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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pedido para mudança de nome e gênero antes de cirurgia é autorizado

Última Instância
16/12/2013

A 4ª Vara Cível do Foro Regional do Jabaquara, na cidade de São Paulo, deferiu pedido da DP-SP (Defensoria Pública de São Paulo) e autorizou que uma transexual retifique seu registro civil de Bruno para Bruna*, e altere seu sexo de masculino para feminino, ainda que ela não tenha realizado a cirurgia para mudança de sexo.

De acordo com os autos, apesar de ter nascido com o sexo fisiológico masculino, a transexual tem psique feminina. Por conta disto, ela sofre constrangimentos frequentemente uma vez que, apesar de ter aparência feminina, possui documentos com o nome masculino.

“Bruna* vê-se constrangida a identificar-se socialmente pelo nome constante em sua certidão de nascimento. A alteração de seu prenome é, portanto, reconhecimento de sua autonomia e capacidade de autodeterminação”, afirmam os Defensores Públicos Luis Fernando Bonachela e Priscila Simara Novaes, que atuaram no caso.

Os Defensores apontaram também que ela encontra-se na fila de espera para realização da cirurgia de redesignação sexual; laudo médico atesta que ela já recebe hormônios femininos há mais de 5 anos, como etapa preparatória para aquela cirurgia.

Para Fábio Fresca, juiz responsável pela decisão, as condições psíquicas da transexual são suficientes para justificar o pedido de retificação de seu prenome civil, sendo secundária a preocupação com o aspecto físico e a efetiva realização do procedimento cirúrgico de transgenitalização.

“O sexo psicológico é, sem maior dificuldade, aquele que dirige o comportamento social externo do indivíduo. É ele quem define como o indivíduo se mostra perante a sociedade”, disse Fresca.

(*) Os nomes utilizados nesta matéria são fictícios


Disponível em http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/68117/pedido+para+mudanca+de+nome+e+genero+antes+de+cirurgia+e+autorizado.shtml. Acesso em 10 fev 2014.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Justiça autoriza travesti a trocar de nome mesmo sem cirurgia de sexo

Eliete Marques
11/01/2014

"Eu quero ser feliz e respeitada", exclama a técnica em enfermagem Anastácia Diniz de Rezende, de 31 anos, que começou 2014 com documentos novos. Conforme o Ministério Público (MP), ela é a primeira travesti do estado de Rondônia a ter autorização da justiça para mudar de nome, mesmo sem ter realizado cirurgia para troca de sexo. Na decisão, tomada pela 1ª Vara Cívil de Ariquemes (RO) em setembro de 2013, a travesti mudou o nome de Jackson para Anastacia, e espera viver com mais dignidade.

Anastacia conta que se identifica como mulher desde a infância, e que na juventude transformou sua aparência para feminina. Com isso, a técnica em enfermagem lembra que passou por diversos constrangimentos, principalmente quando precisava apresentar seus documentos, ou apenas revelar seu nome registral.

"Precisei retirar uma mercadoria no Correios, mas quando apresentei o documento, a atendente questionou a identidade e tive que explicar toda a história. No recadastramento biométrico o funcionário me chamou de senhor, na frente de todos. Essas situações são muito constrangedoras", ressalta.

Anastacia acredita que com a mudança de nome nos documentos terá mais oportunidades no mercado de trabalho, e acredita que a decisão da Justiça encorajará outros travestis a viverem melhor. A técnica vive há cerca de cinco anos com um companheiro e não pretende realizar cirurgia de mudança de sexo.

"Meu companheiro me aceita e me respeita do jeito que sou; apresentou-me a família e todos sabem como sou. Não tenho o porquê mudar de sexo. Se ele quisesse uma mulher completa, não estaria comigo. Apesar de não aceitar, a sociedade precisa nos respeitar", enfatiza.

Família

A mãe de Anastacia, a feirante Maria Rezende, conta que só descobriu a opção da filha quando houve a transformação na aparência, e que o pai, já falecido, não aceitou a situação. Maria, que escolheu o nome Jackson, ainda não se acostumou com Anastacia, mas torce pela felicidade da filha.

"Meu finado marido soube por outras pessoas, mas nem chegou a ver o Jackson transformado. Eu acredito que cada um sabe o que faz de sua vida, e que o que importa é ser uma pessoa honesta, e isso meu filho é", destaca.

Dignidade humana

"Ter uma aparência feminina, mas ter um nome masculino gerava constrangimentos, o que afetava a dignidade da pessoa humana, que é um mandamento constitucional, e deve ser assegurado", explica a promotora de Justiça Priscila Matzenbacher, responsável pela ação de modificação de registro público de Anastacia.

A promotora explica que esta ação é singular, pois não se trata de transexualidade - quando a pessoa não aceita o próprio gênero. Anastácia não pretende fazer cirurgia de mudança de sexo e se conforma com o gênero biológico. Por isso, Priscila expõe que casos de travestis ainda são polêmicos na jurisprudência, no entanto, ressalta que o direito tem evoluído nos últimos anos.

"Vivemos em sociedade e não podemos exigir que todos sejam iguais, e sim, lutar para que os direitos sejam iguais. Precisamos respeitar as peculiaridades de cada pessoa. Acredito que esta decisão é um precedente importante para a sociedade", conclui.


Disponível em http://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2014/01/justica-autoriza-travesti-trocar-de-nome-mesmo-sem-cirurgia-de-sexo.html. Acesso em 10 fev 2014.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Escócia aprova casamento entre pessoas do mesmo sexo

Aline Pinheiro
5 de fevereiro de 2014

Em um futuro próximo, os homossexuais poderão se casar na Escócia. O Parlamento escocês aprovou, nesta terça-feira (4/2), projeto de lei que autoriza o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Até hoje, os gays podiam apenas formar união civil. A lei agora depende de regulamentação do governo para começar a valer.

Com a mudança, a Escócia se torna o 11º país europeu a permitir que os homossexuais se casem. Os outros 10 estados são: Bélgica, Dinamarca, Islândia, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia, Inglaterra e França. Os dois últimos aprovaram a união gay no ano passado. Além dos que permitem o casamento, outros 16 países reconhecem a união estável entre duas pessoas do mesmo sexo.

Pelo texto aprovado na Escócia, os gays poderão se casar tanto nos cartórios como em instituições religiosas, desde que estas concordem com a união homossexual. A nova legislação também autoriza que transexuais casados mudem de sexo sem a necessidade de se divorciar antes. Até então, se um homem casava com uma mulher e depois se submetia a cirurgia de mudança de sexo, ele precisava assinar o divórcio antes de conseguir atualizar seus documentos.

A proposta do governo de permitir o casamento entre gays foi divulgada em setembro de 2011, quando foi aberta consulta pública sobre o assunto. Durante três meses, organizações civis e a sociedade como um todo puderam opinar sobre o assunto. E o resultado não foi nada animador. Das 76,8 mil respostas enviadas ao governo, 67% se manifestaram contra a união gay.

Em julho de 2012, no entanto, o governo escocês anunciou que, mesmo contra a vontade de uma parte da população, o casamento entre homossexuais seria liberado. Na ocasião, a vice-primeira ministra, Nicola Sturgeon, explicou que garantir a todos o mesmo direito era a única forma de sustentar um país justo e igualitário. Um ano depois, em junho de 2013, o projeto de lei autorizando a união gay foi apresentado ao Parlamento.


