sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O cérebro é quem define o comportamento sexual

Ney Cavalcanti
03 de Agosto de 2010

Uma em cada 2000 crianças nascem com uma genitália não adequadamente diferenciada, como pênis ou vagina, uma genitália ambígua. As causas para que isto aconteça são várias.

Uso de drogas pela mãe, doença genéticas, anormalidade na produção dos hormônios pelo feto, não determinada etc. Quando isto acontece, a equipe medica estuda todos os aspectos dos órgãos envolvidos no determinismo sexual A gônada (ovário ou testículo), a genitália interna. (útero, trompas ou próstata ), os hormônios, os cromossomos (com ou sem o Y).  

Após analisar os dados encontrados, médicos e familiares decidem qual o sexo que a criança irá adotar. Na maioria dos casos, existe uma  tendência  a decidir-se pelo feminino. A razão é simples, é muito mais fácil criar cirurgicamente uma estrutura que possa funcionar como vagina, do que como pênis.  

Nos últimos anos, vem se interrogando se este tipo de conduta é a mais correta. Em muitos desses casos, mesmo com suporte medico e psicológico corretos, não existe uma boa adequação ao sexo escolhido.  Inadequação esta, que já se exterioriza desde a infância e persiste durante toda a vida. Ela é tão marcante que alguns procuram ajuda medica, para modificação das suas características sexuais.  

Existe um relato que uma paciente mulher, procurou um serviço medico aos 52 anos de idade, com esta finalidade. Interrogada por que tanta demora, informou que esperou que os pais morressem, para não magoa-los.

Qual a razão desta não adequação? 

O homem tem apenas um cromossomo diferente da mulher, o Y. Ele é o responsável pela diferenciação  do feto em masculino. Ele realiza esta missão fazendo com que exista a formação dos testículos fetais, que produzem o hormônio masculino, a testosterona. Este hormônio fará com que os as estruturas do feto se diferenciem no sentido masculino. Na sua ausência, a diferenciação será no sentido da feminilidade.  

Os hormônios também promovem a diferenciação sexual de uma estrutura do cérebro, o hipotálamo. Nesta estrutura cerebral também estão localizados os núcleos nervosos, que controlam as nossas funções vitais. Fome, saciedade, temperatura corporal, batimentos cardíacos etc., estão sobre controle do hipotálamo. Também o nosso comportamento sexual  parece ser determinado por  ação hormonal no hipotálamo. 

Há muito sabemos que a administração de  testosterona, em uma rata no inicio de sua vida, fará com que assuma um comportamento como se macho fosse, durante toda a sua existência. Recentemente cientistas holandeses descobriram diferenças anatômicas, em humanos, nos  hipotálamos dos dois sexos.  

E mais,  demonstraram que em transexuais, homem-mulher, genitália masculina, com um hipotálamo com características femininas. Por outro lado no outro tipo de transexual, mulher-homem, a genitália feminina com hipotálamo do outro sexo.  Assim nestes casos, por razoes ainda desconhecidas a diferenciação da genitália seria diferente da do hipotálamo.  

Um  pesquisador desta área, Milton Diamond afirma ”Para o sexo o mais importante não é o que se tem entre as pernas, mas o que existe entre as orelhas”. Caso estas pesquisas se confirmem poderemos entender e aceitar melhor o comportamento dos transexuais, que enfrentando severas criticas  da sociedade, assume um comportamento diferente dos de seus órgãos sexuais externos.


Disponível em <http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/pontos-de-vista/1433>. Acesso em 17 ago 2011.

Um comentário:

  1. Por Nikole Scarlet McCoy
    A sexologia é uma como um bebê engatinhando numa sala de aula de uma universidade, convive com as demais ciências que estão de certa forma avançadas, mas parece "patinar" na "lama" do descaso. Comercialmente é mais vantajoso estudar os sexos fisiológicos criando "remédios" que prometem levar os usuários às núvens e transformar homens comuns em superhomens na cama e darem o tão sonhado orgasmo as mulheres que ainda não conseguem atingí-lo. Felizmente alguns cientistas não estão vinculados (ou melhor seria dizer escravisados?) ao sistema pernicioso da venda de remédios e se dedicam ao estudo sério da sexualidade, abrangendo todas as suas nuances e variações. O resultado disso daqui há alguns anos será o esclarecimento da sociedade e por conseguinte o respeito às diferenças. Ainda tenho fé que um dia, num futuro não tão distante todos os humanos se envergonharão desses nossos tempos de preconceito, racismo, homofobia e desigualdade, e os imbecis ignorantes homofóbicos de hoje ocuparão o lugar na história humana do ridículo clero romano que condenou Galileu a prisão domiciliar por suas idéias que revolucionaram a humanidade

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