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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Igreja faz cerimônia de “rebatismo” para fiel que fez cirurgia de mudança de sexo

Dan Martins
25 de janeiro de 2012


Autointitulada “luterana sarcástica” e “encrenqueira pós-moderna”, a pastora Nadia Bolz Weber relatou recentemente uma inovação na igreja que lidera, a House for all Sinners and Saints (Casa para todos os pecadores e santos).

Apesar de adotar uma postura teológica luterana, Weber é adepta de uma mentalidade “inclusiva”, ou seja, aceita e incentiva o estilo de vida dos homossexuais. E seu relato é sobre o rebatismo para transgêneros que passaram por cirurgia de mudança de sexo.

De acordo com o portal Patheos uma frequentadora da igreja, Mary Christine Callahan, passou recentemente por uma cirurgia de mudança de sexo e adotou o nome de Asher O’Callaghan. Então a pastora realizou o que chamou de “rebatismo”, ou seja, abençoou-o para que ele possa usar com liberdade seu novo nome, que condiz mais com seu novo corpo.

Diante da congregação a pastora abençoou Asher, que anteriormente era uma mulher, e fez a leitura da carta de Paulo aos Gálatas, capítulo 3, versos 27 e 28: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.

A cerimônia prosseguiu com uma oração feita pastora. Na oração Weber mencionou situações em que Deus mudou o nome das pessoas na Bíblia, como Abraão, Sara, Jacó, Pedro e Paulo. E explicou que a partir daquele momento, depois de ter “despertado” o homem que habitava em seu corpo, Asher deveria “usar este nome em nome de Cristo. Compartilhá-lo em nome da misericórdia. Oferecê-lo em nome da Justiça”.

A pastora não explicou exatamente suas motivações para fazer o “rebatismo”, apenas escreveu que um procedimento parecido já era realizado em uma igreja episcopal anglicana igualmente inclusiva.

Disponível em <http://noticias.gospelmais.com.br/igreja-cerimonia-rebatismo-fiel-fez-mudanca-sexo-29746.html>. Acesso em 06 fev 2012.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O que a política trans do Equador tem a nos ensinar?

Leandro Colling
Fazendo Gênero 9 - Diásporas, Diversidades, Deslocamentos

23 a 26 de agosto de 2010


Resumo: Pesquisadores que, como eu, utilizam a teoria queer em seus trabalhos, defendem a existência da fluidez das identidades e apontam os problemas das perspectivas essencialistas das políticas identitárias já devem ter, em algum momento, sido criticados com frases do tipo: “Mas como fazer política assim? Como lutar por direitos se não temos um sujeito para representar?  Isso tudo é muito bonito no discurso, mas é impossível na prática”. Alguns dos críticos vão ainda mais longe e chegam a co-responsabilizar os pesquisadores queer pela manutenção da violência sofrida pelos integrantes da comunidade LGBTTTIQ.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

'Sofro preconceito de stylists gays', diz modelo transexual Carol Marra

Neto Lucon
20/01/2012 14h00 

Nesta semana, a modelo Carol Marra ganhou várias páginas da revista Quem e Istoé Gente, da qual inclusive é capa, para falar sobre moda transgênero - a mesma que carrega nomes como o da brasileira Lea T e do sérvio Andrej Pejic.

Segundo Carol, apontada com a grande aposta de 2012, as passarelas abrem espaço para as transexuais, mas ainda não as livram totalmente do preconceito. Ela diz que a discriminação existe principalmente entre profissionais gays.

“Sabe o que acontece e eu não entendo? Tem muitos stylists que dizem não querer travesti no casting. Por quê? Acho lamentável, ainda mais vindo deles que são, em sua grande maioria, todos gays”, desabafou.

Em declaração exclusiva ao Virgula LifeStyle, Carol lamenta a rejeição. “A luta deles é a mesma que a minha. Eles passam por tudo o que eu passei também. É uma pena me virarem as costas ao invés de juntos lutarmos por um mundo sem preconceitos”. 

A top revelou que não incomoda de ser comparada com Lea T, mas faz questão de dizer que a pioneira foi Roberta Close, nos anos 80. “Adoro a Lea, ela é incrível, uma referência. Só que ela é mais andrógina, eu sou mais feminina. A pioneira, na verdade, foi a Roberta”, defendeu. “Mas cada um tem o seu caminho. E tem lugar para todo mundo trabalhar”, continuou.


Disponível em <http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/lifestyle/2012/01/20/292536-sofro-preconceito-de-stylists-gays-diz-modelo-transexual-carol-marra>. Acesso em 21 jan 2012.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Solidão é maior entre lésbicas e gays idosos

Nuno Miguel Ropio
Publicado em 2011-11-28

As lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros, entre os 50 e os 95 anos, tendem a sofrer de maior solidão e depressões devido à discriminação da sua orientação sexual ou identidade de género, de acordo com um estudo da Universidade de Washington.