Disponível em http://www.conjur.com.br/2014-fev-05/escocia-aprova-casamento-entre-duas-pessoas-mesmo-sexo. Acesso em 06 fev 2014.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Transexual poderá ter nome feminino mesmo sem passar por cirurgia de mudança de sexo

Laryssa Machado
09/01/2014.

Um homem foi autorizado mudar seu registro civil e utilizar um nome feminino, mesmo sem ter feito cirurgia de mudança de sexo. A autorização foi concedida pela juíza da 1ª Vara de Família e Sucessões da comarca de Goiânia, Sirlei Martins da Costa.

O requerente argumentou que mesmo tendo nascido sob o sexo masculino, sempre percebeu que psicologicamente pertencia ao sexo feminino. Ele chegou a passar por diversas cirurgias estéticas, inclusive colocou prótese de silicone nos seios.

“É um grave erro pensar que o sentimento de inadequação entre o corpo anatômico e o sentimento de identidade sexual seja o mesmo para todos os transexuais. Afirmar que existe 'transexual típico' é tão absurdo quanto falar em 'homossexual típico' e 'heterossexual típico' ”, explicou a juíza, que considerou o argumento do requerente.

A magistrada ainda explicou que a alteração do registro civil é possível, mesmo que ele não tenha realizado a cirurgia de mudança de sexo, pois segue o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana perante o constrangimento de ser identificado como homem, quando fisicamente é identificado como mulher e assim reconhecido. Segundo Sirlei Martins, as certidões dos autos demonstraram que a alteração não trará prejuízo ao Estado ou a terceiros.


Disponível em http://www.dm.com.br/texto/160508. Acesso em 31 jan 2014.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Japão reconhece transexual como pai de bebê concebido por inseminação

 Associated France Presse 
12 de Dezembro de 2013

A Suprema Corte do Japão reconheceu, pela primeira vez, a um homem transexual (nascido mulher) a paternidade legal de uma criança concebida por uma mulher mediante inseminação artificial com o esperma de outro homem.

O tribunal japonês anula, assim, os julgamentos anteriores, que haviam rejeitado inscrever o homem como um dos dos dois progenitores da criança.

Segundo a Suprema Corte, o fato de utilizar o esperma de outro homem no processo de gestação não é um impedimento legal para reconhecer a paternidade do transexual.

Esta decisão abre caminho para que outros transexuais sejam reconhecidos como pais, apesar de não terem tido um papel biológico na concepção e no nascimento do filho que criam.

Em sua decisão, os juízes explicaram que levaram em conta uma lei de 2004, que permitia a mudança de sexo e de estado civil sob determinadas condições, como se submeter a uma intervenção cirúrgica, àquelas pessoas com problemas de identidade de gênero.

Em virtude desta lei, um transexual tem não apenas o direito de se casar, mas também de ser reconhecido como pai de uma criança concebida por sua mulher durante seu casamento, consideraram os juízes.


Disponível em http://noticias.terra.com.br/mundo/asia/japao-reconhece-transexual-como-pai-de-bebe-concebido-por-inseminacao,1e10401d0bfd2410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html. Acesso em 31 jan 2014.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

"Tenho o corpo mais caro do mundo", diz transexual de 46 anos

Portal Terra
23 de Janeiro de 2014 

A americana Amanda Lepore, 46 anos, fez operação de mudança de sexo aos 19 anos. A partir de então, passou por várias plásticas, incluindo três para aumentar os seios, implante nas nádegas e quebra de uma costela para ficar com a cintura mais fina. A artista que brilha em Nova York, Estados Unidos, e que tem como fãs Elton John e Lady Gaga, afirma que tem “o corpo mais caro do mundo”. Os dados são do jornal Daily Mail.

Amanda contou que a mudança do sexo masculino para o feminino foi o procedimento mais doloroso que já fez. “Não doeu quando estava no hospital. Mas eles dão um dilatador como parte do processo de cura, que você tem que manter por longos períodos para esticar a abertura vaginal. Parecia como uma faca”, contou.

Sobre o procedimento que passou para obter cintura fina, revelou que é ilegal nos Estados Unidos, mas o realizou no México. “Eles quebram a costela flutuante na parte de trás e a empurram, por isso não há cicatriz.” Também revelou ter apostado em preenchimento labial, Botox, plástica no nariz e lifting de testa.

As inspirações para seu look incluem Jean Harlow, Marilyn Monroe e Jessica Rabbit. “Em vez de imitar as garotas que cresceram comigo e que zombavam de mim, decidi que queria me parecer como uma estrela de cinema. Foi como uma fuga”, revelou.

Quando perguntam sobre o custo de tanta mudança estética, se recusa a responder e apenas afirma “há uma razão pela qual sou rotulada ‘o corpo mais caro do mundo’” Atualmente, trabalha em um novo álbum e prepara a publicação de suas memórias.


Disponível em http://beleza.terra.com.br/tenho-o-corpo-mais-caro-do-mundo-diz-transexual-de-46-anos,570e24cbcefb3410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html. Acesso em 25 jan 2014.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Casal de noivos britânicos vai mudar de sexo antes da primeira transa

Extra
20/08/13

Um casal de britânicos optou esperar um ano para ter a primeira noite de amor. A decisão aconteceu porque ambos querem mudar de sexo para, em seguida, terem relações sexuais. Jamie Eagle, de 20 anos, e Louis Davies, de 25 anos (que se chamava Samantha), já moram juntos e contam com a ajuda um do outro para enfretar todo o processo de troca de sexo e o preconceito.

Segundo informações do jornal Daily Mail, o casal, que vive na pequena cidade de Bridgend, no sul do País de Gales, conta que sempre foi vítima de “comentários maldosos”. Por isso, também se tornou mais preparado para enfrentar o preconceito.

Nesta terça-feira, ao participarem de um programa da televisão inglesa, os jovem destacaram a importância de o caso deles vir a público.

“Eu sinto que estou fazendo a minha parte para ajudar a mudar a história”, afirmou Jamie, lembrando que através de redes sociais, o casal é parabenizado por ajudar outras pessoas em situação semelhante. “Muitas pessoas me disseram que eu as inspirei e muitas vieram me pedir conselhos, incluindo os pais de crianças pequenas”, contou Jamie.

O casal, que está passando por um tratamento de um ano para mudança de sexo, vai enfrentar a cirurgia apenas em dezembro. Eles, que se conheceram há um ano e moram juntos desde março, contam por que decidiram esperar a operação para transarem.

“É difícil ter intimidade porque ainda não estamos confortáveis com os nossos corpos”, disse Louis. Ele afirma ainda que este é um problema que ambos enfrentam desde a puberdade: “Eu odeio o meu passado. Espero que com a cirurgia isso mude. É por isso que precisamos da cirurgia, para que possamos seguir em frente”, disse.

O casal se conheceu na escola, durante o Ensino Médio. Após um passeio com um grupo de jovens, Jamie tomou coragem para pedir o telefone de Louis. Desde então, eles não se separaram mais.

“Esperamos que falar sobre nosso caso ajude a erradicar estereótipos. Para colocar de forma simples: eu sou um menino e Jamie é uma menina. Estaremos sempre um com o outro”, disse Louis.


