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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Documentário conta drama de gêmeo criado como menina após perder pênis

BBC BRASIL
24/11/2010 - 07h59

Os gêmeos Bruce e Brian Reimer nasceram como meninos perfeitos, mas após sete meses, começaram a apresentar dificuldades para urinar.

Sob orientação médica, os pais, Janet e Ron, levaram os dois a um hospital para serem circuncidados.

Na manhã seguinte, eles receberam uma ligação telefônica devastadora -- Bruce tinha sido envolvido em um acidente.

Os médicos usaram uma agulha cauterizadora em vez de um bisturi. O equipamento elétrico apresentou problemas, e a elevação súbita da corrente elétrica queimou completamente o pênis de Bruce.

A operação de Brian foi cancelada, e o casal levou os gêmeos de volta para casa.

Psicólogo

Vários meses se passaram, e eles não tinham ideia do que fazer até que um dia encontraram um homem que mudaria suas vidas e as vidas de seus filhos para sempre.

John Money era um psicólogo especializado em mudança de sexo. Ele acreditava que não era tanto a biologia que determinava se somos homens ou mulheres, mas a maneira como somos criados.

"Estávamos assistindo a TV", lembra Janet. "O doutor Money estava lá, muito carismático, e parecia muito inteligente e muito confiante no que estava falando."

Janet escreveu para Money, e poucas semanas depois ela levou Bruce para vê-lo em Baltimore, nos Estados Unidos.

Para o psicólogo, o caso representava uma experiência ideal. Ali estava uma criança a qual ele acreditava que poderia ser criada como sendo do sexo oposto e que trazia até mesmo seu grupo de controle com ele -- um gêmeo idêntico.

Se funcionasse, a experiência daria uma evidência irrefutável de que a criação pode se sobrepor à biologia, e Money genuinamente acreditava que Bruce tinha uma chance melhor de levar uma vida feliz como mulher do que como um homem sem pênis.

Então, quando Bruce tinha 17 meses de idade, se transformou em Brenda. Quatro meses depois, no dia 3 de julho de 1967, o primeiro passo cirúrgico para a mudança foi tomado, com a castração.

Segredo

Money enfatizou que, se quisessem garantir que a mudança de sexo funcionasse, os pais nunca deveriam contar a Brenda ou ao seu irmão gêmeo que ela havia nascido como menino.

A partir de então, eles passaram a ter uma filha, e todos os anos eles visitavam Money para acompanhar o progresso dos gêmeos, no que se tornou conhecido como o "caso John/Joan". A identidade de Brenda foi mantida em segredo.

"A mãe afirmou que sua filha era muito mais arrumada do que seu irmão e, em contraste com ele, não gostava de ficar suja", registrou Money em uma das primeiras consultas.

Mas em contraste, ele também observou: "A menina tinha muitos traços de menina moleque, como uma energia física abundante, um alto nível de atividade, teimosia e era frequentemente a figura dominante num grupo de meninas".

Em 1975, as crianças tinham 9 anos, e Money publicou um artigo detalhando suas observações. A experiência, segundo ele, tinha sido um sucesso total.

"Ninguém mais sabe que ela é a criança cujo caso eles leram nos noticiários na época do acidente", afirmou.

"O comportamento dela é tão normalmente o de uma garotinha ativa e tão claramente diferente, por comparação, do comportamento de menino de seu irmão gêmeo, que não dá margem para as conjecturas de outros."

Suicida

No entanto, na época em que Brenda chegou à puberdade, aos 13 anos, ela sentia impulsos suicidas.

"Eu podia ver que Brenda não era feliz como menina", lembrou Janet. "Ela era muito rebelde. Ela era muito masculina e eu não conseguia convencê-la a fazer nada feminino. Brenda quase não tinha amigos enquanto crescia. Todos a ridicularizavam, a chamavam de mulher das cavernas. Ela era uma garota muito solitária."

Ao observar a tristeza da filha, os pais de Brenda pararam com as consultas com John Money. Logo depois, eles fizeram algo que Money tinha pedido para que não fizessem: contaram a ela que Brenda tinha nascido como um menino.

Semanas depois, Brenda escolheu se transformar em David. Ele passou por uma cirurgia de reconstrução do pênis e até se casou. Ele não podia ter filhos, mas adorou ser o padrasto dos três filhos de sua esposa.

Mas, o que David não sabia, era que seu caso tinha sido imortalizado como "John/Joan", em artigos médicos e acadêmicos a respeito de mudança de sexo e que o "sucesso" da teoria de Money estava afetando outros pacientes com problemas semelhantes aos deles.

"Ele não tinha como saber que seu caso tinha ido parar em uma ampla série de livros de teoria médica e psicológica e que estava estabelecendo os protocolos sobre como tratar hermafroditas e pessoas que tinham perdido o pênis", disse John Colapinto, um jornalista do "The New York Times", que descobriu a história de David.

"Ele mal conseguia acreditar que (sua história) estava sendo divulgada por aí como um caso bem sucedido e que estava afetando outras pessoas como ele."

Depressão

Quando passou dos 30 anos, David entrou em depressão. Ele perdeu o emprego e se separou da esposa.

Na primavera de 2002 seu irmão morreu devido a uma overdose de drogas.

Dois anos depois, no dia 4 de maio de 2004, quando David estava com 38 anos, os pais, Janet e Ron Reimer, receberam uma visita da polícia que os informou que seu filho tinha cometido suicídio.

