BBC BRASIL
22 de
novembro, 2013
Eles conseguiram condensar todas as informações genéticas
normalmente encontradas em um cromossomo Y de um camundongo em apenas dois
genes.
O estudo, publicado pela revista científica Science, mostrou
que os camundongos modificados ainda eram capazes de se reproduzir, apesar de
necessitarem técnicas avançadas de reprodução assistida.
Os pesquisadores afirmam que os resultados do estudo podem
um dia ajudar homens inférteis por conta de um cromossomo Y danificado.
O DNA, que contém o código genético do indivíduo, está
condensado em cromossomos. Na maioria dos mamíferos, incluindo os humanos, um
par de cromossomos funciona como cromossomo sexual.
Se o feto recebe um cromossomo X e um Y dos pais, será do
sexo masculino, mas se receber dois cromossomos X será do sexo feminino.
"O cromossomo Y é um símbolo da masculinidade",
comentou à BBC a coordenadora da pesquisa, Monika Ward.
Espermatozoides rudimentares
Nos camundongos, o cromossomo Y normalmente contém 14 genes
distintos, com alguns deles presentes em até uma centena de cópias.
A equipe da Universidade do Havaí mostrou que os camundongos
geneticamente modificados com um cromossomo Y que consistia de apenas dois
genes poderiam se desenvolver normalmente e poderiam até mesmo gerar filhotes
próprios.
"Esses camundongos são normalmente inférteis, mas nós
mostramos que é possível gerar descendentes viáveis quando o cromossomo Y está
limitado a apenas dois genes usando a reprodução assistida", disse Ward.
Os camundongos somente produziriam espermatozoides
rudimentares. Mas eles poderiam gerar descendentes com uma forma avançada de
reprodução assistida, chamada injeção de espermátide redonda, que envolve
injetar informações genéticas do espermatozoide rudimentar em um óvulo.
Os filhotes resultantes eram saudáveis e tiveram um tempo de
vida normal.
Esperança
Os dois genes necessários para a reprodução eram o Sry, que
inicia o processo de produção de um macho quando o embrião se desenvolve, e
Eif2s3y, envolvido nos primeiros passos da produção de espermatozoides.
Ward argumenta, porém, que "pode ser possível eliminar
o cromossomo Y" se o papel desses genes puder ser reproduzido de uma forma
diferente, mas observa que um mundo sem a existência de homens seria
"loucura" e "ficção científica".
"Mas no nível prático isso mostra que, após a
eliminação de grandes porções do cromossomo Y, ainda é possível se reproduzir,
o que potencialmente dá esperança aos homens com essas falhas no
cromossomo", afirma.
Os genes descartados são provavelmente envolvidos na
produção de espermatozoides saudáveis.
Os autores dizem que mais estudos são necessários para
verificar se as conclusões poderiam ser aplicadas também a seres humanos, já
que alguns dos genes não são equivalentes entre as espécies.
Disponível em
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/11/131122_pesquisa_cromossomo_y_rw.shtml.
Acesso em 23 nov 2013
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