Disponível em http://extra.globo.com/noticias/mundo/casal-de-noivos-britanicos-vai-mudar-de-sexo-antes-da-primeira-transa-9630761.html. Acesso em 20 jan 2014.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

UFMG discute nesta semana ampliação da cirurgia de mudança de sexo no Brasil

Letícia Orlandi
07/01/2014

Antes restrito aos homens que querem mudar de gênero, o procedimento da transgenitalização para mulheres, mais complexo e de caráter experimental, também pode ser realizado a partir dos 18 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma nova portaria, publicada no Diário Oficial da União em 21 de novembro, acata a decisão judicial que, em setembro, determinou que o Ministério da Saúde tomasse as medidas necessárias para facilitar o acesso a cirurgias de transgenitalização e adequação sexual.

Os hospitais tiveram 30 dias para se adequar às novas regras, incluindo a criação dos Serviços de Atenção Especializada com médicos das áreas de endocrinologia, ginecologistas, urologistas, obstetras, cirurgiões plásticos, psicólogos e psiquiatras, além de enfermeiros e assistentes sociais. Com a portaria, transexuais e travestis também terão acesso gratuito à prótese de silicone para mama e à terapia hormonal.

Em 2012, o Ministério da Saúde incluiu pela primeira vez o público travesti em sua campanha de incentivo ao uso da camisinha no carnaval. Com a nova portaria, que inclui acesso gratuito à prótese de silicone para mama e à terapia hormonal para transexuais e travestis, especialistas acreditam que o preconceito também poderá diminuir

De acordo com a psicóloga Anne Rafaele Telmira, pesquisadora do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG, essa mudança permite uma nova abertura aos transexuais na saúde pública. “Ela vai redefinir e ampliar o processo de transexualização das transexuais femininas e dos transhomens, que são um novo fenômeno, assim como as travestis, que não eram contempladas com o serviço do SUS”, opina.

O tratamento hormonal também é oferecido somente a partir dos 18 anos, já que os jovens transexuais de menor idade podem ter dificuldades com a adaptação aos medicamentos. “Isso é uma questão muito importante tanto para os transhomens quanto para as transexuais femininas, porque eles começam a se hormonizar muito cedo, enquanto o corpo se desenvolve, e isso pode trazer problemas para a saúde”, alerta a psicóloga.

Além disso, o paciente terá o direito de receber um acompanhamento psicoterápico antes e depois da cirurgia, já que a mudança de identidade pode comprometer sua situação no meio social. Para Anne Rafaele Telmira, apesar da relevância dessa orientação, alguns tópicos ainda precisam ser trabalhados. “Deve haver um acompanhamento no sentido de autoimagem e a questão da inserção na família, mas existem pontos que ainda não foram contemplados, como o acesso ao mercado de trabalho”, observa.

Atualmente, quatro hospitais universitários do país realizam o procedimento cirúrgico pelo SUS: Hospitais das Clínicas de Porto Alegre e Goiânia, Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de São Paulo e Hospital Pedro Ernesto da UERJ. Para mais informações, acesse o site do Conselho Federal de Medicina: www.cfm.org.br.

Nesta semana, o programa de rádio Saúde com Ciência, produzido pela Faculdade de Medicina da UFMG, discute o tema Transexuais e o SUS: nova portaria. O programa vai ar de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. Ele ainda é veiculado em 37 emissoras de rádio em Minas Gerais e é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência. Nesta quarta-feira, o assunto será o processo psiquiátrico envolvido na questão; na quinta será abordada a cirurgia para transexuais masculinos e na sexta o debate será sobre o preconceito.


Disponível em http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/01/07/noticia_saudeplena,147051/ufmg-discute-nesta-semana-ampliacao-da-cirurgia-de-mudanca-de-sexo-no.shtml. Acesso em 07 jan 2014.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Justiça autoriza retificação de nome e gênero em registro de transexual

Tribunal de Justiça de São Paulo
11/11/2013
      
O juiz da 8ª Vara Cível da Comarca de São Bernardo do Campo, Gustavo Dall’Olio, julgou procedente o pedido de um transexual e determinou a retificação do nome no assento de nascimento civil e a alteração do sexo de feminino para masculino. O entendimento do magistrado acompanha jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo e do Superior Tribunal de Justiça, citada na sentença.
       
Consta da decisão que o transexualismo caracteriza-se por um sentimento intenso de não pertencimento ao sexo anatômico. Segundo o magistrado, em razão da evolução científica, a determinação do gênero não decorre apenas da conformação anatômica da genitália, mas, também, de um conjunto de fatores sociais, culturais, psicológicos, biológicos e familiares.
       
O magistrado esclareceu que não há, na lei positiva, norma que trate do tema. “A alteração do nome ou prenome somente pode dar-se em situações excepcionais e restritivas, a teor do artigo 57, da Lei 6.015/77. Deve o julgador superar o vazio legislativo, de acordo com a analogia, os costumes e princípios gerais de direito”, disse.

A sentença ainda ressalta que a identidade sexual do autor – que passou por cirurgias para mudança de sexo, todas consentidas pelo Estado – “deve refletir, tanto quanto possível, a posição social e emocional do indivíduo, enquanto agente de interlocução na sociedade, servindo o registro civil, mais especificamente o assento de nascimento civil, modal de existência da pessoa humana, como meio à consecução do status de sujeito de direitos, plenamente legitimado à prática de atos e negócios jurídicos, a salvo de qualquer espécie de discriminação, tratamento vexatório ou degradante”.


Disponível em http://www.tjsp.jus.br/Institucional/CanaisComunicacao/Noticias/Noticia.aspx?Id=20781. Acesso em 27 dez 2013.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Transexual que mudou de sexo aos 16 anos estrela documentário inglês

G1
04/11/2012

Um filme de uma hora que documenta a tentativa da transexual inglesa Jackie Green, 19 anos, de se tornar Miss Inglaterra, será exibido no Reino Unido. A transmissão do documentário "Transsexual teen, beauty queen" (em português, "adolescente transexual, rainha da beleza"), foi anunciada pelo canal de TV inglês BBC Three para o 19 de novembro. O documentário de observação também mostra as dificuldades que ela passou desde criança até se tornar, aos 16 anos, "a mais jovem transexual do mundo", de acordo com o site oficial do canal.

"A garota de 18 anos [hoje aos 19], nascida um garoto chamado Jack, quer se tornar um modelo de comportamento para a comunidade trans, e espera que competir no concurso de beleza vai inspirar outros jovens a lidar com problemas de identidade de gênero. Mas como ela vai se sair ao lado de algumas das garotas mais bonitas do país?", descreve o site oficial do canal.

"O filme se aprofunda no passado difícil de Jackie: de ouvir em primeira mão como ela se deu conta que estava presa em um corpo de garota e o efeito disso em sua família unida, e como ela fez a transição social de garoto a garota, com apenas oito anos, até como o bullying no colégio a levou perto do suicídio e como sua vida foi mudada por um médico americano que interrompeu sua puberdade masculina", completa o site.

Jackie Green chegou às semi-finais do concurso, mas não o venceu, segundo reportagem neste domingo (4) do tablóide inglês "Daily Mail". Ela disse ao jornal que, aos quatro anos, falou para sua mãe, Susan: "Deus cometeu um erro, eu deveria ser uma garota". Descontente com seu corpo, Jack forçou uma overdose aos 11 anos e cometeu outras seis tentativas de suicídio aos 15, além de tentar mutilar sua genitália.