"Eles pediram que nos sentássemos e falaram que tinham notícias ruins, que David estava morto. Eu apenas chorei", conta Janet.

Casos como o "John/Joan", quando ocorre um acidente, são muito raros. Mas decisões ainda estão sendo tomadas sobre como criar uma criança, como menino ou menina, se ela sofre do que atualmente é conhecido como Distúrbio do Desenvolvimento Sexual.

"Agora temos equipes multidisciplinares, que funcionam bem, em todo o país, então a decisão será tomada por uma ampla série de profissionais", explicou Polly Carmichael, do Hospital Great Ormond Street, de Londres.

"Os pais ficarão muito mais envolvidos em termos do processo da tomada de decisão", acrescentou.

Carmichael afirma que, segundo sua experiência, estas decisões tem sido mais bem sucedidas para ajudar as crianças a levar uma vida feliz quando crescerem.

"Fico constantemente surpresa como, com apoio, estas crianças são capazes de enfrentar e lidar (com o problema)", disse.


Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/bbc/835267-documentario-conta-drama-de-gemeo-criado-como-menina-apos-perder-penis.shtml>. Acesso em 24 nov 2010.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Homem que mudou de sexo aos 58 se aposentará como mulheres, aos 60

BBC BRASIL
23 de junho, 2010

Christopher Timbrell, de 68 anos, mudou seu nome para Christine em 2000, após uma cirurgia para mudança de sexo.

A mudança foi feita com o consentimento da mulher, Joy, com quem Timbrell se casou há 42 anos e com quem tem dois filhos. Eles continuam vivendo juntos.

Mas o pedido de aposentadoria, feito dois anos após a cirurgia de troca de sexo, foi negado com base em uma lei que estabelece que os transexuais casados só têm a mudança de gênero reconhecida oficialmente se tiverem o casamento dissolvido ou anulado.

O Departamento de Trabalho e Pensões, do governo britânico, alegou que ela teria que esperar até os 65 anos, idade mínima para aposentadoria dos homens.

Discriminação

A advogada de Timbrell, Marie-Eleni Demetriou, argumentou que a obrigatoriedade de que ela terminasse seu casamento era uma violação aos seus direitos humanos.

O juiz que analisou o caso disse que a lei britânica não é capaz de lidar de maneira adequada com casos como o de Timbrell, estabelecendo que as pessoas que são “uma vez homens, são sempre homens”.

Segundo o juiz, a incapacidade da lei de lidar com pessoas que mudam de sexo representa uma discriminação, e por isso o Estado não teria o direito de negar a Timbrell o pedido de aposentadoria aos 60.

Ela terá agora direito aos pagamentos retroativos relativos aos últimos oito anos.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100623_transexual_aposentadoria_rw.shtml. Acesso em 01 out 2013.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Molusco da Antártida é capaz de mudar de sexo

BBC BRASIL
Atualizado em  11 de setembro, 2012

De acordo com os especialistas, a natureza hermafrodita da espécie Lissarca miliarisaumenta sua eficiência reprodutiva nas águas gélidas do extremo sul do planeta.

O invertebrado foi descoberto em 1845 e teve a sua reprodução estudada em 1970, mas a novidade, publicada no jornal científico Polar Biology, só foi descoberta agora.

Os estudos anteriores focaram na presença de ovos dentro das conchas de fêmeas, que eram "chocadas" pelos seus corpos.

Nesta pesquisa, os cientistas estudaram a reprodução em um nível celular e constataram a presença de pequenos ovos nos machos da espécie.

O novo estudo sugere que a espécie, no seu estágio inicial de desenvolvimento, se reproduz como macho, e passa a ter órgãos reprodutores femininos quando está grande o suficiente para poder chocar uma quantidade grande de ovos.

"Nós também descobrimos que depois que o macho se transforma em fêmea, ele mantém o tecido do aparelho reprodutivo masculino por um longo período", acrescentou o pesquisador.

A Lissarca miliaris é um tipo de bivalve, por estar envolta em duas conchas, e possui várias adaptações para se reproduzir com mais eficiência, como o fato de chocar os seus ovos e a mudança de sexo.

"Hermafroditismo não é necessariamente incomum nos bivalves da Antártica e, com muitas espécies a serem estudadas, pode haver muito mais a ser descoberto", disse Adam Reed, que chefiou o estudo.

O trabalho foi desenvolvido na estação britânica de pesquisa no Polo Sul.

"O estudo mostra o quanto nós ainda não sabemos sobre a forma de vida dos invertebrados da Antártida e o quanto ainda há para ser estudado", conclui o pesquisador.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120911_molusco_transexual_as.shtml. Acesso em 23 set 2013.

domingo, 15 de setembro de 2013

Menor transexual ganha permissão para retirar seios na Austrália

Giovana Vitola
4 de maio, 2009

Identificada apenas como "Alex", a jovem de 17 anos faz tratamento hormonal desde os 13 para interromper a menstruação e o desenvolvimento dos seios.

O transtorno de identidade de gênero é uma condição em que a pessoa tem a aparência normal de homem ou mulher, mas se sente como sendo do sexo oposto.

Em entrevista ao jornal The Age, a juíza do Tribunal de Família de Melbourne Diana Bryant disse que seria melhor para a adolescente ter a permissão para fazer a operação "o mais rápido possível", porque, enquanto menor de idade, poderá usufruir de serviços sociais oferecidos pelo governo.

Além disso, disse a magistrada, "esse é um tempo crucial para a vida social e mental dos adolescentes".

