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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Homofobia: a dimensão de poder na estigmatização da diferença

Rita C. C. Rodrigues
Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3187, 23 mar. 2012 

Resumo: Este trabalho problematiza os desencadeadores das dinâmicas de violência física e simbólica manifestas sobre as homossexualidades e esboça uma análise política acerca das distintas formas de recepção dos gêneros fora da norma. Para tanto, propõe um quadro analítico que conjugue as dimensões do político de maneira contextualizada. Em uma primeira abordagem busquei compreender os motivadores dessa violência específica (homofobia), unicamente a partir do exame da diferença nos modos de recepção social às transgressões de “papel social” (gênero) e de orientação sexual (sexo). Ali, observava que a “bicha”, adotando a expressão social de gênero feminino, via sobre si incidir “o desdobramento do estigma do passivo sexual”. Incorporando o gênero historicamente construído e representado como inferior e desprezível, estaria, comparativamente à “lésbica” masculinizada, menos exposta às antagonizações mais visíveis. Sua infração aos sistemas de sexo e de gênero, portadora de uma valoração inferiorizante, desencadearia sanções circunscritas à inexpressividade social (pária), vale dizer, ao ridículo. 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Homossexualidade pode levar à pena de morte em cinco países

EFE
15/05/2012

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido em dez países, enquanto a homossexualidade é ilegal em 78 nações e pode implicar em pena de morte em cinco, informou um estudo global publicado nesta terça-feira. O documento Relatório sobre Homofobia Patrocinada pelo Estado, divulgado pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (ILGA), mostra um panorama da situação da homossexualidade no mundo.

O texto revela que 113 países autorizam a homossexualidade, enquanto 78 consideram ilegal a prática de sexo entre pessoas do mesmo gênero. Entre esses países, dez estão localizados na região do Caribe. As nações que puneam a homossexualidade com morte são Irã, Arábia Saudita, Iêmen, Mauritânia, Sudão. O mesmo acontece em outras regiões isoladas, como no norte da Nigéria e no sul da Somália.

Quinze países fixaram parâmetros para determinar a idade de consentimento para relações sexuais. O relatório também mostra que 24 nações proíbem a incitação ao ódio baseado na orientação sexual.

Reconhecimento - Com relação ao reconhecimento de direitos, dez nações permitem o casamento homossexual. Por ordem cronológica são eles: Holanda, Bélgica, Espanha, Canadá, África do Sul, Noruega, Suécia, Portugal, Argentina, e Islândia. Em outros 14 países, os casais do mesmo sexo contam com o reconhecimento de suas uniões civis, com direitos similares aos dos casais heterossexuais.

A adoção de crianças por casais homossexuais é admitida em 12 nações em igualdade de condições com os casais formados por parceiros de sexo diferente, entre eles o Brasil, e 18 possuem legislação específica para as pessoas que passaram por um processo de mudança de gênero.

Discriminação e violência - A Europa é a região do mundo onde os direitos dos homossexuais são mais atendidos. Só o norte do Chipre proíbe as uniões do mesmo gênero. No entanto, os homossexuais europeus ainda sofrem discriminação e violência, além de não terem a liberdade de expressão e demonstração de identidade totalmente reconhecidas.

Na América Latina, o maior problema enfrentado pelos homossexuais é a violência, pois a maioria dos países não possui legislação contra a homofobia, o que permite que muitos crimes fiquem impunes. Metade dos países da Ásia ainda criminaliza a homossexualidade e na África "a homofobia patrocinada pelo estado aumentou na última década", disse a ILGA. 


Disponível em <http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/homossexualidade-pode-levar-a-pena-de-morte-em-5-paises>. Acesso em 27 ago 2012.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Discurso plástico, patemização e homofobia: propostas para uma análise de mensagens visuais

Marcus Antônio Assis Lima
www.bocc.ubi.pt


Resumo:  Este estudo de caso procura apontar algumas questões teórico-metodológicas referentes à análise de mensagens visuais. Partindo das perspectivas da análise de Paul  Lester, iremos buscar na Teoria Semiolingüística de Patrick Charaudeau categorias analíticas que serão aplicadas em corpus composto de charge publicada na revista O Malho, em 1904, no Rio de Janeiro. Buscaremos apontar efeitos patêmicos homofóbicos, engendrados por um discurso lúdico, que buscaria a captação do interlocutor por meio do humor. Para tanto, procederemos a um "duplo estudo semiolingüístico": a análise visual e a verbal.








segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cresce número de brasileiros gays no exterior que pedem asilo alegando homofobia

Janaina Garcia
04/04/2012

Os pedidos de asilo político feitos por brasileiros gays que vivem no exterior passaram de três, em todo o ano de 2011, para 25 apenas nos três primeiros meses deste ano. A informação é da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais), que afirma ter remetido os casos à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

De acordo com o presidente da entidade, Toni Reis, os pedidos se referem a tentativas de asilo principalmente em países como Estados Unidos e Canadá, e ganharam força após notícias de violência contra homossexuais  em cidades brasileiras como São Paulo –onde diversos casos foram notícia, ano passado, sobretudo com a avenida Paulista de palco das agressões.

Segundo Reis, apesar de remeter à SDH os casos que chegam, a própria associação ainda não assumiu um posicionamento formal sobre esses pedidos. O motivo, diz ele, é a possibilidade de que parte dos autores desses pedidos se valham de casos recentes de violências contra homossexuais no Brasil como escudo a tentativas de asilo político tentados, mas não obtidos.

“Temos cartas de pessoas dizendo que não dá pra viver no Brasil, e sempre com a alegação de homofobia no nosso país. Antigamente endossávamos esses pedidos com um relatório de assassinatos de homossexuais --foram 3.500 ao longo de 20 anos--, além do fundamentalismo religioso de um Bolsonaro da vida”, disse Reis, referindo-se ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que provocou a ira dos defensores dos direitos LGBT, ano passado, com declarações polêmicas e consideradas ofensivas.

Para o militante, no entanto, o aumento de pedidos de asilo omite a adoção de políticas públicas específicas ao público LGBT, por exemplo, e a conquista de direitos civis, por meio do poder Judiciário, como a união estável garantida ano passado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

“Sabemos que algumas pessoas usam a questão da homofobia para tentar mesmo o asilo político. E não somos um Irã. Mas também é fato que os homofóbicos estão ‘saindo do armário’, o que torna um absurdo a homofobia ainda não ter sido criminalizada”, defende Reis. “Acho que ainda dá para viver aqui; se piorar, aí a gente vai mesmo ter que sair do país”, completou.

Não criminalização da homofobia

Para a presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Maria Berenice Dias, os pedidos de asilo não são uma novidade -- mas o aumento deles, sim.

A advogada -- uma das pioneiras, no Brasil, em direito homoafetivo -- considera, a exemplo do presidente da ABGLT, que a não criminalização da homofobia é a raiz de iniciativas como essa por parte de brasileiros residentes fora. “A homofobia pais é uma realidade social, e a ausência de uma legislação que a criminalize, por si só, já justifica esses pedidos de asilo”, definiu.

