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domingo, 6 de outubro de 2013

Virginia Prince foi militante trans de coragem e cheia de conhecimento de causa

Pedro Paulo Sammarco Antunes
01/10/2013

Vamos conhecer agora a trajetória de vida de uma militante. Virginia Prince (1912 - 2009) foi uma grande ativista que lutou pelos direitos de transgêneros nos EUA. Nascida em Los Angeles, recebeu o nome Arnold Lowman. Começou a se transvestir com roupas consideradas femininas aos doze anos de idade. Graduou-se em química em 1935. Fez mestrado em 1937 e doutorado em 1939 pela Universidade da Califórnia, ambos em farmacologia. 

Casou-se com Dorothy Shepherd em 1941, teve um filho em 1946. Sua esposa não compreendia seu impulso por vestir-se de mulher. Procurou um psiquiatra que a aconselhou a se divorciar, dizendo que o marido era homossexual por causa do transvestismo. Em 1953 foi proibido pela justiça de ver o filho e acusado de ser um mau pai por Dorothy.

Começou a trabalhar com indústria química associada a cosméticos. Em 1955 começa a tomar hormônio feminino. Com o auxílio da mãe de Arnold, casa-se com Doreen Skinner em 1956.  Ela havia sido filha de uma governanta que trabalhou para a família Lowman.  Doreen estava ciente que Arnold gostava de se vestir de mulher. Aprendeu a compreender e conhecê-lo mais. Em 1960 Arnold funda uma revista cientifica voltada ao publico transgênero que se chamava “Transvestia”.

Em 1962 conhece Robert Stoller (1921 – 2006), famoso médico e especialista na área da sexualidade. Doreen, porém não aguenta a pressão de ver Arnold vestido de mulher em algumas ocasiões. Ela pede o divórcio em 1966. Na ocasião Arnold morava com o filho Bent, que começou a enfrentar problemas com o uso de drogas. Com o divórcio, Doreen ficou com metade das ações da indústria química de Arnold.

Em 1968, aos 56 anos de idade, já vivia o tempo todo vestida inteiramente como mulher. O nome Virginia Prince já havia sido adotado desde 1941. Poucos anos antes, em 1961, sofreu processo criminal por enviar a revista “Transvestia” por correio para alguns leitores. Foi alegado que Arnold, agora Virginia, estava enviando material erótico. Porém a publicação da revista continuou até a década de 1980. A partir da década de 1960 começou a trabalhar intensamente com outros especialistas, dentre eles o doutor Harry Benjamin (1885 – 1986) pelos direitos de transgêneros, além de ajudar a esclarecer sobre tal “fenômeno” até sua morte, em 2009.

Virginia relata que começou a se vestir de mulher, pois desenvolveu fetiche sexual por sapatos de saltos altos, seguido por masturbação. Com o tempo foi descobrindo a “mulher interior” que habitava dentro dela. Ao longo da vida desenvolveu pensamento acadêmico a respeito do assunto. Fundou organizações para pessoas que se transvestiam (Docter, 2004).

Em seu artigo “Homosexuality, transvestism, and transexuality: Reflections on their ethiology and differentiation” faz a distinção entre homossexualidade (orientação sexual), transvestismo (comportamento) e transexualidade (alteração do sexo genital com o objetivo de alterar o gênero). Coloca que a orientação sexual não tem necessariamente uma relação direta com a expressão de gênero. Virginia diz que ela mesma nunca se interessou por homens (Prince, 2005a).

Em outro artigo, intitulado de “The expression of femininity in the male” faz a diferenciação entre sexo e gênero. Ela defende que a socialização impõe certa identificação de gênero correspondente ao sexo biológico determinado. Com isso, todas as características consideradas do gênero oposto deverão ser reprimidas. Para ela o transvestismo masculino é a expressão da feminilidade suprimida em homens biológicos.

O verdadeiro travesti é o personificador daquilo que é considerado feminino. O objetivo é atingir a expressão total da personalidade independente do gênero. O ideal seria que todas as tarefas fossem desempenhadas tanto por homens e mulheres. Normas de gênero limitam a manifestação da criatividade das pessoas, pois elas não podem usar toda a sua criatividade. Para a autora tais normas transformam a todos e meio-seres-humanos (Bruce, 2005).

Em “Sex versus Gender”, Prince defende que o gênero pode ser performatizado independentemente do sexo anatômico. Ela diz que há grande confusão entre órgão genital e sexo performatizado. O que se busca é a mudança de gênero, não de sexo (órgão genital). Para ela o sexo está entre as pernas e o gênero está entre as orelhas.

Ela acredita que no futuro as barreiras entre os gêneros serão abolidas. As pessoas poderão transitar entre um e outro sem sofrerem preconceito. Não haverá roupas específicas para homens e mulheres. Classificações como transexuais, travestis, homossexuais, bissexuais e heterossexuais se tornarão obsoletas, pois as pessoas serão classificadas apenas como pessoas. Não haverá mais necessidade de tratá-las disso ou daquilo. Aquilo que chamamos de androgenia será cada vez mais comum. Haverá uma fusão completa entre o que chamamos de masculino e feminino (Prince, 2005b).

Já em “Transsexuals and Pseudotranssexuals”, Virginia argumenta que não quis a cirurgia de redesignação sexual, pois seu caso tratava de questões de gênero (psicossociais) e não de sexo (biológicas e fisiológicas). A sociedade machista, polarizada e patriarcal é que associa gênero, sexo e orientação sexual. Socialmente se entende que como o sexo é dado ao nascer, o gênero também deve ser.

Prince argumenta que tanto homens quanto o restante da sociedade considera se alguém é homem ou mulher por sua anatomia física. Tal ideia também foi defendida por (Bento, 2008 e 2006). Ela critica transexuais que buscam a cirurgia de redesignação sexual argumentando com sua ideia clássica de que o gênero está entre as orelhas e não entre as pernas. É como se a neovagina concedesse autorização social para que as transexuais vivessem o estilo de vida que sempre quiseram (Prince, 2005c).

Em The “transcendents” or “trans” people, Virginia defende que nos casamentos heterossexuais ao invés de duas pessoas inteiras se acompanharem, há duas pessoas dependentes da parte suprimida da outra, buscando assim, seu complemento. Para a autora, a mulher reconheceu antes do homem que era preciso lutar pela integração e romper as categorias estanques de gênero. Ela ainda argumenta que muitos problemas emocionais são advindos da criação e educação para se adequar ao gênero imposto, de acordo com o genital de nascimento (Prince, 2005d).

É interessante perceber que Virginia se tornou completamente aquilo que se chama de transgênero por volta dos sessenta anos de idade, ou seja, momento do processo de vida que chamamos de velhice. Foi militante, lutou por direitos e escreveu artigos e livros científicos sobre o tema. Assim como Virginia, outras pessoas consideradas transgêneros, se tornam militantes em idade avançada. 

