sábado, 7 de janeiro de 2012

Brasil: transexual sofre mais preconceito que gays

Portal Terra
13 de outubro de 2007 • 15h13 • atualizado às 15h13

Para a professora universitária e assistente social Esalba Silveira, o transexual brasileiro sofre mais preconceito que os homossexuais. Entretanto, ela avalia que, apesar de ser um país latino-americano, o Brasil ainda é mais tolerante que seus vizinhos.

Integrante do Programa de Transtorno de Identidade e Gênero (Protig), do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Silveira foi uma das palestrantes da mesa redonda que abordou a questão da transexualidade durante o 25º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado na capital gaúcha.

Em entrevista ao Terra, a assistente social atribuiu o maior preconceito contra a transexualidade ao fato da sociedade não fazer grande distinção entre os transexuais e os travestis.

Silveira explicou que o travesti está mais ligado a uma mudança externa, principalmente na forma de se vestir. Já os transexuais vivem um conflito interno, entre o sexo biológico com que nasceram e o gênero ao qual sentem pertencer.

Quanto ao fato do Brasil parecer menos preconceituoso que seus vizinhos, Silveira acredita que a influência das religiões de origem africana contribuiram para isso. "As religiões africanas são mais flexíveis. (Nelas) a homossexualidade não é tão vista como pecado."

Acompanhamento antes da cirurgia 

Ela explicou como o programa, do qual participa, trabalha para ajudar a construir a identidade dos transexuais. Segundo ela, é feito um acompanhamento psicológico e assistencial das pessoas e seus familiares.

Apenas após dois anos de acompanhamento, e comprovado o transtorno de gênero, o indivíduo está apto a candidatar-se para a cirurgia de mudança de sexo, que é financiada por um convênio entre o governo do Estado e o Sistema Único de Saúde (SUS), do governo federal.

Mesmo assim, antes disso, os transexuais conseguem realizar avanços como a mudança da cédula de identidade. Segundo ela, isso ajuda as pessoas que sofrem do transtorno de gênero a incluirem-se socialmente de forma mais ampla, já que facilita sua entrada no mercado de trabalho com um nome condizente com sua aparência física.

Surgimento na infância

Silveira lembra que não existem muitos dados concretos sobre a origem da transexualidade, mas conta que esse transtorno normalmente manifesta-se ainda na infância. "A criança se interessa mais por brinquedos e roupas de crianças do outro sexo."

A professora alerta que o mero interesse não é fator alarmante. "Se um menino jogo bola, depois brinca de boneca, e em seguida vai andar de bicileta, não há nada de errado. O problema começa a surgir quando trocar a bola e a bicicleta pela boneca torna-se uma rotina."

Nesses casos, Silveira afirma que a persistência dos pais para fazer essa criança abandonar esses hábitos não ajudam em nada. "Apenas trazem prejuízo para essa criança" ao aumentar seu conflito.

Presença no mundo

O Brasil não tem levantamentos apurados do número de transexuais no País. Mas Silveira conta que, mundialmente, entre os homens, o transtorno de gênero ocorre entre 1 para 37 mil e 1 para 100 mil.

Já entre as mulheres essa taxa cai bastante, e tem incidência entre 1 para 103 mil e 1 para 400 mil. A professora destaca ainda que esses números ocorrem em todos os grupos sociais.

Para ela, a falta de um estudo sobre a quantidade de transexuais brasileiros não chega a prejudicar. "Mas toda informação que venha a agregar é bem vinda."


Disponível em <http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1986239-EI298,00-Brasil+transexual+sofre+mais+preconceito+que+gays.html>. Acesso em 10 dez 2009.

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