria um elemento a mais na vida sexual do casal não se torne a regra. "É um complemento. Quando a pessoa só quer essa prática, aí sim vira motivo de preocupação e o casal  precisa conversar a respeito".

Há a possibilidade de o parceiro procurar alguém fora da relação para concretização do desejo. "O homem que sente satisfação em ser estimulado na região anal em um relacionamento heterossexual poderá buscar outra mulher que encare bem o assunto", diz Oswaldo Rodrigues Jr. Há quem acredite que o desejo leva alguns a homens a procurarem travestis, mas o psicólogo discorda. "Procurar um travesti não se associa ao desejo de ser estimulado na área anal por uma mulher". Se quiser saber mais sobre o assunto e tirar dúvidas que você nunca mais teve coragem de perguntar.


Disponível em http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2012/09/13/homens-heterossexuais-tambem-tem-prazer-na-regiao-anal-veja-por-que-e-avalie-se-voce-toparia.htm. Acesso em 15 ago 2013.

domingo, 18 de agosto de 2013

Igualdade de gênero começa em casa. Ou quem tem medo da licença paternidade?

Renata Corrêa
13/08/2013

Enquanto escrevo esse texto, ouço o chorinho resmungante da minha filha no quarto ao lado. Ela está com o pai, que a está ninando. Os dias e as noites na nossa casa são assim - enquanto meu companheiro Gabriel dá banho ou comida, eu trabalho ou faço atividades pessoais. Enquanto eu amamento e troco uma fralda, ele joga videogame, lava uma louça ou leva nossa cachorra para passear. Na nossa família o Gabriel não me ajuda com as tarefas de cuidado relacionadas à nossa casa e à nossa filha. Eu e ele dividimos as demandas cotidianas de acordo com nossa disponibilidade de forma equilibrada. A filha é nossa, a casa é nossa.

Porém nem sempre foi assim. Nos primeiros meses, os cuidados com a Liz eram quase que exclusivamente meus durante o dia. Minha família mora no Rio de Janeiro e eu em São Paulo e, apesar da generosidade da minha mãe que passou alguns dias me ensinando a cuidar de um recém-nascido, Gabriel teve apenas cinco dias de licença paternidade. E desde aquela época eu me perguntava: afinal, se a filha é minha e dele, por que aos olhos da lei eu era a única responsável por seu bem estar físico e emocional?

Eu sei que o desejo dele era estar comigo, em casa, aprendendo a cuidar da nossa filha, e aprendendo a conhecê-la, mas cinco dias depois ele voltava bruscamente para uma rotina de trabalho de mais de oito horas por dia, viagens e horas extras. Estávamos os dois sofrendo - eu, sobrecarregada com as novas funções de mãe, e ele, que gostaria de estar participando mais ativamente desse processo. E por quê? Porque a nossa lei trabalhista está longe de ser um exemplo de equidade de gênero. Para corrigir muitas dessas distorções, tramita no congresso o PL 879/11 que estende a licença paternidade para 30 dias. Não é o ideal. Em muitos países desenvolvidos a licença é parental (na Noruega, por exemplo), ou seja, os pais recebem um número de dias de licença e dividem de acordo com as necessidades da família. Mas seria um começo.

Porém o relator da PL, Dep. Júlio Delgado (PSB-MG), deu um parecer contrário ao aumento da licença paternidade, usando justificativas que são um show de machismo, ignorância e ideias essencialistas sobre a questão de gênero. Destaco aqui um trecho:

"Não é possível conceder licença-paternidade similar à licença maternidade, ainda que ocorra qualquer uma das situações previstas nas proposições, pois ela jamais proporcionará os mesmos efeitos à criança, já que por questões fisiológicas a relação entre mãe e filho é totalmente diferenciada da que ocorre em relação ao pai.

Assim, não é uma questão de tratamento diferenciado ou de cunho discriminatório, mas a ausência da mãe jamais pode ser suprida, ainda que pelo pai. Diante da notória diferença existente entre a figura materna e paterna para a criança, as licenças maternidade e paternidade não podem ser tratadas da mesma forma, em igualdade de condições."

Lembrando que, quando o Deputado fala das situações previstas no PL, estão contempladas a licença para o pai em caso de óbito materno, nascimento prematuro e bebês nascidos com deficiências físicas ou mentais. Ou seja, o Deputado não acredita na importância da figura do pai e da divisão de cuidados nem em casos delicados, mas vamos nos ater aos casos de nascimentos normais, sem intercorrências ou qualquer outra consequência além do nascimento do bebê: o que o Deputado Júlio não sabe ou finge não saber é que biologia e fisiologia não são destino nem fatalidade.