Para Bryant, a questão era se "Alex" poderia nesse meio tempo mudar de opinião sobre a operação, como já aconteceu em casos passados.

"Mas a evidência foi de que a operação era do interesse dela", disse.

Controvérsia

No entanto, segundo o eticista Nick Tonti-Filippini, a medicina não reconhece cirurgias para mudança de sexo como um tratamento para o transtorno de identidade de gênero.

"Isso é psicológico. O que estão querendo é fazer com que uma realidade biológica corresponda a uma falsa crença", disse ele ao The Age.

Tonti-Filippini citou o caso de um jovem de 22 anos, morador de Melbourne, que processou os médicos após ter se arrependido de uma cirurgia de mudança de sexo alegando que não foi bem alertado e questionado na época.

O mesmo tribunal de família já havia causado controvérsia em 2007, quando permitiu que uma menina de 12 anos, identificada apenas como "Brodie", tomasse hormônios masculinos.

"Foi descoberto mais tarde que a mãe de Brodie, por causa de uma depressão pós-parto, teria feito uma lavagem cerebral na menina a comprado roupas e brinquedos de meninos e a ensinado a se comportar como tal", disse Tonti-Filippini ao diário.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090504_australiajovemseios_gv.shtml. Acesso em 10 set 2013.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Orgasmo ajuda a prevenir doenças físicas e mentais, diz estudo

BBC BRASIL
10 de agosto, 2012

Magdalena Salamanca, psicanalista especializada em sexo baseada na Espanha, disse à BBC que a ausência do prazer sexual pode provocar doenças e transtornos mentais.

"É importante porque o orgasmo é a satisfação de um dos instintos mais importantes do ser humano, que é o sexual", diz.

Ela destacou ainda que muitos dos problemas de cunho social ou profissional estão vinculados à insatisfação sexual. "Por exemplo, a ansiedade é um dos transtornos mais relacionados com a ausência do orgasmo".

Além disso, a psicóloga Ana Luna disse que "fisiologicamente, a descarga de muitas tensões que o ser humano acumula se produz por meio do orgasmo".

Atividade cerebral

Há alguns meses, cientistas da Universidade de Rutgers, no Estado americano de Nova Jersey, determinaram que o orgasmo ativa mais de 80 diferentes regiões do cérebro.

Utilizando imagens de ressonância magnética do cérebro de uma mulher de 54 anos enquanto tinha um orgasmo, os cientistas descobriram que no ato quase todo o cérebro se torna amarelo, o que indica que o órgão está praticamente todo ativo.

Os níveis de oxigênio no cérebro também refletem um espectro que vai desde o vermelho intenso até um amarelo claro, e isto tem um impacto em todo organismo.

Benefícios para a saúde

"Há outros benefícios porque todo esse sangue oxigenado que flui pelo corpo chega aos microssensores da pele e vai para todos os órgãos", diz a psicóloga Ana Luna.

Já Magdalena Salamanca destaca que a saúde física e psíquica estão muito vinculadas à satisfação sexual proporcionada pelo orgasmo, o que o estudo da Universidade Rutgers parece comprovar.

A pesquisa mostrou como a atividade cerebral iniciada pelo orgasmo se propaga por todo o sistema límbico, relacionado às emoções e à personalidade.

Por isso, psicólogos como Ana Luna acreditam que o orgasmo é uma parte essencial de uma personalidade sadia.

"Quando você não tem orgasmo toda essa energia fica represada", diz a estudiosa, acrescentando que muitas vezes a ausência do prazer sexual torna a pessoa irritadiça, triste, rabugenta e até mesmo com dificuldades para sorrir.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/08/120810_orgasmo_saude_jp.shtml. Acesso em 25 ago 2013.

sábado, 24 de agosto de 2013

Palestina muda de sexo em Gaza

BBC BRASIL
9 de setembro, 2009

Por quinze anos, Fátima Abed Rabbo viveu como uma menina na cidade de Jabalya, mas no início da adolescência ela começou a se sentir mais como um menino.

A família fez testes e descobriu que Fátima tinha altos níveis de testosterona e precisava de uma operação de mudança de sexo.

"Um médico aqui da Faixa de Gaza queria cobrar US$ 3 mil por cada uma de três operações, mas nós não tínhamos o dinheiro, então decidimos fazer tudo no exterior. Quando estávamos organizando a viagem, havia uma equipe médica espanhola especializada em urologia em visita ao território. Então fomos até o hospital de Al-Awda e nos encontramos com os médicos", disse o pai de Odai, Majd Abed Rabbo.

"O médico o internou apenas dois dias antes de voltar a seu país. Ele fez uma só cirurgia em vez de três."

Agora, Fátima é Odai. E ele não é o único transexual da família. Uma prima dele, Ola, hoje se transformou em Nader.

Sociedade conservadora

Apesar de ser uma decisão difícil numa sociedade conservadora como a palestina, a família acha que esta foi a coisa certa a se fazer.

"Eu me sinto muito mais confortável agora, como se tivesse nascido de novo. Me sinto livre. De qualquer maneira, eu prefiro ser homem, porque esta sociedade privilegia os homens em relação às mulheres. As mulheres em nossa sociedade não são respeitadas e suas ideias tampouco", diz Odai.

Ele vai continuar a receber injeções de testosterona pelos próximos 8 meses e deve passar por mais uma cirurgia. Odai planeja agora estudar jornalismo e se dedicar a defender os direitos das mulheres palestinas.


Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/09/090909_transexualgaza_is.shtml>. Acesso em 14 dez 2009.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Cientistas encontram esqueleto do que seria um homossexual de 5 mil anos atrás

BBC BRASIL
7 de abril, 2011

A equipe de pesquisadores da Sociedade Arqueológica Tcheca constatou que os restos - retirados de um sítio arqueológico neolítico em Praga - indicam que o indivíduo, de sexo masculino, foi enterrado segundo ritos normalmente destinados às mulheres.

A arqueóloga Katerina Semradova disse à BBC Brasil que o enterro “atípico” indica que o indivíduo encontrado fazia parte do “terceiro sexo”, provavelmente homossexual ou transexual.

"Trabalhamos com duas hipóteses: a de que o indivíduo poderia ter sido um xamã ou alguém do terceiro "terceiro sexo'. Como o conjunto de objetos encontrados enterrados ao redor do esqueleto não corroboravam a hipótese de que fosse um xamã, é mais provável que a segunda explicação seja a correta", disse Semradova.

As escavações foram abertas ao público nesta quinta-feira e a visitação tem sido intensa.

Os restos são de um membro da cultura da cerâmica cordada, que viveu no norte da Europa na Idade da Pedra, entre 2.500 AC e 2.900 AC.

Neste tipo de cultura, os homens normalmente são enterrados sobre o seu lado direito, com a cabeça virada para o oeste, juntamente com ferramentas, armas, comida e bebidas.

As mulheres, normalmente sobre o seu lado esquerdo, viradas para o leste e rodeada de jóias e objetos de uso doméstico.

O esqueleto foi enterrado sobre o seu lado esquerdo, com a cabeça apontando para o oeste e cercado de objetos de uso doméstico, como vasos.

"A partir de conhecimentos históricos e etnológicos, sabemos que os povos neste período levavam muito a sério os rituais funerários, portanto é improvável que esta posição fosse um erro", disse a coordenadora da pesquisa, Kamila Remisova Vesinova.

"É mais provável que ele tenha tido uma orientação sexual diferente, provavelmente homossexual ou transexual."


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/04/110407_gay_neolitico_pu.shtml. Acesso em 15 ago 2013.

domingo, 4 de agosto de 2013

Troca de olhares com homens aumenta temperatura das mulheres, diz estudo

BBC BRASIL
5 de junho, 2012

Pesquisadores da Universidade de St. Andrews descobriram que a mera interação visual entre duas pessoas do sexo oposto pode causar um considerável aumento da temperatura do rosto das mulheres.

A equipe utilizou técnicas de imagens termais para detector as alterações perceptíveis nas mulheres heterossexuais durante encontros com outras pessoas.

Os cientistas ressaltaram que outros tipos de pesquisa podem se beneficiar da mesma técnica no futuro, entre elas a medição de níveis de estresse e detectores de mentiras.

Segurança nacional

Uma das principais autoras do estudo, Amanda Hahn, disse que os pesquisadores mensuraram a temperatura da pele na mão, braço, rosto e seios das mulheres que interagiram com homens.

Os resultados revelaram um aumento dramático no rosto, sendo que em alguns casos a temperatura chegou a se elevar em um grau.

"Esta mudança termal ocorreu em resposta a uma interação social simples, sem qualquer mudança de experiência emocional ou de excitação. De fato nossos participantes não relataram ter sentido desconforto ou constrangimento durante a interação", disse Hahn.

Em comparação, resultados das interações das participantes com outras mulheres não mostraram alterações.

O estudo deve ser publicado até o fim do mês no periódico Biology Letters.

David Perrett, outro cientista envolvido no estudo, diz que as técnicas de imagem termal poderão ser usadas até para defender interesses de um país em questão de segurança nacional.

"Nós estamos apenas começando a entender os usos potenciais das imagens por temperatura na medicina e elas podem ser muito úteis em assuntos de segurança nacional, área na qual as mudanças de temperatura da pele podem ser usadas como parte de testes de detecção de mentiras".

O próximo passo é determinar se essas mudanças no corpo das mulheres são detectadas por outras pessoas e se podem afetar interações sociais.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120605_interacao_mulheres_estudo_jp.shtml. Acesso em 03 ago 2013.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cientistas criam espermatozóide a partir de célula feminina

BBC BRASIL
31/01/08

Cientistas britânicos afirmam ter criado espermatozóides a partir de células-tronco da medula óssea feminina - abrindo caminho para o fim da necessidade do pai na reprodução.

A experiência vem sendo desenvolvida por especialistas da Universidade de New Castle que, em abril do ano passado, anunciaram ter conseguido transformar células-tronco da medula óssea de homens adultos em espermatozóides imaturos.

Em entrevista à última edição da revista New Scientist, Karim Nayernia, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse que agora os cientistas repetiram a experiência com células-tronco da medula óssea de mulheres, podendo "abrir caminho para a criação do espermatozóide feminino".

No trabalho, ainda não publicado, Nayernia disse à New Scientist estar esperando a "permissão ética" da universidade para dar continuidade ao trabalho, que consistiria em submeter os espermatozóides primitivos à meiose, um processo que permitiria a maturação do espermatozóide, tornando-o apto para a fertilização.

"Em princípio, eu acredito que isso seja cientificamente possível", disse Nayernia.

O estudo, afirma a revista, poderia possibilitar que um dia, casais de lésbicas poderão ter filhos sem a necessidade de um homem, já que o espermatozóide de uma mulher poderia fertilizar o óvulo da outra.

Brasil

A New Scientist ainda relata uma experiência que está sendo realizada por cientistas brasileiros no Instituto Butantan, em São Paulo.