Referências bibliográficas:
BRUCE, Virginia “The expression of femininity in the male”. In: EKINS, Richard e KING, Dave Virginia Prince. Pioneer of transgendering. Binghamton, New York: The Haworth Medical Press, p. 21- 27, 2005
DOCTER, Richard From man to woman. Northridge, California: Docter Press, 2004
PRINCE, Virginia “Homosexuality, transvestism and transsexuality: Reflections on their ethiology and differentiation”. In: EKINS, Richard e KING, Dave Virginia Prince. Pioneer of transgendering. Binghamton, New York: The Haworth Medical Press, p. 17-20, 2005a
PRINCE, Virginia “Sex versus Gender”. In: EKINS, Richard e KING, Dave Virginia Prince. Pioneer of transgendering. Binghamton, New York: The Haworth Medical Press, p. 29-32, 2005b
PRINCE, Virginia “Transsexuals and Pseudotranssexuals.” In: EKINS, Richard e KING, Dave Virginia Prince. Pioneer of transgendering. Binghamton, New York: The Haworth Medical Press, p. 33-37, 2005c
PRINCE, Virginia “The transcendents or trans people”. In: EKINS, Richard e KING, Dave Virginia Prince. Pioneer of transgendering. Binghamton, New York: The Haworth Medical Press, p. 39-46, 2005d

Disponível em http://mixbrasil.uol.com.br/lifestyle/corpo/virginia-prince-foi-militante-trans-de-coragem-e-cheia-de-conhecimento-de-causa-.html. Acesso em 05 out 2013.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Juiz autoriza cirurgia de troca de sexo em prisioneiro

João Ozorio de Melo
7 de setembro de 2012

Em uma decisão inédita nos EUA, que está causando furor nos ânimos conservadores do país e perplexidade no sistema prisional, um juiz federal de Boston ordenou às autoridades de Massachusetts que mandem fazer uma cirurgia de troca de sexo em um detento condenado à prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional, pelo assassinato de sua mulher em 1990. E que paguem a conta com recursos públicos, segundo o Law Blog e a CBS News (com a AP).

O juiz Mark Wolf, um conservador indicado pelo ex-presidente Ronald Reagan, classificou sua própria decisão como "sem precedentes". Mas argumentou que ela se sustenta na Constituição e em recomendações médicas. "Essa é a única maneira de proporcionar um tratamento médico adequado" a Michelle Kosilek (que antes era Robert), escreveu o juiz, com base em recomendações de médicos do Departamento de Correções do estado.

Em sua decisão de 126 páginas, o juiz disse que negar a cirurgia a Kosilek seria uma violação da 8ª Emenda da Constituição dos EUA, que proíbe punição cruel.

Os tribunais americanos têm ordenado às autoridades das prisões que avaliem os detentos transgêneros, para determinar suas necessidades de tratamento médico. Em geral, têm recomendado tratamento com hormônios e psicoterapia. O juiz Mark Wolf foi o primeiro a ordenar a cirurgia de troca de sexos em um prisioneiro.

"Não seria normal tratar um prisioneiro, que sofre um grave distúrbio de identidade de gênero, diferentemente de inúmeros detentos que sofrem de formas mais familiares de doença mental", ele escreveu. "As autoridades prisionais não podem deixar de fazê-lo só porque o distúrbio de identidade de gênero é uma doença mental não entendida pelo público, em geral, e que requer um tratamento que é impopular", declarou.

A decisão baseada na lei e nas recomendações médicas de Wolf criou um desconforto político no país. O próprio juiz reconheceu, em sua decisão, que Kosilek, um assassino condenado, vai receber um tratamento que é negado aos cidadãos cumpridores da lei. Os seguros-saúde não cobrem esse tipo de cirurgia e muitos americanos não dispõem de recursos para fazê-la. A cirurgia do prisioneiro vai custar cerca de US$ 20 mil, diz a rede CBS de televisão.

Na verdade, cerca de 40 milhões de americanos não dispõem de seguro-saúde. Segundo uma reportagem do New York Times, mais de 3 mil pessoas morrem no país, a cada duas semanas, por não disporem de seguro-saúde. Isso equivale a um 11 de setembro a cada duas semanas, disse o jornal.

"Pode parecer estranho que os cidadãos dos Estados Unidos não têm, geralmente, o direito constitucional ao tratamento médico adequado, mas a 8ª Emenda da Constituição garante aos prisioneiros tal tratamento", ele escreveu. E ressaltou que a Suprema Corte dos EUA decidiu, em 2011, que os prisioneiros têm direito a nada menos do que é compatível com o conceito de dignidade humana.

As autoridades prisionais se opuseram à cirurgia, com o argumento de que não poderiam garantir a segurança ao prisioneiro, se ele trocasse de sexo. Kosileck paga sua pena em uma prisão masculina em Norfolk, Massachusetts. As autoridades também disseram que não sabem onde vão encarcerar Kosilek depois da cirurgia. O juiz refutou esses argumentos, dizendo que são apenas pretextos para não lidar com o problema. Aliás, disse o juiz, onde a cirurgia vai ser feita e onde Kosilek vai ficar depois da cirurgia é problema do sistema prisional.

Disponível em http://www.conjur.com.br/2012-set-07/juiz-manda-cirurgia-troca-sexo-prisioneiro-eua. Acesso em 24 set 2013.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mudança de sexo de soldado confunde mídia americana

Observatório da Imprensa
edição 761
27/08/2013 

Quando David Coombs, advogado do soldado Bradley Manning, condenado a 35 anos de prisão por ter vazado milhares de documentos secretos do Exército americano, afirmou em participação no programa Today, da NBC, que seu cliente gostaria de viver como uma mulher e ser chamado de Chelsea, criou um problema para âncoras, repórteres e editores: rapidamente, surgiram debates sobre como se referir a Manning. A apresentadora Savannah Guthrie, do Today, usou “ele” e “ela” durante o programa, mas muitos veículos continuaram a usar o pronome masculino, mesmo com Manning tendo deixado claro a sua preferência. “Peço que vocês se refiram a mim pelo meu novo nome e usem o pronome feminino”, disse Chelsea, ex-Bradley, em declaração lida no Today.

Alguns veículos, como o site Huffington Post, a revista New York, o jornal londrino Daily Mail, a emissora MSNBC e a revista online Slate, fizeram a vontade de Chelsea. Já outros, como os jornais USA Today,Boston Globe, Los Angeles Times e New York Times, além dos sites Daily Beast e Politico e dos canais CNN e Fox, continuaram a usar o pronome masculino.