Da população de 2560 adultos nascidos na altura do "Baby boom", nos anos posteriores à II Guerra Mundial, que participou na pesquisa do Instituto de Saúde Multigeracional daquela universidade americana, cerca de 80% dos participantes revelaram que foram discriminados e 21% admitiram que foram mesmo dispensados de um trabalho pelas mesmas razões.

De acordo com as conclusões da investigadora responsável pelo estudo, Karen Fredriksen-Goldsen, "as taxas mais elevadas de envelhecimento e as disparidades de saúde entre lésbicas, gays, bissexuais e transexuais adultos mais velhos motivam enorme preocupação para a saúde pública".

"As disparidades reflectem o contexto histórico e social de suas vidas. As adversidades graves que atravessaram podem comprometer a sua saúde e gerar relutância em procurarem os cuidados médicos na velhice", salienta.

Quatro em cada 10 inquiridos admitiram que pensaram no suicídio. E muitos, como nunca puderam casar ou assumir publicamente a sua cara-metade, vivem hoje situações de isolamento.

Outros 21% nunca contaram aos seus médicos a sua orientação sexual ou identidade de género por temerem ser-lhes recusados cuidados médicos ou receberem serviços de qualidade inferior - que 13% admitiram ter experienciado.

Disponível em <http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2152710>. Acesso em 02 dez

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"Quero mostrar que a transexual tem valor"

Neto Lucon às 11:29

Aos 23 anos, a modelo mineira Carol Marra ganhou os noticiários quando foi confundida com a top brasileira Lea T durante o Fashion Rio 2011. Curiosamente, Carol também é transexual e se tornou a atração principal do Minas Trend Preview Inverno 2012, em outubro deste ano. Tendo a carreira deslanchada em menos de um ano – ela é jornalista e trabalhava como produtora de moda –, Carol desponta também como uma das pioneiras no mundo da moda: foi a primeira modelo transexual a posar, por exemplo, para a revista L'Officiel, com 14 páginas.

Na segunda-feira (20), ela abre o desfile para Fernando Pires e Karin Feller na Casa dos Criadores, em São Paulo. "Estou adorando tudo isso. Quero ver daqui a alguns anos outras modelos transgêneros e me orgulhar por fazer parte desta história".  

Você trabalhava como produtora de moda e nem pensava em trabalhar como modelo. O que te fez mudar de ideia? 
Eu realmente era um bichinho do mato, aquela coisa bem mineira, bem quietinha. Ajudava na produção de capa de revistas com várias atrizes, e os fotógrafos sempre pediam para eu sair em uma foto, mas eu não queria, relutava, tinha vergonha. Até que um amigo muito próximo pediu para fazer um ensaio. Topei e coloquei no Orkut. Outro fotógrafo viu e pediu para fazer também. E quando fiz três ensaios, já estava fazendo catálogos. Mas até então não se falava em Carol transgênero. Falava-se em Carol modelo. Não se sabia que eu era uma transexual.

As pessoas só souberam que você é transexual quando participou do “Minas Trend Preview” neste ano?
Foi lá que estourou a bomba, mas já foi comentado durante o Fashion Rio. Mesmo assim, eu não tinha a dimensão da repercussão. No dia seguinte do Minas Trend, quando parei em um posto de gasolina, em Belo Horizonte, um frentista perguntou para mim: “Você é a moça do jornal, né?” Eu falei: “não”. Daí ele veio com o jornal na mão e uma foto minha seminua na capa. Fiquei tão sem graça que, quando ele pediu autógrafo, não sabia nem o que escrever. Falei assim: “me dá um tanque cheio que eu te dou um beijo aqui no jornal” (risos).

No Fashion Rio deste ano, saiu uma nota no site da revista RG dizendo que você é prima da top trans Lea T. É verdade? 
Até hoje sou confundida com a Lea, mas não queria falar tanto para não ficar a impressão de que quero pegar carona na fama dela. De qualquer forma, Lea é a precursora, é linda, uma querida, batalhadora, admiro demais o seu trabalho... A história surgiu quando ela disse que várias irmãs dela estavam na plateia do evento, já que havia muitas transgêneros. Então um repórter, que achou que somos parecidas, perguntou: “você é irmã da Lea?”. E eu disse brincando: “sou prima”. A gente tirou uma foto juntas e fiquei como prima.

Com Lea T em evidência, Andrej Pejic recebendo título de mulher sensual, acha que estamos vivendo uma onda de valorização da beleza trans? 
Não acho que seja sucesso apenas por ser uma beleza trans, mas por ser uma beleza, como outra qualquer, feminina, exótica. Além disso, moda é vanguarda, permite tudo, lança algo que às vezes nem é para agora, é para mais adiante. Hoje vemos modelos andróginos, com o rosto muito delicado, usando cor de rosa, saia, coisa que antigamente não era comum. A moda está muito pulverizada, então dentro de toda essa onda entraram as transgêneros também. E o interessante é mostrar que a transexual também tem o seu valor.