Segundo a revista, os especialistas estariam desenvolvendo óvulos e espermatozóides a partir de uma cultura de células-tronco embrionárias de ratos machos.

A revista cita o trabalho publicado pelos brasileiros na revista especializada Cloning and Stem Cells (Clonagem e células-tronco, em tradução literal), em que os pesquisadores disseram ainda não ter provado que os óvulos masculinos poderão ser fertilizados e procriar.

"Estamos agora começando experimentos com células-tronco embrionárias humanas e, se bem-sucedidos, o próximo passo será ver se óvulos masculinos poderão ser feitos a partir de outras células", disse a coordenadora da pesquisa, Irina Kerkis.

Essas outras células, que se comportariam de maneira semelhante às embrionárias, poderiam ser encontradas na pele humana, afirma a revista.

Isso abriria a possibilidade para que casais gays masculinos também tenham filhos com 100% de seu material genético.

Nesse caso, um dos homens doaria células de sua pele, que seriam transformadas em um óvulo a ser fecundado pelo espermatozóide do parceiro.

Uma vez fertilizado, o óvulo seria implantado no útero de uma mulher.

"Eu acredito que isso seja possível, mas não sei como as pessoas encarariam isso de forma ética", disse Kerkis.


Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL281510-5603,00-CIENTISTAS+CRIAM+ESPERMATOZOIDE+A+PARTIR+DE+CELULA+FEMININA.html. Acesso em 25 jul 2013.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Comercial que convida a diferenciar mulheres de transexuais causa polêmica na Grã-Bretanha

BBC BRASIL
16 de maio, 2012

O anúncio da casa Paddy Power, veiculado pela TV e pela internet, foi criado especialmente para ser exibido em fevereiro, antes do dia reservado às mulheres no Festival de Cheltenham, que sedia uma das mais célebres séries de corridas de cavalos da Grã Bretanha.

Ele provocou o envio de mais de 400 queixas à Advertising Standards Authority (ASA), entidade independente que regula o segmento de publicidade na Grã Bretanha, que decidiu que a peça publicitária não deve ser mostrado novamente na sua forma atual.

O anúncio dizia: "...vamos fazer o dia das mulheres (no festival) ainda mais emocionante com o envio de algumas belas senhoras transexuais para (ajudar a) diferenciar garanhões de éguas".

O comercial mostrava uma série de rápidas imagens de pessoas no evento, enquanto uma voz representava alguém tentando identificar o gênero do retratado.

Ao acolher as queixas, a ASA disse: "Nós consideramos que o anúncio banaliza uma questão altamente complexa e representa um número comum de estereótipos negativos sobre transexuais. Consideramos que, ao sugerir que as mulheres transexuais seriam parecidas com homens travestidos, e que o gênero poderia ser associado a um jogo, o anúncio reforçou de forma irresponsável os estereótipos negativos.

A entidade também condenou a maneira que os termos "garanhões" e "éguas" foram usados no anúncio.

'Especialmente frustrante'

A direção da Paddy Power informou que não tinha a intenção de causar dano ou ofensa e que a empresa ficou desapontada com a decisão da ASA.

Um porta-voz disse: "Essa decisão é especialmente frustrante dado que o comercial tinha sido pré-aprovado pela Clearcast (uma organização não governamental que avalia previamente a publicidade na televisão britânica), que então considerou que o humor neste anúncio, embora não para todos os gostos, ficou aquém de causar ofensa. Além disso, pedimos à Sociedade Beaumont, um dos principais grupos transgênero do país, para comentar o roteiro."

"Também escalamos exclusivamente membros da comunidade trans nos vários papéis transexuais do comercial."

"Finalmente, é importante ressaltar que o comercial tem quase 600 mil visualizações na internet, com o dobro de 'gosta' do que de 'não gosta' nas avaliações de quem assistiu".


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120516_paddy_rp.shtml. Aceso em 22 jul 2013.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Sutiã: usar ou não usar?

Magali Lagrange
30 de maio, 2013

Há 15 anos que o médico Jean-Denis Rouillon estuda os efeitos do uso do sutiã nas mulheres. Para isso, Rouillon, que também é professor de medicina esportiva da Universidade Franche-Comte, na França, vem observando - e cuidadosamente medindo - o busto de dezenas de voluntárias.

Algumas mulheres aceitaram viver suas vidas, e até mesmo praticar esportes, sem usar sutiã. Outras deixaram de usar apenas em algumas situações. O objetivo da pesquisa era ver se os seios ficam mais ou menos caídos sem o suporte do sutiã.

De acordo com os resultados preliminares, o médico constatou que, pelo menos entre as mulheres de 18 a 35 anos que participaram do estudo, o mamilo volta a subir a uma média de sete milímetros por ano quando não se usa sutiã. Os seios, diz ele, se fortalecem.

"As voluntárias são estudantes de fisioterapia, ou esportistas, e muitas vezes são mulheres que querem voltar a uma vida mais natural, sem artifícios", explicou Rouillon a BBC.

O estudo

Laurette tem 31 anos, e há dez anos participa da pesquisa. "Rouillon foi um dos meus professores na faculdade. Ele me convidou para participar da pesquisa e eu achei interessante", disse à BBC.

A medida do busto de Laurette é 34B, e ela não usa sutiã. "Não foi difícil mudar meus hábitos. Antes, quando eu estava em casa, raramente usava sutiã. Agora só uso ocasionalmente, com alguns vestidos para sair à noite, mas apenas por uma questão estética", diz Laurette.