Erin Madigan White, porta-voz da agência de notícias Associated Press, disse que a empresa seguiria seu manual de estilo – referência para muitos jornalistas –, que aconselha repórteres a “usar o pronome preferido dos indivíduos que adquiriram características físicas do sexo oposto ou se apresentam de um modo que não corresponde ao sexo de nascimento”. Portanto, a agência usaria referências neutras de gênero para se referir a Manning, que sejam “pertinentes à questão de transgênero”.

Por meio da porta-voz Anna Bross, a National Public Radio informou que continuará a chamar Manning de “ele”. “Até que o desejo de Manning de ter seu gênero mudado fisicamente aconteça, continuaremos a nos referir ao soldado como ‘ele’”, afirmou.

Caso isolado

O guia do New York Times orienta jornalistas a escrever do modo como o entrevistado prefere. Mas o chefe de redação Dean Baquet explicou que o caso do soldado é diferente: “Geralmente, chamamos pelo novo nome quando nos pedem para fazê-lo e quando eles começam suas novas vidas. Nesse caso, entretanto, consideramos que os leitores ficariam totalmente confusos se mudássemos o nome e o gênero da pessoa no meio de uma grande história de mídia. Isso não é uma decisão política. É destinada a nosso cliente principal – nossos leitores”. A ombudsman do NYTimes, Margert Sullivan, encorajou o jornal a mudar o modo como se refere a Manning. “Pode ser melhor mudar rapidamente para o feminino e explicar isso, em vez de fazer o contrário”, disse.

Rich Ferraro, porta-voz da organização Glaad (em português, Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação), afirmou que iria entrar em contato com organizações de mídia para que mudassem o modo como se referem a Manning. Ele observou que quase todo manual de estilo aconselha o uso do pronome preferido do indivíduo em questão. “Toda a cobertura da mídia hoje mostra o quão distante ela está da cobertura de transgêneros”, opinou.

Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed761_mudanca_de_sexo_de_soldado_confunde_midia_americana. Acesso em 16 set 2013.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mulher é demitida nos EUA por ser "muito atraente"

Reuters
27/12/2012

A Suprema Corte do Estado de Iowa, nos Estados Unidos, decidiu que os empregadores do local podem, legalmente, demitir funcionários que eles considerem muito atraentes.

Em uma decisão unânime, o tribunal indicou que um dentista não violou as leis do Estado ao demitir uma assistente que a mulher dele considerava ser uma ameaça ao seu casamento.

A assistente, Melissa Nelson, trabalhou para o dentista James Knight por mais de dez anos e nunca tinha flertado com ele, de acordo com os testemunhos de ambas as partes.

Mas, no julgamento, Knight disse que tinha reclamado diversas vezes que as roupas da funcionária, classificada no processo como "irresistível", eram muito apertadas e "reveladoras".

Em 2009, ele começou a trocar mensagens SMS com Nelson. A maior parte dos torpedos era relacionada ao trabalho, mas alguns eram sugestivos --em um deles, de acordo com os dados do processo, o chefe perguntou à assistente com que frequência ela tinha orgasmos. Ela não respondeu a mensagem.

No fim daquele ano, a mulher do dentista descobriu os torpedos e mandou o marido demitir a funcionária, em razão de ela ser "uma grande ameaça ao casamento" dos dois.

No começo de 2010, Nelson foi demitida e entrou com um processo contra o chefe, dizendo que não havia feito nada de errado, que considerava Knight uma figura paterna e que havia sido mandada embora apenas por ser mulher.

O dentista argumentou que a assistente não havia sido demitida por ser mulher, já que todas as funcionárias de sua clínica são do sexo feminino, mas sim porque o relacionamento entre os dois colocava seu casamento em risco.

Os sete juízes da corte de Iowa, todos homens, decidiram que chefes podem demitir funcionários "muito atraentes" e que a medida não representa discriminação.


Disponível em http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/1206703-mulher-e-demitida-nos-eua-por-ser-muito-atraente.shtml. Acesso em 15 ago 2013.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Universidades da Califórnia estudam perguntar a orientação sexual dos alunos

EFE
31/03/2012

As universidades estatais da Califórnia (EUA) estudam questionar os alunos sobre sua orientação sexual nos formulários de matrícula do próximo ano letivo para conhecer a percentagem de homossexuais entre os estudantes, segundo publicou nesta sexta-feira o "Los Angeles Times" em seu site.

A iniciativa, que começou a ser avaliada nos 23 campi do estado, responde a um relatório da rede de universidades que determina que os alunos gays sofrem maiores taxas de depressão e sentem-se desrespeitados com mais frequência no campus [do que os demais].

O objetivo seria conhecer a dimensão da comunidade gay dentro dos centros de educação superior para poder atender a suas "necessidades específicas para sua segurança e apoio educacional", explicou Christopher Ward, assistente do democrata Marty Block, que impulsionou no ano passado a lei AB 620 contra os abusos escolares a homossexuais.

Em qualquer caso, a resposta à pergunta sobre a orientação sexual será opcional e dependerá de cada aluno revelar oficialmente sua condição.

O republicano Tom Harman, que votou contra a lei AB 620, assegurou que essa medida representará uma "invasão da privacidade" e alertou dos problemas que poderia causar se essa informação pessoal caísse nas mãos erradas.

Uma pesquisa realizada em 2010 entre estudantes universitários na Califórnia determinou que 87% dos consultados eram heterossexuais, 3% se declararam gays ou lésbicas e outros 3% se consideraram bissexuais, enquanto 1% confessou não ter certeza de sua opção. O restante preferiu não responder.


Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1069963-universidades-da-california-estudam-perguntar-a-orientacao-sexual-dos-alunos.shtml. Acesso em 03 ago 2013.

sábado, 6 de julho de 2013

Após nascer com sexo trocado, casal transgênero se apaixona em terapia

Virgula
19 de Junho de 2013 

Aparentemente eles são um casal comum se não fosse por um detalhe: ambos são transgêneros, ou seja, o rapaz nasceu menina e a moça nasceu menino. Katie Hill, de 19 anos, nasceu, e viveu suas 15 primeiras primaveras como Luke; já Arin Andrews, de 17 anos, veio ao mundo como Esmerald e chegou a ganhar concursos de beleza e se destacar no balé durante sua infância. Na adolescência, já como transgêneros, os dois se apaixonaram e iniciaram um relacionamento.

Ambos lutavam com sua sexualidade quando crianças e iniciaram terapia hormonal ainda muito jovens, mais tarde, quando frequentavam um grupo de apoio aos trans, em Tulsa, Oklahoma, EUA, se conheceram e se apaixonaram.