Os pais apoiaram a sua mudança de sexo aos 16 anos. "No Reino Unido, a mudança de sexo não pode ser feita até que o paciente faça 18 anos, mas Susan descobriu um cirurgião na Tailândia que aceitou fazer a cirurgia em Jackie aos 16 (desde então, a Tailândia adotou o padrão internacional de 18)", diz o "Daily Mail".

Jackie contou ao jornal que namora há dois anos um garoto da mesma idade que a sua e trabalha de hostess em uma loja de roupas e acessório em Londres.


Disponível em http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2012/11/transexual-que-mudou-de-sexo-aos-16-anos-estrela-documentario-ingles.html. Acesso em 19 dez 2013.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Clínica causa polêmica com tratamento de mudança de sexo em crianças

Portal Terra
17 de Novembro de 2013

Uma clínica pública da Inglaterra tem causado polêmica ao tratar crianças transexuais com menos de 12 anos, dando a elas bloqueadores hormonais que preparam mais cedo para a mudança de sexo. Segundo o site do jornal inglês Daily Mail, o procedimento é feito por outros médicos apenas após os 16 anos.

O tratamento, feito para frear os efeitos da puberdade e prevenir que as crianças desenvolvam as características sexuais do gênero que nasceram, foi realizado em mais de 20 jovens que sofrem com transtorno de identidade de gênero. O uso de medicação foi iniciado em 2011, na Tavistock Clinic, em Londres, como parte de um estudo em que os especialistas queriam avaliar os benefícios dos médicos caso começassem a ser introduzidos mais cedo na vida das crianças, de acordo com o jornal Sunday Times.

Na época, a iniciativa foi considerada controversa, já que muitos pacientes não tinham condições de entender e consentir com a terapia. No entanto, o local recebeu pedidos de 142 crianças entre 11 e 15 anos enviados por pais e profissionais de educação.

A diretora da clínica, Dra. Polly Carmichael, afirmou que continuará o tratamento com as crianças mesmo depois que o resultado do estudo seja divulgado, em abril de 2014. "Trinta e cinco crianças já foram aceitas no estudo e 23 delas receberam bloqueadores hormonais. Outras 12 também participam, mas não receberam o tratamento porque ainda estão muito no início da puberdade", afirmou. Segundo ela, quando completam 16 nos, as crianças têm duas opções: parar de receber bloqueadores hormonais ficando com o mesmo sexo do nascimento ou fazer uso de outros hormônios que levam a mudança de corpo e, aos 18 anos, a clínica pode encaminhar para cirurgia de mudança de sexo.

A abordagem da clínica se diferencia de outros procedimentos feitos no Reino Unido, onde as crianças não recebem nenhum tipo de hormônio até os 16 anos e, somente depois dessa idade, fazem tratamentos específicos e eficazes para a mudança de sexo. Mas, os defensores do tratamento argumentam que muitas delas já viveram o início da puberdade bem antes dos 16 anos o que dificulta a transição no futuro, uma vez que o corpo já recebeu cargas de hormônios do sexo de nascimento . "É melhor para as crianças que não tenham passado pela puberdade antes do tratamento de transição", explica a Dra. Carmichael.

Apesar do procedimento, a especialista reconhece que é um passo grande demais a ser tomado por crianças com esta idade e que isto exige certos cuidados. "Você está exigindo de uma criança de 11 anos para que decida sobre sua vida adulta e sua identidade, por isso temos que ter muito cuidado para manter as opções em aberto", afirma.

Recentemente, o adolescente de 12 anos Leo Waddell foi a público pedir que os médicos permitesse que ele use os bloqueadores de hôrmonio. Nascido como uma menina chamada Lili, ele vive como um garoto desde os cinco anos e pretende fazer uso de testosterona quando chegar aos 16 e, aos 18, passar pela cirurgia de mudança de sexo. Mas, até lá, ele acredita que é melhor usar os medicamentos para bloquear a puberdade e evitar que os hôrmonios femininos se espalhem pelo seu corpo.

No entanto, os especialistas recusaram o pedido de Leo ao alegar que não têm certeza sob os efeitos a longo prazo que o uso destes remédios podem causar. "O que as pessoas não entendem é que é muito mais perigoso para ele não receber os hormônios, porque este tormento está fazendo ele ficar cada mais triste", afirmou a mãe de Leo, Hayley.

Em 2009, aos 16 anos, Jackie Green foi a pessoa mais jovem do mundo a realizar a cirurgia de mudança de gênero. Ela havia nascido menino e recebia hormônios desde os 12 anos, em Boston, nos Estados Unidos. Três anos após o procedimento, ela tornou-se a primeira transexual a estar entre as finalistas do concurso Miss Inglaterra.


Disponível em http://saude.terra.com.br/doencas-e-tratamentos/clinica-causa-polemica-com-tratamento-de-mudanca-de-sexo-em-criancas,7ce2aefd16762410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html. Acesso em 23 nov 2013

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

'A vitória é nossa', diz transexual do RS que provocou mudanças no SUS

Caetanno Freitas
23/11/2013

Ao ficar sabendo sobre as mudanças para o atendimento de transexuais e travestis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), publicadas nesta quinta-feira (21) pelo Ministério da Saúde, o serígrafo Renato Fonseca, de 46 anos, viu cada vez mais próximo o fim da longa fila de espera que o atormenta há sete anos. Ele é uma das vozes mais graves entre o grupo com cerca de 30 pessoas que ingressou, no Rio Grande do Sul, com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) para que o SUS contemplasse transexuais masculinos em cirurgias de trocas de sexo no Brasil.

Nascido Rosane Oliveira da Fonseca, Renato esperava há muito tempo pela oportunidade de fazer a cirurgia de troca de sexo. Agora, com as novas diretrizes do Ministério da Saúde, válidas para todo país, o procedimento poderá ser marcado a qualquer momento.

“Fizemos tudo juntos, a vitória é nossa. A gente vive tapado com roupas em pleno verão. Queremos a liberdade. Estou desde ontem (quinta) vibrando muito. É uma alegria enorme”, descreve ao G1.

Renato adianta que na próxima segunda-feira (25) o grupo estará no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) para dar início ao processo de marcação das cirurgias.

“Esperamos que o hospital agilize. A gente passa tanto tempo em avaliação com psicólogos e psiquiatras para que eles tenham certeza da nossa certeza que, quando chega uma notícia dessas, a ansiedade é quase incontrolável”, afirma.

O procurador regional da República da 4ª Região, Paulo Leivas, foi um dos que ajuizaram a ação para que o SUS incluísse na sua lista de procedimentos a cirurgia de transgenitalização, ou mudança de sexo, em meados de 2002. Cinco anos depois, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região deu parecer favorável e notificou a União, que recorreu da decisão. As possibilidades de reversão judicial foram esgotadas em 2009. Desde lá, a medida estava sendo descumprida, conforme o procurador.

“A União desistiu dos recursos por causa de uma declaração do então ministro da Saúde (José Gomes Temporão), que declarou ser favorável ao direito dos transexuais. Ou seja, a decisão transitou em julgado. O SUS começou a oferecer o procedimento a transexuais femininos e ignorou os masculinos até hoje”, explica.

O Programa de Transexualidade do HCPA é coordenado pelo cirurgião Walter Koff, também professor de urologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele também exaltou as mudanças anunciadas pelo Ministério da Saúde. “Temos 32 pacientes na fila esperando essa portaria para poder retirar mamas, ovários e útero. Isso vai ser muito importante.”