Laurette é treinadora e pratica triatlo. "Quando eu trabalho, uso um sutiã esportivo sem aros. Mas quando eu corro, por exemplo, uso apenas uma blusa e não sinto qualquer tipo de desconforto", ela diz.

Desde o início, Laurette se sente confiante, porque nunca experimentou dor nos peitos quando se movimentava. Ela lembra que tudo a seu redor aconselhava a não praticar esportes sem sutiã, no entanto, ela continuou fiel ao projeto de Rouillon.

Segundo ela, os únicos inconvenientes são os olhares e os comentários de outros, mas ela prefere não notá-los. Um algumas ocasiões, entretanto, ela prefere usar um sutiã sem aros para evitar constrangimentos.

Resultados preliminares

Apesar dos primeiros resultados, Rouillon não quer tirar conclusões definitivas, uma vez que o grupo de mulheres estudadas não representa a população francesa.

Ele conta que estes são apenas resultados preliminares, e que ele continua sua pesquisa com mulheres mais velhas.

O cirurgião plástico Jean Masson, baseado em Paris, concorda com essas precauções. "As mulheres que participaram da pesquisa são jovens, elas não têm seios muito grandes," explica Masson.

"Para essas mulheres, pode não ser necessário o uso de um sutiã. No entanto, as coisas podem ser diferentes para aquelas com mais de 30 anos que ainda não tiveram filhos", diz Masson.

O cirurgião explica que, durante a gravidez, os seios ganham volume, o que afeta a elasticidade da pele da mama. E menos elasticidade significa que as glândulas mamárias podem se deslocar para baixo.

Mas então o que é melhor, usar ou não usar sutiã? Para se ter uma resposta clara e científica, vamos ter que esperar mais um pouco.

"Apesar de não ter a resposta no momento, é um problema que vale a pena ser levantado", conclui Rouillon, que afirma que nenhum estudo científico comprovou a eficácia do sutiã para manter os seios em pé.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130530_sutia_necessario_an.shtml. Acesso em 09 jul 2013.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Silicone aumenta chance de morte por câncer de mama, diz estudo

BBC BRASIL
1 de maio, 2013

Mulheres com implantes de silicone nos seios e que desenvolvem câncer de mama têm mais chances de morrer da doença, sugere uma pesquisa canadense.

Segundo o estudo, divulgado na publicação britânica British Medical Journal, as próteses não são as causadoras dos tumores, mas dificultam o diagnóstico do câncer em seus estágios iniciais.

Os autores da pesquisa, o epidemiologista Eric Lavigne e o professor Jacques Brisson, ambos da Universidade de Quebec, analisaram os resultados de 12 estudos publicados desde 1993 nos Estados Unidos, Canadá e no Norte da Europa.

Eles concluíram que mulheres com silicone tem 26% mais chances de serem diagnosticadas com câncer nos estágios avançados da doença - justamente porque a prótese impediu o diagnóstico no estágio inicial. Uma análise de cinco estudos mostrou que a chance de morte entre pacientes com prótese aumenta 38%.

Cautela

O estudo afirma que a presença do silicone dificulta a identificação do câncer por exames de raio-X e mamografias. Em contrapartida, o implante pode facilitar a detecção manual dos tumores porque fornece uma superfície contra a qual o nódulo se apoia.

"A pesquisa sugere que a cirurgia cosmética para aumento dos seios pode prejudicar o índice de sobrevivência entre mulheres que posteriormente são diagnosticadas com câncer de mama", afirmaram os pesquisadores.

No entanto, eles ponderam que os resultados devem ser interpretados com cautela, porque os dados de alguns estudos não se encaixam nos critérios da meta-análise, um método de pesquisa que tenta combinar resultados de estudos independentes sobre um único tema.

Os canadenses defendem a necessidade de mais estudos para investigar os efeitos a longo prazo dos implantes cosméticos de mama na identificação e prognóstico de câncer.

Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, em 2011 foram realizadas quase 149 mil cirurgias de aumento dos seios no Brasil, colocando o país atrás somente dos Estados Unidos no ranking do número de mulheres que realizam a cirurgia. Em todo o mundo, foram 1,2 milhão de cirurgias.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130501_silicone_cancer_fl.shtml. Acesso em 09 jul 2013.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Festival de culto ao pênis atrai multidão no Japão

Ewerthon Tobace
2 de abril, 2012

Festival do Falo de Aço atrai muitos turistas atrás de fotos inusitadas e boas risadas. O Kanamara Matsuri, ou Festival do Falo de Aço, atrai tudo que é tipo de público - desde pessoas que acreditam no culto ao órgão, que é reverenciado como se fosse algo divino, a turistas e curiosos, que querem tirar fotos inusitadas e rir um pouco.

No ponto alto da festa, duas esculturas de pênis gigantes saem pelas ruas. Alguns dos homens que carregam o chamado mikoshi, ou espécie de templo portátil, se vestem com roupas de mulher. A tradição indica que esse ritual aumenta a fertilidade dos envolvidos.

O festival é realizado há quatro décadas. Em um país com um índice relativamente baixo de natalidade, a festa acaba se tornando um incentivo aos casais.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/04/120401_festival_penis_et.shtml. Acesso em 22 jun 2013.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fêmea de espécie de peixe é atraída por parceiros bissexuais

BBC BRASIL
14 de dezembro, 2012

As fêmeas da espécie Poecilia mexicana, encontrada da Guatemala ao México, são conhecidas por preferir acasalar com machos que elas já viram interagir sexualmente com outros machos.

O estudo foi publicado na revista científica Biology Letters.

Na pesquisa, os cientistas, liderados por David Bierbach, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, descreveram o comportamento homossexual no reino animal como um "enigma".

"O comportamento homossexual masculino pode ser percebido em muitos bichos no reino animal, mas representa uma charada darwiniana, uma vez que a homossexualidade reduziria o desempenho reprodutivo masculino", escreveu Bierbach.

No entanto, chama atenção que muitos animais com comportamento homossexual também mantêm relações heterossexuais, incluindo pinguins e chimpanzés pigmeus (bonobos).

Biólogos sugerem que tal tendência possa gerar benefícios genéticos, apesar do aparente prejuízo reprodutivo.

Os peixes dominantes da espécie Poecilia mexicana, por exemplo, "beliscam" as áreas próximas às aberturas genitais de possíveis parceiras para indicar sua vontade de acasalar.

Cientistas sugerem que tal comportamento ajuda a demonstrar a qualidade dos machos, já que o número de "mordidinhas" seria diretamente proporcional à saúde e à virilidade.

No entanto, machos não-dominantes da mesma espécie são conhecidos por "beliscar" tanto fêmeas quanto outros machos.

Estudos sobre a Poecilia mexicana demonstraram que os peixes podem discernir os sexos baseados em feromônios e pistas visuais, descartando quaisquer teorias de que a abordagem se dá por desconhecimento.

Testes

A pesquisa foi feita em laboratório e testou o grau de "atração" que o peixe tinha por cada um de seus pares.

O resultado foi surpreendente. Nadando lado à lado, as fêmeas se sentiram mais atraídas por machos mais coloridos. Porém, também demonstraram interesse em machos que elas observaram "beliscando" tanto outras fêmeas quanto outros machos.

"Ficamos muito surpresos ao descobrir que as interações homossexuais tinham a mesma influência na preferência das fêmeas que as heterossexuais", explicou Bierbach.

"De qualquer forma, percebemos que a atividade sexual é uma característica usada pelas fêmeas para avaliar a qualidade dos machos", afirmou.

Os cientistas acreditam que o comportamento homossexual pode ser um recurso usado por machos menos imponentes e menos atrativos para "ganhar a atenção" das fêmeas.

"Alguns machos podem se tornar mais atrativos em relação às fêmeas por meio de interações homossexuais, que, em contrapartida, aumentam a chance, para esses mesmos machos, de obter uma relação heterossexual", explicou Biebarch à BBC.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/12/121214_peixes_bissexuais_lgb.shtml. Acesso em 14 dez 2012.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Mudança de sexo de estrela de Hollywood completa seis décadas

Chloe Hadjimatheou
3 de dezembro, 2012

A transformação, que acaba de completar 60 anos, foi resultado da primeira operação de mudança de sexo bem-sucedida realizada pela medicina moderna - e combinada, também de forma pioneira, com terapia hormonal.

Após voltar aos EUA, Christine Jorgensen tornou-se uma atriz de relativo sucesso em Hollywood, o que deu ainda mais repercussão a seu caso.

Nos anos 30, uma tentativa de fazer uma operação de mudança de sexo em Berlim havia terminado com a morte do paciente. As lições tiradas dessa experiência, porém, serviram como ponto de partida para a equipe dinamarquesa que operou Jorgensen.

História pessoal

"Ex-soldado vira beleza loira", anunciava a manchete de um jornal americano quando Jorgensen voltou da Dinamarca.

Jorgensen mal lembrava o tímido nova-iorquino que deixara o país meses antes. Havia se transformado em uma mulher esbelta de 27 anos, com lábios vermelhos e cílios longos e desceu do avião vestindo um casaco de pele.

Jorgensen crescera no Bronx, em Nova York, e desde que era adolescente sentia que era uma mulher "presa" no corpo errado.

"O jovem Jorgensen não se identificava com um homossexual, mas com uma mulher", diz o médico dinamarquês Teit Ritzau, que conheceu Jorgensen ao fazer um filme sobre a atriz nos anos 80.

No final do 1940, durante um curto período no Exército, Jorgensen leu um artigo sobre o médico dinamarquês Christian Hamburger, que estava fazendo experiências com terapia hormonal em animais.

Como os pais de Jorgensen eram dinamarqueses foi fácil justificar a viagem e, em 1950, o ex-soldado desembarcou em Copenhague sem contar a ninguém sobre suas reais intenções.

"Estava um pouco nervoso porque muita gente dizia que eu era louco. Mas o doutor Hamburger não parecia achar que havia nada estranho no que eu queria fazer", Jorgensen lembrou em uma entrevista.

Cirurgia

Hamburger foi o primeiro médico a diagnosticar Jorgensen como transexual e o encorajou a assumir sua identidade feminina e a se vestir como mulher.

Antes da cirurgia, o paciente tomou hormônios, que logo começaram a fazer efeito.

"O primeiro sinal de mudança foi um aumento no tamanho das glândulas mamárias. Depois, começou a crescer cabelo aonde o paciente tinha uma ligeira calvície", o médico notou.

Jorgensen também foi avaliado durante sua transformação pelo psicólogo Georg Sturup, que apresentou uma petição ao governo dinamarquês para uma mudança legal que permitiria a operação.

Depois de mais de um ano de terapia hormonal, Jorgensen foi submetido à primeira de uma série de cirurgias que o transformariam em Christine.