“Tudo o que vi foi um cara bonito. Nós somos perfeitos um para o outro, porque ambos tivemos os mesmos problemas na infância. Ambos vestimos o mesmo manequim e ainda podemos trocar nossas roupas velhas, que nossas mães insistiam em comprar e odiávamos”, contou Katie em entrevista ao “Daily Mail”.

Segundo ela, os dois são tão convincentes em suas novas identidades, que ninguém sequer percebe que são transgêneros. “Secretamente nos sentimos tão bem com isso, pois é a maneira como sempre quisemos ser vistos”, explica.

O casal, em sua luta diária por ter as formas que sua personalidade pede, passa ainda passa por tratamentos com hormônios: Arin ingerindo testosterona para ganhar formas mais masculinas e Katie tomando doses de estrogênio, que lhe renderam seios naturais, sem implante de silicone.

Conforme o jornal britânico, Katie é considerada uma mulher, legalmente, desde seus 15 anos, e acredita que nasceu naturalmente com altos níveis de estrogênio, já que desde o pré-primário tinha pequenos seios, mesmo tendo o corpo bem esguio. Ela, inclusive, ganhou uma cirurgia de mudança de sexo, quando fez 18 anos, depois de um doador anônimo ficar comovido com sua história.

“Desde os três anos eu sabia que, no fundo, eu queria ser uma menina. Tudo o que eu queria era brincar com bonecas. Eu odiava meu corpo de menino e nunca me senti bem nele. Mantive meus sentimentos em segredo total até crescer. Agora eu e Arin podemos compartilhar nossos problemas”, diz.

Arin se lembra de uma experiência semelhante, e diz que sabia que era um menino desde o seu primeiro dia de escola, aos cinco anos. “Os professores separaram as meninas e os meninos em filas para uma brincadeira. Eu não entendi porque me pediram para ficar com as meninas. Coisas femininas nunca me interessaram, mas eu estava preocupado com o que as pessoas pensariam se eu dissesse que queria ser um menino, então mantive isso em segredo”, confessa.

Ainda criança, a mãe de Arin, Denise, incentivou a criança a fazer balé, mas o amor secreto de Arin era pilotar motos, fazer triatlo e escalada. “Mamãe e papai argumentavam que motocross entrava em confronto com a minha agenda de dança”, lembra ele, que aos 11 anos conseguiu fazer sua mãe desistir de vê-lo como uma bailarina.

Denise Andrews hoje apoia o filho e o ajuda com as doses de testosterona, além de ter ajudado a pagar a cirurgia de remoção de mamas, depois de o garoto passar anos se apertando em faixas e cintas para esconder os seios e sofrendo bullying na escola.

“Eu parecia uma menina bonita, mas agia e andava como um menino. Todo mundo começou a me chamar de lésbica. Era muito humilhante. Eu não me sentia gay. Comecei a ter pensamentos suicidas e disse aos meus pais que me sentia confuso, mas eu nem sabia que existiam pessoas transexuais. Eles disseram ‘ok’ eu ser gay, mas me colocaram na terapia por causa da depressão”, lembra.

A história de Katie é bastante semelhante, ela também passou por momentos de depressão, pensando em acabar com a própria vida, e só descobriu o que era um transexual após uma busca na internet, tentando entender o que se passava com ela, deparou-se com a palavra na tela.

A aceitação da condição dos dois foi um processo lento para a família, mas hoje, até a avó de Katie, Judy, entende que a neta “nasceu no corpo errado”.

O casal afirma estar expondo sua história ao mundo para ajudar a aumentar a conscientização sobre as questões trans. “Mais precisa ser feito para que as pessoas saibam sobre as questões trans”, disse Katie. “Nós dois passamos anos no deserto. Me senti muito sozinha. Nossos pais não sabem como ajudar, porque nenhum de nós sabia que era trans. Ninguém deveria passar pelo que passamos”, completa.

“Minha vida mudou quando conheci Katie, percebi que não estava sozinho”, finaliza Arin, apaixonado.


Disponível em http://virgula.uol.com.br/inacreditavel/curiosidades/apos-nascer-com-sexo-trocados-casal-transgenero-se-apaixona-em-terapia. Acesso em 29 jun 2013.

domingo, 16 de junho de 2013

EUA: Militar condecorado assume mudança de sexo

Notícias ao Minuto
05 de Junho de 2013

Warrior princess: a Us navy seal's journey to coming out transgender’ (‘Princesa guerreira: A viagem de um navy seal para mudar de sexo’) é o livro, publicado no sábado, que conta a história de Chris Beck, agora Kristin Beck, um condecorado militar norte-americano que serviu o seu país durante 20 anos, antes de iniciar o seu processo de mudança de sexo.

Retirado da vida no activo militar desde 2011, Kristin, que actualmente é consultor, decidiu tornar público o seu segredo através de uma fotografia com o seu novo ‘eu’, que publicou numa rede social. 

Por baixo da imagem podia ler-se: “Estou agora a tirar todos os meus disfarces e a deixar que o mundo conheça a minha verdadeira identidade como mulher”, cita o USA Today.

As mensagens que chegam dos ex-camaradas dos seals, que inicialmente pensaram tratar-se de uma brincadeira, têm sido na maioria de apoio, conta Beck.

"Nos Estados Unidos, a taxa de suicídio de transexuais é de 50%, enquanto há países onde ronda os 2%. Esta é a principal razão deste livro", escreve Beck no prefácio do seu livro.


Disponível em http://www.noticiasaominuto.com/mundo/79673/militar-condecorado-assume-mudan%C3%A7a-de-sexo#.UbYLxPllk71. Acesso em 10 jun 2013.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Jornada para a masculinidade: ex-transexual conta seu testemunho

Peter Baklinski
3 de novembro de 2011

Walt Heyer era um menininho crescendo na Califórnia em meados da década 1940, interessado em cowboys, carros e violões quando certo dia, a avó dele teve a imaginação estranha de que ele queria ser uma menina. Ela ingenuamente lhe fez um vestido roxo de baile, com fita de enfeite, que ele costumava usar quando a visitava.

De acordo com Walt, usar aquele vestido roxo com fita de enfeite desencadeou algo que o colocou numa longa trajetória de 35 anos que o levou a um vale escuro de “tormento, desilusão, mágoas e tristezas”. Sua confusão com sua identidade sexual o levou ao alcoolismo, vício de drogas e tentativa de suicídio.

No fim, Walt recorreria à “cirurgia de mudança de sexo” com vaginoplastia para fazê-lo se parecer como uma mulher, algo que ele veio a lamentar profundamente e que ele agora aconselha indivíduos com confusão sexual a evitar. “Ele (Deus) havia me criado como homem, do jeito que eu era, e nenhuma faca iria jamais mudar isso”, Walt disse para LifeSiteNews.com numa recente entrevista.