As mulheres possuem o direito de dispor do próprio corpo mesmo após parir um filho. E as mulheres que desejam fugir das alarmantes estatísticas de amamentação do Brasil e amamentar no peito como recomenda o Ministério da Saúde (seis meses de exclusividade e permanecer amamentando até dois anos ou mais) - precisam de apoio constante da família e da sociedade para cuidar do bebê - pai incluso. Ser homem não é um selo incapacitante das tarefas de cuidado.

E se o deputado gosta de usar justificativas biológicas para embasar seus argumentos, deveria pesquisar mais - segundo as mais recentes evidências científicas, assim como a mulher, homens passam por diversas mudanças fisiológicas com o nascimento do bebê. A principal delas é a brusca diminuição da testosterona, logo nas primeiras horas após o nascimento, o que nada mais é que uma estratégia evolutiva para que os machos se envolvam nos cuidados com a cria. No texto integral, ele ainda cita que o homem deve voltar logo ao trabalho para manter sua "satisfação pessoal". Esse parágrafo é incomentável - como se apenas os homens pudessem ser provedores da família e como se trabalho não pudesse trazer satisfação pessoal para uma mulher que é mãe.

Ao criar uma falsa dicotomia entre as tarefas que podem ser desempenhadas por homens e mulheres, o relator da PL 879/11 reforça estereótipos de gênero, anula o homem e mina a importância da figura paterna, reforçando a ideia errônea e preconceituosa que tarefas relacionadas ao cuidado de bebês e crianças devem ser apenas da mulher e que a mãe deve arcar sozinha com essa missão, sendo "moldada naturalmente para isso".

Infelizmente esse tipo de parecer não é vantajoso para pais, mães ou filhos. É vantajoso apenas para o machismo, que continua a preterir as mulheres em idade fértil no mercado de trabalho e para desresponsabilização da iniciativa privada de dividir com o estado o ônus financeiro de aumentar e igualar a licença paternidade à licença maternidade ou da criação de uma justa licença parental.

Agora que termino esse texto, minha filha finalmente dorme nos braços de um pai que não tem medo algum de exercer a tarefa, mesmo sem contar com apoio do Estado, mas contando com o apoio de uma família feminista pronta para lutar por mudanças necessárias. Para que a nossa filha possa crescer num mundo onde a igualdade de gênero não seja apenas uma utopia, mas a tediosa realidade de todas as famílias brasileiras.

Texto integral do relatório do Deputado Júlio Delgado: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=5731A408152640DEC7ABC07CC475B8C6.node2?codteor=1081873&filename=Parecer-CDEIC-25-04-2013

Disponível em http://www.cartacapital.com.br/blogs/feminismo-pra-que/igualdade-de-genero-comeca-em-casa-ou-quem-tem-medo-da-licenca-paternidade-4863.html. Acesso em 15 ago 2013.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Homens preferem mulheres vestidas de vermelho, diz estudo

Folha Online  
02/05/2012

As roupas vermelhas sempre foram tidas como uma forma de deixar as mulheres mais atraentes para os olhares dos homens e um estudo publicado no "Journal of Social Psychology" deu uma possível razão para isso.

Após entrevistar 120 homens com idade entre 18 e 21 anos, um grupo de psicólogos descobriu que, para eles, mulheres com roupas vermelhas são mais fáceis de levar para a cama no primeiro encontro.

Segundo os entrevistados, quando elas vestem vermelho demonstram uma "maior intenção sexual" do que quando usam cores mais neutras.

De acordo com o jornal britânico "The Telegraph", não é nem mesmo necessário que a roupa seja muito reveladora para que seja julgada dessa maneira pela mente masculina, até mesmo uma simples camiseta funciona assim.

Os pesquisados tiveram de olhar fotos de mulheres com tops nas cores vermelho, branco, azul e verde, e julgaram quais delas eram mais atraentes e quais topariam fazer sexo mais facilmente.

Depois do vermelho, a ordem das cores em que as mulheres estariam mais propensas a topar a proposta foi azul, verde e, por último, branco.

"Estudos têm demonstrado que o vermelho está ligado ao amor romântico e ao desejo, assim como a fertilidade feminina", diz o estudo feito pela University of South Brittany.


Disponível em http://f5.folha.uol.com.br/estranho/1084434-homens-preferem-mulheres-vestidas-de-vermelho-diz-estudo.shtml. Acesso em 03 ago 2013.

domingo, 4 de agosto de 2013

Troca de olhares com homens aumenta temperatura das mulheres, diz estudo

BBC BRASIL
5 de junho, 2012

Pesquisadores da Universidade de St. Andrews descobriram que a mera interação visual entre duas pessoas do sexo oposto pode causar um considerável aumento da temperatura do rosto das mulheres.