O HCPA é um dos quatro centros brasileiros capacitados para realizar esse tipo de tratamento. A instituição já fez 168 cirurgias de redesignação do sexo masculino para feminino.

Novas diretrizes do Ministério da Saúde

A Portaria 2.803 de 19 de novembro de 2013, publicada nesta quinta-feira (21) no Diário Oficial da União, estabelece que os transexuais masculinos – pessoas que são fisicamente do sexo feminino, mas se identificam como homens – tenham as cirurgias de retirada das mamas, do útero e dos ovários cobertas pelo sistema público. Eles também passam a ter direito à terapia hormonal para adequação à aparência masculina. Esse grupo não estava incluído na portaria que regia o processo de mudança de sexo pelo SUS até então.

Já as transexuais femininas – pessoas que nascem com corpo masculino, mas se identificam como mulheres – também terão um tratamento adicional coberto pelo SUS: a cirurgia de implante de silicone nas mamas. Desde 2008, elas também têm direito a terapia hormonal, cirurgia de redesignação sexual – com amputação do pênis e construção de neovagina – e cirurgia para redução do pomo de adão e adequação das cordas vocais para feminilização da voz.

A partir de agora, também terão direito a atendimento especializado pelo SUS os travestis, grupo que não tem necessariamente interesse em realizar a cirurgia de transgenitalização. A portaria define que o tratamento não será focado apenas nas cirurgias, mas em um atendimento global com equipes multidisciplinares.

Polêmica da idade mínima

As novas regras estabelecem a idade mínima de 18 anos para início da terapia com hormônios e de 21 anos para a realização dos procedimentos cirúrgicos.

Essas são as mesmas idades estabelecidas pela Portaria 457, de 19 de agosto de 2008, regra que regia o processo de mudança de sexo até então.

Em 31 de julho deste ano, o Ministério da Saúde chegou a publicar uma portaria para definir o processo transexualizador pelo SUS – suspensa no mesmo dia da publicação – que estabelecia a redução da idade mínima para hormonioterapia para 16 anos e dos procedimentos cirúrgicos para 18 anos, o que foi revisto nas novas regras.

Segundo o Ministério da Saúde, essa revisão foi decidida para adequar as normas à resolução 1955, de setembro de 2010, do CFM.

Para Koff, o ideal para o paciente é passar pelo tratamento o quanto antes. “Vamos reivindicar que se abaixe a idade mínima para a cirurgia e para o tratamento com hormônios. Quanto antes, melhor. Como esse processo começa na infância, quando eles têm 16 anos, já estão no fim da puberdade e têm condições de tomar a decisão”. Segundo ele, o tratamento precoce pode evitar sofrimentos no âmbito social e afetivo.


Disponível em http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/11/vitoria-e-nossa-diz-transexual-do-rs-que-provocou-mudancas-no-sus.html. Acesso em 23 nov 2013

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Adolescente transexual do DF teme preconceito e sonha com mudança de sexo

Daniela Novais
02/11/2013

Ele tem 16 anos de idade. Desde os cinco tinha consciência de que não estava satisfeito com seu gênero biológico. Aos nove, incomodado com a aparência, ele já se vestia com roupas masculinas. Na escola, Francisco afirma que seus amigos não sabem sobre o fato de ele ser transexual e que tem medo de que eles se afastem caso fiquem sabendo que ele é um menino em corpo de menina.

O caso em questão é de um estudante do Distrito Federal, que sonha ter documentos com o nome masculino com o qual se identifica. Outro sonho de Francisco (nome fictício) é fazer a cirurgia de mudança de sexo. Na escola, ele já consegue ser tratado de acordo com sua identidade sexual. Nas lista de chamada, os professores o abordam pelo nome masculino.

Atualmente, o corpo é como o de um adolescente de sua idade, devido à ação de hormônios, que deram a ele esta característica. Sobre o passado com aparência de menina, ele diz que prefere esquecer. “Nunca me vi como menina. Nem gosto de me lembrar dessa época. Não me conformo com a maneira como nasci”, desabafa.

Família - A pedido da família, o adolescente já se consultou com um psicólogo, que diagnosticou a transexualidade. Apesar do desejo de mudar de sexo, por meio de cirurgia, ele ainda não começou os tratamentos que antecedem o procedimento, que envolvem acompanhamento psicológico e hormonal. Em casa, ele conta com o apoio da mãe e da irmã mais velha.

O jovem conta que já teve duas namoradas e elas não chegaram a saber sobre sua transexualidade. Ele também não fez questão de contar sobre seu passado e a imagem que o desagrada. “Eu sei que um dia alguém vai descobrir e tenho muito medo de acharem que eu menti. Tenho medo que meus amigos se afastem de mim por isso”.

Homofobia - Foi na escola que Francisco conta ter vivido um dos maiores dramas envolvendo sua sexualidade. Ele conta que, em 2010, se envolveu com uma colega de escola. A fofoca chegou ao pai da garota, que se irritou ao saber que ele era transexual. Segundo Francisco, o pai da menina o atropelou e a confusão fez com que ele fosse expulso da escola. Francisco relata que o diretor do colégio em que estudava cometeu homofobia, pois sempre se mostrou avesso a sua sexualidade, o que teria culminado com a sua expulsão.

Após o episódio, ele teve de mudar de escola. No novo colégio, passou a esconder dos colegas o fato de ser transexual. A mudança de turma, para ele, foi como ter “começado a vida do zero”.  “Para eles, eu sou como um garoto qualquer”, conta.

O adolescente relata que vive um drama devido ao preconceito por sua orientação sexual. A perseguição devido à sua sexualidade aconteceu na escola, onde ele conta que foi agredido por várias vezes. Nas redes sociais, ele também já foi alvo de bullying e preconceito, por meio de xingamentos. “Criaram vários perfis para me xingar. Sofri muito bullying”, relata.

Denúncias - Uma pesquisa revela que o Distrito Federal é a unidade da federação que, proporcionalmente, mais registrou denúncias de violência homofóbica no Brasil. O 2º Relatório Sobre Violência Homofóbica 2012 foi elaborado e divulgado pela coordenação de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

O levantamento apontou que no ano passado foram realizadas 239 denúncias sobre 411 casos de violência homofóbica, o que representa 9,3 registros para cada cem habitantes do DF. No total, houve aumento de 431% em relação a 2011, quando foram registradas 45 denúncias.

O relatório se baseou em denúncias encaminhadas por meio do Disque 100, da SDH, do Ligue 180, da Secretaria de Políticas para Mulheres, e da Ouvidoria do SUS (Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde.

O relatório aponta que só no DF foram denunciados 24 casos de violência física, cinco de violência sexual e três homicídios. No entanto, própria secretaria reconhece que as notificações não correspondem à totalidade dos casos de violência homofóbica, já que muitos deles não são denunciados. Os números não representam, por exemplo, os casos de homofobia contra pessoas que não assumem a sexualidade ou das que são assassinadas e as famílias não assumem que os mortos eram LGBT. 

De acordo com o relatório da SDH/PR, no DF foram registrados 195 casos de violência psicológica. Também foram notificados 182 casos de discriminação e três de violência institucional.

Disponível em http://camaraempauta.com.br/portal/artigo/ver/id/5409/nome/Adolescente_transexual_do_DF_teme_preconceito_e_sonha_com_mudanca_de_sexo. Acesso em 13 nov 2013.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mulher que revelou ter transado com mil homens nasceu menino

EXTRA
03/02/12

Cristal Warren, de 42 anos, surpreendeu os telespectadores do programa de TV britânico This Morning ao revelar que era viciada em sexo e teria transado com mais de mil homens. Na manhã desta sexta-feira, Cristal voltou a chocar o público ao afirmar que nasceu menino.