Envergonhado de ser homem

Em seu livro de 2006, “Trading my Sorrows” (Negociando minhas Tristezas), Walt relata que o vestido roxo foi apenas a primeira de muitas influências em sua vida que fizeram com que ele sentisse vergonha de ser homem. Houve o abuso sexual que ele sofreu nas mãos de seu tio que ele diz que fez com que ele sentisse vergonha de seus órgãos sexuais. Havia a austera disciplina de seu pai — praticamente indistinguível de abuso físico, diz ele — que fez com que ele se sentisse incapaz de ser o menino que seu pai queria que ele fosse.

Walt se lembra de nunca se sentir bem o suficiente para seus pais, nunca conseguir agradar a eles e nunca receber os elogios que ele muito desejava.

“O que eu desesperadamente queria era elogios dos meus pais pelas coisas que eu fazia muito bem, e encontrar meu próprio lugar ideal onde eu pudesse me expressar, desenvolver meus talentos e fazer algo de que eu gostasse”, explicou Walt em seu livro.

O menininho que não tinha nenhuma autoestima começou a desprezar a si e a seu corpo. Walt começou a se consolar se vestindo como menina e guardando esse segredo de seus pais. Vestir-se como uma menina se tornou seu esconderijo onde ele se sentia a salvo da disciplina e conflitos dolorosos que seu pai e mãe lhe davam.

A mulher tirana interior

Quando passou pela adolescência, Walt diz que a menina que estava dentro de sua cabeça foi ficando mais forte e exigia mais de seu tempo. Apesar do fato de que Walt adorava carros que chamavam a atenção e namorou mocinhas atraentes no colegial, não importava quanto ele se esforçasse, ele não conseguia expulsar a obsessão de se tornar uma mulher. Depois da escola secundária, Walt saiu da casa de seus pais e foi morar em sua própria casa, de modo que ele pudesse usar roupas de mulher na privacidade de seu próprio lar. Nessa altura, ele havia amontoado muitas roupas femininas, mas ainda sentia uma vergonha profunda de seu hábito secreto.

Walt acabou se casando, ficou rico e a partir de todas as aparências exteriores, estava vivendo o sonho americano. Ele continuava suas contínuas escapadas para o mundo de seu segredo de mulher.

Walt diz que estava vivendo três vidas diferentes de “homem de negócios bem-sucedido e beberrão, o quadro perfeito de um pai e marido amoroso e um travesti mulherzinha”. Contudo, por dentro, Walt estava experimentando desastre e desilusão. Tudo na vida dele começou a desmoronar.

Ele recorreu ao álcool como um mecanismo para lidar com seus problemas, mas isso só aumentou seu desejo de se tornar uma mulher. Ele diz que permitiu que a menina que estava dentro de sua cabeça se expressasse mais e mais à medida que ele desesperadamente tentava agarrar momentos de alívio do furioso mar de sofrimento e tristeza que estava sua vida.

No fim, Walt colocou todas as suas esperanças na cirurgia de sexo como a solução que faria seu sofrimento desaparecer permanentemente.

A cirurgia

Primeiro, vieram os grandes peitos, implantados pela cirurgia plástica. Então, veio o procedimento que Walt mais lamenta, a transformação cirúrgica de seu órgão reprodutor masculino para a aparência de um órgão reprodutor feminino.

Walt havia esperado que o procedimento aliviasse sua “debilitante angústia psicológica” e fizesse cessar, uma vez por todas, o conflito que o havia atormentado desde sua infância. Mas para seu desânimo e grande tristeza, rearranjar seus órgãos sexuais e mudar sua aparência não efetuou a mudança correspondente em seu interior.

Depois da cirurgia, a mente de Walt se tornou um campo de batalha de pensamentos e desejos conflitantes que ele só poderia descrever como “agravantes, desoladores, deprimentes, contraditórios, distorcidos e imprevisíveis”.

Depois da cirurgia, cada dia que passava deixava mais claro para Walt que ele havia cometido um “erro imenso”. Seu vício à cocaína e ao álcool, numa tentativa de entorpecer o sofrimento emocional, só aumentou seu tormento, depressão e solidão.

Walt agora sabia que a faca do cirurgião e a amputação consequente não o haviam transformado de homem para mulher. Ele percebeu que a cirurgia era uma “fraude completa”. Ele sentia que não tinha escolha, senão viver uma vida como uma mulher cirúrgica, um “impostor”.

Tentativa de suicídio

Nesse ponto, ele chegou ao fundo do poço. A cirurgia havia destruído a identidade de Walt, sua família, seu círculo social e sua carreira. Ele estava sentindo que nada mais lhe restava, a não ser morrer. Walt, que estava se passando pelo nome de Laura Jensen, tentou atirar-se de cima de um prédio, mas foi impedido por um transeunte.

Sem ter onde morar e sem um centavo no bolso, o arruinado “transexual” teria terminado vivendo na rua se um bom samaritano não tivesse lhe dado um lugar para dormir numa garagem. Esse novo amigo incentivou Walt a frequentar as reuniões dos Alcoólatras Anônimos onde ele percebeu que precisava se conectar a uma “força mais elevada” se quisesse escapar da bagunça em que havia se metido.

Walt começou a compreender mais e mais que ele era verdadeiramente um homem, mas um homem que estava encoberto num “disfarce de mulher”.

“Eu estava muito consciente de que estava agora na lata de lixo da raça humana, uma vida desperdiçada e jogada fora, pervertida por minhas próprias escolhas. O álcool, as drogas e a cirurgia haviam me deixado inútil para qualquer um. Eu havia fracassado de forma desgraçada como o homem que Deus havia me criado para ser”.

Saindo do vale da escuridão

Com a ajuda de alguns amigos cristãos que ele havia descoberto recentemente, Walt começou uma jornada em direção à cura e à descoberta de sua verdadeira identidade como homem. Walt percebeu que a chave para ganhar a batalha que assolava dentro de si era a sobriedade. O lema e constante oração interior dele se tornaram: “Permaneça sóbrio — não importa o que aconteça — permaneça sóbrio”. Ele colocou de lado o álcool e se voltou para Jesus como uma fonte recém-encontrada de força.

Certa vez, durante um tempo de oração com seu psicólogo cristão, Walt diz que sentiu espiritualmente o Senhor, todo vestido de branco, que se aproximou dele com os braços estendidos, abraçou-o completamente e disse: “Agora você está para sempre a salvo comigo”. Foi nesse momento que Walt soube que encontraria a cura e a paz que ele desejava tão intensamente em Jesus.