A equipe utilizou técnicas de imagens termais para detector as alterações perceptíveis nas mulheres heterossexuais durante encontros com outras pessoas.

Os cientistas ressaltaram que outros tipos de pesquisa podem se beneficiar da mesma técnica no futuro, entre elas a medição de níveis de estresse e detectores de mentiras.

Segurança nacional

Uma das principais autoras do estudo, Amanda Hahn, disse que os pesquisadores mensuraram a temperatura da pele na mão, braço, rosto e seios das mulheres que interagiram com homens.

Os resultados revelaram um aumento dramático no rosto, sendo que em alguns casos a temperatura chegou a se elevar em um grau.

"Esta mudança termal ocorreu em resposta a uma interação social simples, sem qualquer mudança de experiência emocional ou de excitação. De fato nossos participantes não relataram ter sentido desconforto ou constrangimento durante a interação", disse Hahn.

Em comparação, resultados das interações das participantes com outras mulheres não mostraram alterações.

O estudo deve ser publicado até o fim do mês no periódico Biology Letters.

David Perrett, outro cientista envolvido no estudo, diz que as técnicas de imagem termal poderão ser usadas até para defender interesses de um país em questão de segurança nacional.

"Nós estamos apenas começando a entender os usos potenciais das imagens por temperatura na medicina e elas podem ser muito úteis em assuntos de segurança nacional, área na qual as mudanças de temperatura da pele podem ser usadas como parte de testes de detecção de mentiras".

O próximo passo é determinar se essas mudanças no corpo das mulheres são detectadas por outras pessoas e se podem afetar interações sociais.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120605_interacao_mulheres_estudo_jp.shtml. Acesso em 03 ago 2013.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Estudo descobre vantagem reprodutiva em homens com voz grave

Nicholas Bakalar
03/12/07

Homens com voz grave podem ter vantagem de sobrevivência, com chances melhores de perpetuar genes. Pesquisadores descobriram que os homens com voz mais grossa têm mais filhos, pelo menos entre os hadza, tribo de caçadores da Tanzânia.

De acordo com informações anteriores de um artigo publicado online para a edição de 22 de dezembro da revista científica "Biology Letters", a maioria das mulheres das sociedades ocidentais se sente mais atraída a homens que têm voz mais grave, associando essa característica a indivíduos mais saudáveis e viris. Os homens, por sua vez, acham que as vozes mais agudas são mais atraentes.

É difícil descobrir quais são os motivos evolucionários que explicam o êxito reprodutivo em uma sociedade que usa métodos modernos de controle de natalidade. Os hadza não fazem controle de natalidade e escolhem seus próprios parceiros. Isso faz com que se constituam no que os pesquisadores chamam de "população de fertilidade natural" em que é possível testar hipóteses sobre êxito reprodutivo humano.

Os pesquisadores coletaram gravações de voz (os hadza falam o idioma swahili) e o histórico reprodutivo de 49 homens e 52 mulheres, a fim de identificar se o tom de voz teria alguma influência na quantidade de filhos.

Depois de idade, detectou-se que tom de voz é um indicador extremamente preciso da quantidade de filhos gerados pelo homem. Além disso, homens com vozes mais graves têm um número significativamente maior de filhos. Os pesquisadores estimaram que a qualidade de voz, isoladamente, representaria 42% da diferença no êxito reprodutivo masculino. A qualidade da voz feminina não possui relação com o número de filhos que as mulheres têm.

As explicações para o fato de homens com voz mais grossa terem maiores chances de gerar mais filhos não são claras, mas os pesquisadores destacam algumas possibilidades. Os homens de voz grave talvez tenham mais parceiras, parceiras mais saudáveis ou façam intervalos mais curtos entre o nascimento de um filho e outro, ou talvez comecem a reproduzir mais precocemente.

Este estudo, como apontam seus autores, é o primeiro a analisar o efeito do tom de voz na aptidão darwiniana em seres humanos. As descobertas vão ao encontro das constatações de diversos estudos que mostram que os sinais acústicos exercem um papel na influência da escolha feminina de parceiros em animais.

Coren Apicella, principal autora do estudo e doutoranda em antropologia biológica em Harvard, disse que as descobertas "podem, na verdade, não ter um reflexo em nossa sociedade quanto à vantagem reprodutiva." Observamos muitas características na hora de escolhermos parceiros, observou ela.