Ela mudou de gênero em 2005 e seu nome de batismo era Christopher Snowden. A mulher sabe que sua revelação vai deixar furiosos alguns de seus “amantes”, que não sabiam de seu passado. “Muitos ficarão revoltados, mas eu tenho que dizer a verdade. Eu não quero que ninguém duvide de sua próprio sexualidade agora por causa disso. Eles não sabiam que estavam dormindo com alguém como eu”, afirmou Cristal no programa.

“Agora, eu tenho o corpo que sempre quis e quero desfrutar disso”, encerrou a mulher.


Disponível em http://extra.globo.com/noticias/mundo/mulher-que-revelou-ter-transado-com-mil-homens-nasceu-menino-3868320.html. Acesso em 03 nov 2013.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Renata Bastos: “é muito difícil homem assumir relação com travesti”

Iran Giusti
26/09/2013

Quem circula nas baladas mais disputadas da noite paulistana já se deparou com a sua figura imponente nas portas das casas noturnas. Com 1,77m – turbinados, invariavelmente, por um bom salto - a transgênero Renata Bastos exerce com rigor o poder de decidir quem entra ou não nesses lugares. Aliás, ela nem se incomoda com a fama de antipática que a profissão hostess costuma levar.

"Quando sou boa, sou ótima. Quando sou má, sou melhor ainda”, brinca Renata, usando a famosa frase da atriz Mae West para responder a pergunta sobre como lida com os clientes inconvenientes, adeptos da famosa ‘carteirada’.

Mas é preciso entender que a aspereza e a antipatia fazem parte do personagem que Renata encarna no trabalho, mas não da sua vida fora dele. A paulistana da Vila Madalena, de 31 anos, conta sua intensa história para a reportagem do iGay com fala pausada, gestos delicados e um jeito doce.

Aos 14 anos, ela decidiu que já era hora de trocar as roupas de menino pelas de menina. E, sem medo, usou peças femininas num passeio pela Avenida Paulista. Mas a percepção de que era uma garota no corpo de um garoto veio muito antes do que isso.

“Com seis anos, percebi que gostava de um menino, mas uma amiguinha me falou que era errado. Aos nove anos, me apaixonei novamente e dessa vez escrevi uma cartinha pra ele que não entreguei, mas minha mãe achou. Falei que não era minha porque ela reagiu mal”, conta Renata. “Foi só aos 13 anos, quando a minha mãe faleceu, que eu consegui me libertar e me assumir”, acrescenta a hostess, com franqueza.

O medo da minha família não era eu ser uma travesti, era a marginalização do mundo, a prostituição, a violência

Mesmo tendo crescido numa família com tios de cabeça aberta e envolvidos no universo da moda, Renata enfrentou preconceito dentro de casa por se travestir. “O medo da minha família não era eu ser uma travesti, era a marginalização do mundo, a prostituição, a violência”, explica ela.

A situação mudou quando ela começou a se envolver com o universo da moda, trabalhando como modelo, aos 15 anos. “Os jornalistas André Fischer e Erika Palomino me chamaram para trabalhos, me mostraram que a estética andrógina era uma boa para mim. Com bons amigos, meu pai ficou mais tranquilo, entendeu que eu era uma mulher, ele me viu como Renata”.

É uma situação louca. Porque o mesmo menino que me chamava de veado na escola, pedia para ficar comigo a noite, queria sexo oral

Me chama de veado, mas quer sair comigo

Hoje, a aceitação na família é melhor e a relação com o pai é de amizade e cumplicidade. Mas no terreno do amor, Renata ainda não se acertou. “É muito difícil um homem assumir uma relação com uma travesti. Eles têm dificuldade de entender a questão do andrógeno. Eu até fiquei mais feminina por conta disso. Porque muitos me falavam: ‘ela é Renata e não tem peito?’”, avalia a paulistana, que tem planos de implantar silicone nos seios, mas não de fazer a cirurgia de mudança de sexo, pelo menos por enquanto.

Renata enfrenta essa relação complicada com os homens desde a adolescência. “É uma situação louca. Porque o mesmo menino que me chamava de veado na escola, pedia para ficar comigo a noite, queria sexo oral”, relata a hostess, que confessa o desejo de formar uma família. “Quero ter casa, filho, cachorro e fazer churrasco no fim de semana. E com isso, acabo forçando a barra em algumas relações, o que me coloca em situações não tão legais”.

Segundo Renata, muitos homens só percebem que ela é transgênero na hora de ir para cama. “Fui para casa com um cara que conheci em uma festa de hip-hop, mas quando ele mexeu na minha calcinha, e percebeu que eu era travesti, saiu logo pegando o celular, carteira e relógio. Ele achou que eu ia roubá-lo”, lamenta ela, questionando em seguida. “O quê vou fazer nesta situação? Me apresentar e dizer: Oi sou a Renata Bastos e sou transexual?”.

Curiosamente, Renata diz que é muito assediada por lésbicas. “Eu acho bom, é um sinal de que deu tudo certo, que estou feminina. Elas sabem que eu sou travesti, mas tem essa curiosidade. É como o Ney Matogrosso , ele mexe com a libido do homem, da mulher, do gay, de todo mundo”, brinca a hostess, dizendo ainda que não se incomoda com os gracejos, pelo contrário. “No dia em que eu passar na obra e não receber uma cantada, eu vou ficar chateada”.

Meu papel de ativista é viver meu dia a dia e mostrar que é possível ser transexual e ter uma vida, uma carreira

Meu ativismo é existir

Além do trabalhar como hostess e modelo, Renata ainda atua com produção moda e, esporadicamente, como atriz. Ela já participou de filmes como “Carandiru” (2003) e “Crime Delicado” (2005).

Diante de todas as atividades, será que sobra espaço para o ativismo no movimento LGBT? Renata responde a pergunta mais uma vez de forma franca: “Meu papel de ativista é viver meu dia a dia e mostrar que é possível ser transexual e ter uma vida, uma carreira”.


Disponível em http://igay.ig.com.br/2013-09-26/renata-bastos-e-muito-dificil-homem-assumir-relacao-com-travesti.html. Acesso em 14 out 2013.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

“Venci a minha homofobia e o meu racismo”, diz atriz transexual dos EUA

Ricardo Donisete
19/08/2013

Sophia Burset é uma transexual num mundo preconceituoso e desinformado sobre o assunto transexualidade. Tendo casado com uma mulher antes de assumir sua identidade feminina, ela tem um filho que não aceita bem a sua mudança de sexo. Para complicar ainda mais a situação, Sophia vai parar na cadeia por fraudar cartões de crédito, que foram usados para custear sua cirurgia de readequação sexual.

Resumidamente, essa é a história da personagem que a americana Laverne Cox interpreta na série “Orange Is The New Black”, recém-lançada pelo Netflix, um serviço de streaming de filmes e seriados. A atriz não tem filhos e, felizmente, também não tem problemas legais. Mesmo assim, a sua experiência pessoal ajudou o compor o papel, já que Laverne é uma transexual que já enfrentou muito preconceito.