Walt disse para LifeSiteNews numa entrevista que aqueles que estão passando por lutas com relação à sua identidade como homem ou mulher e acham que a operação de sexo é a solução “precisam ir a um psicólogo ou psiquiatra e iniciar uma terapia e cavar profundo para descobrir o que está provocando esse desejo, pois há alguma questão psicológica ou psiquiátrica obscura que não foi resolvida e que precisa ser investigada — quer seja abuso sexual, quer seja abuso físico ou quer seja uma questão de modelos na vida. Pode levar um ano investigar as questões profundas que estão ocorrendo e então, quando você faz essa investigação, você pode levar a pessoa a um ponto em que ela pode começar a entender seu sexo e começar a aceitar seu sexo e querer viver o sexo que Deus lhe deu”.

Agora, como um homem idoso, Walt crê que se pudesse voltar no tempo e dizer algumas palavras significativas para si como um homem mais jovem, ele orientaria o homem mais jovem a evitar a cirurgia de sexo, e descobrir a causa principal por trás do desejo pela cirurgia. 

Walt acredita que sua vida dá testemunho do poder da esperança, que nunca devemos desistir de alguém, não importa quantas vezes ele ou ela falhe ou quantas reviravoltas haja no caminho para a recuperação. Acima de tudo o mais, diz Walt, nunca devemos “subestimar o poder curador da oração e amor nas mãos do Senhor”.


Disponível em <http://noticiasprofamilia.blogspot.com.br/2011/11/jornada-para-masculinidade-ex.html>. Acesso em 20 ago 2012.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Mudança de sexo de estrela de Hollywood completa seis décadas

Chloe Hadjimatheou
3 de dezembro, 2012

A transformação, que acaba de completar 60 anos, foi resultado da primeira operação de mudança de sexo bem-sucedida realizada pela medicina moderna - e combinada, também de forma pioneira, com terapia hormonal.

Após voltar aos EUA, Christine Jorgensen tornou-se uma atriz de relativo sucesso em Hollywood, o que deu ainda mais repercussão a seu caso.

Nos anos 30, uma tentativa de fazer uma operação de mudança de sexo em Berlim havia terminado com a morte do paciente. As lições tiradas dessa experiência, porém, serviram como ponto de partida para a equipe dinamarquesa que operou Jorgensen.

História pessoal

"Ex-soldado vira beleza loira", anunciava a manchete de um jornal americano quando Jorgensen voltou da Dinamarca.

Jorgensen mal lembrava o tímido nova-iorquino que deixara o país meses antes. Havia se transformado em uma mulher esbelta de 27 anos, com lábios vermelhos e cílios longos e desceu do avião vestindo um casaco de pele.

Jorgensen crescera no Bronx, em Nova York, e desde que era adolescente sentia que era uma mulher "presa" no corpo errado.

"O jovem Jorgensen não se identificava com um homossexual, mas com uma mulher", diz o médico dinamarquês Teit Ritzau, que conheceu Jorgensen ao fazer um filme sobre a atriz nos anos 80.

No final do 1940, durante um curto período no Exército, Jorgensen leu um artigo sobre o médico dinamarquês Christian Hamburger, que estava fazendo experiências com terapia hormonal em animais.

Como os pais de Jorgensen eram dinamarqueses foi fácil justificar a viagem e, em 1950, o ex-soldado desembarcou em Copenhague sem contar a ninguém sobre suas reais intenções.

"Estava um pouco nervoso porque muita gente dizia que eu era louco. Mas o doutor Hamburger não parecia achar que havia nada estranho no que eu queria fazer", Jorgensen lembrou em uma entrevista.

Cirurgia

Hamburger foi o primeiro médico a diagnosticar Jorgensen como transexual e o encorajou a assumir sua identidade feminina e a se vestir como mulher.

Antes da cirurgia, o paciente tomou hormônios, que logo começaram a fazer efeito.

"O primeiro sinal de mudança foi um aumento no tamanho das glândulas mamárias. Depois, começou a crescer cabelo aonde o paciente tinha uma ligeira calvície", o médico notou.

Jorgensen também foi avaliado durante sua transformação pelo psicólogo Georg Sturup, que apresentou uma petição ao governo dinamarquês para uma mudança legal que permitiria a operação.

Depois de mais de um ano de terapia hormonal, Jorgensen foi submetido à primeira de uma série de cirurgias que o transformariam em Christine.

Exatamente o que foi feito nesta operação não está claro - e certamente desde então a técnica de reconstrução dos órgãos sexuais dos pacientes submetidos a cirurgias desse tipo evoluiu bastante.

"Mas a operação foi suficientemente bem-sucedida para deixar Jorgensen satisfeita", diz Teit Ritzau. "E aparentemente não houve complicações ou efeitos colaterais importantes em função do tratamento - o que é surpreendente para a época."

Vida pós-operação

Em seu retorno para os EUA, Christine Jorgensen foi recebida com fascínio, curiosidade e respeito pelos meios de comunicação e o público americano.

Sua família também parece ter apoiado sua decisão. "A natureza fez um erro que eu corrigi - agora sou sua filha", Jorgensen escreveu para os pais após a cirurgia.

Jorgensen foi acolhida por Hollywood e iniciou uma carreira como atriz. Foi convidada para inúmeras festas, assinou contratos para atuar no cinema e no teatro e foi coroada "mulher mais glamourosa do ano" pela Sociedade Escandinava de Nova York. Nos anos 60 e 70 também rodou o país fazendo shows nos quais cantava.

"Acho que todos queriam dar uma olhada (nos resultados da transformação)", disse, certa vez.

Ela teve menos sucesso na vida pessoal. Seu primeiro relacionamento sério foi rompido logo após o noivado.

No seguinte, Jorgensen foi impedida de se casar quando mostrou seu certificado de nascimento no cartório.

"A sua vida teve altos e baixos e ela teve um pequeno problema com álcool, mas no final era uma pessoa muito simples. Certa vez me disse que sua melhor companhia era ela mesma," diz Ritzau, comentando sobre a aparente solidão da atriz.

Jorgensen morreu de câncer aos 62 anos, em 1989.

Anos antes, voltou à Dinamarca para encontrar os médicos que permitiram sua transformação.

"Não começamos a revolução sexual, mas lhe demos um bom impulso", disse na ocasião.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/12/121203_mudanca_sexo_ru.shtml. Acesso em 08 dez 2012.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Capacidade de distinguir orientação sexual parece ser inconsciente

Alessandro Greco
16/05/2012 

A habilidade de distinguir a orientação sexual nos humanos parece ser inconsciente. É o que sugere um estudo publicado no periódico científico PLoS One.

O trabalho, feito com 129 estudantes, mostrou imagens de 96 rostos de jovens adultos sem nenhum tipo de cabelo ou adorno. Para cada um deles, a pergunta foi qual era o orientação sexual da pessoa na foto: hetero ou homossexual.