Além disso, como a paternidade foi identificada por relatos pessoais, não por DNA, pode ser que homens de voz mais grossa apenas sejam mais confiantes em relação à paternidade.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL199910-5603,00-ESTUDO+DESCOBRE+VANTAGEM+REPRODUTIVA+EM+HOMENS+COM+VOZ+GRAVE.html. Acesso em 25 jul 2013.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Como as mulheres mexem com a cabeça dos homens

 Daisy Grewal

Romances, filmes e roteiros para televisão estão repletos de cenas em que um rapaz procura inutilmente interagir com uma jovem bonita. Em muitos casos, o conquistador em potencial acaba fazendo algo tolo em suas incansáveis tentativas de impressionar a moça. É como se o cérebro do homem, de repente, não estivesse funcionando direito. E segundo uma pesquisa recente é exatamente o que acontece.

Há algum tempo, pesquisadores começaram a investigar como a interação com representantes do sexo oposto afetava aspectos cognitivos dos homens. Um estudo de 2009 demonstrou que após breve contato com uma mulher atraente os homens experimentam um declínio momentâneo do desempenho mental.

Para compreender por que isso ocorre, a pesquisadora Sanne Nauts e seus colegas da Universidade Radboud de Nijmegen, na Holanda, realizaram dois experimentos com a participação de estudantes universitários de ambos os sexos. No primeiro, avaliaram seu desempenho cognitivo aplicando um teste de Stroop. Desenvolvido em 1935 pelo psicólogo Ridley Stroop, o instrumento é usado para avaliar a capacidade de elaborar informações que competem entre si. O teste consiste em mostrar uma série de nomes impressos em cores diferentes. Por exemplo, “azul” pode estar impresso em verde, “vermelho” em laranja, e assim por diante. Os participantes devem nomear, o mais rápido possível, as cores nas quais as palavras estão escritas. O teste é cognitivamente exigente e quando as pessoas estão mentalmente cansadas, tendem a completar essa tarefa de modo mais lento.

No estudo de Sanne Nauts, após terem completado o teste de Stroop os voluntários realizaram outra prova, apresentada como dissociada da anterior. Os pesquisadores pediram aos universitários que lessem em voz alta uma série de palavras em holandês diante de uma webcam. Os cientistas explicaram que durante a “tarefa de leitura labial” um observador – ao qual era atribuído um nome qualquer, masculino ou feminino – estaria acompanhando o desempenho dos participantes através de uma câmera. Os voluntários não interagiam de modo algum com essa pessoa, que não era identificada nem por fotografia. Tudo que sabiam – sobre ele ou ela – era o nome.

Logo depois de concluírem a leitura, os participantes foram submetidos a outro teste de Stroop. O desempenho das mulheres nessa segunda avaliação foi muito semelhante ao do primeiro, não importando o sexo do misterioso observador. Mas, entre os homens que julgaram ter sido observados por uma mulher, o desempenho foi pior nesse segundo teste. E essa deterioração cognitiva ocorreu independentemente de eles terem interagido com a suposta observadora.

Numa segunda etapa da pesquisa, Sanne Nauts e seus colegas iniciaram novamente o experimento aplicando o teste de Stroop em voluntários que haviam sido levados a pensar que precisariam fazer uma leitura em voz alta, como no primeiro experimento – na verdade, porém, eles nem sequer chegaram a realizar essa atividade; o importante era que acreditassem que teriam de cumpri-la. Metade dos voluntários foi induzida a crer que seria observada por um homem, e a outra parte, por uma mulher. Em seguida, todos foram convidados a realizar outro teste de Stroop.

Mais uma vez, o desempenho das mulheres não apresentou diferença, independentemente do gênero do suposto observador. Já entre os rapazes, aqueles que acharam que seriam acompanhados por uma mulher tiveram desempenho significativamente pior no segundo teste.

Enfim, parece evidente que, quando nos encontramos em situações nas quais nos sentimos inseguros, intimidados ou estamos particularmente preocupados com a impressão que causaremos, podemos ter dificuldades concretas para raciocinar claramente. No caso dos homens, o simples fato de pensar em interagir com uma mulher seria suficiente para ofuscar um pouco o cérebro. Se ela for bonita, então, “pior” ainda.


Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/como_as_mulheres_mexem_com_a_cabeca_dos_homens.html. Acesso em 29 jun 2013.

terça-feira, 25 de junho de 2013

As dificuldades atuais do relacionamento afetivo

Carlos Messa

São heroicas as tentativas de manter um casamento satisfatório atualmente. Nem sempre esses valores são compatíveis ou ao menos consistentes com o modelo que, como um arquétipo, ainda define nosso horizonte relacional e parental. Sonhamos com a cultura francesa, mas copiamos a norte-americana. Fantasiamos a harmonia ainda utópica nas relações afetivo-sexuais e nestas, brigamos por uma igualdade pouco entendida. Oscilamos entre a fraternidade (romântica) francesa e a objetividade dos valores individuais da cultura norte-americana.

Liberdade, Igualdade e Fraternidade apresentam inúmeros pontos de dificuldade de compreensão, contradições e ambivalências mesmo nos âmbitos social e econômico. Quando adentramos à microssociedade (família), vemos que esses ideais estão ainda distantes.

Superficialmente nossa sociedade vive, sim, sob uma boa dose de liberdade, significativos avanços quanto à igualdade e uma imensa dúvida quanto ao significado, amplitude e real valor da fraternidade. Esse quadro colore, também, uma grande parte dos casamentos.

Liberdade

O casamento que conhecemos passou a ter a chancela legal do Estado por volta de 1750 na Europa e ganhou um grande impulso com os ideais da Revolução Francesa (1789). Ele esteve em vigor por cerca de 200 anos, período em que nós, individualmente, passamos a ter liberdade de escolher nosso par. O "amor" - a livre escolha - foi o ponto de partida das uniões afetivo-sexuais duradouras apenas depois de 1800 porque a liberdade individual, antes desse período, se fazia acontecer, em boa parte, após o casamento. Não é puro acaso a coincidência de datas entre o dístico da revolução francesa (Liberté, Egalité, Fraternité), e a liberdade da escolha do cônjuge. A liberdade se propagou com bastante rapidez estimulada pela revolução francesa e, a partir dela, os jovens foram aos poucos fazendo suas escolhas, possivelmente ainda dentro dos padrões paternos, mas já acobertadas pelo amor.

A escolha de um cônjuge sempre se fez por interesse e isso é visto em qualquer âmbito e época, desde os animais irracionais entre os quais a fêmea escolhe o macho pelos indicadores de que é capaz de produzir filhos sadios (fortes), passando pela futura esposa-padrão do século passado que escolhia para marido um homem bem-sucedido e, ainda hoje, quando a busca é por homens inteligentes, estáveis, maduros ou equilibrados. Da mesma forma, o homem sempre buscou uma mulher que pudesse ser "boa mãe", mesmo que de maneira inconsciente. A diferença que ocorreu nos diversos momentos da história recente foi a alternância entre o interesse do indivíduo e o interesse de seus responsáveis. A elite econômica (e cultural) europeia, antes de 1800, estabelecia contratos quanto aos pares que se casariam com seus filhos, em função dos interesses familiares (predominantemente econômicos). Nesse período também na classe social mais elevada, o casamento acontecia cedo, ainda na adolescência, quando a dependência dos pais era praticamente total. A rebeldia adolescente só veio a acontecer recentemente, na época pós-industrial e com o advento da universalização da educação formal.

Naturalmente essa descrição é generalista já que cada cultura e cada família mantêm intramuros os seus costumes. No oriente, o costume de pais estabelecerem acordos para o casamento dos filhos foi comum até 1950 e ainda pode ser encontrado. No Brasil, no século XXI, nas capitais metropolitanas de melhor nível econômico e cultural, ainda há pais que impedem, dificultando a qualquer preço, o casamento de suas filhas adultas, graduadas no nível superior, com um pretendente não aprovado por eles.

Naturalmente, um casamento que se realizava por um acordo prévio de terceiros, com objetivos econômico-sociais estava propenso a não gerar intimidade, compromisso, parceria (ao menos inicialmente) e, por isso, a nova possibilidade de, com liberdade individual, escolher o cônjuge, fez com que surgisse uma expectativa ingênua: se o par for escolhido em função do amor, a felicidade estará garantida.

Pelos duzentos anos que se seguiram, as pessoas que puderam escolher seus cônjuges por amor acreditaram nessa possibilidade e a esmagadora maioria delas se desencantou logo cedo ou pouco mais tarde. O casamento enfrentou então sua grande crise, continua nessa crise há mais de 50 anos e vem sofrendo mudanças em todo esse período.