“Eu me identifico com os sentimentos que fizeram Sophia se sentir culpada por ter consciência da sua condição. Ela sacrificou tudo, sua família e sua liberdade para ser verdadeira com ela mesma, para viver de uma maneira autêntica. Mas pagou um preço alto por isso”, admite Laverne, falando numa conferência por telefone com a reportagem do iGay , da qual participaram também outros veículos de imprensa de todo o continente americano.

Ainda apontando as semelhanças que a sua vida pessoal guarda com a personagem, Laverne lembra as dificuldades que Sophia passa na cadeia para tomar os hormônios que a auxiliam na mudança de sexo. “Infelizmente, em alguns momentos na minha vida também me foram negados cuidados de saúde para a minha transexualidade”, conta a atriz.

Embora tenha passado por dificuldades parecidas com as de sua personagem, Laverne tem uma visão esperançosa sobre o futuro das transexuais como ela, reconhecendo que a sua própria presença num programa de sucesso pode ajudar a diminuir o preconceito.

“Acho que demos um primeiro passo. Acredito que ser representado na TV é algo muito importante”, explica Laverne. “Hoje, a maioria dos americanos entende que os homossexuais têm o direito de casar... No meu pensamento, essas pessoas mudaram seus corações e mentes por causa desse tipo de representação. Então, é algo realmente poderoso. Mas as políticas públicas também têm que mudar”, pondera.

Dividindo o papel com o irmão gêmeo

Em flashbacks, “Orange Is The New Black” mostra o passado de Sophia, quando ela ainda era o bombeiro Marcus e não tinha feito a cirurgia de mudança de sexo. Laverne chegou a se oferecer para interpretar o personagem nesta fase, mas a ideia foi descartada quando uma diretora da série descobriu que ela tinha um irmão gêmeo, o músico M Lamar.

“Nós temos um vínculo muito forte e temos muito respeito um pelo outro, nos respeitamos como artistas e como pessoas. E fiquei grata por poder dividir com ele esse momento na série”, diz Laverne sobre trabalhar com M Lamar, acrescentando que os dois dividiram o papel, mas não chegaram a gravar juntos.

A diretora que teve a ideia de chamar M Lamar é nada mais nada menos do que a estrela Jodie Foster . A premiada atriz foi a responsável pela direção do episódio que mostra o passado de Sophia.

“Jodie foi incrível. Ela é uma grande diretora de atores, por razões óbvias. Ela é uma atriz brilhante, mas também muito generosa. Foi como ter um mestrado em atuação”, relata Laverne, se derramando em elogios para a diretora famosa.

"Gosto mais de mim agora"

Laverne começou sua carreira no meio artístico em 2008, participando do reality show “I Want to Work for Diddy” do canal VH1, que buscava uma assistente para o rapper P. Diddy. Ela não venceu a competição, mas ficou famosa nos Estados Unidos. Desde então, a transexual tem buscado se aperfeiçoar com artista e também como pessoa.

“Eu gosto mais de mim agora. Comecei a trabalhar com um terapeuta, o nome dele é Brad Calcutera, e ele é brilhante. Trabalhei muito as minhas questões internas, venci a minha homofobia internalizada, o meu racismo internalizado e também a vergonha”.

Depois da terapia, a atriz mudou até concepção sobre o próprio trabalho. “É um equívoco dizer que atuar é fingir ser outra pessoa. A realidade é que nós exploramos a nossa própria verdade para dar verdade aos nossos personagens”, conclui Laverne.
*Com reportagem de Renata Reif


Disponível em http://igay.ig.com.br/2013-08-19/venci-a-minha-homofobia-e-o-meu-racismo-diz-atriz-transexual-dos-eua.html. Acesso em 14 out 2013.

sábado, 19 de outubro de 2013

Beatriz, 22, transexual: “eu gosto e sempre gostei de meninas”

Natália Eiras
28/03/2013

"Eu vou virar mulher". Foi com essa afirmação meio fora do ritmo que um estudante de composição na Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) informou aos colegas que começaria a tomar hormônios para encontrar a sua identidade sexual. A garota que agora responde por Beatriz entrou na faculdade ainda como um menino e fez a revelação à sua turma no fim do primeiro semestre. Com a ajuda das amigas, comprou roupas femininas e maquiagem para, no primeiro dia de aula depois das férias de julho, chegar à universidade já vestida como Beatriz. “O pessoal perguntava se eu tinha dado uma de Laerte”, diz a jovem, se referindo ao cartunista que se tornou adepto do cross dressing (prática na qual alguém passa a se vestir com figurino do sexo oposto). Vamos omitir o nome masculino de Beatriz, porque ele é uma das reminiscências do passado que ela prefere não dividir com (mais) ninguém.

A segunda surpresa referente à mudança de sexo de Beatriz é que, mesmo na pele de uma mulher, ela segue interessada sexualmente em mulheres. “Eu gosto e sempre gostei de meninas”, deixa claro Beatriz Calore, de 22 anos. Há apenas um ano fazendo o tratamento de mudança de sexo, a garota é uma prova de que orientação e identificação sexual são coisas completamente diferentes. Desde cedo, a estudante soube que gostava de mulheres, mas não se sentia confortável em um corpo masculino. “Quando era adolescente, eu via um desenho japonês sobre um colégio de lésbicas e achava aquilo o paraíso. Queria ser uma das meninas, se relacionando com outras meninas”, explica, rindo, a jovem violonista.

Atualmente, após passar por uma cirurgia plástica para feminilizar o rosto, Beatriz quer encontrar o amor, como qualquer garota, mas, além do preconceito generalizado contra gays, ela é uma nota destoante dentro da própria população LGBTT. “Eu perguntava para as meninas no Leskut, o Orkut das lésbicas, se elas sairiam com uma trans e a resposta era: ‘Eu não saio com homens’”, explica Beatriz. “As pessoas veem o que era antes e não o que é agora”. A seguir a entrevista que ela deu ao iGay .

iG: Como sua família lidou com a sua decisão?
Beatriz: Eu sou quase orfã. Minha mãe faleceu há uns quatro anos e meu pai não fala comigo. Eu sei onde ele mora, ele sabe da situação em que estou, mas não quer me ver. A última vez que  o vi foi no ano passado, quando ainda não tinha contado que eu sou... eu. Quanto ao meu padrasto, que era o marido de minha mãe, é difícil ficar com a família dele. Algumas pessoas se sentem incomodadas, acham que o convívio como uma trans pode atrapalhar a criação do filho. Minha tia também demorou para aceitar. Ela tinha muitos preconceitos baseados em noções erradas, achando que a prostituição era a única opção. Mas ela viu que eu não vou largar os meus estudos para me prostituir.