O resultado mostrou que mesmo ao colocar na frente dos estudantes as imagens de cabeça para baixo por apenas 50 milissegundos – um terço do tempo de uma piscadela -- eles eram capazes de identificar se a pessoa era gay. O aspecto mais surpreendente é que a orientação sexual de homens e mulheres pode ser avaliada com resultados acima do estatisticamente considerado como acaso mesmo quando as imagens foram apresentadas de cabeça para baixo.

“A descoberta de que o ‘gaydar’ é estatisticamente acima do acaso mostra que a capacidade de julgamento humana é altamente eficiente”, explicou ao iG Joshua Tabak, principal autor do artigo, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, se referindo à gíria em inglês que une as palavras radar e gay. E completou: “Uma das possibilidades mais intrigantes aberta por este estudo – mas que não testada diretamente nele – é de que as pessoas podem julgar a orientação sexual das outras sem intenção nem consciência. Em colaboração com Vivian Zayas, professora da Universidade de Cornell, estamos testando atualmente a possibilidade de que as pessoas diferenciam rostos de homens homo e heterossexuais mesmo quando não têm a intenção de julgar a orientação sexual deles”.

Mais precisão com mulheres 

O trabalho constatou também uma diferença na habilidade dos estudantes em distinguir a orientação sexual de mulheres e homens. No caso das mulheres, eles foram capazes de prever com 65% de precisão a diferença entre o rosto de uma lésbica e uma heterossexual quando a imagem estava na posição normal (de cabeça para cima). Com a imagem de ponta cabeça, o número diminuiu um pouco, chegando a 61%.

No caso dos rostos masculinos, os resultados foram um pouco menores: 57% e 53% respectivamente. Os pesquisadores acreditam que essa diferença foi devido a falsos positivos no caso dos homens – uma taxa maior de afirmações de que o dono do rosto era gay quando não era o caso.

“Há diversas razões possíveis para isso e o experimento não aponta para uma razão definitiva. É possível que as pessoas sejam mais flexíveis em indicar um rosto de um homem como gay (em relação ao de uma mulher) – mesmo que isso seja um erro – devido à relativa proeminência do conceito de ‘homem gay’ (vs. ‘lésbica’) na cultura popular como em programas de TV, mas isto é apenas especulação”, afirmou Tabak. Já as características faciais que diferenciariam rostos de hetero e homossexuais em homens e mulheres não foram analisadas pelos pesquisadores.

Disponível em <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-05-16/capacidade-de-distinguir-orientacao-sexual-parece-ser-inconscien.html>. Acesso em 27 set 2012.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Gay conta ter gasto mais de R$ 60 mil para tentar 'conversão' à heterossexualidade

Karen Millington
23 de setembro, 2012

O processo durou 17 anos e Toscano hoje milita contra tratamentos que atendem por com nomes como ''conversão'' ou ''terapia reparadora'', voltados para gays que querem mudar sua orientação sexual.

Tais práticas contam com o apoio de Igrejas fundamentalistas cristãs. E alguns dos que se submeteram a elas asseguram sua eficácia e se definem como ex-gays.

Mas Toscano, de 47 anos, afirma que não só estes processos não funcionam como também causam danos psicológicos.

Ele é de uma tradicional família ítalo-americanda do Estado de Nova York. Cristão devoto e evangélico, Toscano teve dificuldades em aceitar o que via como um conflito entre sua orientação sexual e sua fé.

'Desespero terrível'

''Eu estava fazendo algo errado pelo qual eu seria punido na outra vida. E por isso sentia muito medo e um desespero terrível'', afirma, em entrevista à BBC.

Como um adolescente que cresceu nos Estados Unidos da década de 80, Toscano viveu em uma época em que o termo ''gay'' era um sinônimo de Aids. Até 1973, psiquiatras americanos classificavam homossexuais como sendo insanos.

''Eu somei dois mais dois e cheguei ao que me parecia ser uma equação lógica, a de dizer 'isto é errado, é ruim, eu preciso consertar isso'. E 17 anos depois eu finalmente acordei e retomei a razão'', afirma.

Os anos de tratamento são uma lembrança dolorosa. Após ter entrado em depressão depois de uma entrevista à rádio pública dos Estados Unidos na qual relatou os processos a que se submeteu, ele agora evita entrar em pormenores.

Experiência traumática

Mas ele relata que um dos incidentes mais sombrios ocorreu durante seu internamento por dois anos no centro Love in Action (Amor em Ação), hoje rebatizado como Restoration Path (Caminho da Restauração), na cidade de Memphis, no Estado americano do Tennessee.

Lá, ele foi instruído a registrar todos os encontros homossexuais que já havia tido. Em seguida, pediram que ele relatasse o mais constrangedor destes encontros para sua família.

Tais terapias não se limitam, no entanto, aos Estados Unidos. Toscano visitou a Inglaterra na década de 90 a fim de se submeter a um exorcismo. Ele já tinha se submetido a dois exorcismos fracassados nos Estados Unidos.

De acordo com Peterson, esse tipo de prática ''é danosa psicologicamente especialmente para os jovens. Se você acredita nisso, você fará qualquer coisa para rasgar a sua alma''.

Nos Estados Unidos, já estão sendo tomadas medidas para proibir parcialmente as terapias de conversões para gays no Estado da Califórnia. E o governador Jerry Brown está avaliando um projeto de lei que torna ilegal a terapia reparadora para crianças. Se aprovada, será a primeira medida nesse sentido tomada no país.

Toscano tem um blog e um canal de YouTube e usa sua experiência como ator de teatro realizando apresentações nas quais procura consicentizar pessoas sobre os danos causados aos que se submetem a tratamentos para suprimir ou mudar suas orientações sexuais.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120923_gay_convertao.shtml>. Acesso em 23 set 2012. 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Juiz autoriza mudança de sexo de prisioneiro que matou esposa

BBC BRASIL
6 de setembro, 2012

Em sua decisão pioneira, o juiz da cidade de Boston Mark L. Wolf comentou que negar a cirurgia ao presidiário que atende pelo nome de Michelle L. Kosilek seria uma forma de preconceito social.

Mas autoridades do setor presidiário vêm se negando a permitir a realização da cirurgia sob o argumento de que ela poderia gerar problemas de segurança.

Kosilek chegou a tentar se castrar e, por duas vezes, a cometer suicídio. Os próprios médicos do Departamento de Correção local já disseram que a cirurgia seria a única solução adequada para o caso de Kosilek.

O detento é sexagenário e seu nome de batismo é Robert Kosilek. Ele estrangulou sua mulher, Cheryl, na cidade de Mansfield, em 1990.

De acordo com o juiz, negar ao detento o direito de realizar a operação seria uma violação da Oitava Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que proíbe punições cruéis e fora do normal.