Você disse que tem um propósito muito importante com o seu trabalho na moda. Qual é? 
Mostrar que existem outras histórias além daquela visão marginal que a sociedade tem de uma transgênero. Infelizmente sabemos que muitas vivem da prostituição, mas em muitos casos não é uma escolha. É a única forma de sobrevivência, já que são jogadas para fora de casa muito cedo. Então é legal surgir essa oportunidade na moda para mostrar: por que não uma transgênero modelo? Jornalista? Estilista? Médica? Taxista? O preconceito surge pela falta de informação. Então se cada um parasse para saber um pouco mais sobre a vida do outro, o mundo ficaria muito melhor. 

Você já sofreu preconceito?
Hoje não, mas já sofri muito bullying na infância. Na época da escola, não ia ao banheiro dos meninos porque morria de vergonha. É que eu nunca me identifiquei com os meninos, entende? Daí eu fazia nas calças, eles me chamavam de mulherzinha e meus pais eram chamados para conversar. Hoje, consigo entrar e sair de qualquer lugar, até porque acho que passo como mulher em qualquer lugar. Quer dizer, hoje nem tanto por conta dessa exposição, então é um pouco mais complicado.

Com a exposição e a revelação de seu passado, mudou a maneira de as pessoas te olharem?
Sei que o olhar sobre mim é outro, mas profissionalmente foi bom. Deu um boom na minha carreira. Os convites para trabalhos importantes surgiram, uma matéria saiu em um jornal de Nova York, também vou viajar para fora. Profissionalmente, essa exposição foi muito boa, mas pessoalmente me senti um pouco invadida. No meu facebook, vários carinhas perguntaram: “como você não comentou nada?”. Teve outro que me ligou e perguntou “o que você tem para me falar? Você é um pé de alface?”, confundindo transgênero com transgênico. Respondi: “Não, sou um morango, vermelho e vistoso” e desliguei. Não sou obrigada, né? Eu sou mulher, eu nasci mulher e a minha genitália é um mero detalhe.

Você acha que faz sucesso principalmente por ser transgênero? O diferencial está aí? 
Não vou ser ingênua de falar que não. É claro que sim. Modelos existem várias, eu seria mais uma entre tantas. Dizem: “que linda esta”. Mas daí falam: “mas não é mulher, é transgênero”. Então eles ficam curiosos, querem saber da história, quem é, o que faz e dão mais foco. Existem tantas modelos lindas, mas acaba que jornalisticamente falando ser transexual é uma novidade. É uma história de luta, de batalha, é matar um leão por dia... Não me acho mais bonita que ninguém, não me considero melhor que ninguém, mas sou diferente.

No início do sucesso, a Lea T falou muito sobre a cirurgia de redesignação sexual (popularmente conhecida como mudança de sexo) e agora tem evitado comentar. Incomoda essa curiosidade das pessoas? 
Isso é tão íntimo, pessoal, não acho que seja necessário o público saber. Faço trabalhos de biquíni e a genitália não aparece, nem a minha e nem de outra modelo. Claro que existe uma curiosidade em cima disso, mas o que eu posso dizer é que a técnica hoje é muito mais eficaz que há alguns anos. Além de ter uma genitália perfeita, ela é funcional, tem toda a sensibilidade, prazer.

Após passar pela cirurgia, a maioria das transexuais não gosta de falar sobre o passado e quer ser mais uma no meio da multidão. Qual o motivo? 
É justamente para isso: ela quer ser vista apenas como mais uma mulher. Já vivi histórias de amor lindas que não pude dar sequência porque, na cabeça deles, eu não era uma mulher. Então muitas querem apagar o passado para não sofrer esse tipo de coisa. No meu caso, vai ser muito complicado, por me tornar um pouco mais conhecida. Teria que mudar de nome ou de país. Mas daí viveria uma grande mentira. Acho que quem gostar de mim vai ter que gostar do jeito que eu sou e estiver. Eu sei dos meus princípios e do meu caráter, então não tem porque ele ter vergonha de me assumir. Ele tem é que ter orgulho. 

E o que sua família está achando da carreira de modelo?
A minha família está acompanhando, mas ainda é difícil. Na infância, diziam para mim: “Que menina linda”, mas meus pais retrucavam “É meu filho, não é menina”. Mãe é mãe, ela sabe, mas a grande preocupação é que eu sofra. Venho de uma família conservadora, mineira... Até os 20 anos, eu mesma não entendia o que eu era. Sabia que não era gay, que não era homem, mas sabia também que não era mulher. Então o que eu sou? Se já foi difícil para mim, imagina para eles? Mas eles estão vendo que meu caminho foi diferente, que está sendo diferente. Enquanto muita gente achava que meu futuro seria em uma esquina, hoje eu posso até estar em uma esquina, mas em um outdoor. Posso estar na capa de uma revista, de um jornal.

Disponível em <http://nlucon.blogspot.com/2011/12/entrevista-carol-marra.html>. Acesso em 09 dez 2011.