Minha mãe faleceu e meu pai não fala comigo. Sei onde ele mora, ele sabe da situação em que estou, mas não quer me ver. Na última vez que o vi ainda não tinha contado que eu sou...eu.

iG: Quando percebeu que tinha algo de diferente em você?
Beatriz:  Quando criança, eu era bem afeminada, mas até uns sete, oito anos, eu não sacava nada. Depois, aprendi a me relacionar com os garotos e por um bom tempo andei com eles. Porque eu gostava e gosto de meninas. Meninas. Na adolescência, fui passando a perceber que as coisas não eram muito bem assim, que eu me sentia diferente. Comecei a ter interesses diferentes.

iG: Que tipo de interesses?
Beatriz: Pode parecer muito ridículo, mas enquanto os meninos assistiam desenhos japoneses de ação, eu tinha me interessado muito por um que era de romance e era sobre um colégio em que só tinha meninas lésbicas. E me apaixonei por aquilo, pensava: “Nossa, como eu queria ser uma dessas meninas”. Não é que eu queria ser um menino dentro desse colégio, eu queria ser uma das alunas, se relacionando com outras alunas. Achava aquilo um paraíso (risos).

iG: Você conseguiu lidar bem com a situação?
Beatriz: Mais ou menos. Comecei a me sentir mal por ser homem, passei a desprezar os homens. Uma espécie de preconceito que se voltava contra mim, de certa maneira. E em certo momento, percebi que gostaria realmente de ser uma mulher. Antes disso, eu tinha muitos problemas com o meu corpo, especialmente com as reações sexuais do corpo masculino, que eu achava que não condiziam com a maneira que eu pensava sobre o amor, o romance, as relações. Eu achava que era algo totalmente diferente, impulsivo, que não tinha nada a ver comigo. Depois que eu comecei a tomar hormônio, acabou.

Tinha muitos problemas com o meu corpo, com as reações sexuais do corpo masculino, que achava que não condiziam com a maneira que eu pensava sobre o amor, o romance, as relações. Percebi que queria ser mulher. Comecei a tomar hormônio e tudo isso passou.

iG: Quando tomou a decisão de mudar para o sexo com o qual você se identifica?
Beatriz:  Comecei a fazer tratamento psicológico com 17 anos, mas não por causa disso. Eu falava sobre essas questões com a minha psicóloga da época, mas ela não achava que eu era trans, achava que era alguma fantasia. Depois passei por outros profissionais até encontrar uma especializada em sexologia, que me diagnosticou transexual e escreveu um laudo sobre a minha situação, me encaminhando para o SUS. No ano passado, consegui começar a tomar hormônio. E, a partir do momento em que comecei o tratamento, comecei a contar para as pessoas que sou transexual.

iG: Você estava no meio do primeiro ano de faculdade quando tomou a decisão. Como foi contar para os colegas?
Beatriz: Durante as férias, eu contei para os meus colegas de classe e para algumas pessoas de outros cursos. As minhas amigas, então, me ajudaram a comprar roupa e me ensinaram a me maquiar. No primeiro dia de aula, todo mundo comentou e o pessoal ficava perguntando se eu tinha dado uma de Laerte. Mas, em geral, eles entenderam bem.

iG: E como os seus amigos de infância estão lidando com a sua transição?
Beatriz: Eles ainda têm problema para me chamar de Beatriz e me dar beijo no rosto. Preferem apertar a minha mão e me chamar pelo que eu era. Não se tornaram pessoas agressivas, não me tratam de maneira diferente, nem pro bem e nem para o mal.

iG: Seus pais desconfiavam que você é trans?
Beatriz: Não. Eu não lembro de já ter falado alguma coisa para minha mãe que desse indícios, mas ela achou que eu era gay. Ela chegou a me perguntar diretamente e disse que, se eu fosse homossexual, ela não teria problema nenhum e me apoiaria. Eu disse que não era, porque eu gosto de mulher. E é verdade. Agora, eu sou uma mulher gay, mas não no sentido que ela estava pensando na época.

iG: Você percebe que mesmo os gays demoram a entender a sua orientação sexual?
Beatriz: Totalmente. Eu fiz uma conta no Leskut, o Orkut de lésbicas, e tudo bem. Disfarçava, não falava que sou trans. Daí uma menina perguntou, no chat geral, se eu era T. Todo mundo reagiu de maneira muito estranha. Algumas pessoas disseram que tudo bem, mas outras acharam engraçado, estranho. Eu já tinha perguntado em outro momento se elas sairiam com uma menina transexual e a reposta foi: “Não, eu não saio com homem”. As pessoas veem o que eu era antes e não o que sou agora.

iG: Você pensa em fazer cirurgia de mudança de sexo?
Beatriz: Eu quero tirar o pênis porque para mim ele não serve para nada (risos). É uma coisa muito inútil, de que não vou sentir absolutamente nenhuma falta. Mas algumas pessoas resolvem fazer cirurgia, outras não. Não é porque quer manter o pênis que ela vai deixar de ser, de pensar e de se vestir como mulher.

Quero tirar o pênis porque para mim ele não serve para nada. É uma coisa inútil, de que não vou sentir a menor falta. Algumas pessoas resolvem fazer a cirurgia e outras não. Não é porque vai manter o pênis que vai deixar de ser, de pensar e se vestir como mulher.

iG: No que o pênis te atrapalha?
Beatriz:  Estou há 9 meses sem manifestar nada. Tipo: “Por favor, saia daí, que eu preciso viver a minha vida sexual de uma maneira normal”. As pessoas que querem sair com trans que não é operada quase sempre é por causa da ideia da mulher com um pênis. Então é uma coisa fetichista.

iG: Você já teve algum relacionamento anterior?
Beatriz: Não. Já tive um rolo uma vez, quando ainda não tinha começado o meu tratamento, com uma travesti. Eu não tenho problema em sair com uma menina trans. Eu a vejo apenas como uma garota. Nem lembro o que aconteceu depois. Acho que não deu certo, né? (risos).

iG: Que outra mudança física você espera?
Beatriz: Estou procurando uma fonoaudióloga que me ajude na transição de voz porque eu quero poder cantar. Se for profissionalmente, melhor. É mais uma opção para mim como musicista. Não me identifico mais com o violão, que é o instrumento que eu toco. E o canto é super versátil, posso fazer qualquer tipo de música. Me interesso muito pela voz em geral, até porque ela está ligada com a minha transição.

iG: Você sonha em se casar?
Beatriz: Eu penso a respeito. Já pensei que teria filhos, queria poder engravidar, se fosse possível. Mas, por enquanto, é fora da realidade. Estão fazendo testes na Rússia de transplante de útero, mas não sei se é com transexuais ou apenas com mulheres. De qualquer forma, também penso em adotar.

iG: Você quer ser ativista?
Beatriz: Não tenho estilo de ativista. Se posso falar alguma coisa, falo. Acho legal poder dividir minha experiência, mas não sou o tipo de pessoa que vai em passeata, que milita mesmo. Me importo com a causa, me importo quando vejo um pastor Marco Feliciano lá na Comissão de Direitos Humanos. Tem coisas que me preocupam e algumas que não são tão relacionadas a mim. Por exemplo, em alguns movimentos transfeministas, enfatizam muito a quebra da separação de gêneros, o que eu acho muito positivo, mas não me encaixo nessa questão. Não me vejo como uma pessoa que está no meio dos dois sexos, me vejo como mulher mesmo.  Eu sou mulher e é isso aí.

Ainda não tenho RG com esse nome, mas consegui fazer o bilhete único como Bia e a minha foto. Fico mostrando para todo mundo.

iG: Como você escolheu o nome Beatriz?
Beatriz: O primeiro critério foi que eu não queria um nome que tivesse correspondente masculino. Não existe Beatriz masculino. Então sobraram algumas opções e eu escolhi o mais bonito. Eu ainda não tenho RG com esse nome, mas consegui fazer o bilhete único como Bia, com uma foto minha. Eu fico mostrando para todo mundo (risos).


Disponível em http://igay.ig.com.br/2013-03-28/beatriz-22-transexual-eu-gosto-e-sempre-gostei-de-meninas.html. Acesso em 14 out 2013.