Na primeira metade do século passado surgiram sinais importantes de que tomávamos consciência desse engano. Em 1936, Wilhelm Reich publicou A Revolução Sexual que se insurgia contra alguns dos pilares do casamento, que nesse livro ele chamava de burguês. Depois disso, inúmeros livros, artigos, pesquisas e conversas em bares afirmavam que o casamento havia falido. Era uma afirmação bombástica que buscava causar impacto, porém com o tempo vemos que é apenas ridícula, pois não há como afirmar que a união de duas pessoas, uma de cada um dos sexos, está falida. O que havia de errado era a expectativa de que, com a liberdade conquistada, ao escolher o par por amor, a felicidade seria consequência obrigatória. Não é. O relacionamento de boa qualidade se constrói; a felicidade acontece mais frequentemente quando vamos buscá-la.

Perceber que escolhemos alguém por amor e que, apesar disso, nossos sonhos se derreteram tão rápido quanto a neve nos trópicos nos causa profundo impacto. O mais frequente é culpar o outro; há também somatizações variadas, dores no peito, acessos de ira, pânico, depressão, insônia além das eventuais infelizes tentativas de suicídio. Também é frequente o caminho mais fácil: trocar de parceiro. Neste caso, é alta a probabilidade de se encontrar diante do mesmo problema algum tempo depois.

Troca de papéis

A CPFL promoveu, em 2009, um Café Filosófico com o psicanalista Contardo Calligaris, que discorreu sobre a mudança dos papéis dos gêneros através do tempo. Ele fala que por muitas décadas o homem viveu fechado em seus ternos representando o papel do macho provedor. Estava muito à vontade com um modelo de relacionamento onde os homens desejam e as mulheres são desejadas. Só quando o desejo das mulheres entrou em cena é que o homem descobriu que, embaixo do seu terno, tinha um corpo desejável. Assista à palestra, na íntegra, pelo site www.cpflcultura.com.br. Procure por O corpo masculino ou A crise do macho.

Igualdade

A igualdade de direitos inscrita na Declaração Universal dos Direitos do Homem se replicou na Constituição de inúmeros países. Efetivamente ela ainda caminha claudicante já que o poder continua a atuar marginal (acima) das regras sociais, fazendo com que a igualdade exista, sim, porém seus limites sejam bem delineados (o que está se tornando mais visível a cada dia).

No âmbito do relacionamento afetivo, a igualdade acabou por penetrar nos papéis de cada membro do casal e praticamente implodi-los ainda no século passado e, hoje, mais do que nunca, confunde o relacionamento familiar. Pior: a igualdade de direitos bem como uma certa equalização de poderes é confundida frequentemente com a igualdade absoluta entre os gêneros. Não somos iguais fisicamente, intelectualmente nem emocionalmente. Talvez boa parte das diferenças se deva à formação, aos papéis sociais, etc., mas independentemente da causa, somos diferentes. No casamento antigo, essa diferença era aceita e isso era bom no aspecto do relacionamento afetivo, apesar de admitirmos hoje ser incorreto no aspecto social (domínio do homem sobre a mulher). A aceitação das diferenças individuais expandidas para os diferentes papéis, facilitava a aceitação do outro - seu par - (aceitação genuína e não a tolerância). A clara distribuição de atividades, direitos e poderes entre os papéis era internalizada pelos filhos em um modelo de sociedade, na qual eles viriam a se incorporar e nela interagir (sem essa internalização, hoje), sem um modelo, as crianças não definem limites para si, tornam-se adolescentes perdidos e adultos egocentrados, deprimidos ou ansiosos.

Intracasal, superficialmente, nos incomodamos desde o "terceiro turno" do trabalho feminino, que todos aceitam formalmente não ser adequado (não deveria ser feminino), passando pelo desconforto das tarefas que a mulher rejeita como suas (lavar louça, roupas etc.) e que alguns poucos homens assumem, quase nunca de bom grado.

Igualdade entre homens e mulheres?

Há incontáveis pontos onde o balanço contábil dessa igualdade não fecha:
A começar pelo já citado acima e mais discutido ponto: o terceiro turno de trabalho feminino;
A entrada da mulher no mercado de trabalho pode ser vista sob o ângulo da redução do nível de emprego em 50%. O resultado foi a queda dos salários. Poucas décadas atrás a boa educação formal era oferecida pelo Estado e os serviços de saúde públicos eram, no mínimo, aceitáveis. Hoje, o rendimento masculino não é suficiente para a manutenção de uma família de 4 pessoas (escolas particulares e seguro-saúde). O trabalho (rendimento) feminino tornou-se, então, indispensável. O sentimento entre os dois gêneros é de insatisfação;
O homem continua se sentindo responsável pelo sustento da família. A mulher também continua sentindo que o responsável pelo sustento da família é o homem. Dois exemplos:
A mulher que tem mais sucesso profissional que o marido, sente-se mal por "não estar sendo cuidada" por ele! Sente-se mal também ao pagar despesas de lazer (cinema, restaurante, viagens);
Algumas mulheres podem sentir que deveriam ficar com os filhos por alguns anos ao invés de retornar ao trabalho;
Entre a classe A assalariada há um novo conceito bastante interessante: a mulher considera que o básico do orçamento doméstico deve ser coberto pelo homem; a mulher supriria o adicional ou o supérfluo. Com isso restaria de seus ganhos um pouco para as suas coisas;
Muitos homens continuam a sentir que a mulher tem obrigações conjugais (sexo);
Muitas mulheres começam a cobrar que o marido cumpra suas obrigações conjugais (sexo);
Frequentemente ambos sentem-se cobrados, insuficientes e impotentes diante da realidade;
Negar-se ao outro deixa de ser apenas uma vingança, mas frequentemente reflete apenas um profundo desencanto;

Fraternidade

Trocamos a "guerra conjugal" pela guerra entre os gêneros. Se no antigo casamento havia a queixa feminina frequente ante as regalias masculinas (e podemos incluir aí o direito a eventuais escapadas sexuais), hoje a queixa é mútua, mas não contra o marido ou a esposa e, sim, contra o homem ou a mulher. Não nos sentimos mais "no mesmo barco".

No casamento antigo, no qual os papéis estavam bem definidos pelo pai institucional, podíamos culpar o outro, o indivíduo, por não cumprir o seu papel. Hoje, não há definição de papéis, o que a princípio parece bom, mas nos sentimos sem rumo. Com isso, sequer podemos culpar a "outra parte" do relacionamento. Surge a angústia. Ficamos sós e não sabemos onde nos refugiar. Não há mais o porto-seguro. Não há mais aquele irmão que, apesar das brigas, continuaria sendo sempre o irmão.

Homens e mulheres mudaram. Mulheres expostas à concorrência do mercado de trabalho se tornaram mais agressivas, objetivas e lógicas. Descobrem o prazer do sexo-pelo-sexo (sem a afetividade). Muitas já percebem a armadilha da hipervalorização da beleza, que a torna condição sine qua non ou, pior, seu único atributo. Os homens se tornaram capazes de discriminar mais suas emoções, deixando de se sentirem apenas bem com sua capacidade de prover o lar, assumindo também que desejam ser queridos e que são também (pasmem), românticos. O lado B é que já se percebem sendo usados e reagem a isso. Já se torna evidente uma dificuldade em optar pelo casamento e, no limite, isso é disfarçado através do "morar junto". Cresceu no final do século passado e se amplia rapidamente a atitude masculina de se negar sexualmente à mulher (inconcebível anteriormente). A decepção masculina com a mulher, rara e que ocorria quase apenas depois dos sessenta anos, surge cada vez mais cedo.

O conceito de comunhão universal de bens, no casamento, faliu apesar de ainda existir; a comunhão parcial, que define a equivalência dentro dos diferentes papéis e atividades dos dois gêneros em um casal, é automaticamente assumida pelo Estado nos casos de união informal.

As mulheres expostas à concorrência do mercado de trabalho se tornaram mais agressivas, objetivas e lógicas e os homens se tornaram capazes de discriminar mais suas emoções
Por outro lado, é crescente o número das pessoas que valorizam suas emoções e estas apontam para a busca de um relacionamento que contenha alguns atributos do conceito de fraternidade: sentir-se relativo ao outro (pertinens); prazer em oferecer, contribuir, em fazer o outro feliz; sentir-se parte de um conjunto maior (família) o que implica que, ao fazer ao outro se faz também a si mesmo (proteção, felicidade, etc.). O pragmatismo obviamente lentifica esse movimento.

Não se justifica apoiar questões da natureza emocional do ser humano sobre nossas habilidades racionais já que somos mais que racionais; nossas emoções existem e não representam um conjunto de aspectos negativos ou prejudiciais à nossa natureza. Ao contrário, nos permitem, por exemplo, conviver com contradições e nos levam a superar nossa natureza animal, assumindo os aparentemente utópicos valores humanos. A formação de um casal e a reprodução são exemplos de utopias que só têm apoio no âmbito emocional já que desde a invenção da imprensa ou, mais precisamente, apenas cinquenta anos depois do surgimento dela, foi impresso o primeiro livro que citava a loucura que é casar e, mais ainda, ter filhos (O Elogio da Loucura, Erasmo de Rotterdan).

