sexta-feira, 14 de junho de 2013

Travestis e educação formal: diferença insuportável para o currículo

Aline Ferraz da Silva
Universidade Federal de Pelotas–RS
Instituto Federal do Rio Grande do Sul
III Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais

Qual a primeira imagem, cena, conceito que nos remete a palavra “travesti”? Homem vestido de mulher? O contrário talvez? Prostituição? Criminalidade? Sexo? Transgressão? Imoralidade? (in)Diferença? Talvez, todas as alternativas ou nenhuma? Durante pesquisa realizada em nível de mestrado (Silva, 2009) abordei as relações que três estudantes gays mantinham com sua comunidade escolar e os efeitos que suas presenças geravam no currículo, surgiram nas entrevistas diversos temas e questões que em razão do foco do estudo acabaram sendo secundarizadas no trabalho final. Uma dessas questões diz respeito ao travestimento, já que eventualmente as três estudantes frenquentavam a escola montadas. Em suas falas, as travestis apareciam como um gay que realiza transformações corporais para se parecer com uma mulher, e com uma conexão muito forte com prostituição e marginalidade. Figuras que sofrem preconceito tanto no meio hetero quanto no homossexual.

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Um comentário:

  1. Por Nikole McCoy
    Acho interessante relatar o que esta acontecendo comigo na faculdade onde faço psicanalise. A maior parte dos alunos são evangélicos e pelas declarações que tenho ouvido, homofóbicos. Então decidi frequentar as aulas vestida de "homem" o que tenho feito há tres anos. Como estou para me formar (setembro), decidi que era hora de comunicar à direção e a minha terapeuta meu "segredo". Nessa quinta feira dia 13 de junho tinha terapia marcada e antes de me encontrar com minha terapeuta entrei na sala do reitor onde tenho transito livre, sentei e conversamos durante mais de uma hora. Contei para ele minha verdade e o motivo que me fez frequentar as aulas vestida de homem. Ele aceitou com uma naturalidade comum às pessoas de alta espiritualidade (e olha que ele é pastor!!!). Expliquei o que sinto devido as manifestações homofóbicas de meus pares em sala de aula e da nossa conversa nasceu a idéia de inserir na faculdade um curso de sexualidade humana, pois concordamos que um psicanalista está proibido de ser homofobico, pois tem obrigação profissional de saber a fundo sobre a sexualidade humana (fundamento de quase todas as neuroses, segundo Freud). Com minha terapeuta a conversa foi ainda mais proveitosa, pois ela ja havia percebido minha peculiaridade sexual, apenas esperava paciente e respeitosamente que eu tomasse a inciativa de contar. Pessoas de uma cultura elevadissima, uma luz comum aos seres celestiais.
    Eu já esperava estas reações deles, mas confesso que a receptividade, principalmente da minha terapeuta e professora, a compreensão do reitor, o apoio recebido de ambos, me comoveu e me trouxe um alento no meu coração. Pensei: Nem todo evangélico é homofobico, nem todo evangélico abriu mão da capacidade de raciocínio nem da liberdade de pensamento e vida. Graças a DEUS!!!

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