Na opinião da especialista, o avanço das tentativas de asilo não se revela medida extrema, mas, sim, “necessária”. “É medida necessária à medida em que se tem um número muito significativo de violência sem qualquer tipo de repressão. E acho até bom que esses asilos sejam concedidos, pois acabam até expondo o Brasil a um constrangimento --porque o Judiciário avança em termos de reconhecimento de direitos civis, mas na criminalização está difícil de avançar”, constatou a presidente da comissão.

Direitos Humanos

Procurada, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República informou, por meio de nota, que “tem trabalhado para enfrentar a violência homofóbica no Brasil de forma preventiva e repressiva”, seja por meio de campanhas institucionais ou em parcerias com veículos de comunicação, ou por meio de termos de cooperação com as secretarias estaduais de Segurança Pública.

A nota diz ainda que o governo brasileiro “cumpre com as recomendações das Nações Unidas e está realizando o levantamento dos dados de homofobia no Brasil” e ressalta que o cidadão pode denunciar casos pelo telefone 100, 24 horas por dia, anonimamente. Esses dados, continua a SDH, “demonstram que o Brasil desenvolve políticas públicas para que a população LGBT não seja obrigada a sair do país devido a sua orientação sexual”.

Não foram informados, contudo, quais encaminhamentos foram dados a pedidos de asilo que a ONG ABGLT afirma ter repassado à SDH.

Disponível em <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/04/04/cresce-numero-de-brasileiros-gays-no-exterior-que-pedem-asilo-alegando-homofobia.htm>. Acesso em 16 jun 2012.

terça-feira, 29 de maio de 2012

GB - Gays Bacanas

Ivan Lessa
18 de maio de 2012 

Na quinta-feira, dia 17, quando se comemorou o Dia Internacional contra a Homofobia e a Transfobia, um estudo – o primeiro no gênero – fez um levantamento da situação no Continente e chegou-se à conclusão de que o Reino Unido é o melhor país europeu para aqueles que se dedicam ao amor gaio, bissexual, transgênero e pessoas ditas intersexuais.

No Reino Unido, revela a obra que esteve um bom tempo em gestação, é onde os gays, para usar de um rótulo geral, porém não desabonador, têm mais oportunidade de exercitar seus direitos legais e até mesmo paralegais.

O reconhecimento da chamada "parceria civil" e as leis antidiscriminatórias elevaram a nação, com Família Real, Câmara dos Lordes, Parlamento e toda sua pompa e circunstância, ao topo da Associação Européia Internacional Lésbica e Gay (a ILGA-Europa) cujo index dá notas a 49 países em mais de 40 categorias.

O casamento, propriamente dito, parece ser agora apenas uma questão de tempo. O povo está deixando bem claro sua posição nessa história: pouco importa sua sexualidade, casamento, com véu e grinalda, se quiserem os nubentes, é uma reunião de dois entes que se querem e desejam, diante dos olhos de Deus e dos homens, passarem o resto de suas vidas juntas.

Quem previsse este estado de coisas há uns 10 anos seria chamado de louco ou, em cidades e vilarejos mais obscurantistas (e como os há), talvez até caçado a pedradas ou, mais extremameente, queimado na fogueira.

O país, que vive dias de inquietude, graças à recessão e a agora notória desiguladade social, diante, ou melhor, sob um governo vacilante, contraditório e, segundo os mais extremados, à deriva das grandes questões do momento, ainda não abriu de todo seu jogo nessa questão que, em partes mais atrasadas do mundo, ainda é, com sorte, apenas tabu.

A Grã-Bretanha é o país onde gays, lésbicas, transexuais e transgêneros sentem-se mais seguros e mais a salvo dos chamados "crimes de ódio" ou meras galhofas e maldades.

A Grã-Bretanha, segundo sua ministra da Justiça, Theresa May, por uma vez na vida (vive em apuros essa notável política), se disse "satisfeitíssima" em constatar que seu país liderava e mostrava às outras nações continentais qual o destino a obedecer.

Não poupou elogios também ao ministério do Exterior, que foi dos primeiros a abrir o caminho para, em meio a tantas vicissitudes outras, o país mostrar o caminho a seguir numa questão humana de rara sensibilidade, tendo inclusive colocado no papel o primeiro plano de ação transgênero. E acrescentou a ministra Theresa May: "Precisamos evitar a complacência e continuar fazendo do Reino Unido um grande país para todos viverem e trabalharem juntos".
O que foi o equivalente a uma bofetada na Rússia e na Moldávia, países que, juntamente com Ucrânia, Armênia, Belarus, Azerbaijão e Turquia, e talvez até mais surpreendentemente, Macedônia, Lichtenstein, Mônaco e San Marino ficaram lá por baixo no ranking gay.

Reino Unido ou Grã-Bretanha, chamem de que quiserem, mas ainda continua líder em muita coisa importante neste continente cada vez mais velhão e patusco.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120518_ivanlessa_is.shtml>. Acesso em 23 mai 2012.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

PNUD apoia iniciativas contra homofobia

PNUD
Brasília, 17/05/2012

Nesta quinta-feira (17), Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia, a Administradora do PNUD, Helen Clark, divulgou mensagem sobre o tema alertando sobre as desigualdades ainda existentes relativas aos direitos civis de indivíduos LGBT e reforçando o apoio do PNUD a iniciativas que promovam a compreensão do impacto negativo da homofobia e da transfobia e que reduzam as violações dos direitos humanos.

“Enquanto muitos governos têm direitos civis iguais ampliados para todos, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero, as desigualdades persistem. Em mais de setenta países, a homossexualidade ainda é criminalizada e em muitos outros as uniões do mesmo sexo não são reconhecidas”, destacou a dirigente.

O Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia comemora a decisão da Organização Mundial da Saúde em 1990 de retirar a homossexualidade da lista de transtornos mentais. “Esse foi, de fato, um marco histórico e, desde então, tem havido muito progresso”, disse Helen na mensagem.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, também fez referência à data. 

Nesta quarta-feira (16), o combate à homofobia foi tema de atividades em Brasília. Além de uma marcha nas ruas da capital federal, foi realizado um seminário no Senado com representantes de entidades LGBT. No evento, a senadora Marta Suplicy destacou a necessidade da sociedade civil se mobilizar nos estados e municípios visando obter apoio da maioria dos senadores para aprovar o projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122/06). Relatora do projeto, Marta afirmou que a mudança de postura na sociedade é necessária para dar respaldo à maioria silenciosa de parlamentares que, segundo ela, apoiam o PLC mas não sabem qual a opinião da população em suas bases eleitorais.

A senadora também avalia que a pressão da sociedade poderia levar a presidenta Dilma Rousseff a adotar uma posição mais clara e favorável ao tema. “Só vamos mudar a situação atual e aprovar o projeto quando os ‘não gays’ assumirem que não querem mais violência e discriminação contra os homossexuais”, declarou a senadora.

Para ajudar a sensibilizar a sociedade em relação ao tema, o PNUD Brasil desenvolve um projeto que foca especialmente na promoção de debates e da conscientização sobre a necessidade urgente de reforçar os quadros jurídicos e legislativos para combater a homofobia e a violência de gênero. “É essencial envolver a sociedade como um todo e provocar e aprofundar essa discussão. Não se trata apenas de quebrar estigmas e preconceitos, trata-se de combater a violência e garantir os direitos humanos de todos os cidadãos”, destaca Joaquim Fernandes, Oficial de Programas do PNUD.

“Os crimes de ódio que têm acontecido pela não aceitação da identidade de gênero e diversidade sexual ocorrem no Brasil inteiro e com uma violência brutal, por vezes resultando na desfiguração do rosto das vítimas. E, o que é pior, quem comete esses crimes não é preso, pelo fato de que a criminalização contra a homofobia não é prevista em lei”, alerta Fernandes, ressaltando que as delegacias não estão preparadas para lidar com esse tipo de agressão. “Os crimes de ódio estão tipificados em lei, mas os ‘crimes homofóbicos’, não, por isso os agressores, quando pegos, acabam sendo soltos, e isso precisa mudar”, diz Fernandes.

Disponível em <http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3922&lay=cid>. Acesso em 23 mai 2012.

sábado, 26 de maio de 2012

Maioria dos jovens brasileiros discrimina LGBTs, afirma pesquisadora

Agência Câmara 
15 de maio de 2012 

A pesquisadora Miriam Abramovay, coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), disse há pouco que a maioria dos jovens brasileiros ainda têm atitude bastante preconceituosa em relação à orientação e práticas não heterossexuais. Pesquisa coordenada por ela apontou que 45% dos alunos e 15% das alunas não queriam ter colega LGBT. 

Segundo ela, o jovem brasileiro tem menos vergonha de declarar abertamente esse preconceito contra LGBTs do que de declarar a discriminação contra negros. Ela participa do 9º Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT).

Conforme Miriam, esse preconceito se traduz em insultos, violências simbólicas e violência física contra jovens LGBTs. Ela destaca que se trata de violência homofóbica, por parte de toda a sociedade, inclusive de familiares, e não apenas bullying (que é a violência entre pares). De acordo com a pesquisadora, essa violência gera sentimentos de desvalorização e sentimentos de vulnerabilidade em jovens LGBTs. 

Há casos, inclusive, de jovens que abandonam a escola por conta dessa violência. “Os adultos da escola não se dão conta disso, porque na escola em geral reina a lei do silêncio”, aponta. Ela destacou ainda que não há pesquisas no Brasil sobre homofobia na infância, apenas na juventude.

Para a professora da Universidade de Brasília Maria Lucia Leal, as ações de enfrentamento da violência e preconceito contra LGBTs ainda são muito fracas, especialmente na escola. “A sexualidade ainda é tabu, seja para adultos, seja para crianças e adolescentes, e a hipocrisia ainda é uma realidade estruturante no debate sobre a sexualidade”, disse. Maria Lucia, que é coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Violência, Tráfico e Exploração Sexual de Crianças, Adolescentes e Mulheres, ressaltou que no século XIX e até meados do século XX, a homossexualidade foi considerado uma doença.

Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), é urgente que o governo retome o projeto "Escola sem Homofobia".

Disponível em <http://brasil.gay1.com.br/2012/05/maioria-dos-jovens-brasileiros.html#>. Acesso em 23 mai 2012.

sábado, 19 de maio de 2012

Desafiando preconceito, cresce número de igrejas inclusivas no Brasil

Luís Guilherme Barrucho
Atualizado em  27 de abril, 2012

Estimativas feitas por especialistas a pedido da BBC Brasil indicam que já existem pelo menos dez diferentes congregações de igrejas "gay-friendly" no Brasil, com mais de 40 missões e delegações espalhadas pelo país.

Concentradas, principalmente, no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, elas somam em torno de 10 mil fiéis, ou 0,005% da população brasileira. A maioria dos membros (70%) é composta por homens, incluindo solteiros e casais, de diferentes níveis sociais.

O número ainda é baixo se comparado à quantidade de católicos e evangélicos, as duas principais religiões do país, que, em 2009, respondiam por 68,43% e 20,23% da população brasileira, respectivamente, segundo um estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

O crescimento das igrejas inclusivas ganhou força com o surgimento de políticas de combate à homofobia, ao passo que o preconceito também diminuiu, alegam especialistas.

Hoje, segundo o IBGE, há 60 mil casais homossexuais no Brasil. Para grupos militantes, o número de gays é estimado entre 6 a 10 milhões de pessoas.

Segundo a pesquisadora Fátima Weiss, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que mapeia o setor desde 2008, havia apenas uma única igreja inclusiva com sede fixa no Brasil dez anos atrás.

"Com um discurso que prega a tolerância, essas igrejas permitem a manifestação da fé na tradição cristã independente da orientação sexual", disse Weiss à BBC Brasil.

O número de frequentadores dessas igrejas - que são abertas a fiéis de qualquer orientação sexual - acompanhou também a emancipação das congregações. Se, há dez anos, os fiéis totalizavam menos de 500 pessoas; hoje, já são quase 10 mil - número que, segundo os fundadores dessas igrejas, deve dobrar nos próximos cinco anos.

Resistência

As igrejas inclusivas ainda enfrentam forte resistência das comunidades católicas e evangélicas. Embora a maior parte delas siga a tradição cristã - pregando, inclusive, o celibato antes do casamento e a monogamia após o matrimônio - ainda não são reconhecidas oficialmente por nenhum desses dois grupos.

Não raro, em igrejas tradicionais, os homossexuais são obrigados a esconder sua opção sexual. Descobertos, acabam sendo expulsos - ou, eventualmente, submetidos a tratamentos de "conversão" para se tornarem heterossexuais.

"Segundo a Bíblia, homossexualidade é pecado. Na igreja evangélica, gay só entra caso queira se converter e, para isso, tem de se tornar heterossexual. É uma regra de Deus", disse à BBC Brasil Silas Malafaia, fundador de uma das principais igrejas evangélicas do Brasil, a Assembleia de Deus - Vitória em Cristo.

"Tenho vários casos de ex-gays na minha igreja. Trata-se de um desvio de comportamento; afinal, gays têm a mesma ordem cromossômica que nós, heterossexuais. Depende deles, portanto, mudar sua opção sexual para serem aceitos na nossa comunidade", acrescenta.

A pernambucana Lanna Holder, de 37 anos, acreditava poder "curar" a atração que sentia por mulheres que, segundo ela, vinha "desde a infância". Usuária de drogas e alcoólatra, Lanna converteu-se a uma igreja evangélica aos 21 anos, passando a fazer pregações no interior do Brasil.

"Enquanto todas as meninas brincavam de boneca, eu soltava pipa e jogava futebol", lembra ela à BBC Brasil.

Lanna tornou-se uma das principais pregadoras da igreja Assembleia de Deus, a mais importante do ramo pentecostal no Brasil. Casou-se aos 24 anos e, dois anos depois, teve um filho.

Mas durante uma viagem aos Estados Unidos em 2002, conheceu outra pregadora, Rosania Rocha, brasileira que cantava no coral de uma filial da igreja em Boston. Um ano depois, elas tiveram um caso amoroso às escondidas e acabaram expulsas da comunidade.

De volta ao Brasil em 2007, Lanna teve a ideia de criar uma igreja voltada predominantemente para homossexuais que, como ela, não ganharam acolhida em outra vertente religiosa. Ela montou a "Comunidade Cidade Refúgio", no centro de São Paulo.

De reuniões pequenas, com apenas 15 pessoas, a igreja possui hoje 300 fiéis e planeja abrir uma filial em Londrina, no Paraná, até o fim deste ano.

Origem

O embrião das igrejas inclusivas começou a surgir no Brasil na década de 90, em pequenas reuniões feitas normalmente sob sigilo.

Nos Estados Unidos, entretanto, elas já existem há pelo menos quatro décadas, praticando o que chamam de "teologia inclusiva", com um discurso aberto à diversidade.

Um das pioneiras foi a Igreja da Comunidade Metropolitana (ou Metropolitan Church), a primeira a ter sede própria no Brasil, em 2002.

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/120329_igrejas_tolerancia_gays_lgb.shtml>. Acesso em 12 mai 2012.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Primeira condenação na Rússia por propaganda homossexual

AFP
04/05/2012

Um líder da GayRussia foi condenado nesta sexta-feira por propaganda homossexual por um tribunal de São Petersburgo, convertendo-se assim na primeira pessoa condenada com base numa nova lei da segunda cidade da Rússia, considerada homófoba pelos defensores da liberdade.

Nikolai Alexev informou à AFP ter sido condenado a uma multa de 5.000 rublos (128 euros) por ter infringido este texto que castiga os autores de qualquer "ato público que promova a homossexualidade ante os menores ou a pedofilia".

Foi detido pela polícia no início de abril por ter se manifestado ante a Casa de Cultura para os jovens de São Petersburgo, agitando junto a outros militantes cartazes com dizeres como "os homossexuais também nasceram na Terra - Não se pode mentir para as crianças", para protestar contra a nova lei que entrou em vigor em março.

"Isso mostra o absurdo desta lei que associa homossexualidade e pedofilia", denunciou Alexev, que vai recorrer à Corte Europeia dos Direitos Humanos.

A homossexualidade foi considerada crime na Rússia até 1993 e doença mental até 1999.

As tentativas de organizar o Dia do Orgulho Gay desde 2006 foram proibidas pelas autoridades e dispersadas pela polícia.


Disponível em <http://exame.abril.com.br/economia/politica/noticias/primeira-condenacao-na-russia-por-propaganda-homossexual-3>. Acesso em 12 mai 2012.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Eu sou a favor do casamento gay", revela Sandy em entrevista

Vírgula
24/03/2012  

Sandy abriu o coração em entrevista ao jornal O Globo, deste sábado (24), e declarou que é a favor da descriminalização do aborto, apoia o casamento gay e que não se considera uma atriz – apesar de sua participação na série As Brasileiras, ter sido protagonista da novela Estrela Guia e atuado em um seriado ao lado de seu irmão, Júnior Lima.

"Não posso dizer que me sinto diferente, nem que as pessoas tenham preconceitos contra minha pessoa como atriz, por um único motivo: eu não sou atriz. Eu estava brincando de ser atriz. Nesses momentos posso ser chamada de atriz, mas não tenho essa formação. Então, melhor eu não me encaixar muito para não ser comparada com as feras. Não tenho a pretensão de virar a Fernanda Montenegro da noite para o dia", disse.

Em sua participação no seriado As Brasileiras, Sandy vai interpretar a protagonista do episódio A Reacionária do Pantanal, uma personagem com forte preconceito contra homossexuais, Questionada sobre seu posicionamento sobre o tema, a cantora disse defender a união entre pessoas do mesmo sexo.  

"Vejo como uma coisa natural. Sou a favor do casamento gay. Acho que todo mundo tem os mesmos direitos: de ser feliz. O problema maior hoje é a homofobia, crime hediondo, cruel. A gente, às vezes, fica focada nos grandes centros, e esquece que no interior do país, nos redutos atrasados, a homofobia está presente de forma muito mais selvagem, diante da ausência do Estado", explicou.

A cantora também surpreende ao defender, em termos, a descriminalização do aborto. "Aborto, sob o ponto de vista jurídico, é crime. Eu defendo a descriminalização, principalmente quando a gravidez representa risco para a mãe ou o bebê".

Sobre sua religião, ela revelou não ser praticante, apesar de batizada na igreja católica. "Eu me casei na igreja católica e luterana, que é a do meu marido. Não sou a favor de alguns preceitos da igreja. Sou contra o celibato, por exemplo, e acho muito retrógrado não usar camisinha".  

Disponível em <http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/musica/2012/03/24/296939-eu-sou-a-favor-do-casamento-gay-revela-sandy-em-entrevista>. Acesso em 05 mai 2012.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pessoas homofóbicas podem ser homossexuais disfarçados

Alagoas24horas
16 abril, as 13:30

Um novo estudo sugere um pouco de autorreflexão entre aqueles que são hostis com os gays: talvez os agressores também sejam homossexuais.

“Esse estudo mostra que, se você está sentindo o tipo de reação visceral contra outro grupo, você deveria se perguntar ‘porque?’”, afirma um dos autores, Richard Ryan. “Algumas vezes, as pessoas são hostis com os gays e lésbicas porque têm medo dos próprios impulsos e podem não aceitar os outros porque não conseguem aceitar a si mesmos”.

Entretanto, Ryan deixa claro que essa ligação não é a única fonte de sentimentos anti-gays. Não é porque alguém os odeia, que definitivamente também é gay.

Homossexualidade escondida

Em quatro estudos, os pesquisadores analisaram as diferenças entre o que as pessoas dizem sobre sua orientação sexual e sua orientação verdadeira, baseado no tempo das reações.

Os participantes tiveram que categorizar palavras e imagens como sendo “gays” ou “heteras”. Entre as palavras, estavam “gay”, “hétero”, “homossexual” e “heterossexual”; as imagens mostravam casais gays e heterossexuais. A primeira palavra a aparecer era “eu” e “outros”. De acordo com os pesquisadores, reações rápidas para “eu” com “gay”, e devagar para “eu” e “heterossexual”, indicavam uma orientação homossexual implícita.

Em outro experimento, a orientação verdadeira foi analisada com os participantes escolhendo entre ver fotos do mesmo sexo ou do sexo oposto. 

Questionários também foram feitos para analisar o tipo de pais que os participantes possuíam.

Pais controladores

Em todos os estudos, participantes com pais mais abertos e compreensivos estavam mais em contato com sua orientação sexual verdadeira. Aqueles que apontaram os pais como autoritários tiveram a maior discrepância entre a orientação sexual apontada e a “calculada”.

“Em uma sociedade predominantemente heterossexual, conhecer a si mesmo pode ser um desafio para muitas pessoas homossexuais. Em casas controladoras e homofóbicas, abraçar uma orientação sexual minoritária pode ser terrível”, afirma a líder do estudo, Netta Weinstein.

Os participantes que afirmaram ser heterossexuais, mas que possuíam desejos escondidos pelo mesmo sexo, também foram os que demonstraram mais hostilidade contra os gays, inclusive apoiando punições contra eles.

“Nós achamos engraçado essa hipocrisia gritante, mas na vida real, essas pessoas [que negam a própria sexualidade] podem frequentemente se sentir vítimas de repressão ou experimentar sensações de ameaça”, comenta Ryan. “A homofobia pode gerar consequencias trágicas”.


Disponível em <http://www.boainformacao.com.br/2012/04/pessoas-homofobicas-podem-ser-homossexuais-disfarcados/>. Acesso em 30 abr 2012.

domingo, 4 de março de 2012

PNUD e parceiros lançam campanha para combater homofobia e violência de gênero

PNUD
Brasília, 16/12/2011

Teve início esta semana uma campanha nacional de sensibilização contra a homofobia e para a divulgação dos direitos de LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros. A iniciativa é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e a UNESCO. O objetivo é contribuir para o avanço da construção de uma cultura de respeito à diversidade, de valorização da igualdade e de promoção dos direitos humanos universais, incondicionais para todos os cidadãos, indiscriminadamente.

A campanha tem um caráter participativo junto à comunidade LGBT, já que contará com a distribuição de um questionário a todos os participantes da II Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de LGBT, que acontece de 15 a 18 de dezembro em Brasília. "Esta consulta é um ponto de partida essencial para descobrirmos como a comunidade LGBT quer e precisa ser mostrada para toda a sociedade durante a campanha", afirma o profissional de comunicação Percival Caropreso, contratado pelo projeto.

Os resultados dos questionários serão tabulados e as principais conclusões servirão de base para o trabalho de comunicação a ser desenvolvido nos meses seguintes. A expectativa é de que spots de TV possam ser criados e veiculados nacionalmente a partir de março de 2012.
"Nós já tivemos um pontapé inicial muito importante", conta Joaquim Fernandes, oficial de programas do PNUD e coordenador da campanha. "Em parceria com o PNUD, a SDH e a UNESCO, a Rede Globo produziu um spot de TV com foco na sensibilização contra a discriminação a homossexuais. Esta peça de 30 segundos, que é mais uma iniciativa de combate à homofobia no país, começará a ser veiculada nos intervalos da programação da emissora até o fim do ano", relata Fernandes.

A campanha nacional de mobilização tem como origem um projeto do PNUD que busca, além de sensibilizar a sociedade para o problema, promover o debate e a conscientização sobre a necessidade urgente de reforçar os quadros jurídicos e legislativos para combater a homofobia e a violência de gênero; criar ambientes propícios de leis e direitos humanos para responder ao HIV; e promover a igualdade de gênero, o avanço e o empoderamento das mulheres.

Nesse sentido, outra etapa prevista pela campanha é a realização de diálogos com representantes dos poderes Legislativo e Judiciário e a identificação de lideranças parlamentares interessadas em apoiar essas ações e aprovar a criminalização da homofobia prevista no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006. Atualmente o PLC 122 está tramitando no Congresso à espera de aprovação pelo Senado.

"Estimamos que os impactos e resultados da campanha possam criar condições para sensibilizar os poderes legislativo, judiciário e executivo na avaliação do Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero", afirma Fernandes.

"É nesse sentido mais amplo e participativo que a campanha nacional proposta pelo PNUD e parceiros vem sendo desenvolvida. Achamos importante envolver a sociedade como um todo e provocar e aprofundar essa discussão. Não se trata apenas de quebrar estigmas e preconceitos, trata-se de combater a violência e garantir os direitos humanos de todos os cidadãos. É uma tarefa árdua, sem dúvida, e para cumpri-la devemos contar com o apoio e a mobilização de todos", completa.

Situação da homofobia no Brasil

De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil lidera o ranking mundial de homicídios contra homossexuais. O Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais de 2010 divulgado pela entidade informa que foram registrados 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil no ano passado, 62 a mais que em 2009. Houve um aumento de 113% nos últimos cinco anos. Dentre os mortos, 140 eram gays (54%), 110 eram travestis (42%) e 10 eram lésbicas (4%). Segundo o GGB, o risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior que nos Estados Unidos. Lá, em 2010, foram registrados 14 assassinatos de travestis.

A ONU acredita que esta situação pode ser revertida com educação sexual nas escolas, fortalecendo a justiça e as capacidades de força policial, com a implantação de políticas afirmativas que garantam cidadania plena do grupo LGBT, bem como um maior cuidado por parte de gays, travestis e lésbicas.

Apelo do Secretário-Geral da ONU

Em mensagem divulgada no dia 08/12, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo para que o assédio homofóbico contra jovens e adultos seja fortemente combatido. Ban discursou durante a abertura de um evento realizado em Nova York sobre a violência e a discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero.

"O bullying deste tipo não se restringe a poucos países, mas se passa nas escolas e comunidades locais em todas as partes do mundo. Ele afeta os jovens durante todo o caminho para a vida adulta, causando enorme e desnecessário sofrimento. Crianças intimidadas podem entrar em depressão e abandonar a escola. Algumas são até mesmo levadas ao suicídio. Isto é um ultraje moral, uma grave violação dos direitos humanos, além de ser uma crise de saúde pública. É também uma perda para toda a família humana quando vidas promissoras são interrompidas prematuramente", disse o Secretário-Geral.

"Combater este problema é um desafio comum. Nós todos temos um papel, seja como pais, familiares, professores, vizinhos, líderes comunitários, jornalistas, figuras religiosas ou funcionários públicos. Mas é também, para os Estados, uma questão de obrigação legal. Pelos direitos humanos internacionais, todos os Estados devem tomar as medidas necessárias para proteger as pessoas – todas as pessoas – da violência e da discriminação, incluindo aquelas motivadas pela orientação sexual e identidade de gênero."

Disponível em <http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3866&lay=cid>. Acesso em 29 fev 2012.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Meia inglês é multado por comentário homofóbico na web

Associated Press
22/02/2012 - 15h54

Ravel Morrison, do West Ham, foi considerado culpado e acabou multado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, pela sigla em inglês) por fazer uma declaração homofóbica no Twitter no mês passado.

O meio-campista de 19 anos, que foi transferido do Manchester United para os líderes da segunda divisão inglesa no prazo final de transferência, fez o comentário em uma resposta a outro usuário.

Morrison foi multado em 7 mil libras (pouco menos de R$ 20 mil). "Ele levou uma advertência depois que admitiu ter abusado e/ou insultado usando termos que vão para a orientação sexual da pessoa", disse a FA, em nota.

A FA escreveu para Morrison na primeira semana de fevereiro para ouvir o lado dele.
Um comunicado no site da FA dizia : "Ravel Morrison do West Ham United foi acusado sob a Regra E3 da FA de usar palavras injuriosas e/ou ofensivas, incluindo uma referência à orientação sexual de uma pessoa".

Morrison, visto como um dos jovens mais promissores a surgir de Old Trafford nos últimos anos, teve permissão de deixar o clube por cerca de 650.000 libras (cerca de R$ 2 milhões) depois de fazer apenas três aparições substitutas na Copa da Liga nas duas últimas temporadas.

Ele se envolveu em várias controvérsias fora de campo quando estava no United e ainda precisa estrear no Hammers, que foram rebaixados do Campeonato Inglês na temporada passada e estão a caminho de voltar à elite do futebol inglês.

Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1051989-meia-ingles-e-multado-por-comentario-homofobico-na-web.shtml>. Acesso em 29 fev 2012.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Padre católico espanhol impede batizado ao descobrir que padrinho é gay

Anelise Infante
Atualizado em  23 de dezembro, 2011 - 06:39 (Brasília) 08:39 GMT

O escolhido para padrinho de uma menina de seis meses é um homossexual que está casado no civil com outro homem, algo permitido pela lei espanhola.

É também ex-catequista, trabalhador da Cáritas (seção de ajuda humanitária da igreja católica), membro de confrarias e se diz católico praticante.

Em declaração à imprensa espanhola, a mãe da criança, Dolores Muñoz, disse que a família e os padrinhos cumpriam todas as normas requeridas pelo sacerdote quando levaram a documentação.

"Perguntaram se pais e padrinhos estavam batizados e confirmados. Depois se todos estávamos casados e respondemos que sim. Nunca pensamos que teríamos que avisar que ele era casado, mas com um homem. As normas, ele cumpria", explicou ela.

Mas para o padre, Manuel García, a revelação da homossexualidade do padrinho foi motivo para impedir o batismo. No último sábado ele disse à família que só batizaria o bebê se escolhessem outro padrinho.

'Vida congruente'

Os pais da menina enviaram uma carta ao arcebispo da província de Jaén e nesta quinta-feira denunciaram publicamente, com uma associação de homossexuais, o caso que definem como discriminatório.

A polêmica provocou uma resposta pública do arcebispado, que enviou um comunicado apoiando o padre e advertindo que um padrinho católico precisa ter uma vida "congruente".

A nota cita o Código de Direito Canônico, cânon 874, que descreve os requisitos para os padrinhos de batismo: "deve ser católico, estar confirmado, ter recebido o santíssimo sacramento da Eucaristia e levar uma vida congruente com a fé e a missão que vai assumir".

"O avanço das mentalidades é lento. Na Igreja Católica mais lento ainda do que no resto da sociedade, mas há confiança em que este avanço aconteça."
Nota da Associação Colega

Sem usar as expressões gay ou homossexual, a nota do clero diz ainda que não se trata de um caso de discriminação.

"Esclarecemos este tema para evitar os juízos sobre uma suposta discriminação na atuação do sacerdote, que apenas reitera a necessidade de cumprir a normativa eclesiástica universal."

Para a Associação Colega - Coletivo de Gays, Lésbicas e Transexuais - a decisão da igreja é "uma homofobia sacerdotal".

O grupo, que apoiará a família num processo contra o arcebispado, também se manifestou numa nota pública, afirmando que "custa entender que um sacerdote persista no discurso de discriminação e ódio, em vez de propagar as mensagens de amor e respeito que anuncia o Evangelho".

A associação disse ainda que, nos próximos dias, diversos voluntários procurarão o padre de Huelma para entregar-lhe um documento chamado "guia breve de consciências limpas".

O guia, segundo o coletivo, pretende explicar "que a fé cristã e a homossexualidade são compatíveis" e que os gays compreendem que "o avanço das mentalidades é lento. Na Igreja Católica mais lento ainda do que no resto da sociedade, mas há confiança em que este avanço aconteça."

Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111222_batizado_gay_espanha_ai.shtml>. Acesso em 16 fev 2012.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Escolas ainda não sabem lidar com os alunos gays

Ana Aranha
24/04/2009 - 23:01 - Atualizado em 24/04/2009 - 23:31

No começo do ano, Daniel foi recusado em sete escolas particulares de São Paulo. Ele é transexual, um menino que se sente e age como uma menina. Só conseguiu vaga em uma escola especial, para alunos com alguma deficiência.

Quando era aluno de colégio federal do Rio de Janeiro, Pedro Gabriel Gama fez um protesto na escola contra a falta de água. No dia seguinte, ouviu do diretor: “Isso é coisa de veado!”.

Em uma escola particular de Araguaína, Tocantins, Lídia Vieira Barros brigou com uma aluna que a chamava de “sapatão”. No dia seguinte, Lídia foi mandada à orientação psicológica. A outra, não.

Em Piracicaba, interior de São Paulo, um aluno move ação contra a Secretaria de Educação. No meio de uma aula sobre fotossíntese, no ano passado, o professor se recusou a lhe entregar uma apostila. “As bichinhas não precisam desse material”, disse.

Os quatro episódios narrados acima ilustram um grande problema da rede educacional brasileira: a falta de preparo da escola para lidar com a homossexualidade e os preconceitos que ela provoca. Entrevistas feitas por ativistas gays em seis capitais mostram que a escola é o primeiro ou o segundo lugar no qual homossexuais e transexuais mais sofrem preconceito. E não é só. Duas pesquisas feitas pela Unesco em 2004 ilustram a gravidade do preconceito nas escolas: uma delas, entre os alunos, descobriu que 40% dos meninos brasileiros não querem um colega homossexual sentado na carteira ao lado; outra, com professores, mostrou que 60% deles consideram “inadmissível” que uma pessoa mantenha relações com gente do mesmo sexo. “Há um muro de preconceitos que impede as pessoas de aceitar os homossexuais: eles são promíscuos, não têm família, morrem de aids. Quando se veem diante de um aluno gay, os professores e diretores simplesmente não sabem como agir”, diz o educador Beto de Jesus, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

Beto de Jesus é um dos coordenadores de um projeto financiado pelo Ministério da Educação para formar professores e ajudar as escolas a lidar com a diversidade sexual de seus alunos. O grupo vai produzir um kit didático para 6 mil escolas. Nele, haverá orientação para diretores e professores e material para os alunos. Como parte do mesmo projeto, estão sendo realizados encontros regionais com secretarias da Educação, ONGs e universidades. A ideia é coletar experiências de sucesso para ajudar a formular uma política nacional para o problema. O grupo também realiza, neste momento, a maior pesquisa qualitativa sobre homofobia nas escolas de dez capitais brasileiras, com a intenção de mapear os principais conflitos e soluções. “As escolas não estão preparadas nem para identificar esse preconceito. Enquanto os professores não podem aceitar que um aluno chame o outro de ‘negrinho’, ‘veadinho’ ainda é considerado brincadeira”, diz Carlos Laudari, diretor da Pathfinder Brasil e um dos coordenadores do projeto junto com Beto.

O Daniel ou a Dani?

Aos 8 anos, Daniel (o nome foi trocado) espalhava para os amiguinhos do colégio que era obrigado a ir disfarçado para a escola. “Meu pai quer um filho homem e me faz usar essas roupas e esse nome. Mas eu sou menina.” Aos 13, começou a passar base, usar brinco e fazer as unhas. Daniel é transexual, pessoa que nasce com um sexo, mas se sente e age como o sexo oposto. Na escola, pediu a professores que o chamassem de Dani, com pronome feminino. Queria ser “a” Dani. Mas só duas professoras concordaram. Uma semana depois que colocou mega-hair (aplicação de mechas no cabelo), sua mãe foi chamada à escola. Os pais de uma colega de classe ligaram indignados: “Não queremos nossa filha perto dessa aberração”. A solução encontrada pela diretora foi proibir a produção: o cabelo deveria estar preso e nada de maquiagem, brinco ou esmalte. Dani continuou a usar esmalte branco e brincos pequenos, mas tinha de tirar tudo quando cruzava com a diretora. No dia em que foi pego usando o banheiro feminino, levou uma bronca tão grande que nunca mais fez xixi na escola. Segurava até a hora de chegar em casa.

No ano em que saiu do armário, Dani repetiu pela primeira vez. Começou a faltar às aulas semanas seguidas e tirar nota vermelha em quase todas as matérias – menos nas duas em que as professoras concordaram em chamá- lo de Dani. A mãe se mudou para São Paulo, atrás de escolas que soubessem lidar com a diferença. Um mês depois da mudança, Dani havia sido recusado por sete colégios. Só foi aceito em uma escola especial, dirigida a alunos com dificuldade de aprendizagem e deficiência física ou mental.

É muito comum alunos transexuais abandonarem os estudos. Eles se sentem rejeitados por professores que se recusam a chamá-los pelo nome do sexo oposto e pelas restrições a seu modo de vestir. Para evitar que parem de estudar, algumas secretarias de Educação estão criando uma portaria para orientar as escolas. A primeira delas foi aprovada no Pará, no ano passado. Desde janeiro, alunos transexuais podem escolher o nome e o sexo, que fica registrado em sua matrícula. Assim, professores, diretores e funcionários têm de chamá-los e tratá-los pelo sexo de sua escolha. Em um mês, a secretaria contou 111 transexuais e travestis matriculados. “São jovens de 19 a 29 anos que tinham abandonado a escola e agora estão voltando”, diz a psicóloga Cléo Ferreira, uma das coordenadoras das mudanças na secretaria.

Pedro e o diretor

Aluno de um dos colégios federais mais disputados do Rio de Janeiro, Pedro Gabriel Gama passou os primeiros anos do ensino médio tomando coragem para se assumir gay. Ele testava a aceitação dos amigos com pequenas revelações sobre sua personalidade. Levou meses para ter coragem de cruzar a perna e colocar um brinco. As amigas reagiam: “Que brinco ridículo é esse?”, “Descruza essa perna, parece uma moça!”. A cada pequeno tabu que quebrava, vibrava com a conquista pessoal. Cansado de jogar futebol na educação física, simulou um problema no joelho para conseguir atestado médico. Conseguiu ser liberado. Mas, no intervalo, aumentavam as risadinhas abafadas. Depois de cruzar com meninos no corredor, ouvia-os imitar: “Ai, ai”.

Pedro sempre achou que a maior resistência para aceitar sua homossexualidade viria dos alunos. Até o dia em que entrou em conflito com o diretor. Líder do grêmio escolar, ele mobilizou uma greve por um dia para protestar contra a falta de água na escola. No dia seguinte, viu o diretor se aproximar dele, furioso, no pátio. “Na frente de todo mundo, ele disse: ‘Isso que você fez não é coisa de homem, é coisa de veado’.” O aluno não reagiu. “Eu não tinha base para argumentar, nem sabia que aquilo se chamava homofobia”, afirma Pedro. Ele só se assumiu na faculdade.

“A homofobia está ligada ao machismo. Os meninos desclassificam o gay para mostrar que são machos”, afirma o educador Lula Ramires, especialista na formação de professores para lidar com a diversidade sexual. Para tentar formar uma geração mais flexível, educadores estão tentando quebrar a divisão entre os sexos na escola. Já no pré, colocam meninas e meninos para usar o mesmo banheiro e brincar nas mesmas atividades. Nas fábulas, às vezes o príncipe salva a princesa, às vezes a princesa salva o príncipe. “A flexibilidade e a capacidade de se relacionar com pessoas diferentes são habilidades importantes para essa geração, que a escola não pode deixar de trabalhar”, diz o educador Beto de Jesus.

Lídia e a psicóloga

Quando estudava em uma escola particular de Araguaína, Tocantins, Lídia Vieira Barros ouvia comentários de amigos e professores sobre o fato de usar camisetão, tocar violão e não se preocupar em ser delicada. Um dia, foi pega beijando outra menina no banheiro. A notícia rapidamente se espalhou. “Ela era uma das mais bonitas da escola. Os meninos vieram me cumprimentar”, diz Lídia. O preconceito contra as lésbicas é diferente. Ele se manifesta mais contra os modos e as vestimentas masculinizadas e menos contra a opção sexual propriamente dita. Um dia isso explodiu contra Lídia. Cansada de uma aluna que gritava “sapatão” toda vez que se cruzavam no pátio, ela chamou a menina para briga. Elas se atracaram na saída do colégio, e as mães das duas foram chamadas para conversar. Na frente das quatro, a coordenadora orientou a mãe de Lídia a procurar uma psicológa para sua filha. “A outra menina saiu no crédito. Eu é que precisava de tratamento”, diz.

É comum a reação das escolas que ainda tratam o homossexual – e não o preconceito – como o problema. “A falta de preparo é grande. Os professores e diretores precisam saber separar o que pensam do modo como agem quando a questão é alunos homossexuais”, diz Alexandre Bortolini, coordenador do Projeto Diversidade Sexual na Escola, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Geraldo e as apostilas

Em Piracicaba, interior de São Paulo, um aluno de 17 anos, Geraldo (o nome foi trocado), move uma ação contra a Secretaria de Educação. Ele conta que o professor de biologia se recusou a entregar uma apostila para ele e seus amigos, com a seguinte alegação: “As bichinhas não precisam deste material”. Foi reclamar na direção e fez um boletim de ocorrência. O professor foi recriminado verbalmente e pediu uma semana de licença. Depois voltou a dar aulas. Ao contrário do racismo, que pode dar cadeia, a homofobia é crime civil. Quem é condenado paga uma multa. Nesse caso, se houvesse condenação, quem pagaria a multa seria o governo, porque o professor estava em horário de trabalho.

Para tentar evitar esse tipo de confronto, uma ONG da mesma cidade ensina os professores a lidar com a diversidade sexual. O Centro de Apoio e Solidariedade à Vida faz oficinas no horário de planejamento dos professores ao longo de três anos. Primeiro, levam textos e vídeo sobre o que já foi estudado na área. “Eles ficam sabendo dos mitos que já foram quebrados e refletem sobre seus valores e preconceitos”, diz Anselmo Figueiredo, diretor da ONG e coordenador do projeto. No segundo ano, levam materiais para o professor trabalhar com os alunos e, no terceiro, vão para as salas de aula aplicar as atividades. “O professor fica assistindo para ver que não é um bicho de sete cabeças.”

ÉPOCA acompanhou uma dessas oficinas e notou como é difícil tratar o tema com os adolescentes. “É possível uma pessoa nascer com pênis e se sentir mulher?”, perguntou Anselmo a uma turma de 1º ano do ensino médio. Um aluno respondeu em voz alta: “Todo homem que gosta de homem se sente mulher!”. E continuou em voz baixa: “O Henrique (o nome foi trocado) se sentia mulher...”. O comentário foi seguido por risadinhas a seu redor. Ele se referia a um colega que estudou na mesma sala. Gay assumido, Henrique foi cercado e agredido por dez alunos mais velhos no ano passado. Anselmo continuou: “Vamos repensar nosso comportamento. Por que homem não pode gostar de balé?”. Os alunos responderam em coro: “Hummm...”. O próprio Anselmo riu com os alunos. Ele sabe que apenas uma oficina não vai mudar a cabeça de ninguém. “Precisa de trabalho constante, cartazes, atividades e intervenção do professor quando o preconceito aparecer.”

Disponível em <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI69793-15228-1,00-ESCOLAS+AINDA+NAO+SABEM+LIDAR+COM+OS+ALUNOS+GAYS.html>. Acesso em 15 out 2009.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Drag queens de 14 e 17 anos são agredidos e pedem paz

Top News
18/12/2011 - 15:46:21

Para quem ainda não acredita que a homossexualidade é de cada individuo basta conhecer a história de dois adolescentes, um de 17 e outro de 14, que atualmente já trabalham como drag queen em Cuiabá e fizeram questão de ir à Parada do Orgulho Gay para protestar contra a homofobia. Eles sentiram na pele o que o radicalismo pode provocar . Foram vítimas de agressão por homens que simplesmente acham divertido bater em homossexuais.

A agressão aconteceu quando os dois estavam apenas conversando no bairro onde moram. Nem sequer estavam transformados. Um carro chegou com três homens que desceram e mandaram que os adolescentes ajoelharem, iniciando, covardemente, a agressão. O medo tomou conta da vida dos dois adolescentes, que atualmente evitam sair vestidos para os shows e acabam usando táxis para garantir mais segurança nas noites. 

Eles se apresentam em festas e eventos, mas deixam para se transformar nos locais e após o show tiram a maquiagem e a roupa. Essa é uma das medidas de segurança que eles adotaram para evitar a violência dos grupos mais radicais. 

Os dois jovens não convivem apenas com a agressão física, mas também que a violência psicológica feita até mesmo por “colegas” de escola. “É difícil o relacionamento na escola. O bulling acontece o tempo todo porque o preconceito é muito grande”, conta Rainara Mantinelli (nome de guerra), 17 anos. 

Bianca Vougue, 14 anos, conta que assumiu a homossexualidade aos 11 anos para a família. Claro, que no início foi difícil para os pais aceitarem, mas atualmente, eles já “se acostumaram” e respeitam a orientação sexual escolhida pelo adolescente. A descoberta foi um tanto constrangedora, pois os familiares flagraram o jovem transformado.

Com Rainara não foi muito diferente, mas a revelação foi feita aos 13 anos. Ela sempre falava aos pais: “sou gay”, mas ainda assim eles demoraram para admitir que era verdade. “Com o tempo a família aceita, mas não é fácil”. 

Só que o preconceito também ocorre na hora de encontrar um namorado. Como drag queens enfrentam preconceito dos próprios gays. Rainara conta o homossexual prefere se relacionar com os mais “discretos” e o fato de serem transformistas acaba pesando na hora de encontrar o “homem ideal”. 

Mesmo assim, elas não desistem e preferem continuar lutando pelos seus direitos. A participação na Parada Gay não foi apenas com o intuito de diversão, mas sim de tentar alerta a sociedade para um fato que não há mais como ser ignorado: a homossexualidade existe e é preciso haver respeito. 

Com o tema “Amai-vos uns aos outros”, a manifestação tenta mostrar para a população que o preconceito não é coisa de Deus e é preciso saber conviver em harmonia com as diversidades, sejam elas sexuais, de credos, sejam de raça. 

Disponível em <http://www.topnews.com.br/noticias_ver.php?id=8505>. Acesso em 18 dez 2011.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Homofobia e homossexualidade

Paulo Porto
Geógrafo e empresário
25.11.2011| 01:30

Não resisti em comentar um artigo com título homônimo, do ótimo psicanalista Contardo Calligaris, publicado na Folha de S. Paulo recentemente. O texto ajuda a compreender os inacreditáveis comportamentos de alguns chefes com seus subordinados, de violências físicas e verbais entre casais ou amigos. Ele comenta da explosão da homofobia e do ódio discriminatório na mesma proporção em que as sociedades se tornam através das leis e da evolução no comportamento, mais tolerantes.


Como psicanalista, Contardo faz uma explicação clássica da homofobia: “Quando as minhas reações são excessivas, deslocadas e difíceis de serem justificadas é porque emana de um conflito interno. Por que afinal me incomodaria meu vizinho ser homossexual e beijar outro homem na boca? E o que acontece é: como estou com dificuldades de conter a minha própria homossexualidade, então é mais fácil reprimir a dos outros, ou seja, condená-la, persegui-la, se possível até fisicamente, porque isso me ajuda a conter a minha”.



A tese é comprovada por pesquisadores da Universidade da Geórgia, que anos atrás, selecionaram 64 homens que se apresentavam como sendo exclusivamente heterossexuais. Após um teste clássico que estabelece o índice de homofobia, foram compostos dois grupos: os não homofóbicos e os homofóbicos. Todos vestiram um plastimógrafo peniano (que vem a ser um instrumento com o qual se registra a ereção, mínima que seja). Todos foram expostos a vídeos pornográficos, mostrando cenas de sexo consensual entre heterossexuais e homossexuais. Confirmou-se a interpretação da psicologia onde: indivíduos homofóbicos demonstram excitação sexual diante de estímulos homossexuais.



Portanto, humilhados e ofendidos, quando receberem um grito ou uma grosseria de um chefe ou companheiro, saibam que por trás de um bruto e mal educado pode haver uma ótima figura humana, se resolvesse aceitar seus desejos e sua identificação sexual.



Disponível em <http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/11/25/noticiaopiniaojornal,2342416/homofobia-e-homossexualidade.shtml>. Acesso em 02 dez 2011.