A melhor resposta às questões acima foi do poeta Vinícius de Morais que reconhece as emoções e, no Soneto do Amor Eterno, expõe nossa capacidade de conciliar uma contradição (no nível racional) e alcançar o equilíbrio na ambivalência (emocional):
(...que)
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja  imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Disponível em http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/55/artigo178042-1.asp. Acesso em 22 jun 2013.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Festival de culto ao pênis atrai multidão no Japão

Ewerthon Tobace
2 de abril, 2012

Festival do Falo de Aço atrai muitos turistas atrás de fotos inusitadas e boas risadas. O Kanamara Matsuri, ou Festival do Falo de Aço, atrai tudo que é tipo de público - desde pessoas que acreditam no culto ao órgão, que é reverenciado como se fosse algo divino, a turistas e curiosos, que querem tirar fotos inusitadas e rir um pouco.

No ponto alto da festa, duas esculturas de pênis gigantes saem pelas ruas. Alguns dos homens que carregam o chamado mikoshi, ou espécie de templo portátil, se vestem com roupas de mulher. A tradição indica que esse ritual aumenta a fertilidade dos envolvidos.

O festival é realizado há quatro décadas. Em um país com um índice relativamente baixo de natalidade, a festa acaba se tornando um incentivo aos casais.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/04/120401_festival_penis_et.shtml. Acesso em 22 jun 2013.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Homens gays não podem doar sangue

Consultor Jurídico
21 de abril de 2012

Uma norma nacional considera inapto à doação qualquer homem que tenha se relacionado sexualmente com outro homem no período de 12 meses. O mesmo vale para heterossexuais que, no mesmo período, se relacionaram sexualmente com várias parceiras.

No entanto, em junho de 2011, o Ministério da Saúde baixou uma portaria que proíbe os hemocentros de usar a orientação sexual (heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade) como critério para seleção de doadores de sangue. “Não deverá haver, no processo de triagem e coleta de sangue, manifestação de preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, hábitos de vida, atividade profissional, condição socioeconômica, raça, cor e etnia”. Mas, na prática, os homossexuais masculinos ativos sexualmente seguem impedidos de doar sangue. Para as lésbicas, não há restrições.

O coordenador de Sangue e Hemoderivados do ministério, Guilherme Genovez, alega que a norma brasileira é avançada quando comparada à legislação de outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, um homem que tenha tido, no mínimo, uma relação sexual com outro homem fica proibido de doar sangue pelo resto da vida. “Acima de tudo, está o direito de um paciente receber sangue seguro”, alega o coordenador, lembrando que os testes não identificam imediatamente a presença de vírus em uma bolsa de sangue.

Desde o ano passado, o governo federal está implantando o NAT, sigla em inglês para teste de ácido nucleico, para tornar mais segura a análise do sangue colhido pelos hemocentros. O exame reduz a chamada janela imunológica, que é o período de tempo entre a contaminação e a detecção da doença por testes laboratoriais. Com o NAT, o intervalo de detecção do vírus HIV cai de 21 para dez dias. Até agora, 59% do sangue doado no país passam pelo NAT. A previsão é que a tecnologia chegue a todos os hemocentros até julho.

Motivado por uma campanha da empresa onde trabalha, em Belo Horizonte, o produtor cultural Danilo França, de 24 anos, decidiu doar sangue pela primeira vez. Junto com um grupo de colegas, seguiu as etapas previstas: preencheu a ficha de inscrição e foi para a entrevista com o médico do hemocentro. No momento da conversa, França descobriu que não poderia doar sangue porque mantém um relacionamento homossexual. “Fiquei atordoado, sem graça. Fiquei chateado e me senti discriminado”, disse França.

Entidades de defesa dos direitos dos homossexuais reclamam da restrição e querem reacender o debate sobre o tema. “A cada fato novo, a gente tem que abrir a discussão. Se a pessoa usa preservativo e não tem comportamento de risco, não pode ser impedida de doar”, argumenta Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

A regra do Ministério da Saúde, que vigora há mais de sete anos e vale para todos os hemocentros, foi baseada em estudos internacionais que apontam que o risco de contágio pelo vírus da aids (HIV) é 18 vezes maior nas relações entre homossexuais masculinos, na comparação com relações entre pessoas heterossexuais. O motivo é a prática do sexo anal, que aumenta o risco de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis (DST). Foi essa determinação que fez com que a Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Hemominas) negasse ao produtor cultural a possibilidade de doar sangue. Com informações da Agência Brasil.


Disponível em http://www.conjur.com.br/2012-abr-21/homens-gays-nao-podem-doar-sangue-apesar-proibida-discriminacao. Acesso em 04 jun 2013.