Paola Emilia Cicerone
É raro alguém perguntar o que levou um homem ou uma mulher a
ter filhos. Em contrapartida, é comum escutar: “Não tem filhos? Por quê?”. E,
em geral, o principal alvo das indagações são as mulheres. Talvez algo como
“não tive tempo”, “não sou casada” ou “não encontrei o homem certo, no momento
certo” fossem boas respostas, mas há algo mais em jogo. É como se – ainda hoje,
apesar de todas as transformações sociais dos últimos anos – continuasse
necessário explicar à sociedade essa escolha (às vezes mais, às vezes menos
consciente). Ao serem questionadas, as mulheres percebem na curiosidade alheia
a pressão e as críticas disfarçadas, como se a opção de não terem sido mães as
fizesse pessoas especialmente egoístas ou fosse sinal de algum “grande
problema” em relação à sua feminilidade.
“Em nossas pesquisas promovemos a discussão do tema em
grupos de mulheres sem filhos, em diversas cidades italianas, e muitas das
participantes admitiram que se sentiam julgadas, às vezes até severamente, por
parentes ou conhecidos, estigmatizadas como se fossem cidadãs de segunda
categoria”, conta Maria Letizia Tanturri, professora de demografia da
Universidade de Pavia, que participou de um importante projeto de pesquisa
coordenado por várias universidades. “É como se, de certa forma, a maternidade
fosse a garantia de nos tornarmos pessoas melhores, mais sensíveis”, observa.
Ela lembra que, em 2007, uma senadora democrata da Califórnia, Barbara Boxer,
atacou a secretária de Estado Condoleezza Rice: “Como não tem filhos nem família,
a senhora não pagará nenhum preço pessoal pelo envio de mais 20 mil soldados
americanos ao Iraque”. As palavras podem ser entendidas como uma variante de
algo como: “Quem não tem filhos não pode entender o que só nós, seres humanos
privilegiados pela graça de ter filhos, conseguimos compreender”.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de
Michigan com 6 mil mulheres com idade entre 50 e 60 anos revelou que ter ou não
ter filhos não tem efeito relevante no bem-estar psicológico nessa faixa etária
– o que, de certa forma, contradiz a ideia de que é preciso criar os filhos
para ter com quem contar no futuro. “Os aspectos mais importantes para uma
maturidade feliz são a presença de um companheiro e de um círculo de relações
sociais significativas”, salienta a socióloga Amy Pienta, coautora da pesquisa
publicada no periódico científico International Journal of Aging and Human
Development. Assim – e considerando todo o risco, trabalho e preocupação que
significa ter filhos –, seria melhor não tê-los? Depende. O único dado certo é
que hoje existe uma liberdade maior de escolha: é possível ser mulher de forma
plena e prescindir da maternidade.
Disponível em
http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/filhos__nao_obrigada.html. Acesso em
04 jun 2013.
Por Nikole McCoy
ResponderExcluirO sistema existe baseado no constante "fornecimento" de cidadãos pagantes de impostos gerados pelas famílias, que financiam o topo da pirâmide social, a saber: Os políticos, os militares, os sacerdotes e os burocratas, que não existiriam se não fossem financiados pelo povão com os impostos, cujo nome já diz tudo...IMPOSTO! Nessa ciscunstância a mulher nada mais é do que a "parideira", aquela que fornece cidadãos para o sistema mantendo-o indefinidamente. Então a igualdade feminina é tida como ameaça ao bom funcionamento do sistema que se baseia na mulher objeto cuja única função na vida e parir e criar os filhos, futuros cidadãos mantenedores do sistema. Da mesma forma o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a emancipação da mulher que hoje se vê de forma mais valorizada do que suas avós se viam em tempos (graças a DEUS!) remotos, tudo isso ameaça o sistema que reage através de seus defensores comprometidos com o mesmo sob a máscara de defensores da moral e dos bons costumes. E a humanidade vai se arrastando na lama da hipocrisia... Até quando?...