Processo

Kosilek está cumprindo uma sentença de prisão perpétua. Em 2000, ele processou o Departamento Correcional do Estado devido ao veto à realização da cirurgia.

Em sua decisão, de 127 páginas, o juiz afirmou que ''já é algo amplamente aceito que cirurgias de mudança de sexo podem ser uma necessidade médica para muitas pessoas''.

Ele acrescentou ainda que ''negar os cuidados médicos necessários devido ao medo da controvérsia ou por temor de críticas por parte de políticos, da imprensa e do público não atende a qualquer propósito penal''.

A decisão de Wolf constitui a primeira vez que um juiz nos Estados Unidos decide que uma mudança de sexo é necessária para um prisioneiro que sofre de transtorno de identidade de gênero.

Alguns juízes do Massachusetts e outros Estados americanos vinham tomando decisões nesse sentido, reforçando a crença de que cuidados médicos específicos para presidiários transexuais representam uma exigência constitucional, mas tais determinações vêm também encontrando forte resistência.

No ano passado, um tribunal de recursos que atende a boa parte da chamada região da Nova Inglaterra - formada pelos Estados de Massachusetts, Maine, New Hampshire, Vermont, Rhode Island e Connecticut - aprovou uma decisão de um tribunal de instância inferior que determinava que prisioneiros com transtorno de identidade de gênero pudessem receber tratamento de hormônios.

Ainda no ano passado, um outro tribunal de recursos derrubou uma lei de Wisconsin que impedia tratamento hormonal para presidiários que sofriam dessa desordem.

Em 2010, o Tribunal Tributário dos Estados Unidos determinou que os custos de fornecer hormônios femininos e de realizar cirurgias de mudança de sexo para alguns indivíduos deveria ser financiados pelos governos locais.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120906_mudanca_sexo_prisioneiro_bg.shtml>. Acesso em 07 set 2012.

sábado, 8 de setembro de 2012

Transexuais chegam à Convenção Democrata para apoiar Obama

AFP
05 setembro 2012  

Amy, Jamie, Janice, Meghan e Melissa atravessaram o país para declarar seu apoio ao presidente Barack Obama. Delegadas do Partido Democrata, elas são mulheres que nasceram homens.

Éramos "seis em 2004, oito em 2008 e hoje somos 13", explicou à AFP, com voz grave, Melissa Sklarz, ao destacar o aumento crescente no número de delegados transexuais nas últimas três convenções democratas.

Primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Obama é visto como um progressista nos direitos dos transexuais, fazendo de Amanda Simpson, em 2009, a primeira política transexual indicada para um cargo no governo.

Mara Keisling, de 52 anos, não é delegado mas como diretor-executivo do Centro Nacional de Igualdade Transexual, foi à convenção para divulgar as realizações de Obama para os direitos da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros).

"Estou tão feliz por estar aqui", declarou à AFP, enquanto cerca de seis mil delegados se preparavam para confirmar Obama como candidato à reeleição, em novembro.

"O presidente fez tanto progresso para as pessoas LGBT. (Mas) O trabalho ainda não terminou", acrescentou.

Kylar Broadus, delegado transexual de Columbia, Missouri, nasceu mulher, mas agora se vê como homem. Ele explicou que os problemas econômicos com os quais se confrontam os americanos foram sentidos de forma mais intensa pela empobrecida minoria a que pertence.

"Emprego é a questão número um para a comunidade de transgêneros", disse à AFP Kylar, de 49 anos. "Há pobreza extrema na comunidade de transgêneros. A maioria de nós não é empregável, não tem emprego", acrescentou.

Disponível em http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5hGBmJnsJZyuNSnVyMYTk1Jd-hRjQ?docId=CNG.8998afa0b89572e97a83dd6fb35295a5.a11. Acesso e 07 set 2012.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Homossexuais podem ser melhores empreendedores?

Rafael Farias Teixeira
21.08.2012 

Já escrevi aqui no blog sobre empreendedores e homossexualidade, levantando como o caso de Tim Cook, novo CEO da Apple, estava inspirando gays de todo mundo a empreender. Deparei-me com um artigo muito interessante da revista Inc. sobre o tema, intitulado “Are gay people better entrepreneurs?” (Os homossexuais são melhores empreendedores?).

Nele, a repórter Issie Lapowsky levanta alguns dados interessantes sobre ser homossexual e empreender. O Wall Street Journal, por exemplo, divulgou que não há um único CEO assumido dentro da lista da Fortune 1000 – lembrando que, apesar de muitas fontes afirmarem que Cook é gay, ele nunca falou abertamente sobre o tema.

No artigo, Issie afirma que muitos executivos enrustidos preferem buscar carreiras como empreendedores a temer que sua orientação sexual possa afetar seu crescimento dentro da empresa – em 29 estados americanos, ainda é legal demitir um funcionário por ser gay. Mas será que homossexuais dão melhores empreendedores?

Issie menciona uma pesquisa realizada pela University of Southern California, intitulada “The G Quotient: Why Gay Executives are Excelling as Leaders” (O coeficiente G: por que executivos gays estão se superando como líderes). O estudo durou cinco anos e foi publicado em 2006. Foi produzido por meio de entrevistas com gerentes e funcionários de 2.000 empresas. A conclusão? Funcionários que trabalhavam sob a tutela de chefes homossexuais reportaram 25% a mais em engajamento no trabalho. “O que eu descobri é que líderes gays valorizam seus funcionários como um todo, porque eles mesmos já experimentaram a situação de ser julgado apenas por um aspecto de suas vidas”, afirmou o professor Kirk Snyder, coordenador da pesquisa. “Todos que saíram do armário já passaram pelo processo de navegar por um território inexplorado e tentando evitar problemas. É uma habilidade desenvolvida que com certeza é um incremento a inteligência empreendedora.”

Ainda no tema empreendedorismo e homossexualidade, o artigo cita uma importante ferramenta para esse público. Para quem é assumido, mas ainda precisa de algum tipo de orientação, existe o site StartOut.org, uma rede de networking que apoia empreendedores homossexuais. Fundado em 2008, atualmente essa rede possui mais de 3.000 membros em São Francisco e Nova York. Seu fundador, Darren Spedale, acredita que, quando empreendedores compartilham mais de uma característica em comum, seja gênero, raça ou orientação sexual, eles fazem conexões mais profundas e estão mais inclinados a se ajudarem.

E vocês o que acham? Ser homossexual pode ajudar na hora de empreender? Há habilidades que adquirimos por pertencer a um determinado grupo?

Disponível em <http://www.papodeempreendedor.com.br/empreendedorismo/homossexuais-podem-ser-melhores-empreendedores/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+PapoDeEmpreendedor+%28Papo+de+Empreendedor%29>. Acesso em 27 ago 2012.