Exatamente o que foi feito nesta operação não está claro - e certamente desde então a técnica de reconstrução dos órgãos sexuais dos pacientes submetidos a cirurgias desse tipo evoluiu bastante.

"Mas a operação foi suficientemente bem-sucedida para deixar Jorgensen satisfeita", diz Teit Ritzau. "E aparentemente não houve complicações ou efeitos colaterais importantes em função do tratamento - o que é surpreendente para a época."

Vida pós-operação

Em seu retorno para os EUA, Christine Jorgensen foi recebida com fascínio, curiosidade e respeito pelos meios de comunicação e o público americano.

Sua família também parece ter apoiado sua decisão. "A natureza fez um erro que eu corrigi - agora sou sua filha", Jorgensen escreveu para os pais após a cirurgia.

Jorgensen foi acolhida por Hollywood e iniciou uma carreira como atriz. Foi convidada para inúmeras festas, assinou contratos para atuar no cinema e no teatro e foi coroada "mulher mais glamourosa do ano" pela Sociedade Escandinava de Nova York. Nos anos 60 e 70 também rodou o país fazendo shows nos quais cantava.

"Acho que todos queriam dar uma olhada (nos resultados da transformação)", disse, certa vez.

Ela teve menos sucesso na vida pessoal. Seu primeiro relacionamento sério foi rompido logo após o noivado.

No seguinte, Jorgensen foi impedida de se casar quando mostrou seu certificado de nascimento no cartório.

"A sua vida teve altos e baixos e ela teve um pequeno problema com álcool, mas no final era uma pessoa muito simples. Certa vez me disse que sua melhor companhia era ela mesma," diz Ritzau, comentando sobre a aparente solidão da atriz.

Jorgensen morreu de câncer aos 62 anos, em 1989.

Anos antes, voltou à Dinamarca para encontrar os médicos que permitiram sua transformação.

"Não começamos a revolução sexual, mas lhe demos um bom impulso", disse na ocasião.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/12/121203_mudanca_sexo_ru.shtml. Acesso em 08 dez 2012.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Saiba como a bicicleta revolucionou o sexo e a genética

BBC BRASIL
14 de novembro, 2012

Stephen Jones, professor do University College de Londres (UCL), uma das mais respeitadas instituições de ensino e pesquisa do país, destaca que a invenção da bicicleta foi o evento mais importante dos últimos 100 mil anos da história da evolução humana.

Para Jones, em entrevista ao programa da BBC Science Club, a bicicleta "fez com que os homens não se limitassem mais a encontrar sua companheira sexual na porta ao lado, mas, sim, transportar-se a aldeias vizinhas e manter relações sexuais com uma mulher do povoado ao lado".

Transporte barato e eficiente

Embora a bicicleta tenha sido inventada no início do século 19, não foi até pouco mais de um século atrás que se converteu em um fenômeno de massa.

Os primeiros modelos tinham rodas pesadas e pouco confiáveis, mas dois elementos transformaram a bicicleta em um dos milagres da tecnologia moderna: a corrente e as rodas com raios.

A roda com raios feitos de cabos de metal finos e esticados permitiu acelerar o funcionamento da bicicleta.

Antes da criação da corrente dentada, as rodas eram acionadas por meio de pedais acoplados, o que obrigava contar com uma roda frontal de enorme tamanho, que acabava sendo incômoda e instável.

A corrente, além das marchas, permitiu que, com apenas uma volta do pedal, a roda se movesse várias vezes e assim foi como nasceram, há um século, as bicicletas "seguras para damas".

Dessa forma, essa maravilha da engenharia se converteu em um sistema de transporte barato, eficiente, e acessível a homens e mulheres de todas as classes sociais.

Mais 'paqueras' e menos piano

A imprensa da época na Grã-Bretanha reportou que a invenção mudou a forma de cortejo entre os jovens do final do século 19.

Nos jornais britânicos daqueles dias, é possível encontrar notícias de que a bicicleta reduziu a frequência do comparecimento de pessoas à igreja, criou novas tendências de cortejo entre os jovens e até mesmo provocou uma diminuição no uso do piano.

Mas, além das transformações sociais, a ciência destaca que a contribuição mais importante da bicicleta se refletiu nos nossos genes.

Stephen Stearns, professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, defende que a bicicleta ampliou em 48 quilômetros a distância de 'paquera' dos homens ingleses no final do século 19.

Ele diz que a invenção estimulou ainda a pavimentação das ruas, o que facilitou, mais tarde, a incorporação do automóvel ao mundo do transporte.

Para os especialistas, deu-se assim o início a um processo de migração que dura até hoje.

Diversidade genética

Jones, do University College de Londres, ressalta que a distância entre o lugar de nascimento dos futuros cônjuges não parou de aumentar desde então.

O cientista pede aos leitores que se façam uma pergunta simples: Quão distante é a origem de seu marido/mulher em comparação com a dos seus pais?

"Se caminharmos por uma cidade como Londres hoje em dia, vemos uma variedade genética que não teríamos visto em outra época".

A bicicleta, segundo Jones, deu início assim a um caminho rumo à diversidade genética sem precedentes, algo que tem um papel primordial no desenvolvimento do nosso sistema imunológico – o que teve repercussões futuras cruciais para a humanidade.

"A diversidade genética é a base da evolução, se não a tivéssemos, ainda seríamos muito parecidos com os primatas", concluiu.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121113_bicicleta_sexo_genetica_jp.shtml>. Acesso em 15 nov 2012.