G1
12/12/2012
Possíveis fatores que determinam que uma pessoa seja
homossexual têm sido alvo de inúmeros estudos científicos, e uma nova pesquisa
americana aponta que uma área da biologia chamada epigenética pode estar envolvida
nesse processo.
A epigenética é diferente da genética, que abrange os genes
e a hereditariedade. No primeiro caso, o ambiente favorece mudanças nas
divisões celulares, mas que não interferem na sequência de DNA – ou seja, as
alterações geralmente ficam apenas com o próprio indivíduo e são produzidas de
novo a cada geração.
Segundo o trabalho do Instituto Nacional de Matemática e
Síntese Biológica (NIMBioS) dos EUA, publicado online no periódico "The
Quarterly Review of Biology", interruptores sexuais temporários, que
normalmente não são transmitidos e simplesmente se "apagam" entre as
gerações, podem levar à homossexualidade quando escapam de serem deletados e
acabam passados do pai para a filha ou da mãe para o filho.
Do ponto de vista evolutivo, a homossexualidade é uma
característica que não seria esperada para se desenvolver e persistir diante da
teoria de seleção natural de Darwin. Estudos anteriores mostram que a atração
pelo mesmo sexo pode se repetir em uma mesma família, levando pesquisadores a
presumir que haja um embasamento genético para a preferência sexual. Apesar dos
numerosos trabalhos que buscam uma ligação genética, porém, nenhum gene
importante ligado à homossexualidade já foi encontrado.
Na atual pesquisa, a equipe do Grupo de Trabalho sobre
Conflitos Intragenômicos do NIMBioS criou um modelo matemático e biológico para
delimitar o papel da epigenética na homossexualidade. Os cientistas juntaram a
teoria da evolução darwiniana com recentes avanços no entendimento da regulação
molecular por meio da expressão de genes e do desenvolvimento sexual ligado a
andrógenos – substâncias que estimulam e controlam as características
masculinas em uma pessoa.
Alguns "marcadores epigenéticos" produzidos no
início do desenvolvimento fetal protegem cada sexo de uma variação substancial
de testosterona que ocorre mais tarde. Em meninas, esses marcadores impedem que
elas se masculinizem demais – e, nos meninos, de menos. Alguns interferem nos
órgãos genitais, outros na identidade sexual, e outros na preferência por um
parceiro.
Quando esses marcadores são transmitidos de uma geração para
outra, de acordo com o estudo, eles podem causar efeitos inversos, como a
feminização de alguns traços em meninos – por exemplo, a orientação sexual – e
a masculinização parcial das meninas.
"A transmissão de marcadores epigenéticos sexualmente
antagônicos entre as gerações é o mecanismo evolutivo mais plausível para o
fenômeno da homossexualidade humana", disse o coautor do estudo Sergey
Gavrilets, diretor associado do NIMBioS e professor da Universidade do
Tennessee, em Knoxville.
Disponível em
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/12/homossexualidade-estaria-ligada-alteracao-na-divisao-celular-diz-estudo.html.
Acesso em 04 jun 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário