Portal Terra
05 de Dezembro de 2013
Pode ser o menino que prefere usar vestido ou a menina que
usa um nome masculino, não importa: boa parte das escolas e dos professores
ainda têm dificuldades em lidar com transexuais - condição de quem tem uma
identidade de gênero diferente da designada no nascimento. Transexuais relatam
que as escolas não aceitam o uso do seu nome social - diferente do que consta
na carteira de identidade - e que muitas vezes são obrigados a usar banheiros
que não são condizentes com o gênero que se identificam.
A vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Keila Simpson, acredita que
as escolas precisam compreender e incluir três populações – travestis, homens
transexuais e mulheres transexuais. “Se essa lógica passasse para escola, já
teríamos um bom caminho andado”, destaca. Keila diz que transexuais e travestis
não têm a sua identidade respeitada quando chegam na escola e a consequência
drástica é o abandono da sala de aula. “Se a trans está na escola e tem uma
aparência feminina, deve ser orientada para usar ambientes femininos na
escola”, afirma. Para Keila, ainda há a ideia de que travestis e transexuais
não estão interessados em estudar. “Quando a escola se abre, se recicla e se
renova, o público transexual e travesti vai à procura da educação formal”,
destaca.
Durante o Ensino Médio, em uma escola pública de Sete Lagoas
(MG), a transexual Beatriz Trindade conta que a sua relação com os colegas
dentro da sala de aula era tranquila. “Eles até me ajudavam quando tinha algum
problema com professor, que às vezes me chamava pelo meu nome civil”, diz. Ao
solicitar o uso o nome social na escola, teve seu pedido negado. Ela relata ter
passado por dificuldades com a secretaria da escola e com a direção. “Eles têm
a tradição de fazer faixas de comemoração para quem é aprovado no vestibular e
eu pedi para usarem meu nome social, porque aquilo não era um documento, era
simplesmente uma faixa e isso desencadeou uma discussão”, conta. “Eles estavam
me desrespeitando, foi terrível”, relembra.
O caso Enem
Atualmente cursando o segundo período de direito do Centro
Universitário de Sete Lagoas (Unifemm) Beatriz enfrentou dificuldades para a
realização do Enem neste ano. “Eu não me senti ofendida, não me senti
discriminada, senti constrangimento. A fiscal não sabia o que fazer”, afirma.
Os fiscais da sala em que Beatriz estava desconfiaram da sua identidade, já que
em seu documento continha uma foto na qual a jovem não se parece mais e também
constava o nome de um menino.
A diretora auxiliar do Colégio Estadual Chico Mendes, de São
José dos Pinhais (PR), e transexual, Laysa Machado, destaca que os objetivos
dos transexuais ao fazer o Enem são os mesmos de qualquer outra pessoa. Ao
sofrerem constrangimentos e discriminações ao longo da vida, a diretora
auxiliar acredita que o único caminho que restará é o da prostituição. “Esse
caminho agrega 90% das transexuais, principalmente as oriundas de famílias pobres”,
destaca.
Disponível em
http://noticias.terra.com.br/educacao/,6179ef60792c2410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html.
Acesso em 05 dez 2013.
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